Imagem: reprodução parcial da página 7 de A Tribuna de 14 de julho de 1991
TV 'Tribuna' se une à Globo e entra no ar no dia 1º de dezembro
A partir do dia 1º de dezembro deste ano, entra no ar a mais
nova emissora de televisão da Baixada Santista, a TV Tribuna. O passo definitivo para a concretização do empreendimento foi dado na última
quinta-feira, após a assinatura da convenção de afiliação da emissora com a Rede Globo.
Pelo documento, a TV Tribuna vai retransmitir a programação da Globo para oito municípios
da Baixada Santista e Litoral Sul - Santos, São Vicente,
Cubatão, Guarujá, Praia Grande, Mongaguá,
Itanhaém e Peruíbe -, por meio de canal em UHF, atingindo uma população
estimada em 1 milhão e 300 mil pessoas (ver ilustração).
O contrato foi assinado pelo diretor-superintendente do Grupo A Tribuna, Roberto Mário
Santini, e pelo diretor da Central de Afiliadas e Expansão da Rede Globo, Evandro Guimarães.
Com isso, o Sistema A Tribuna de Comunicação Santos Ltda. (SAT) complementa seu circuito de
comunicações, já composto por dois jornais, rádios AM e FM, gráfica e editora. A implantação da emissora será feita em duas etapas.
Na primeira, haverá a distribuição dos programas da Rede Globo e a produção de Jornalismo próprio,
feito na região, que levará a todo o País as características regionais da Baixada Santista.
Na segunda etapa, com a vinda de novos equipamentos, a emissora poderá produzir programas na
Baixada e exibi-los na região, sempre em consonância com o Padrão Globo de Qualidade.
Foro especial - Essa perspectiva, gerada pela amplitude de informação e
inter-relacionamento direto com o público do Litoral Paulista, poderá, inclusive, propiciar maiores subsídios ao processo de integração regional,
uma vez que problemas e possíveis soluções terão um foro especial de discussão.
O canal de TV para o Sistema A Tribuna de Comunicação Santos Ltda. foi concedido pelo
Governo Federal e aprovado pelo Congresso Nacional em março deste ano. O Decreto Legislativo 76/91, referente à concessão, normatiza a exploração do
serviço de televisão na Cidade pelo prazo de 15 anos.
A assinatura do contrato de afiliação com a Rede Globo foi presenciada também por Roberto Clemente
Santini, diretor-superintendente do Sistema A Tribuna de Rádio; Marcos Clemente Santini, assessor da Diretoria para Assuntos Gráficos;
Beatriz Kotlhar, diretora da Divisão de Afiliadas da Região 3 da Rede Globo; e Antonio Carlos Borges, superintendente de Procedimentos Operacionais
da Região 3.
Imagem: "selo" de unificação das páginas, publicado com a matéria
Diretor da rede vê benefícios para Baixada e Litoral
"Pelo que a Baixada Santista representa no contexto regional e nacional, já estava na hora de a
região contar com uma emissora de TV". Foi desta forma que o diretor da Central de Afiliadas e Expansão da Rede Globo, Evandro Guimarães, comentou a
conquista efetivada pelo Grupo A Tribuna.
Guimarães disse que a implantação da emissora vai ter um impacto direto na região. "Todo o mercado
afim será mobilizado, ou seja, o campo de trabalho será mais dinâmico para jornalistas, radialistas, publicitários e produtores de vídeo da
Baixada". Segundo ele, a iniciativa também contribuirá indiretamente para o incremento de outros ramos de atividade.
O diretor relatou que atualmente a região recebe imagens da Globo através de sua geradora sediada
na Capital. Explicou que, com a entrada em operação do Sistema A Tribuna de Comunicação Santos Ltda. (SAT), a programação global não sofrerá
modificações.
"A empresa (Globo) apenas incorporará a presença maior de anunciantes com interesses voltados
especificamente para esta região e também o noticiário mais regional que interessa aos cidadãos da Baixada Santista, bem como as notícias de caráter
nacional".
