Apesar da reforma, ainda falta a sinalização dos serviços prestados pelo terminal rodoviário
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria
Nova Rodoviária será inaugurada no domingo
Construída em 1969 e com capacidade para atender 200 mil pessoas, a Rodoviária de
Santos passou por uma série de reformas que custaram R$ 650 mil
Da Editoria Local
No próximo domingo, às 11 horas, a Companhia de Engenharia de
Tráfego (CET) irá inaugurar a Estação Rodoviária, que no último ano passou por uma série de reformas depois que as placas de concreto do teto
ameaçavam desabar sobre os boxes das operadoras. No total, a Prefeitura gastou R$ 650 mil para substituir o teto antigo por estrutura metálica e
para recuperar o sistema hidráulico e elétrico. Com a reinauguração, o terminal, construído em 1969, passará a ser denominado Jaime Rodrigues
Estrella Júnior (Cebola).
O presidente da CET, Efrain José dos Santos, informou que os serviços incluíram a pintura de
todo o prédio, a reforma dos sanitários, reconstrução do piso da área de desembarque e implantação de baias de carga e descarga.
Mas, para os funcionários das empresas rodoviárias, das lanchonetes e estabelecimentos
comerciais que funcionam dentro da Rodoviária, o principal ainda está faltando, que é a sinalização dos serviços prestados no terminal.
Ontem, mesmo com os serviços estruturais concluídos, as empresas aguardavam a colocação de
relógios, numeração das plataformas e placas de orientação para o estacionamento de ônibus e regulamentação de trânsito de usuários e taxistas.
O encarregado de agência da Ultra e Rápido Brasil, Alexandre Joaquim Vieira, critica a falta
de um estacionamento interno para os carros extras da companhia, o que provoca atrasos nos horários de saída dos ônibus. Até hoje, os motoristas que
aguardam o horário de partida previsto em escala têm de estacionar nas proximidades da Rodoviária, ficando sujeitos às multas aplicadas pela Polícia
Militar.
Alterações - No entanto, Efrain dos Santos informou que a área livre existente atrás
das baias de embarque de passageiros deverá ser transformada em vagas para o desembarque, liberando o trecho em frente à Praça dos Andradas para a
parada de veículos particulares e táxis. Mas esse projeto está em fase inicial e ainda não tem prazo previsto para a execução das obras.
De acordo com Inah Tobias Silveira, diretora de planejamento e projetos da CET, o terminal
terá capacidade para atender a uma demanda mensal de 200 mil usuários. Entre janeiro e março de 1995, 684.164 pessoas embarcaram pela Rodoviária,
contra 653.244 passageiros que a utilizaram no mesmo período desse ano.
Sandra Mara Nogueira Lisboa
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria
Jayme Estrella dará nome a terminal
Da Sucursal de Cubatão
A decisão do prefeito David Capistrano
de dar à Estação Rodoviária de Santos o nome de Jayme Rodrigues Estrella Júnior (Cebola) esconde uma história de solidariedade e amor que
seria romântica, não fossem alguns episódios de prisão, tortura e morte que unem velhos companheiros do Partido Comunista Brasileiro do período
final da década de 70.
Cebola esteve preso no Doi-Codi, na Capital, juntamente com Vladimir Herzog, Sandra
Mara Nogueira Lisboa e o prefeito David Capistrano Filho, em 1975.
A advogada Sandra Lisboa, funcionária da Câmara de Cubatão, líder estudantil naquela época,
foi presa em outubro de 1975 no Doi-Codi. Já conhecia Cebola.
Especial - Porém, foi na prisão que brotou o amor que resultaria na união de dez
anos, entre os dois, e da qual nasceria José Pedro Nogueira Estrela. "Fui solta doze dias depois, mas o Cebola continuou preso e creio que ele deveu
a vida, naquele período, à morte de Vladimir Herzog, nas dependências do Doi-Codi. Essa morte provocou mudanças no comando militar e o início da
abertura política. Cebola foi transferido para o Dops, e foi solto mais tarde".
Sandra e Cebola (apelido de infância, vivida na área portuária de Santos) uniram-se
em 1976 e viveram juntos até a morte ele, no dia 21 de fevereiro de 1985, em conseqüência das seqüelas físicas e psicológicas de torturas sofridas
na prisão. A história política de Jayme Estrella Júnior está nas páginas de Meu companheiro Cebola, obra escrita por Sérgio Pardal
Frankenthal.
"Eu e meu filho estamos convidando amigos e companheiros do inesquecível Cebola para
participarem da homenagem, domingo, às 11 horas. Nossos agradecimentos públicos ao prefeito David Capistrano Filho. Cebola foi acima de tudo
um idealista que colocava em prática os princípios de sociologia e política que aprendeu como comunista, principalmente no trato com as pessoas. Foi
também o maior amigo que tive na minha vida", conclui Sandra.
A Rodoviária em 2007
Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 17 de maio de 2007
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