HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS -
ENSINO
A educação... e as antigas escolas (41-b)
A retomada do Centro dos Estudantes de Santos foi tema de notícia
escrita pelo jornalista Paulo Matos (falecido em julho de 2010) para o semanário Travessia, tabloide editado em Guarujá, com data de 14 a 27 de
janeiro de 2001:
Imagem: reprodução parcial do recorte da matéria de Travessia, no acervo de Paulo Matos
Centro dos Estudantes de Santos comemora 69 anos
Paulo Matos
O Centro dos Estudantes de Santos, que já teve o governador Mário Covas na
militância, fez 69 anos em 8 de janeiro. Esmeraldo Tarquínio e Oswaldo Justo, prefeito e
vice eleitos em 68 e cassados, passaram pelo CES.
Gastone Righi, Vicente Cascione e Edmur Mesquita também. Edmar Cid Ferreira, hoje
presidente do Banco Santos e Museu da Imagem e Som de São Paulo, e Omar Laino, empresário, naquela época representavam o PCB no Centro.
Mais antiga entidade estudantil do país, o CES veio antes da UNE (União Nacional
dos Estudantes) e deu quadros para a Revolução Constitucionalista de 32 entre os 6.000 voluntários santistas contra a
ditadura Vargas.
Desde Edu Brancato, primeiro presidente, o CES tem história de lutas sociais. A
greve pelo passe escolar nos bondes, em 34, "o petróleo é nosso", em 47/48, e a criação do Instituto do Comércio, pela Prefeitura, em 50, que se
tornaria o Colégio José Bonifácio e instituiria a primeira faculdade, depois fechada, são exemplos.
A meia entrada nos cinemas e a meia passagem nos coletivos são conquistas do CES,
entre batalhas contra aumentos das taxas escolares. A sede da Avenida Ana Costa, inaugurada em 56, foi comprada em 55
por Cr$ 560 mil. Os recursos vinham dos maiores bailes da cidade, promovidos pelo CES na Sociedade Humanitária, em que só
se ia de terno.
O Centro promovia blocos carnavalescos, olimpíadas, travessia do canal a nado,
cursos de alfabetização de adultos, jornalismo, biblioteconomia, rainha dos estudantes, teatro e concursos literários
CES é a mais antiga entidade do país
Foto: Renato Freitas, publicada com a
matéria |
Na mesma publicação:
Repressão de 64 a 80
O CES foi fechado em 64 e novamente em 68, quando havia sido retomado pelos
estudantes e reativado de julho a dezembro. Santos trombou com o AI-5 e entrou no movimento estudantil mundial.
Em 75, o governo federal se apossou da sede e a repassou, apesar de não ser sua,
para o Ministério de Educação e Cultura. O MEC, por sua vez, cedeu-a para a Universidade São Carlos. Repassada a seguir para o Projeto Rondon, a
sede foi desocupada em 81. Em 84, retornou para o MEC que quis vendê-la para fazer uma creche.
Só em 89, com projeto do deputado federal Gumercindo Milhomem (PT), a sede voltou
para os estudantes, retomada de fato em 82. A biblioteca, uma das maiores do país, desapareceu.
Em junho de 80, o CES teve a maior eleição de sua história. Três chapas na
disputa: PCB, PT e MR8. A chapa comunista, "Todo mundo no centro", com Edu Sanovicz presidente, ganhou com 6.845 votos. A "Mobilização
Estudantil", com Dogival Vieira dos Santos, petista, teve 5.674. E a "Chega mais", de Marco Antonio Campanella, pegou 4.168. Mais de 17 mil
estudantes participaram.
As diretorias foram renovadas até 87. Ocorreu vácuo até 89. Hoje é presidido por
Daniel Gomes, do PCdoB, estudante de Direito na Unisanta, reunindo universitários e secundaristas. Está ativo, mas na fachada da sede já não há,
nas colunas, as cores da bandeira paulista, preto e vermelho, alma do CES. |
Jornal-cartaz produzido em 1982 para a campanha de eleições do CES:
Imagens: reprodução do jornal-cartaz, no acervo de Paulo Matos
Clique >>aqui<<
ou nestas imagens para ampliá-las |
Notícia publicada no jornal santista A Tribuna, em 8 de
janeiro de 1981:
Hoje, 49 anos do Centro dos Estudantes
[...] O centro dos Estudantes
teve suas atividades paralisadas em 1968, pela Polícia Federal, e no ano seguinte teve início um longo processo para que os estudantes
conseguissem de volta o prédio da Avenida Ana Costa (N.E.: nº 308, ocupado então pela sede local do Projeto Rondon). Agora, depois da reativação
da entidade, os atuais diretores contam com a colaboração do advogado Marcos Aurélio Milani, que está pesquisando o texto do processo junto à
Justiça Federal.
Ao que se sabe, o prédio pertence agora à Universidade Federal de São Carlos, que, pro sua vez, cedeu o imóvel ao Ministério do Interior, para
que lá fosse instalada a sede regional do Projeto Rondon. [...]
O início, em 1932
Pesquisa A Tribuna
"A juventude estudiosa de Santos procura congregar-se em torno de uma bandeira para melhor
zelar pelos interesses da classe, a exemplo de instituições congêneres existentes nos centros populosos e onde avulta o número de estudantes.
"Diante desse objetivo, simpática é, sem dúvida, a iniciativa que redundará, hoje, num fato concreto e que, por isso mesmo, merece ser acolhida
entre os mais francos aplausos".
Com a presença, entre outros, dos estudantes Clóvis Pereira de Carvalho, Edgard Brandão e Edu Brancato, em reunião realizada no Ginásio
Luso-Brasileiro, presidida por Moacyr Lins Pessoa de Mello e Hugo Battendieri, era fundado, em 8 de janeiro de 1932, o Centro dos Estudantes de
Santos.
Hoje, quando completa seus 49 anos de existência, o Centro estará recordando suas lutas, suas glórias e lamentando a sede própria perdida em
dezembro de 1968, quando foi baixado o AI-5.
Exerceram a presidência do Centro dos Estudantes desde a fundação até hoje: Edu Brancato (1932), Augusto Paulino Filho (1932), José Leandro de
Barros Pimentel (1933/34), Carlos Cuquejo Rodrigues (1936), José Ubeira Pereira Franco (1937/38), Mário Romiti (1939), Roberto Sasdelli
(1940/41/42), Florival M. Pinto (1943), Mário Cardoso (1945/1946), Horácio Perdiz Pinheiro (1946), Valter Rezende de Melo (1947), José Machado
da Cunha (1948/49), Ynel Alves e Camargo (1950), Silvio Antunes de Carvalho (1951/52), Nelson Malavasi (1953/54), Vicente Afonso Devesa (1955),
Osvaldo Celso Novoa Leiturga (1956/57), Milton Fuschini (1958/59), Osvaldo Leituga (1960/61/62/63), José Alves Filho (1964), Cesar Valério
Ferreira (1964 – interventor), Manoel Luís Lopes (1965), Takeo Siosaki (1966); Jaime Estrela, Edmir Elias Albino e Antonio Carlos Pain
(triunvirato – 1968); e 1980 Eduardo Sanovicz. |
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