![]() | http://www.novomilenio.inf.br/baixada/vias/1r047.htm Vias públicas de Santos/SP | QR Code. Saiba + | ||||||
Praça Rui Barbosa |
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Começa em Rua General Câmara/Rua Frei Gaspar, no bairro Centro CEP: 11010-130 Termina em Rua João Pessoa/Avenida Fisconde de São Leopoldo, no bairro Centro Nomes antigos: Pátio dos Milagres, Largo do Rosário, Largo General Francisco Glicério, Largo Moreira César, Praça 54 Logradouro criado em 1921 | ||||||||
![]() O Largo do Rosário, que depois foi designado Largo Moreira César e voltou a ostentar a antiga denominação, era chamado por nossos antepassados por Pátio dos Milagres. Contornavam-no casinhas bem velhas, dos tempos coloniais, que apresentavam em suas janelas as tradicionais 'rótulas' usadas nos conventos do tempo de d. João VI. O centro era dominado por um chafariz, encimado por um lampião. Entre os negociantes lá estabelecidos, segundo A Tribuna de 7 de setembro de 1922, havia 'seu' Barbosa com afamado morrão; a bilheteria do 'seu' Lamouche; a venda do Bernardino; a quitanda da tia Joana, especializada em queijadinhas e pés-de-moleque. Mais tarde, vieram o botequim do 'seu' José do Buraco, o Café Carioca, a Confeitaria do Paulino, além de outros estabelecimentos. Ainda posteriormente, lá se instalou o Empório Sul-Riograndense, de J. Fernandes & Cia. - em prédio acanhado, na esquina da Rua de Santo Antônio, atual Rua do Comércio -, casa especializada em produtos do Sul, como charque, costeletas, chispes, línguas etc. Aliás, o Empório Sul-Riograndense prosperou, ganhou novo prédio e alcançou a fase da Praça Rui Barbosa, em cuja fachada, por sinal, foi colocada a primeira placa com o busto do grande brasileiro. Na sessão ordinária da Câmara Municipal de Santos realizada a 21 de novembro de 1889, seis dias após a proclamação da República, foi acolhido abaixo-assinado de munícipes que pleitearam a alteração de logradouros públicos, como o Largo do Rosário, que passaria a se denominar General Francisco Glicério. Oito anos depois, na sessão de 10 de março de 1897, a Edilidade aprovou representação subscrita por cidadãos de influência no Município, como Ulisses Costa, Carlos de Afonseca Júnior, Isidoro Campos, Deocleciano Fernandes, Heitor Peixoto, João Moreira dos Santos Júnior e Otávio Silveira, na qual propunham a substituição de Largo do Rosário para Largo Moreira César, em homenagem ao comandante das forças que lutaram contra as hordas de Antonio Conselheiro, na Guerra dos Canudos. Já na sessão da Câmara Municipal efetuada a 18 de junho de 1919, o vereador Guilherme Aralhe se bateu em favor da conservação de logradouros tradicionais e consagrados pelo acatamento público, como o Largo do Rosário, 'que resistira à mudança que lhe quiseram impor para Moreira César'. Inspetor de Obras Municipais, o vereador Antonio Ferreira da Silva – visconde de Embaré – comunicou à Câmara Municipal, na sessão realizada a 17 de janeiro de 1868, presidida pelo dr. Inácio Wallace da Gama Cócrane, 'que no Largo do Rosário foi aterrada a parte que faltava e impedia o esgoto de águas para a calçada ali existente, despendendo-se nessa obra a quantia de 158$500'. Quando presidente da Câmara Municipal, Francisco Correia de Almeida Morais apresentou indicação em que declarava de utilidade pública os prédios situados entre a Praça Moreira César e Rua Frei Gaspar para o alargamento daquele logradouro. Examinando a proposição, as comissões de Obras e Viação, Justiça e Poderes e Fazenda e Contas consideraram que, em face da situação financeira da Municipalidade, as desapropriações apontadas não poderiam ser procedidas de pronto, senão gradativamente, sem perturbação econômica aos cofres municipais. O plenário aprovou esse parecer na sessão realizada a 24 de dezembro de 