Imagem: início do texto datilografado, no acervo de Paulo Matos
Todos juntos somos fortes
Somos arco, somos flecha
todos nós no mesmo barco
Não há nada pra temer
(Chico Buarque de Hollanda -
do cartaz 1980 - Ano da reconstrução do Centro dos Estudantes de Santos)
Refazendo o "Centro" - Antigamente era assim: se matriculou no primeiro ou segundo grau (no ginásio, Escola Industrial ou Normal - o que Santos possuía naquele tempo), de
pronto entrava de sócio na entidade máxima dos estudantes santistas. Quem nos conta as histórias daquele tempo é Rubens Aleixo, que em 1948 se matriculou na Escola Industrial do Escolástica Rosa, na
Ponta da Praia.
E porque era tão em moda essa associação em massa que ocorria? Ora, se não bastasse o fato que o CES tinha conseguido há pouco a meia-entrada para os estudantes no cinema - e só o
"Centro" emitia carteirinhas da categoria -, não existiam os Grêmios - digo, Centros Cívicos - como hoje -, os bailes do CES na Sociedade Humanitária ou nos altos do Cine Coliseu era a sensação da
cidade.
Na Praça José Bonifácio, onde fica o prédio da Sociedade Humanitária, realizavam-se as matinées, das duas às seis da tarde. Lá vendiam-se ingressos, mas os sócios do CES, além
de não pagarem, podiam levar três convidadas. Quase em frente, do outro lado da praça, realizavam-se as soirées, mas só de três em três meses. Ali não se vendiam convites, apenas os sócios do CES podiam levar
suas famílias. Desde que fossem maiores de idade, é claro.
Em atividades sociais, a carteirinha do CES também dava meia entrada no Clube de Regatas Vasco da Gama ou no Clube de Regatas Saldanha
da Gama. Mas nem por isso se deixava de ir nos bailes do CES: só lá se podia ouvir e dançar ao som da grandiosa orquestra de Cabral Junior. Mas só de terno e gravata, é claro, tanto à tarde como à noite.
Nos diz Rubens que os sócios também tinham entrada franca nos estádios de Ulrico Mursa ou Urbano Caldeira, do Santos ou da Portuguesa
Santista, nos jogos de futebol.
Ele é hoje chefe da seção de desenho da Sudelpa, departamento estadual incumbido de urbanizar o Pae Cará, em
Vicente de Carvalho. Ele entrou na Escola Industrial em 1948, mas em 1950 o governo fechou o curso noturno e ele teve que sair, para poder trabalhar. Ele nos fala dos estudantes de então, que não nutriam grandes preocupações quanto aos
destinos de seu país, muito pelo contrário. O importante para se vencer nesse tempo, mesmo muito jovem, o importante mesmo era ter terno e gravata.
"Cesse tudo o que a antiga musa canta..." - o ano de 1968 - 20 anos depois, a coisa se modificou um pouco. O estudante amadureceu, tomou consciência de sua importância vital no
processo político e econômico do país. Com o CES participante no momento de intensos debates e reformas nas estruturas sociais do país, nos anos que antecederam 1964, após o golpe de estado de 1º de abril ele foi fechado.
Em princípios de 1968, um grupo de estudantes reabre o "Centro". Eles não são como os de antigamente. A maioria usa jeans e tem cabelos longos. São preocupados com seu país,
esmagado por uma ditadura militar. Há uma busca de um sentido mais amplo, a condição de estudante e os secundaristas formam a maior parte de seus membros, muito embora já haja maciça participação dos universitários.
A meta é reerguer a entidade, ampliar suas atividades, suas bases. Se tem como obstáculo o momento político tenso que o país atravessava, em que o estudante era chamado a intervir
como parte ativa da população.
Ao percorrer do ano de 1968, os estudantes santistas repudiaram a visita do representante dos "patrões" americanos, David Rockfeller. Pela madrugada, jovens assustados e lambuzados de
spray corriam de um muro a outro da cidade, nunca em linha reta ou em local próximo, para evitar a repressão. Decidíamos as palavras de ordem em reuniões e quando veio o facistão Marcelo Caetano, o herdeiro do ditador Salazar em Portugal,
visitar o seu colega Costa e Silva, saíamos com o coração disparado a cada suspeita da presença da polícia e escrevíamos nos muros brancos, em letras negras, as verdades claras: "Costa & Caetano = Nazismo -
Viva a Frente de Libertação Nacional de Moçambique" - em apoio aos movimentos de libertação das colônias portuguesas da África.