De acordo com ele, a primeira etapa da TV Tribuna será desencadeada com a produção de
noticiário local a ser difundido na região, no Estado ou mesmo em nível nacional, por meio da Globo/Rio.
Na segunda etapa, Guimarães acredita que a emissora poderá produzir e exibir programas feitos por
profissionais da própria empresa, após a chegada de todo o conjunto de equipamentos necessários ao pleno funcionamento.
Equipamentos básicos - Caso haja a facilidade de aquisição de equipamentos básicos, o
diretor prevê que os primeiros sinais da TV Tribuna começarão a ser difundidos em 1º de dezembro deste ano.
São câmeras de filmagem, ilhas de edição, mesas de corte e de efeito e materiais de pós-produção,
cuja maior parte é importada dos Estados Unidos e Japão. Com este
aparato, terão início a retransmissão e produção de imagens pelo SAT.
Para a distribuição de imagens são necessários os transmissores, links de microondas e
aparelhos de recepção e repetição de imagens, sendo que alguns desses equipamentos já têm fabricação nacional.
"Esses aparelhos passam por um constante processo de renovação tecnológica, mas a emissora estará
plenamente atendida com as inovações da área".
Evandro Guimarães comanda expansão
Foto: Rubens Onofre, publicada com a matéria
Concorrência contou com 14 participantes
O decreto nº 99.059, de 7 de março de 1990, assinado pelo então presidente da República
José Sarney, e pelo ministro das Comunicações Antônio Carlos Magalhães, outorgou ao Sistema A Tribuna de
Comunicação Limitada (SAT) o Canal 18 de televisão UHF, para Santos. A concessão efetiva só ocorreu um ano e sete dias depois, pelo decreto
legislativo nº 76 do Congresso Nacional, assinado pelo senador Mauro Benevides, que estabeleceu, no Artigo 1:
"É aprovado o ato que outorga concessão à SAT - Sistema A Tribuna de Comunicação Santos Ltda., para
explorar, pelo prazo de 15 anos, sem direito de exclusividade, serviço de radiodifusão de sons e imagens (televisão), na cidade de Santos, Estado de
São Paulo, ato a que se refere o decreto nº 99.059, de 7 de março de 1990".
Em 1989, o Ministério das Comunicações publicou, no Diário Oficial da União, edital de concorrência pública
para concessão do Canal 18 de televisão, para Santos. Desse processo participaram 14 firmas ligadas a grupos de comunicação, como a Televisão Jovem
Pan; Rádio e Televisão Litoral; Gugu Rádio e Televisão Ltda. (do apresentador Gugu Liberato).
Mais: TV Oceano Ltda.; São Paulo Enlaces Ltda. (do empresário Mathias Machline, do Grupo Sharp); Rádio Continental
Ltda. (dos empresários Gilberto e Paulo Roberto Mansur - este último agora deputado federal), e o SAT - Sistema A Tribuna de Comunicação
Ltda., do Grupo A Tribuna, vencedor da concorrência.
O decreto legislativo nº 76/91, referente à concessão, foi publicado no Diário Oficial da União no dia 15
de março deste ano.
Roberto Mário Santini e Evandro Guimarães assinam a convenção de afiliação da TV Tribuna
com a Rede Globo
Foto: Rubens Onofre, publicada com a matéria
Santini garante prioridade à região
O diretor-superintendente do Grupo A Tribuna, Roberto Mário Santini, disse que a entrada em
operação da TV Tribuna poderá propiciar a abertura de 100 novos empregos diretos, entre jornalistas, radialistas e técnicos.
"Pretendemos ter um quadro profissional composto por pessoas da região, principalmente
jornalistas". E frisou: "Quanto aos técnicos, inicialmente, vamos ter de trazê-los de outros centros, em função da peculiaridade dos equipamentos".
