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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URBANISMO (M)
Paulistanos compram tudo... em 2007 (4)

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Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas.

Seis décadas depois da matéria em que se anunciava a especulação imobiliária paulistana em Santos, uma nova onda especulativa acontecia na cidade, com a valorização do metro quadrado construído na orla da praia, que foi assim registrada no jornal A Tribuna, em 26 de dezembro de 2007 (página A-3):


Três trechos da orla, avenidas Vicente de Carvalho, Bartolomeu de Gusmão e Presidente Wilson, aparecem como os mais valorizados do município, com mais de R$ 2 mil o metro quadrado
Foto: arquivo, publicada com a matéria

VALORIZAÇÃO
Imóveis mais caros estão na orla

Prefeitura publicou tabela com o valor do metro quadrado construído na Cidade

Da Redação

A faixa da orla, incluindo os bairros Boqueirão e Gonzaga, e a Praça Independência, concentram os imóveis mais valorizados da Cidade, levando-se em conta o valor do metro quadrado construído estabelecido pela Prefeitura.

A tabela foi publicada na edição de quinta-feira passada do Diário Oficial e aponta onde estão as áreas mais caras da Cidade. A faixa da orla figura nos três primeiros lugares, com três avenidas: Vicente de Carvalho, Bartolomeu de Gusmão e Presidente Wilson, todas com exemplos de valores superiores a R$ 2 mil.

Toda a extensão das três avenidas está adensada com empreendimentos imobiliários residenciais e comerciais. Um terreno que ainda resta na Avenida Presidente Wilson, onde funcionou uma casa de boliche, permitiria a construção de um empreendimento como um condomínio residencial ou um hotel.

Entre as avenidas dos canais, a Washington Luiz (Canal 3) é a que apresenta maior valorização. O valor chega a atingir R$ 2.047,00, enquanto que nas vias Pinheiro Machado (Canal 1) e Bernardino de Campos (Canal 2), os maiores valores são de em média R$ 1 mil.

Consideradas corredores importantes no sistema viário, as avenidas Ana Costa e Conselheiro Nébias apresentam valores entre R$ 2,2 mil e R$ 1,5 mil nos trechos que atravessam os bairros do Gonzaga e Boqueirão.

No caso da Ana Costa, o custo deverá ser revisto após a conclusão de três empreendimentos comerciais e imobiliários, todos na região do Gonzaga, que provocarão impactos nos setores habitacionais e no trânsito da área.

Já a Conselheiro Nébias apresenta uma série de imóveis antigos, alguns em processo de tombamento e outros que acabaram se transformando em pontos comerciais. A área de maior transformação é na Vila Mathias, com a implantação do Campus Dom Idílio José Soares da Universidade Católica de Santos (UniSantos).

Na área interna da Cidade, os bairros do Gonzaga e Boqueirão incluem vias com valores de metro quadrado construído superior a R$ 1 mil. A Rua Galeão Carvalhal, no Gonzaga, apresenta valor de R$ 1,8 mil em alguns casos.

Investimento - O secretário municipal de Planejamento, Bechara Abdalla Pestana Neves que preside o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano (CMDU), entende que os valores não refletem uma supervalorização das áreas. "Isso é um produto do investimento realizado pelo poder público ao longo dos anos".

A faixa da orla, por exemplo, conta com vias pavimentadas e recentemente reurbanizadas, como o jardim, que recebeu ciclovia, novos bancos e piso na calçada. "Onde quer que tenha havido algum tipo de intervenção ou investimento, acabam ocorrendo revisões no tributo cobrado", complementou o secretário.

Pestana Neves lembrou ainda que os valores do mercado também influenciam na elaboração da tabela. "A última planta genérica de valores foi atualizada em 2005 e ainda está em vigor. De lá para cá, a Prefeitura tem reajustado os tributos com percentuais estimados abaixo da taxa real da inflação".

A questão do Centro, que apresenta valores acima de R$ 1 mil o metro quadrado de imóveis localizados na Avenida Amador Bueno, por exemplo, se deve ao momento de transição que a área vive. "Estão sendo executados diversos empreendimentos, inclusive por parte do poder público, como a recuperação do Teatro Guarany, que incidirão em uma conseqüente valorização no futuro. Mas esse processo irá ocorrer de forma gradativa".