1902, sob a presidência do próprio Francisco Correia de Almeida Morais. Pela lei 647, de 16 de fevereiro de 1921, sancionada pelo prefeito municipal, coronel Joaquim Montenegro, a tradicional praça, que tinha o número 54 na Planta, então chamada Moreira César, teve a denominação de Rosário restabelecida, mas finalmente substituída por Praça Rui Barbosa pela lei 685, de 3 de março de 1923, daquele mesmo chefe do Executivo. Essa lei foi promulgada dois dias após a morte do grande brasileiro, por decisão da Câmara Municipal, quando vários vereadores se referiram à personalidade de Rui Barbosa, elogiando sua cultura e energia moral sempre postas a serviço da Pátria. Além de vários atos fúnebres, como o que realizou o Colégio Nossa Senhora do Carmo, a 8 de março daquele ano, na Igreja do Carmo, celebrado por frei Alexandre Reindee, prior do Convento do Carmo, a Municipalidade realizou imponente sessão cívica no dia 10 de abril de 1923, no Coliseu Santista, quando proferiu o discurso oficial, em que fez o necrológio de Rui Barbosa, o poeta Martins Fontes. A 2 de julho de 1923, ocasião em que a Bahia comemorou o 1º centenário 'da grande luta travada em sua capital, em prol de sua liberdade', foi solenemente inaugurada a primeira placa da Praça Rui Barbosa. Toda de bronze, esculpida em relevo, com o retrato do homenageado, bem como as datas do seu nascimento e morte, a placa denominativa foi colocada na fachada do Empório Sul-Riograndense, com frente para a Rua General Câmara. O ato se verificou às 11 horas, realçado pela banda musical do Corpo de Bombeiros, falando primeiramente o vice-prefeito em exercício, Arnaldo Ferreira de Aguiar; em nome da família de Rui Barbosa, discursou o genro do grande brasileiro, dr. Batista Pereira, que, enaltecendo o gesto da Municipalidade, salientou a obra cívica, política, diplomática e literária do consagrado filho da Bahia. Na sessão que a Câmara Municipal realizou a 5 de junho de 1907, sob a presidência de Francisco Correia de Almeida Morais, o vereador Augusto Filgueiras apresentou indicação em que autorizou o intendente municipal a abrir concorrência para o calçamento do Largo do Rosário, pelo sistema de asfalto, assim como da Rua 15 de Novembro. Faz-se oportuno assinalar que, na sessão realizada a 28 de agosto de 1907, sob a presidência de Francisco Correia de Almeida Morais, o vereador Estácio Correia requereu envio de telegrama ao dr. Rui Barbosa, cumprimentando-o pelo êxito de sua atuação na Conferência de Paz, em Haia. Santos não se omitiu às homenagens à memória de Rui Barbosa por ocasião do centenário do seu nascimento, a 5 de novembro de 1949. Houve concorrida missa na Catedral e, logo depois, na Câmara Municipal, deu-se o ato inaugural do retrato, de grande porte, do insigne brasileiro. A III Exposição Filatélica, no grill do (hotel) Atlântico, muito concorrida, foi outra homenagem à memória de Rui, como imponente se revestiu a sessão cívica no anfiteatro do Instituto Canadá, quando proferiu a oração oficial o dr. Arquimedes Bava. Houve ainda sessão especial na Câmara Municipal, em nome da qual discursou, entre outros, o vereador Mário Alcântara. No dia seguinte, na Praça Belmiro Ribeiro, deu-se a inauguração da herma de Rui Barbosa, falando o vereador André Freire, presidente da Câmara Municipal, e Rubens Ferreira Martins, prefeito municipal. No dia 7, a homenagem foi dos advogados, juízes e promotores, no Fórum, quando discursaram Ademar de Figueiredo Lira e Gervásio Bonavides. Nessa noite, o dr. Napoleão Mendes de Almeida pronunciou uma palestra sob o tema 'Rui – o Filólogo'. Seguiram-se nos outros dias sessões solenes na Câmara Municipal, quando discursaram, entre outros, Valentim Bouças, Batista Pereira e Galeão Coutinho. Quando do 50º aniversário de sua morte, houve atos em honra à memória