Para Roberto Mário Santini, a emissora representa o fechamento do ciclo de comunicação da empresa.
"Desta forma, poderemos dar uma melhor cobertura às reivindicações da comunidade da Baixada Santista e Litoral Sul".
Roberto Mário Santini salientou ainda que a TV Tribuna também permitirá o aprofundamento
das discussões acerca da conjuntura regional. Segundo afirma, a exemplo do que fazem o jornal e as rádios do Grupo, a televisão terá a capacidade de
promover debates e eventos alusivos à realidade da Baixada Santista, consumidos diretamente pelo público alvo da região.
No campo político, Roberto Mário Santini enfatizou a importância nas épocas de eleições. "Na
apresentação do horário gratuito na TV, nossa população verá os candidatos da região, e poderá analisar suas idéias e propostas".
Ilustração: Bar, publicada com a matéria
Televisão acompanha linha do jornal
"Nossa intenção ao instalar uma emissora de TV é promover um trabalho sério e honesto, na mesma
linha do jornal". Com estas palavras, o diretor-superintendente do Sistema A Tribuna de Rádio, Roberto Clemente Santini, define o objetivo
principal do Sistema A Tribuna de Comunicação (SAT), para a emissora de televisão do Grupo A Tribuna.
Segundo Roberto Clemente Santini, além do Jornalismo dirigido à região, será exibida toda a linha
de programas da Rede Globo, à qual a emissora está afiliada. "Através das imagens da região, vamos mostrar para o Brasil que a Baixada Santista
possui um potencial de altíssimo nível, nos mais diferentes ramos de atividade".
De acordo com o diretor do Sistema A Tribuna de Rádios, o noticiário regional será
desenvolvido gradualmente. Proporcionar entradas "ao vivo" dos repórteres, também é um objetivo que Roberto Clemente Santini pretende viabilizar.
Ele procura destacar ainda a iniciativa do Grupo A Tribuna e da Rede Globo de Televisão na
conjuntura atual do País. E finaliza: "Nesses tempos difíceis, esse investimento demonstra que as duas empresas acreditam no País e na Baixada
Santista".
Marcos e Roberto Clemente Santini participaram da reunião entre Evandro Guimarães e Roberto Mário
Santini
Foto: Rubens Onofre, publicada com a matéria
Imagens atingem quase todo o País
A Rede Globo possui 81 emissoras afiliadas em todo o País, atingindo praticamente 100% das
residências com aparelhos de TV. Santos vai complementar, em São Paulo, uma divisão estadual que hoje já conta com geradoras na Capital, Campinas,
São José dos Campos, São Carlos, Ribeirão Preto, Sorocaba, Bauru e São José do Rio Preto.
O setor de afiliadas da empresa está dividido em três regiões. Santos está localizada na Região 3,
que abrange os estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais. Assim, a Baixada Santista recebe imagens da geradora
sediada na Capital.
Segundo o diretor da Central de Afiliadas e Expansão da Rede Globo, Evandro Guimarães, a
implantação de emissoras regionais pressupõe o atendimento de todo o complexo comunitário, como munícipes, indústrias e empresas de serviços.
Compreende ainda a veiculação de mensagens publicitárias próprias da região e focalização de suas
particularidades. Guimarães diz que as emissoras de TV são instaladas em projetos de prazo médio. No caso da TV Tribuna, esse processo se
dará, inicialmente, com a produção de noticiário local (ver matéria nesta página).
Emissora usa tecnologia de conceito universal
Pesquisa A Tribuna
A Rede Globo não é só
novelas.
Quem diz isso não está fazendo retórica. O jornalismo, ou telejornalismo, ocupa de 20 a 25 horas semanais da
programação, que inclui filmes de sucesso, de bilheteria e crítica, exibidos quase sempre antes de chegar às locadoras.
Fora da programação, que passa pelo Esporte e chega à Cultura do Globo Ciência, com breves paradas nos
grandes shows - a Escolinha do Professor Raimundo e Terça Especial são exemplos - há por trás das câmeras uma indústria de
tecnologia de conceito universal.