O CES reunia em suas assembleias nesse tempo mais de cem pessoas. Esteve presente a uma dessas assembleias o então candidato a presidente da União Paulista dos Estudantes
Secundaristas (Upes), Marcos Palácios. O congresso dessa entidade estadual de secundaristas se realizaria dali a semanas, em local a ser definido no dia, para desviar a repressão.
Quando chegamos a São Paulo (fomos uns vinte daqui), no ponto marcado para o Colégio Caetano de Campos, é que fomos para o Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp).
Palácios percorrera o estado para, junto às entidades estudantis, convidar as massas para o congresso, além dos colégios da capital. Quando se percebeu, havia mais de duas mil pessoas
no refeitório do Crusp, a maioria dos quais partidários de Palácios, fazendo ruir o sistema de eleição por delegados de Colégios. Os outros candidatos tentaram fazer prevalecer a eleição mas desistiram, diante de tal clima adverso: retiraram a
candidatura.
Dizia o Brasil, da "Ação Popular", linha católica radical, de Travassos, um dos líderes estudantis da época: "Pra eles é fácil. É só pegar o 845 (ônibus urbano que levava ao Crusp) e
vir para cá. E nós viemos do interior!". Barbudinho, esguio, falante, Palácios assumiu a presidência pela desistência dos outros candidatos, sorrindo, ironizando a situação. "E ainda ri, o canalha", comentavam. Deu mesmo é Palácios, linha Zé
Dirceu, na Upes.
Quando no "Centro" ele nos contava das aventuras e desventuras estudantis, em São Paulo, que quando os estudantes, em comícios-relâmpago, viam-se acuados pela cavalaria da Polícia
Militar, com suas bombas e cassetetes tamanho-família, atiravam ao chão caixas de bolinhas-de-gude, fazendo despencar os cavalos ao pisarem nas bolinhas de vidro em contato com o asfalto.
Lá pelo dia dois de outubro de 68 é realizado no auditório do Colégio São José, na Avenida Ana Costa, com mais de mil
pessoas, o lançamento da campanha da Igreja Católica, sob inspiração do arcebispo de Olinda e Recife, dom Helder Câmara, "Ação, Justiça e Paz", reivindicando uma justiça social cristã no país. O CES esteve participante na organização dessa "Ação"
e emitiu manifesto, distribuído durante o acontecimento.
Nesse mesmo dia, o Centro dos Estudantes havia lançado manifesto aos jornais e à população, denunciando o caráter autoritário e repressivo do diretor do
Instituto de Educação "Canadá", Edésio del Santoro, que impedia a livre atuação dos estudantes através do seu Grêmio Estudantil "Vicente de Carvalho", proibindo a distribuição do jornal, proibindo as encenações do
teatro e ameaçando seus dirigentes.
Outra vez, a dez de outubro, quando o GEVC, pelo seu presidente Daniel Gomes Rodrigues, programava um ciclo de palestras com Esmeraldo Tarquínio, Sérgio Sérvulo da Cunha e outros, é
que o diretor Edésio proibia a realização desses debates no anfiteatro da escola ou em qualquer recinto da mesma. Nesse dia, o debate foi realizado nas escadarias da escola da Rua Mato Grosso, com o professor Sérgio Sérvulo da Cunha, com mais de
100 pessoas. O CES lança manifesto repudiando a brutal intervenção da direção do Colégio Canadá, dizendo que tem o objetivo de reconstruir o Centro dos Estudantes de Santos como entidade máxima dos estudantes santistas, e tem a obrigação de
defender os seus direitos de organização e manifestação.
Luz da guerra - luz da fábrica - "O homem planta a semente/faz da terra o chão da vida/E faz da ferramenta/A arma da liberdade perdida/A miséria desarmada/No meio das trevas
espera".
A esse tempo, o CES promovia o I Festival Estudantil da Música Popular, que teve ao final a vitória da música que tem o trecho acima, de Luiz Carlos Gomes Godói, presidente do
Diretório Acadêmico Alexandre de Gusmão, da Faculdade de Direito.