de Rui Barbosa, a 1º de março de 1973, como o que se realizou no Fórum, em que foi orador oficial o dr. Arquimedes Bava. Também a Câmara Municipal reverenciou a memória do grande brasileiro. O vereador Antonio Rubens Costa de Lara apresentou projeto de lei instituindo a Medalha Rui Barbosa, destinada a premiar os melhores trabalhos no concurso promovido pelo Diretório Acadêmico Alexandre de Gusmão. Falaram sobre Rui Barbosa os vereadores Nelson Fabiano e Roberto Mehanna Khamis. Rui Barbosa de Oliveira nasceu em Salvador, Bahia, a 5 de novembro de 1849. Depois dos estudos primários, cursou o Ginásio Baiano, onde publicou os primeiros artigos no pequeno jornal estudantil e pronunciou também o primeiro discurso. Em 1866 entrou para a Faculdade de Direito do Recife, transferindo-se dois anos depois para a Faculdade de Direito de São Paulo, onde foi contemporâneo de Castro Alves, Joaquim Nabuco, Rodrigues Alves, Rio Branco, Afonso Pena e outros e aí se bacharelando em 1870. Adoentado, foi para a Bahia, onde montou escritório de advocacia e passou a escrever para o Diário da Bahia, órgão do Partido Liberal. Em 1873 foi à Europa tratar da saúde e, no ano seguinte, substituiu o pai, que morrera, como inspetor da Santa Casa da Misericórdia de Salvador. Elegeu-se deputado à Assembleia Provincial, onde pronunciou memoráveis discursos; em 1881, por ocasião do aniversário da morte de Castro Alves, fez o elogio do poeta, que teve grande repercussão e ficou sendo um dos grandes trabalhos de sua bibliografia. Em 1884, d. Pedro II conferiu-lhe o título de conselheiro; no ano seguinte, perdeu as eleições para a Câmara, passando daí por diante a pugnar pelos ideais abolicionistas, pronunciando memoráveis conferências e discursos. No Governo Provisório de Deodoro da Fonseca, serviu como ministro da Fazenda e, nessa qualidade, veio a Santos a 11 de fevereiro de 1890, quando tratou da construção de armazéns alfandegados e aqui permaneceu por espaço de três dias, fazendo da Associação Comercial de Santos sua dependência de trabalho. Senador pela Bahia, renunciou ao cargo em 1892, mas foi novamente eleito, pronunciando na Câmara Alta monumentais discursos. Dirigiu em 1893 o Jornal do Brasil, substituindo Joaquim Nabuco. Adversário de Floriano Peixoto, suportou perseguições e até ameaças de morte. Logo depois, viajou para a Argentina e daí para a Europa, permanecendo em Londres até 1895, de lá escrevendo as famosas Cartas da Inglaterra. Deixando Floriano a presidência da República, Rui voltou ao Brasil e viu-se novmente eleito senador pela Bahia. Em 1907, designado pelo barão do Rio Branco, chefiou a delegação do Brasil à Conferência de Paz em Haia, onde se reuniram 48 países. Foi notável a sua atuação nessa assembleia internacional, tanto que recebeu o apelido de Águia de Haia. Com a morte de Machado de Assis, foi eleito presidente da Academia Brasileira de Letras. Memorável, a campanha em que se empenhou com o marechal Hermes da Fonseca para a presidência da República, quando visitou várias cidades, inclusive Santos. Rui Barbosa foi o paladino do ato histórico da entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial, a grande causa do Direito e da Civilização. Depois de exercer outras missões e de trabalhar em vários órgãos da Imprensa, alguns dos quais fundou, tornou em 1921 ao Senado da República e, em julho de 1922, caiu gravemente enfermo. Conseguiu se restabelecer, porém, no ano seguinte, a 1º de março de 1923, em Petrópolis, sofrendo de paralisia bulbar, veio a falecer o grande brasileiro, 'cuja vida múltipla e intensa pode-se exprimir exatamente em duas palavras: excelsa mentalidade' (Zebalos). Fonte: RODRIGUES, Olao. Veja Santos!, 2ª edição, 1978. Ed. do autor - pág. 559/563 | ||||||||
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