A abertura do Fantástico, uma aventura de grafismo computadorizado, foi pioneira, depois aplicada nos
símbolos que marcaram os 10, os 15, os 20 e os 25 anos da emissora que, ao contrário de muitas redes dos Estados Unidos e da Europa, produz os seus
próprios programas e os exporta, prontos para serem exibidos em qualquer país.
Os atuais métodos de comercialização da Rede Globo, como outro exemplo, fizeram uma verdadeira revolução no
mercado. A política do preço justo, o estabelecimento de uma relação natural entre a mensagem comercial e o intervalo comercial foram critérios que
a Globo passou a usar com a finalidade de satisfazer, ao mesmo tempo, o público e os anunciantes. Estabeleceu-se uma ética de comercialização, com
normas e disciplinamento dos cronogramas de trabalho, o que serviu para moralizar a política de vendas da publicidade, beneficiando agências e
clientes, e até mesmo estimulando a criação de mensagens publicitárias cada vez mais atraentes.
A central de comercialização conta hoje com mais de 600 funcionários.
Na área de marketing, desde 1971, a Rede Globo não só indica para o anunciante onde está o seu público
consumidor, como também mostra como é esse público, quem é, e do que dispõe para consumir.
Do Tocantins ao Rio Grande do Sul, do Rio Grande do Norte ao Mato Grosso do Sul, são 74
emissoras da Rede Globo, com suas afiliadas, sem incluir nesses números a cobertura por satélites e repetidoras.
TV Globo é sinônimo de qualidade desde a primeira transmissão
O sinal da Rede Globo foi ao
ar, pela primeira vez, às 11 horas do dia 26 de abril de 1965, na cidade do Rio de Janeiro, emitido pela então TV Globo, Canal 4. Naqueles tempos
difíceis para o Brasil e para os brasileiros, um ano depois da Revolução de 64, a única preocupação da emissora era fazer com que os equipamentos
modernos ali instalados funcionassem corretamente - tendo em conta que televisão é imagem acima de qualquer coisa - para conseguir chegar, o mais
rapidamente possível, a um lugar de destaque no mercado nacional.
Para isso, era necessário conquistar São Paulo, uma dificuldade intransponível, segundo os
cronistas da época. Cariocas e paulistas mantinham e manteriam sempre, segundo eles, uma acentuada diferença de gostos. O programa que viesse a ser
feito no Rio de Janeiro não agradaria a São Paulo, e vice-versa.
Toda a aparente lógica daquele raciocínio foi reduzida a cinzas por um incêndio. Em 1969, as
antigas instalações da TV Paulista, Canal 5, pegaram fogo e foram completamente destruídas. Porém, os equipamentos de
transmissão, localizados no Pico do Jaraguá, continuaram a funcionar perfeitamente, mantendo no ar o Canal 5, com imagens geradas no Rio de Janeiro.
A audiência era baixa mas, em vez de cair, começou a subir. A realidade, ditada pela provação,
acabou com o preconceito de que o público de São Paulo jamais aceitaria programas feitos no Rio, pelos cariocas. O acidente, por outro lado, serviu
para abrir caminho a uma nova fase da televisão brasileira: o processo de industrializar a produção dos programas.
Pensando Brasil - A Rede Globo, à época do incêndio na TV Paulista, passou a contar com uma
base física sobre a qual poderia montar uma programação de caráter nacional. Ela já estava presente em Belo Horizonte (MG), desde 1968; em 1971
instalou-se em Brasília (DF) e em 1972 chegou ao Recife (PE).
Mas a criação de uma rede nacional de televisão só tornou-se possível depois que começaram a
funcionar, no Brasil, os primeiros equipamentos de videoteipe, em 1965, e especialmente a partir de março de 1969, quando a Embratel inaugurou o seu
primeiro entroncamento de telecomunicações, o Tronco Sul, interligando as capitais do Paraná e do Rio Grande do Sul, que passaram a ter conexão
direta com o Rio de Janeiro e São Paulo.