O comício de 1º de novembro - Em assembleia geral e aberta é que se decidiu o comício do dia 1º de novembro, a se realizar na Praça Mauá, em uma
estátua próxima ao ponto (N. E.: de parada inicial na linha do bonde, depois trólebus e mais tarde ônibus) do quarenta e dois (aquela que tem uma moça deitada), após alguns rojões às seis da tarde. Denunciando o caráter assassino da repressão, que tinha morto nas ruas do Rio e São Paulo vários estudantes, entre eles Edson Luís de Lima Souto, que
motivou a marcha dos cem mil no seu enterro.
Os cartazes foram feitos num quartinho estreito, lá no prédio da Avenida Ana Costa, com muita cartolina, muita madeirinha, muita gente intoxicada de spray. Saíram quase trinta.
Às cinco e meia da tarde do dia 1º de novembro, vieram à sede do CES dois estudantes de Ciências, Clóvis da Mata e Max Ordonez, que saíram logo após com alguns vidros de ácido
muriático e amônia. O primeiro era presidente da Associação dos Universitários da Baixada Santista (Aubs), e o outro era presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Filosofia. Eles foram presos na esquina do CES, na Avenida Ana Costa com a Rua
Pedro Américo, acusados de levarem bombas. Depois ficou constatado que as substâncias não explodia, só faziam alguma fumaça, uma vez misturadas. Mas, mesmo assim, a luta para libertá-los das garras da ditadura foi dura.
Mas, às quinze para as seis daquela tarde, passaram dois "espinhas de peixe", aqueles caminhos de carregar tropas de choque da Polícia Militar, apinhados de "gorilas" com sacos de
bombas de gás lacrimogêneo às costas, cassetetes tamanho família pela primeira vez em Santos. De sirenes abertas, passaram em frente ao "Centro" em direção à Praça Mauá, com propósitos visivelmente intimidatórios.
Os carros que vinham buscar os cartazes não vieram. Estávamos uns quatro no "Centro". Pegamos dois táxis na Avenida Ana Costa, do outro lado, enchemo-los com os cartazes e tocamos
para a praça.
"A Praça Castro Alves é do povo/Como o céu é do avião..." - A praça não era do povo (N. E.: A referência inicial é á praça
Castro Alves em Salvador, ponto de encontro das manifestações soteropolitanas. Já a outra é à Praça Mauá, em Santos). Estava militarmente ocupada, com "gorilas" super-armados com revólveres,
bombas e cassetetes e ainda com aqueles capacetes nazistas. O Dops em peso presente, com seu terno e gravatas indefectíveis. Nossos companheiros andavam pra lá e pra cá, na direção inversa à dos "meganhas", ou entravam nas filas de ônibus.. O
Sadi tomava um café atrás do outro no "Torino", um "Continental" sem filtro (N. E.: marca de cigarro) atrás do outro. O Edmir saiu do caro
para ver as possibilidades de se fazer alguma coisa, como se fosse possível. Demos uma volta com o táxi, na Praça Ocupada.
Dos cassetetes a gente só conhecia os efeitos nos jornais, cabeças rachadas e costelas partidas no Rio, São Paulo, Curitiba e em ouras capitais. Das bombas de gás lacrimogêneo, a
gente só sabia que o amoníaco corta o efeito e um ou outro tinha um vidro. Mas daí volta o Edmir, com um mais do que óbvio "Não dá". "Volta pro Centro". Se a gente solta os rojões ia ter mártir na Praça Mauá entre os estudantes, isso ia.
Soubemos depois que um bigodudo, que hoje faz Direito, fez um comício-relâmpago pros trabalhadores que vinham da Cosipa, na
Estação da Santos-Jundiaí.
Os famosos 28 cartazes - Voltamos para o CES e guardamos os cartazes no registro de água, no quintal do lado de trás do prédio. Para ajudar a esconer, colocamos em cima um
travesseiro que o zelador lá deixaara, depois de uma goteira que o fizera mofado.
