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Publicado em 22/11/2024 12:32:19
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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CINEMA
O cinema em Santos (36)

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Santos ganhou no século XX o título de cidade brasileira com maior número de cinemas por habitante. Não foi por acaso.

Bares, choperias e hotéis descobrem os filmes como atrativos da clientela

Enquanto os primeiros cinemas foram surgindo e o público descobrindo esta nova forma de lazer, os donos de bares e choperias descobriram que podiam atrair fregueses com a exibição gratuita de "vistas animadas" ou mesmo filmes completos de longa duração.

Depois, os cinemas perceberam que podiam levar os bares para dentro das salas de exibição, em forma inicialmente de parcerias entre empresas e depois como ambientes para fumantes (fummoirs) ou de maior luxo (pullmans). Com as restrições crescentes ao fumo e a verticalização dos negócios, a partir da década de 1980 o que restou dessa tendência foi a venda dos saquinhos de pipoca salgada tamanho extra-gigante, já semelhantes a baldes (com a proibição de levar alimentos para os cinemas) e o balcão para venda de brinquedos relacionados aos filmes exibidos e também de refrigerantes (para aplacar a sede dos clientes após tanta pipoca...)

Nessa mistura toda, também os grandes hotéis viram nos cinematógrafos um atrativo a mais para seus hóspedes, misturando esse lazer com os boliches, jogos de azar e outras atividades de lazer. E foi essa mistura entre bares, choperias, boliches, centros de diversões, hotéis, teatros adaptados como cinemas ou para uso misto e casas exibidoras especialmente criadas que se consolidou a exibição cinematográfica na Baixada Santista, durante todo o século XX.

CHOPERIAS E BARES - Para aliar o prazer do cinema ao do chope com os amigos, uma parceria foi montada pelo cinema Polytheama com a choperia Bar Chic, situada junto à Praça Mauá, que criou uma filial na entrada do cinema, situado bem próximo dali (no antigo Largo do Rosário, rebatizado como Praça Ruy Barbosa). A parceria deu tão certo que a choperia ampliou as atividades e passou a oferecer sessões de cinema para seus clientes...


Bar Chic tinha sucursal dentro do Polytheama em 1911 e depois passou também a projetar filmes em sua sede na Praça Mauá
Revista A Fita Nº 3, de 15/5/1911, página 32

Ao lado do salão de espera do Polytheama foi montado um bar pelos donos do Bar Chic, mantido naquele Largo pela firma Arthur Castro & Comp. Esse estabelecimento passou por diversos endereços no Centro, como este da Rua General Câmara, 5, esquina do então Largo do Rosário (e portanto praticamente defronte ao Polytheama), passando em 1921 para as antigas instalações do Bar Elite, no térreo do prédio da Praça Viscondde de Mauá, 29, onde o Bar Chic continuava funcionando em 1934.

Antigo armazém de café adaptado como cinema, o Polytheama foi "fechado temporariamente" a partir de 11/6/1932 e em 3/12/1932 foi ali inaugurado o centro de lazer Penalty Skating-Ball:


Em 1932 era inaugurado o Penalty Skating-Ball nas dependências do Polytheama
Jornal Gazeta Popular, 3/12/1932, página 8



Penalty-Ball funcionava em 1935 no endereço do antigo Cinema Polytheama
Jornal Gazeta Popular, 12/1/1935, página 11


Nos primeiros anos do século 20, era comum bares e choperias como o Fritz Haak promoverem sessões diárias de cinema com entrada franca. Em 1912, o Chops Haak atraía sua freguesia com cinema gratuito diário. O curta-metragem As três princesas árabes, então exibido nesse local, havia sido lançado em 10/1910.



Fritz Haak - Bar, restaurante, choperia e cinema
Publicado no Indicador Santenses 1912, de Laércio Trindade



Chops Haak exibe filmes para a clientela
Jornal A Tribuna, 24/2/1912, página 6



Bar Elite, que também geria uma agência de veículos de aluguel, passou a projetar filmes para seus fregueses
Jornal A Tribuna, 9/7/1919, página 8


HOTÉIS - Também a hotelaria regional percebeu cedo os atrativos do cinema para os hóspedes, tratando de incorporá-lo diretamente aos seus negócios:



Em 1912, o hotel Parque Balneário, no Gonzaga,já alardeava contar com um cinematógrafo, além de uma parceria com o centro de recereação Miramar, no Boueirão, também possuidor do aparelho
Publicado no Indicador Santense 1912, de Laércio Trindade

Inaugurado em 1911, o Palace Hotel, situado na Praia do José Menino, 124, anunciava naquele ano, entre suas atrações "Casino com diversões, majestoso Parque e poética Vila, onde funciona todos os dias, com entrada franca ao público, um aparelho cinematográfico, exibindo-se às quartas, sábados, domingos, dias santos e feriados, vistosos fogos de artifício, fazendo-se ouvir ao mesmo tempo uma das mais excelentes bandas de música".


Palace Hotel do José Menino também destaca o cinematógrafo entre as atrações para os hóspedes, em 1911
Jornal A Tribuna, 17/4/1911, página 3



A ampliação das atividades no setor de exibição cinematográfica foi contínua, inclusive com o novo Casino Vila Balneária
Jornal A Tribuna, 19/6/1920, página 8

Em 1922 , circulava no mesmo jornal A Tribuna o anúncio do Casino Palace Hotel, na Praia do José Menino, 143-147, que todas as noites, com entrada franca " às pessoas que estiverem decentemente trajadas", exibia "esplêndidos filmes das melhores fábricas nacionais, americanas, alemãs, italianas e francesas", como Lua de Mel Acidentada, com Robert Warwick e Elaine Hammerstein, além de dramas de W. Harp e comédias de Carlitos.


Em 1922, o Casino Palace Hotel, no José Menino, continuava usando as sessões de cinema como atrativo para os hóspedes e visitantes, com entrada franca
Jornal A Tribuna, 25/6/1922, página 11

CENTROS DE DIVERSÕES - Tendo à frente o pioneiro Miramar, ainda no século XIX, os muitos centros de diversões trataram de incluir a novidade, construindo ou adaptando ambientes para exibições cinematográficas gratuitas e espetáculos circenses/teatrais, atraindo público de todas as idades para seus mini-zoológicos, cassinos, jardins, estandes de tiro e jogos de azar, bares e restaurantes, áreas de piquenique, dancings e outras opções relacionadas com o lazer noturno e de finais de semana dos santistas:


Os parques de lazer e diversão, como o Paulista, também agregaram a exibição de filmes ao seu escopo de atividades
Jornal A Tribuna, 19/6/1920, página 8



Outro parque santista que se adaptou ao tempo do cinema foi o Belezinha do Gonzaga
Jornal A Tribuna, 24/12/1926, página 12



Além do hotel La Plage, no Guarujá, surgiu em Santos o Casino de la Plage, na Ponta da Praia. Com cinema...
Jornal A Tribuna, 10/6/1915, página 10

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