No início da década de 70, tendo como base a sua expansão física, sem comprometer os elevados
padrões de vídeo, áudio e de transmissão, a Rede Globo chegou ao primeiro lugar em audiência, alcançando índices maiores que os de todas as
concorrentes somadas. Foi nessa época que a tevê brasileira entrou no mundo das cores. O Governo já tinha decidido adotar o sistema criado na
Alemanha, o PAL (Phase Alternative Line), que entre nós fora batizado de PAL-M, para indicar as fases de modificações que eram necessárias, a
fim de que se tornasse compatível com os televisores em preto e branco.
Mas antes mesmo que o Governo escolhesse o evento e a data
para a inauguração das transmissões em cores no País - a Festa da Uva, realizada no dia 10 de fevereiro de 1972, em Caxias, Rio Grande do Sul - a
Rede Globo já vinha se preparando para trabalhar com os equipamentos de cor que havia adquirido.
Um grupo de técnicos esteve na Alemanha, cumprindo estágio
de aprendizado de 50 dias, no anonimato. De volta ao Brasil, a equipe transmitiu ao Departamento de Engenharia tudo quanto havia visto e aprendido
e, encerrada a fase de aprendizado teórico, iniciaram-se as primeiras experiências de transmissão em cores, inicialmente em circuito fechado, e
depois nas transmissões ao vivo.
Por isso, no dia em que a televisão em cores foi oficialmente inaugurada no País, a Rede Globo já
estava em condições de trabalhar com segurança essa nova conquista tecnológica.
O Jornal Nacional, comandado por Cid Moreira, é líder de audiência desde o seu lançamento, em
setembro de 1969
Foto: Reynaldo Ferrigno/reprodução, publicada com a matéria
Satélite integra operações em rede nacional
Quando a Rede Globo passou a mandar fitas de videoteipe e rolos de filmes de 16 milímetros para
todas as suas afiliadas, ainda era cedo para se falar de rede. Era sim a época do tráfego, com fitas e rolos viajando pelo interior do Brasil,
percorrendo milhares de quilômetros, passando de afiliada para afiliada, e muitas vezes desviando-se da rota previamente traçada.
Os programas eram exatamente iguais, cópias uns dos outros, mas a total falta de simultaneidade
impedia que alguém pudesse falar em rede ou sonhar com uma programação em real time.
Tempos depois, houve um certo progresso, graças às estações de rastreamento instaladas pela
Embratel, permitindo que programas gerados no Rio de Janeiro, na parte da manhã, pudessem ser recebidos pelas demais estações da Rede, e levados ao
ar em determinados horários, geralmente à noite.
A época das faixas, como ficou conhecida, uma fase de progresso inegável, foi prejudicada
por dois graves inconvenientes, então incontornáveis: a degradação na nitidez da imagem gerada e as freqüentes interrupções na transmissão dos
links, comprometendo a assiduidade da programação. Bastava uma chuva com trovoadas e relâmpagos para desarmar os links e interromper as
transmissões ditas simultâneas.
Foi em janeiro de 1983 que a Rede Globo entrou definitiva e regularmente na era dos satélites,
alugando, para transmissões dentro do território brasileiro, o Intelsat IV, o que lhe permitiu realizar de fato as operações em rede
nacional. Num país de dimensões continentais, e diferentes fusos horários, via satélite a Rede Globo conseguiu gravar nas suas emissoras e afiliadas
os programas de horário básico, como o Jornal Nacional, por exemplo, e depois transmiti-los no horário local, como se fossem ao vivo, o mesmo
ocorrendo com a publicidade de âmbito nacional.
No Brasilsat I - A contribuição específica do satélite na distribuição de sinais no
mercado doméstico, foi a de dar a esses sinais uma qualidade que o rastreamento via link não podia garantir. Foi graças ao uso regular e
eficiente do satélite que a Rede Globo consolidou, de uma vez por todas, a programação em rede, em real line.