"Libertem Max e Clovis" - A cidade inteira pichada, com frases nos muros pedindo a libertação dos nossos companheiros presos no dia da passeata, ao saírem do "Centro", sofria a
quase imediata intervenção do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) - que escreviam um "Não" na frente do nosso "libertem", escreviam "Forca para os comunas", "Abaixo a ditamole, viva a ditadura" e
outras barbaridades da direita.
Teve vigília na Faculdade de Direito, do Diretório Acadêmico Alexandre de Gusmão, da então presidente Cristina Cobra, já que Godoi pedira uma licença de noventa dias e ela era a vice
da "União Progressista", partido vencedor das eleições daquela faculdade. Teve vigília na Faculdade de Filosofia no dia dezenove de novembro e pedágio para arrecadar fundos, com distribuição de nota informativa,na manhã seguinte, na praia entre
os canais 1 e 2.
Eles depois foram transferidos para o quartel da Polícia Militar e mandavam cartas para os estudantes santistas, através dos jornais - "Aqui família Prinx e Croqx..."
"Fora com o fantoche Sodré" - Lá pelo dia _____ de novembro, veio visitar a "Sociedade Italiana di Beneficenza", localizada em frente à sede do CES, o
governador nomeado Roberto de Abreu Sodré. Aquilo parecia um ninho de ratos, de tant polícia de terno e gravata no local. Eles tinham acoplado ao telhado da Sociedade Italiana equipamentos de observação das atividades na sede do CES em frente.
Aconteceu que tinha uma faixa negra na fachada do "Centro", acima de uma que tinha sido arrancada pelos membros do CCC escrito "Assassinos". Tinham sido colocadas quando do
assassinato nas ruas dos estudantes pela Polícia, no Rio e depois em São Paulo. A faixa negra estava desbotada pelos sol primaveril e eu e o Nilton Thomé estávamos decididos a virá-la do avesso, para que Sodré visse o nosso luto. E a viramos do
avesso, ainda que atentamente vigiados pelos "ratos" do Dops.
Depois, fui lá atrás pegar no monte de cartazes que tinham sido guardados de 1º de novembro e achei um com os dizeres "Fora com o fantoche Sodré". Ia levá-lo lá dentro, com nenhuma
ideia de empunhá-lo lá fora, só queria mostrá-lo para o pessoal, no sarro. Eu com quinze anos podia ser porra-louca, mas nunca tão corajoso, de sair no meio da repressão com um cartaz daqueles. Também é infundada a versão policial
de que íamos fazer uma passeata de repúdio ao governador, pois só tínhamos nós no "Centro". Quando eu ia subir a escadinha que dá acesso ao salão do CES, fui agarrado por elementos do Dops que adentravam armados de revólveres e que
carregaram para o Volks do Dops eu e o Thomé. Fomos para o Palácio da Polícia, na Avenida São Francisco.
A lenda do travesseiro - Direto pro segundo andar, a sede do Dops. Desde a saída do CES que não nos vimos, eu e o Thomé. Fiquei numa sala escura, de móveis e persianas escuros,
durante horas. Aquelas figuras estranhas a me rodear, aquelas ameaças veladas, "vai apanhar", "vai ficar no quarto andar" (junto com os presidiários amontoados e esfomeados).
Depois o interrogatório, onde a dupla-terror da repressão Bonavides/Furkin comandava. Me perguntaram qual era o nome do presidente do CES e eu disse em alto e bom som que era o Edmir.
Depois me acusariam de tê-lo caguetado, como se o CES fosse uma entidade clandestina e o nome do presidente fosse secreto. Me perguntaram se tinha muito comunista lá e eu disse que não sabia, o que qué isso?
E, no final, qual era o título do Boletim de Ocorrência? Tentativa de homicídio do governador. Razão? Vocês se lembram daquele travesseiro mofado do zelador, colocado em cima dos
cartazes da tentativa de comício do dia primeiro de novembro? Pois é. Serviria, de acordo com eles, para atirar bolas de fogo no governador. Imagine se nós dois íamos fazer uma passeata e ainda atirar bolas de fogo no governador, com a estopa do
travesseiro. Essa falta do que fazer da Polícia gera ideias inimagináveis por qualquer ser pensante...
