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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ENSINO - BIBLIOTECA NM
A educação... e as antigas escolas (4-h)

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Tradicionais colégios, que muito santista recorda com saudade, independentemente de serem públicos ou particulares, marcados por professores que se destacaram na Cidade, e por eventos que também fizeram história. O Colégio Canadá mereceu inclusive o tombamento para preservação de suas instalações, em 2007. Continua o relato do Almanaque de Santos 1971 (de Olao Rodrigues, editado por Ariel Editora e Publicidade, Santos/SP, 1971):
 


O Colégio Canadá foi a primeira escola estadual de ensino secundário. 
Assim, ficou conhecida inicialmente como Ginásio do Estado, tendo sido instituída em 1936
Foto: Poliantéia Santista, Fernando Martins Lichti, 1996, S. Vicente/SP

Os grandes colégios de Santos na atualidade

[...]

Instituto de Educação Canadá - Além da Escola Profissional Secundária Mista, a primeira que surgiu no Município, instalada no Instituto D. Escolástica Rosa, que passou à tutela do Estado, o Dr. Armando de Salles Oliveira, então interventor federal no Estado, criou o Instituto de Educação Canadá pelo Decreto n. 6.601, de 11 de agosto de 1934.

Instituindo essas escolas, que mantêm o maior contingente de alunos da região - ambas com cerca de 8.000 discípulos -, o ilustre homem público serviu destacadamente ao Ensino citadino no âmbito estadual, não lhe bastassem outras úteis realizações no campo da Educação, uma das grandes metas do seu governo.

O Instituto de Educação Canadá surgiu modestamente, ocupando acanhada casa da Avenida Ana Costa, de onde se transferiu para o Grupo Escolar Cesário Bastos, na parte térrea, em caráter provisório, até à construção do edifício próprio.

Em 1935, isto é, um ano após sua criação, o colégio já se acomodava na Rua Mato Grosso, como ainda hoje, em prédio levantado pela Prefeitura Municipal de Santos em terreno doado pela Companhia City; em homenagem a esta empresa canadense, adotou o nome do país de origem. Foi seu primeiro diretor o professor Malaquias Freitas de Oliveira.

Transformado em Instituto de Educação Canadá pela Lei n. 3.730, de 15 de janeiro de 1957, mantém o estabelecimento os seguintes cursos: Pré-Primário (3 classes), Primário (17 classes), Ginasial (52 classes), Colegial (44 classes), Normal (7 classes), Especializado em Educação Pré-Primária (1 classe) e de Administradores Escolares (2 classes).

Seu discipulado compreende 5.500 crianças e jovens de ambos os sexos; eleva-se a 160 o número do pessoal que o serve, entre professores secundários e primários, orientadores educacionais, professores-inspetores, preparadores, inspetores de alunos, diretor, diretor do Primário, assistente do diretor, secretário, dentista, escriturários e serventes.

Funcionam no Instituto o Grêmio Estudantil Vicente de Carvalho, que ostenta no saguão o busto do patrono, instalado por ocasião do centenário do seu nascimento, em 5 de abril de 1966; o Clube das Normalistas, que reúne alunos do Curso de Formação de Professores Primários, Biblioteca Especializada e o Órgão de Cooperação Escolar, transformado em Associação de Pais e Mestres, em consonância com o Decreto n. 47.404, regulamentado pela Portaria n. 105, de 14 de novembro de 1968.

O Canadá foi substancialmente ampliado, ganhando outros corpos arquitetônicos, além de sensíveis melhoramentos técnicos, sociais, culturais e esportivos, mercê da valiosa colaboração da Associação de Pais e Mestres, que também levou sua dedicada ajuda às obras de extensão da Inspetoria do Ensino Secundário e Normal, que funciona na área colegial.

Vendo-se sem recursos para o prosseguimento das obras de erguimento do ginásio esportivo-social, a Comissão Executiva encontrou, na Associação de Pais e Mestres, dedicada e segura coadjuvadora; de fato, assumiu o ex-órgão de Cooperação Escolar a responsabilidade financeira do empreendimento, que levou a cabo, nele invertendo a soma de Cr$ 55.472,78, isso em agosto de 1968. E, além da construção do Ginásio, fez quadras externas de voleibol, bola-ao-cesto e futebol de salão, cimentando nesse setor do Instituto mais de 2.000 metros quadrados de área.

Para manutenção do Instituto de Educação Canadá o Estado gasta anualmente Cr$ 1 milhão e 700 mil. É seu atual diretor o professor Edésio Del Santoro, que também preside a diretoria da Associação de Pais e Mestres.