Agora, em operação com o satélite Brasilsat I, a Rede Globo está entregando, não só aos
grandes centros como também às mais longínquas regiões do Brasil, um sinal mais forte, o que significa recepção mais fácil e imagem de qualidade
ainda superior.
Consciente de sua importância para a integração cultural do País, a Rede Globo optou por aumentar
cada vez mais a sua produção própria. Das 17 às 23 horas - horário de maior audiência no Brasil -, a emissora exibe 95% de programação totalmente
criada e produzida por seus profissionais.
Os números, entretanto, dizem melhor o que é a Rede Globo de Televisão: basta somá-los.
- Os maiores índices de audiência da televisão brasileira estão na Rede Globo, chegando até mesmo
aos 100%, como aconteceu no dia em que o personagem de Regina Duarte revelou sua identidade, na novela Selva de Pedra;
- A emissora exporta programas para 128 países;
- Dos 3.991 municípios brasileiros, 3.919 estão cobertos pelo sinal da Rede Globo;
- O sinal da Rede Globo chega a 17 milhões e 600 milhões de domicílios com aparelhos de tevê no
Brasil, representando um potencial de 80 milhões de telespectadores.
Regina Duarte e Lima Duarte, dois dos muitos artistas que garantem o sucesso das novelas da Rede
Globo de Televisão
Foto: Reynaldo Ferrigno/reprodução, publicada com a matéria
Telenovelas consolidam a liderança
A grande audiência das novelas, nos fins da década de 60, permitiu à então TV Globo, Canal 4, no
Rio de Janeiro, organizar a sua programação de forma bem mais moderna, e consolidar a sua liderança no mercado.
A primeira novela a obter um notável sucesso junto ao público, na história da Rede Globo, foi
Eu Compro Essa Mulher, escrita por Glória Magadan, tendo nos papéis principais dois atores que encantavam os corações românticos na época, Yoná
Magalhães e Carlos Alberto.
Ficou evidente que a novela tinha uma impressionante capacidade de transferir a sua audiência para
os programas que a antecediam ou sucediam. O público que assistia às novelas - um sucesso contagiante - passou a ser também o público que
acompanhava os telejornais, os filmes de longa metragem, os shows e os programas humorísticos.
Por sua vez, cada um desses programas ganhou audiência própria. O prestígio e a popularidade da
Globo começaram a se ampliar significativamente, abrangendo um número cada vez maior de horários. Começava a esboçar-se uma programação solidária.
Eram as novelas, porém, que se constituíam no ponto de apoio de toda a programação, no esforço
conjunto pela busca da audiência. Depois de Eu Compro Essa Mulher, foi ao ar outro texto da mesma Glória Magadan, O Sheik de Agadir,
que consolidou o prestígio de um ator já conhecido do público, Henrique Martins, ao lado de uma jovem atriz que se transformaria num mito: Leila
Diniz.
Até essa época, textos e situações das novelas conservavam os esquemas do rádio-teatro, pois foi
por meio do rádio que a novela entrou no gosto de ficção do grande público dos anos 40, usando e abusando dos maneirismos ditados por textos de
autores franceses do século XVIII, na década seguinte. Aos poucos, porém, a telenovela foi se adaptando à nova linguagem de comunicação ditada pela
presença permanente das câmeras, criando meios próprios.
Com O Sheik de Agadir a Globo inovou com as gravações externas, levando toda a parafernália
eletrônica para fora dos estúdios, um passo tão importante como o que foi dado pelo cinema quando deixou simplesmente de produzir teatros filmados.
Mas a revolução verdadeira da telenovela e da própria televisão veio com o videoteipe, nos anos 60, abrindo novos horizontes na utilização de
cenários, além de permitir a repetição das cenas para corrigir os defeitos, como já acontecia nos cinemas. Com o teipe, também o telejornalismo
ganhou novas dimensões, abolindo o processo de filmagem e suprimindo o tempo de revelação, importante quando o fato estava ocorrendo a dez
minutos do programa ir ao ar.