O golpe fascista do dia 13 de dezembro - o Ato 5 - Já no dia primeiro de outubro, o deputado federal por Santos, Mario Covas, denunciava acordos de elementos do governo com a
direita radical para o golpe. No dia seguinte, o deputado também santista Gastone Righi ia mais longe, denunciava o ministro da Justiça, Gama e Silva, como o articulador desse esquema golpista.
Gama e Silva tinha sido reitor da Faculdade Mackenzie, berço do CCC e o seu fundador. Tinha ligações também com os direitistas radicais da "Tradição, Família e Propriedade", a
tristemente famosa TFP. Mas, a quatro de outubro ouvimos a previsão do que aconteceria, pela boca do presidente Costa e Silva: "O Congresso só desaparecerá se o presidente desaparecer". E foi o que aconteceu. A treze de dezembro, o "putsch".
A princípio se falava que tinham matado o Costa e tomado o poder. Depois se soube ou se convencionou dizer que ele tinha resistido à tomada de posição radical do Ato 5 e, forçado,
teve um derrame cerebral. Empossou-se uma junta militar que programou um "pega-pra-capá" em todo o país, com prisões, assassinatos, torturas, cassações e outras atividades menos amenas. Todas as lideranças democráticas do país foram presas,
levaram de roldão nosso prefeito eleito em votação consagradora, o negro Esmeraldo Tarquínio, o candidato dos trabalhadores. E fecharam o centro, o nosso "Centro", outra vez.
De cochichos se falavam das prisões, assassinatos e torturas em todo o país, nas masmorras do regime. Era o terror da direita, sobre a população. A gente sentia era aquela sensação de
esmagamento, ao ver tão próxima uma vitória da democracia, das forças populares contra a brutalidade da miséria, contra a violência daqueles que matavam estudantes nas ruas, nos quartéis, que tapavam a boca dos políticos com as cassações e
implantavam o medo. Foi um desbunde, companheiro, aquele Ato Cinco... Mas não foi o fim. Olha nóis aí outra veis...
Por que só o CES? Cadê os outros? - Os estudantes santistas se reorganizam, como força política e mobilizadora das reivindicações estudantis e populares neste país. E o tom
desse ressurgimento é o de fincarem nas bases estudantis suas entidades, em suas lutas internas e próprias. Pois essas são as lutas que levarão as massas a avançar na transformação deste sistema econômico e político injusto, que colocarão o homem
acima do lucro. Somente com suas bases participantes é que teremos forças para resistir a um novo golpe e a quantos golpes vierem para atrasar o inevitável avanço histórico das massas ao poder. A luta pelo ensino público e gratuito pelo melhor
nível e por melhores condições de ensino, são propostas que devem levar todos os estudantes à luta pela sua conquista.
Agora vão levantar o CES e transformá-lo no Centro dos Estudantes da Baixada Santista (CEBS). E recuperar a nossa sede, na Avenida Ana Costa, 308, apropriada indevidamente pelo
governo para cedê-la ao "Projeto Rondon", que se encontra lá até hoje. O imóvel pertence aos estudantes, pois foi comprado com o dinheiro dos estudantes e não com dotações governamentais.
Se fala em meio à Comissão de Estruturação do "Centro", dito através de seu advogado Marco Aurélio Milani, encarregado de vasculhar a burocracia que levou a sede do CES para outras
plagas, que aconteceu o fechamento e a tomada da sede baseado na minha prisão e depoimento.
E aí então eu pergunto: Cumé que pode fechar-se uma entidade que na época tinha trinta e seis anos de existência (1932-1968), baseando-se no depoimento de dois garotos, menores
púberes e impúberes? Podíamos até ter confessado que no quintal do "Centro" tinha uma ninhada de filhotes do dragão de São Jorge, vomitando labaredas nos reacionários, que ainda assim não dava pra fechar. Por causa dos vinte e oito cartazes
encontrados? Não creio.
Por causa do travesseiro em cima dos cartazes, que atiraríamos suas estopas com fogo no governador (aquele, que o zelador lá deixara porque uma goteira o fizera mofado)? Mas será que
um travesseiro vai esquentar a cabeça dos estudantes para retomar sua sede? Não. Qualquer um derruba um travesseiro.
Paulo Mattos.
Imagem: final do texto datilografado, no acervo de Paulo Matos
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