Com seus 5.500 alunos e operando em vasta área funcional, o Canadá é o maior colégio da Baixada, e dos principais do Estado na categoria.

[...]


Alunos do Colégio Canadá, com o professor (depois diretor) Edésio Del Santoro, em visita ao craque futebolista Edison Arantes do Nascimento (Pelé) no Santos Futebol Clube, em 1963
Foto: acervo de Edésio Del Santoro, publicada no dia 6 de outubro de 2006
na seção Imagem do Passado do jornal santista A Tribuna

 

Na edição seguinte (Almanaque de Santos 1972, de Olao Rodrigues, editado por Indicador Turístico de Santos, Santos/SP, 1972), novas informações sobre a mesma escola:
 

INSTRUÇÃO
Canadá: o maior colégio da Baixada Santista

Célio Rodrigues

Várias gerações passaram pelo Instituto de Educação Estadual Canadá e por certo desconhecem algo de sua história.

Foi criado em 1934 pelo governador Armando Sales de Oliveira, sendo que seu primeiro diretor foi o professor Malachias de Oliveira, e funcionou inicialmente em um prédio sito na Av. Ana Costa, e, depois, na área térrea do Grupo Escolar Cesário Bastos.

A antiga City, em 1935, doou terreno, e a Municipalidade construiu o atual "prédio velho", tendo sido dado o nome de "Canadá" em homenagem à companhia doadora do terreno.

Em 1945 foi criado o curso Colegial, e em 1947 o Normal e o Primário. Somente em 1953 o estabelecimento foi transformado em Instituto de Educação, com possibilidade de criação de novos cursos.

Hoje, o Canadá possui os cursos Pré-primário, Primário, Ginasial, Colegial, Especialização em Educação Pré-Primária e Administração Escolar. Com a construção do prédio novo e funcionando em horários diferentes, com quatro turnos, das 7 às 11 horas, das 11 às 15 horas, das 15 às 19 horas e das 19 às 23 horas, o prédio abriga uma população escolar de 4.500 alunos, o que coloca o Canadá em vanguarda no âmbito do Estado.

São 112 classes que para funcionar recebem do considerável corpo administrativo todo o carinho e dedicação possíveis. À frente, encontramos o prof. Edésio Del Santoro, emérito administrador e excelente educador, o qual, mercê de sua capacidade de trabalho, vem mantendo o nível educacional em elevado grau, com proficiência e zelo.

Cooperando com a direção do Canadá encontra-se a Associação de Pais e Mestres - integrada por pais de alunos e professores - a qual recebe, mediante determinação legal, facultativamente, anuidade correspondente à porcentagem do salário mínimo, e com tal valor realiza obras e paga as despesas de manutenção do Instituto.

A Associação contratou 5 escriturários e 6 serventes, e está realizando duas rampas para saída do andar superior, necessárias há longos anos, orçadas em Cr$ 11.800,00. Além do mais, conseguiu colocar no ginásio de esportes mais de 300 cadeiras e está terminando as obras finais da área de esportes.

A parte cultural vem sendo cuidada, com mais de 10 mil volumes na Biblioteca e com aulas de reposição para os alunos mais fracos, o que é exigência da nova Lei de Diretrizes e Bases, mas coisa já antiga no Canadá.

Hoje, uma potência no âmbito escolar, muito distante do Instituto pequeno que começou a funcionar nos idos de 1934. E que só tende a crescer nos anos vindouros, a fim de acompanhar a evolução dos tempos hodiernos.

Em 6 de agosto de 2004, o Diário Oficial de Santos publicou na coluna Memória Santista (incorporada a correção feita na edição de 1/10/2004):


Colégio Canadá completa 70 anos
Foto: acervo Fundação Arquivo e Memória de Santos (FAMS)

MEMÓRIA SANTISTA
E. E. Canadá

Criada em 11 de agosto de 1934 por decreto do então governador Armando Salles de Oliveira, a Escola Estadual Canadá surgiu de uma reivindicação de exportadores de café que moravam em Santos. Eles pretendiam que o governo criasse um ginásio (5ª série em diante) para que seus filhos pudessem continuar os estudos. Desta forma, o Canadá passou a ser o primeiro ginásio estadual da Cidade, já que, naquela época, a Cidade possuía somente grupos escolares, e ainda o Gymnásio Santista José Bonifácio (instituído pela Municipalidade em 1910, por meio da lei nº 371, anexo à antiga Academia de Commércio de Santos, atual escola José Bonifácio).