Ranking das áreas valorizadas

(N.E.: ranking = ordem de classificação, em inglês)


1 - Avenida Vicente de Carvalho (R$ 2.570,88/m²)


2 - Avenida Bartolomeu de Gusmão (R$ 2.441,26/m²)


3 - Avenida Presidente Wilson (R$ 2.371,64/m²)


4 - Praça Independência (R$ 2.253,80/m²)
Fotos: Irandy Ribas, publicadas com a matéria

Valorização se deve à abertura de capital

Coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Santa Cecília (Unisanta), Nelson Gonçalves de Lima Júnior entende que a valorização dos imóveis de Santos se deve ao aquecimento do setor imobiliário. O maior movimento no setor, na opinião dele, foi alavancado principalmente pela abertura de capital para as construtoras.

"As construtoras tiveram acesso a um capital e tinham que utilizá-lo de alguma forma. Como aqui surgiu uma nova perspectiva com a vinda da Petrobrás (escritório de negócios) e a construção da segunda pista da Rodovia dos Imigrantes, a opção por Santos acabou sendo um processo natural".

O especialista lembra que a Prefeitura também considera os valores de mercado para estabelecer a tabela de valores dos imóveis. "De uma certa forma isso tem influência nesse processo que presenciamos".

Lima Júnior diz ainda que os investimentos feitos pelo poder público também são determinantes. "Acho difícil apontar uma causa específica para essa valorização. Ela é resultado de uma série de ações tanto da iniciativa privada como da Prefeitura".

  Outros valores

Rua Carlos Afonseca

R$ 1.977,44/m²

Rua da Paz R$ 1.746,06/m²
Rua Thiago Ferreira R$ 1.601,44/m²
Rua Azevedo Sodré R$ 1.585,38/m²
Rua Clay Presgrave do Amaral R$ 1.523,25/m²
Rua Mato Grosso R$ 1.270,44/m²
Rua Vahia de Abreu R$ 1.065,84/m²
Rua Oswaldo Cruz R$ 1.049,78/m²
 
Artigo publicado no jornal A Tribuna, em 28 de dezembro de 2007 (página A-13):
 

TRIBUNA LIVRE

Planejamento em Santos - necessário e urgente

Problemas exigem a intervenção do poder público municipal

Pablo Greco (*)

O crescimento imobiliário na cidade de Santos é uma realidade que qualquer pessoa aqui residente pode verificar. Com efeito, a cada dia surgem novos empreendimentos, com a construção de torres de mais de 30 andares. Basta dizer que somente na Rua Marechal Deodoro, no Gonzaga, existem quatro novos empreendimentos, com a edificação de centenas de apartamentos.

Entretanto, o lado adverso do implemento dessa atividade econômica é de total ausência de planejamento para as conseqüências do boom imobiliário Nós, que residimos aqui, já sofremos com os constantes congestionamentos em praticamente toda a Cidade, sem que o órgão responsável pelo controle e disciplina do trânsito apresente soluções ou obras para minimizar o caos diário do trânsito.

Vale lembrar que os anúncios de venda de apartamentos que estão sendo construídos oferecem duas ou três vagas de garagem, o que, à evidência, irá prejudicar ainda mais o moroso trânsito que aflige os santistas.

Não há notícias de novas obras viárias ou mesmo alternativas de competência do poder público municipal para enfrentar o volume de novos carros que entraram em circulação. As principais avenidas e os canais continuam sendo as únicas vias de acesso da praia para o Centro e outros bairros e já não comportam sequer o tráfego hoje existente. E mais. Bastam 15 minutos de chuva mais forte para que muitos bairros fiquem praticamente ilhados e as pessoas impedidas de sair das suas casas.

Não há também notícias - por parte da municipalidade - de projetos contemplando obras de drenagem e escoamento das águas pluviais ou mesmo simples limpeza das galerias, situação que certamente irá se agravar quando nossa Cidade recepcionar as novas famílias adquirentes dos imóveis hoje em construção. A tão decantada "qualidade de vida" de Santos - realidade para apenas uma parte da população santista - certamente não será a mesma, pois a falta de planejamento para o enfrentamento de tais questões irá acarretar a piora do nosso já caótico trânsito, bem como o aumento das ruas e bairros que sofrem com as enchentes.

Os problemas são graves e exigem a pronta intervenção do poder público municipal que, lamentavelmente, está totalmente inerte, só "comemorando" o crescimento imobiliário da Cidade, sem adotar um planejamento sério e responsável - até com o chamamento e participação financeira dos responsáveis pelos empreendimentos - para que num futuro próximo não tenhamos que lamentar as conseqüências de um crescimento sem planejamento e, portanto, irresponsável, na medida do prejuízo que causará às gerações futuras.

(*) Pablo Greco - promotor de Justiça de Santos, bacharel em História e professor universitário

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