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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URBANISMO (M)
Paulistanos compram tudo... em 2008 (5)

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Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas.

Seis décadas depois da matéria em que se anunciava a especulação imobiliária paulistana em Santos, uma nova onda especulativa avançava com grande força pela cidade, conforme publicado no jornal santista A Tribuna, em 9 de janeiro de 2008 (página A-3):


Moradores de um prédio no José Menino negociam venda de 14 apartamentos

 com construtora de Santos
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria

DISPUTA
Até prédios altos estão na mira

Até então, para conseguir terrenos, construtoras têm comprado casas, sobrados e prédios com, no máximo, três andares

Rafael Motta
Da Redação

A escassez de áreas para grandes empreendimentos motivou uma construtora a planejar algo inédito, na Cidade: comprar um edifício residencial de sete andares, no José Menino, para usar parte de seu terreno na construção de um ou dois novos prédios de alto padrão com, aproximadamente, 25 pavimentos. Até então, empresas têm procurado casas, sobrados e prédios de três andares.

Se houver entendimento entre a construtora e os donos dos 14 apartamentos, o negócio poderá ser fechado hoje. Comentários dão conta de que a Estrutura Construtora e Incorporadora Ltda., com sede em Santos, teria proposto R$ 80 mil por unidade. Alguns condôminos exigem até R$ 150 mil.

A direção da empresa confirmou a pretensão. Porém, comentou que o novo conjunto será construído mesmo que não haja acordo para a compra do edifício, situado na esquina da Rua Newton Prado com a Praça Washington. "O prédio não é prioridade", afirmou o gerente administrativo da Estrutura, Fernando Luz.

A construtora já adquiriu o antigo Maracanã Santos Hotel, localizado na Avenida Presidente Wilson, de frente para a praia, fechado desde meados do ano passado, e um sobrado abandonado, tomado pelo mato e parcialmente destelhado, que dá de fundos com o hotel, já na Praça Washington, próximo ao Orquidário.

A Estrutura também comprou dois sobrados na Newton Prado, para o mesmo projeto. A princípio, segundo Luz, as casas e o prédio dariam lugar aos acessos à garagem do residencial. A empresa parece ter pressa: a moradora de um dos sobrados teria até fevereiro para deixá-lo.

Luz não disse quando o empreendimento será erguido. Se for economicamente viável, haverá dois prédios com dois o u quatro apartamentos por andar, com "200 metros quadrados de área útil". Para cada unidade, quatro quartos (três deles com suíte) e três vagas na garagem. Preço estimado: entre R$ 500 mil e R$ 600 mil.

Interesse - Apesar de viverem a uma quadra da praia - dos apartamentos, há boa vista para o mar - e ao lado do Orquidário, moradores vêem no interesse da Estrutura uma oportunidade única para vender seus apartamentos.

O edifício, sem garagem, data de 1962. A pintura da fachada está descascada. Os corredores internos pedem uma nova camada de tinta. No térreo, dois bares.

Em boa medida, os estabelecimentos são freqüentados por catarinas (N.E.: apelido dado a negociantes autônomos de veículos, que não possuem alvará, atuando no mercado informal) que, dia e noite, compram e vendem carros. Ao chegar ao local, na tarde de segunda-feira, A Tribuna presenciou uma negociação sendo concretizada.

"Eu mesma quero muito vender meu apartamento", disse Maria de Oliveira, síndica do prédio, cuja taxa de condomínio está em torno de R$ 315,00.

SAIBA MAIS
Outro projeto

Fernando Luz, da Estrutura, acrescentou que também há planos para o Boqueirão. De acordo com ele, a empresa já adquiriu uma casa na Rua Vahia de Abreu, que dará lugar a um prédio de padrão semelhante ao previsto para as áreas sob negociação no José Menino.

"Temos como público-alvo possíveis compradores tanto de Santos quanto de São Paulo e do interior. Também esperamos pelos trabalhadores da Petrobrás que atuarão na Cidade", comentou.


Área será anexada ao terreno do antigo Maracanã Hotel e de outro sobrado
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria

Propostas seduzem donos de imóveis

Outra construtora da Cidade tenta comprar sete casas na Avenida Bernardino de Campos (Canal 2), na pista sentido praias/Centro, até a esquina da Rua Euclides da Cunha, na Pompéia. Sua pretensão seria erguer dois edifícios no lugar, com 25 e 27 andares. O ponto fica a duas quadras da praia.

Até agora, ainda conforme a proprietária de uma dessas casas - que disse ter visto maquetes dos prédios -, a construtora comprou os sobrados de números 617, 623, 625 e 627 do Canal 2. Faltam três: os donos do imóvel 613, de esquina com a Euclides da Cunha e onde havia uma academia de ginástica, tenderiam a vendê-lo, mas as negociações relativas às casas 619 e 621 estariam paradas.

Essa moradora relatou que tinha feito uma proposta para vender sua casa. Verbalmente, o acordo estaria fechado. Contudo, no momento de assinar a transação,a  empresa teria desistido do lance.

"Queriam que eu pagasse pela corretagem, mas, eles é que estão me pedindo para vender. Agora, só saio daqui por R$ 700 mil limpos, no mínimo", declarou.

Numa das casas em que se fechou negócio, uma das inquilinas se disse preocupada: soube, há uma semana, que seu contrato de locação terminará em 7 de março. "Para onde irei em dois meses? Como vou recuperar o dinheiro que investi na reforma?".

Procurada ontem, a direção da construtora supostamente interessada no empreendimento não retornou telefonema de A Tribuna.


Na Avenida Bernardino de Campos, construtora tenta comprar

sete casas próximas à Rua Euclides da Cunha
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria

Empresas podem trazer mão-de-obra de fora

Poderá faltar mão-de-obra local, diante da expansão "pública e notória" do ramo de empreendimentos residenciais de grande porte. O diretor regional do Sindicato da Indústria da Construção Civil em Santos (Sinduscon), Ricardo Beschizza, comentou que o número de prédios a serem erguidos simultaneamente demanda mais trabalhadores do que o de costume.

Isso porque os lançamentos representam a construção de um ou dois edifícios ao mesmo tempo. Assim, quando se anunciam obras "de três, quatro ou mais" prédios ao mesmo tempo, é bem provável que construtoras de fora da Baixada Santista recrutem operários de suas regiões de origem ou de outras partes do País.

Beschizza calcula que, num edifício com 25 pavimentos, do tipo dos que têm sido projetados na Cidade, empresas precisem de cerca de 40 trabalhadores de uma só vez, para diversas frentes (instalações elétricas, aplicação de gesso, obras em fachadas). "Houve acréscimo de empregos com carteira assinada", observou, com base em dados do Ministério do Trabalho e Emprego.

Gabarito livre - A chefe do Departamento de Obras Particulares da Prefeitura, Sônia Alencar, comentou que não há mais limite de andares para novos prédios, no Município, conforme dispõe a Lei Municipal de Uso e Ocupação do Solo.

"Respeitados os recuos entre a construção e seu muro, pode-se construir o equivalente a até cinco vezes a metragem do terreno. Trabalha-se melhor com o projeto, em termos de criação", comentou.

Número

319 empregos formais

foi o saldo de vagas (diferença entre admissões e cortes) na construção civil, na Cidade, de janeiro a novembro de 2007 - número estável desde 2005, segundo o Ministério do Trabalho

  
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