No começo a escola funcionava no andar térreo do Colégio Cesário Bastos e, depois, foi transferida para a Avenida Ana costa. Somente no ano de 1935 a escola fixou-se na Rua Mato Grosso, em prédio erguido pela Prefeitura Municipal e assumido pelo Estado.

O nome Canadá é uma referência à empresa canadense Cia. City, responsável pela energia elétrica e linhas de bonde, que cedeu o terreno para a construção do colégio. As vagas eram disputadas entre os estudantes dos anos 60, pois o colégio era uma referência no ensino público.

A escola é reconhecida também pelos vários alunos ilustres que por lá passaram. O escritor Pedro Bandeira, o senador Aloizio Mercadante, o pintor Armando Sendin e os atores Cacilda Becker, Ney Latorraca e Cláudio Mamberti são exemplos de personalidades que sentaram em seus bancos.


CANADÁ - A primeira turma do Instituto Educacional Canadá, de 1935/39, voltou a se reunir e posou junto com o diretor, professor Malachias de Oliveira Freitas. Ao fundo, em pé, o quinto, da direita para a esquerda, é Antonio Erasmo Dias, que posteriormente seria secretário da Segurança Pública do Estado
Foto publicada no dia 7 de setembro de 2007 na seção Imagem do Passado do jornal A Tribuna

 


Formatura da turma de normalistas de 1956 do Colégio Canadá. A foto pertence ao acervo de Inês Tomé Jorge Ferreira, que é a segunda moça da esquerda para a direita, na segunda fila de baixo para cima

Foto publicada no dia 16 de março de 2007 na seção Imagem do Passado do jornal A Tribuna

 


ALUNAS DO CANADÁ DESFILARAM COM GARBO - Em comemoração à Semana da Pátria de 1964, houve desfile escolar, com a participação da maioria dos colégios da Cidade. O Canadá, que possuiu ótima fanfarra, como os outros estabelecimentos de ensino, cuidava para que a Pátria fosse reverenciada. O garbo e elegância das alunas do Canadá no desfile era de se observar com orgulho da nossa mocidade
Foto publicada na coluna A Tribuna nos anos 60 do jornalista Hamleto Rosato, referente ao sábado, 5 de setembro de 1964, publicada no jornal santista A Tribuna em 5 de setembro de 2005

 


SELEÇÃO - A foto, do acervo de José Dilberto, mostra a seleção do Colégio Canadá, vice-campeã santista de 1949. Da esquerda para a direita, em pé, o professor Guaraná da Costa Rodrigues, Alberto Prado, Waldemar Akaoui, Rosalvo Coelho, Saturnino Ferreira, Peirão de Castro e José Dilberto. Agachados, na mesma ordem: Paulo Guimarães, Flávio, Djalma, Cid Angerami e Oswaldo Marba Ribeiro
Foto publicada na seção Imagem do Passado, do jornal A Tribuna, em 25 de maio de 2007

 


JOVENS SANTISTAS EM 1º LUGAR - A Tribuna publicava foto, que estamos reproduzindo, com este título: Os melhores e boa matéria. E os melhores foram os jovens Carlos Jair, Tony, Beto, Ronin, Guto e Marquinhos, integrantes do conjunto The Grazy Boys que, representando o Instituto de Educação Canadá, levantou o primeiro prêmio num concurso instituído pelo programa Clube de Brotos, do Canal 9 (N.E.: TV Excelsior). É isso mesmo, os jovens foram a São Paulo, competiram e venceram. Era a época gloriosa da Cidade, com o Santos F. Clube à frente
Foto publicada na coluna A Tribuna nos anos 60 do jornalista Hamleto Rosato, referente à segunda-feira, 19 de dezembro de 1966, publicada no jornal santista A Tribuna em 19/12/2007, página D-3

 


Vencedores recebendo seus prêmios

ENCERRADO O TORNEIO PENAS DE OURO - Foi encerrado domingo, no auditório do Inst. de Educação Canadá, o VII Torneio Penas de Ouro, promoção do Centro dos Estudantes de Santos e Lojas Gomes, com apoio de A Tribuna. O torneio visava estimular crianças e jovens a escrever. Foram vencedores, em categorias diferentes: Antônio César Peluso, Alberto Lopes Mendes Rollo, Roosevelt da Silva Fernandes, Vera Maura Fernandes Lima, Maria Barreira Ribeiro. Aclamados os vencedores, foram entregues os prêmios
Foto publicada na coluna A Tribuna nos anos 60 do jornalista Hamleto Rosato, referente à terça-feira, 13 de agosto de 1963, publicada no jornal santista A Tribuna em 19/12/2004, página A-13

 


CANADÁ - A foto é da leitora Cleidemeire Borges Garcia Viegas e mostra uma turma de estudantes do Colégio Canadá. O ano é 1968. Na época aluna, hoje Cleidemeire é diretora efetiva da rede estadual
Foto e legenda publicadas na seção Foto do Passado, do jornal santista A Tribuna,

 em 3 de abril de 2009, página A-10

 


Professores José Carlos de Azevedo Jr. (Inglês), Yolanda (Educação física), Yolanda Quadros Arruda (Música), Célia de Paula Martins Zaragozza, Arina Penelas Baeta, Pinho e Avelino da Paz Vieira, na sala dos professores do colégio Canadá
Foto de Denise Castaldino Amado, postada na rede social FaceBook por Beatriz Kauffmann em 22/10/2012

 


Alunos do curso noturno Clássico (ensino médio), no colégio Canadá, em 1964, com o professor Avelino da Paz Vieira, de História
Foto postada pela jornalista Hilda Prado Araújo na rede social FaceBook (acesso: 9/4/2008)

 

Colégio Canadá, final da década de 1960. O diretor, visto numa das fotos,  era Edesio Del Santoro
Fotos postadas pela jornalista Hilda Prado Araújo na rede social FaceBook (acesso: 20/8/2013)

 


Formatura da pré-escola em 1967, no anfiteatro do colégio
Foto postada pelo perfil I.E.E. Canadá Santos-SP anos 60-70 na rede social Facebook em 4/7/2014

 


Alunos da 1ª série da professora Altina, em 1968. Entre os alunos, Maria Eugênia Ch. Uyara Oliveira Franco, Renata Moreira, Elenice Quedinho, Soraia S. G. e Maria Del Pilar
Foto postada pelo perfil I.E.E. Canadá Santos-SP anos 60-70 na rede social Facebook em 1/2/2015

Em 3 de julho de 2006, o jornal santista A Tribuna registrou, na página A-6:


Com 15 salas de aula em suas instalações,

 estabelecimento poderia comportar 525 alunos por período
Foto: Arquivo, publicada com a matéria

DEMANDA

EE Canadá funciona com capacidade reduzida

Escola poderia receber 1.575 alunos, mas tem pouco mais da metade

Da Reportagem

Com cerca de 870 alunos, aproximadamente 230 deles matriculados na Educação de Jovens e Adultos (EJA), a Escola Estadual Canadá, no Boqueirão, está funcionando abaixo de sua capacidade. Com 15 salas em suas instalações, a escola poderia comportar 525 alunos por período, o que significa um total de 1.575 pessoas por dia. O número atual de alunos corresponde a 55,2% da capacidade do Canadá, que foi a primeira escola com ensino secundário criada no Estado de São Paulo, em 11 de agosto de 1934.

De acordo com a diretora da unidade, Silvana Tringali Vallejo, hoje a escola está com 21 turmas. "São 12 no período da manhã e três no período da tarde, todas de Ensino Médio regular. As outras seis estão no período noturno e são de EJA". Segundo ela, até o final de 2004, a escola tinha mais classes. "Foi quando terminou o Magistério e o curso noturno. O primeiro foi encerrado por causa da lei que determinou seu fim para que os interessados fizessem Pedagogia".

A diretora explicou que durante 2005 a escola ficou sem o curso noturno, que foi transferido para a EE Ruy Ribeiro Couto. "Esse ano as classes noturnas voltaram para o Canadá e estamos retomando essa atividade. Mas o Magistério era o que tínhamos de mais forte".

Conforme a Assessoria de Imprensa da Diretoria Regional de Ensino (DRE), a criação de duas escolas também reduziu a demanda. Antes o Canadá trabalhava com todas as séries. Em 1979 uma parte da escola foi transformada na EE Ruy Ribeiro Couto, com classes de 5ª a 8ª séries.

Em 1996, partes das duas unidades foram usadas na criação da Escola Municipal Demóstenes Britto, que atende de 1ª a 4ª séries.

"Estamos em uma região não tão carente. Sobre a quantidade de turmas de tarde, percebemos que poucos alunos gostam de estudar nesse período, que acaba sendo menos procurado. Como estamos voltando com o período noturno, é possível que nos próximos anos aumentemos o número de turmas".

Obras - Em março A Tribuna publicou matéria sobre o estado de deterioração das quadras do ginásio da escola. A DRE informou que já encaminhou pedido de recurso para a Secretaria Estadual de Educação para realizar as reformas necessárias. A Diretoria ainda aguarda retorno do Governo do Estado.

Em 19 de dezembro de 2012, o jornal santista A Tribuna registrou, na página A-6:


Livro eletrônico detalha a preocupação do regime com a escola
Foto: Cláudio Vitor Vaz, publicada com a matéria

Colégio Canadá e os tempos da ditadura

Fernando de Santis

Da Redação

Os olhos da repressão estiveram postados em Santos durante grande parte do século passado. E este olhar foi particularmente incômodo durante o Governo Militar de 1964 a 1979 para os estudantes dos ensinos secundário e superior. Um dos alvos deste período foi uma das escolas mais tradicionais da Cidade, o Colégio Canadá.

O jornalista e pesquisador santista José Esteves Evagelidis disponibiliza hoje, às 15 horas, na nova sede da Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams), à ua Amador Bueno, 22, Centro, o livro eletrônico O Colégio Canadá nos arquivos do Deops/SP.

José conta que sua pesquisa foi realizada enquanto cursava o mestrado em Educação pela Universidade Católica de Santos (UniSantos). "Procurei no Arquivo Público do Estado, no projeto Memórias Reveladas (Centro de Referência das Lutas Políticas, 1964-1985), por documentos da polícia política na escola onde estudei por 11 anos, de 1973 a 1984, e o seu Grêmio Estudantil Vicente de Carvalho. Encontrei 27 dossiês produzidos entre maio de 1966 e maio de 1977".

O mais antigo dos dossiês que cita o Colégio Canadá (de maio de 1966) alerta para o "risco de infiltração de propaganda comunista nos órgãos de ensino santistas". Esta era uma das preocupações dos responsáveis pela polícia política naquela época. Os estudantes, segundo o livro de José, eram vistos como insufladores de um pensamento progressista. Ou, no raciocínio da época, "simpatizantes de um regime pró-soviético".

O fato de o Colégio Canadá ser apontado como uma escola de elite em uma cidade tida como "um antro de comunistas" pela polícia política fez com que todas as atitudes dos dirigentes do Grêmio Estudantil fossem delatadas às autoridades incumbidas de investigar atividades suspeitas.

A preocupação com a "infiltração vermelha na Cidade" era tão evidenciada que o coronel do Exército Erasmo Dias chamou Santos de "ponto de origem da revolução".

Os dossiês, detalhados no livro, mostram que os encarregados do estado autoritário acompanhavam de atos políticos, como passeatas ou moções de protesto contra o estado de conservação do colégio, até a escolha da peça a ser interpretada pelo grupo de teatro.

Apesar de todo esse controle José conviveu com alguns professores progressistas e colegas com consciência política. O livro digital poderá ser acessado gratuitamente no site www.fundasantos.org.br.

Veja:

O Colégio Canadá nos arquivos do Deops/SP. de José Esteves Evagelidis (Santos, 2012)

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Capa do livro eletrônico. Clique na imagem para obter o arquivo em formato PDF (2,21 MB)

Notícia no site Web do jornal santista A Tribuna, em 11 de junho de 2013: 


Edésio morreu nesta segunda-feira aos 95 anos
Foto: divulgação, publicada com a matéria

Terça-feira, 11 de junho de 2013 - 11h17
Luto

Morre, aos 95 anos, o professor Edésio Del Santoro

De A Tribuna On-line

Morreu nesta terça-feira em Santos, aos 95 anos, o professor Edésio Del Santoro. O velório ocorre, nesta segunda-feira, após às 17 horas, na sala 1 do Memorial Necrópole Ecumênica. O sepultamento do professor ocorrerá às 9 horas desta quarta-feira.

O professor Edésio foi secretário de Educação de Santos (1974-1978) e diretor do Colégio "Canadá" (1963-1978). Nascido em Sorocaba, ele iniciou a prática do basquetebol na escola, na década de 1930, onde foi tricampeão em torneio estudantil. Participou dos Jogos Abertos do Interior nas edições de 1937/1938 e 1943, e foi campeão estadual em 1941. Em 1948 recebeu o Troféu Bandeirante pela Federação Paulista de Basquete.

Formado na Escola Superior de Educação Física de São Paulo ( atual USP )em 1940 dirigiu colégios em São José do Campos, Bauru e Santo André, antes de estabelecer-se em Santos em 1961, como diretor do Colégio Estadual Canadá.

Durante os treze anos em que administrou o tradicional colégio santista, implantou uma gestão revolucionária e eficaz, o que lhe valeu o convite para o cargo de Secretário de Educação do município, cargo que ocupou de 1974 a 1979.

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