Realidade - Tornou-se necessário, a partir de 1970, integrar novo conteúdo dramático à
telenovela, visto que os esquemas tradicionais, sinônimos de dramalhão, davam os primeiros sinais de envelhecimento. Autores, diretores, atores e
produtores sentiam ter chegado o momento de fazer com que a novela passasse a fazer parte da realidade brasileira, retratando-a. Entre muitas
dúvidas e algumas convicções ditadas pela vontade de criar, a Globo mandou ao ar a novela Véu de Noiva, escrita por Janete Clair, e dirigida
por Daniel Filho, tendo por ambiente um dos subúrbios do Rio de Janeiro.
A experiência deu certo, porque o telespectador passou a se identificar com personagens e
situações verossímeis, com os quais convivia no dia-a-dia. Era o fim do padrão radiofônico na televisão, e a aposentadoria compulsória da realidade
desfigurada dos dramalhões de origem cubana e mexicana.
Uma outra experiência bem sucedida, Verão Vermelho, de Dias Gomes, sob direção de Walter
Campos, levada ao ar em 1970, mostrou que a novela tinha se transformado em telenovela, e ganhou cidadania brasileira na mesma hora.
Diz-se que o conteúdo da tevê é o cinema, como o do cinema foi o teatro, que veio da
literatura. Assim, a telenovela é o rádio-teatro em linguagem do cinema, as situações do teatro, e a técnica de narração dos folhetins.
Como a televisão, que aos poucos se desvinculou do cinema, firma-se como meio de comunicação de
massa com força e características próprias, a telenovela transformou-se em um gênero de ficção com universo e linguagem também seus.
A Rede Globo, com Véu de Noiva e Verão Vermelho, não inventou a telenovela, mas foi
de um dos seus estúdios que partiu o impulso renovador, capaz de lhe dar uma personalidade singular, tipicamente brasileira na linguagem, na
temática e no esquema de produção, em que a necessidade de se trabalhar velozmente jamais chega a comprometer a qualidade do produto final.
Com Selva de Pedra a audiência chegou basicamente aos 100%, e com Roque Santeiro
veio a consagração definitiva.
Imagem: reprodução parcial da página 6 de
A Tribuna de 14 de julho de 1991
A notícia vai para o ar em segundos
No telejornalismo o leitor do jornal vê a notícia.
É claro, mas nessa aparente obviedade está a grande força do telejornalismo, que traz o
acontecimento mais distante, no exato momento, para o lar brasileiro. Foi assim quando o homem pisou na Lua, e quando Sadat e Beguin apertaram as
mãos, selando a paz entre Israel e o Egito. E quando
Tancredo Neves foi eleito presidente do Brasil, quando o futebol brasileiro foi tri no México, nos mais graves
episódios da guerra no Golfo Pérsico etc. Essa é outra característica importante do telejornalismo, na convivência íntima e cotidiana do
telespectador com as imagens da história.
Do 1º telejornal brasileiro, Imagens do Dia, em 1950, ao telejornalismo de hoje que a Rede
Globo mostra para milhões de telespectadores, vai uma diferença enorme.
Em 1950 o telejornalismo enfrentava problemas de operação e instabilidade da programação, pagando
o preço do pioneirismo da própria TV, nascendo com ela. O Jornal Nacional, lançado pela Rede Globo no dia 1º de setembro de 1969, virou
notícia em todo o País, mostrando entre outras coisas, o estado de saúde do então presidente Costa e Silva, a
formação da Junta Militar para governar o Brasil, e também o aumento da gasolina (a azul passava a
custar 48 centavos).
Hoje, 22 anos depois, o Jornal Nacional registra audiência igual à das novelas, um feito
universal do qual a Rede Globo pode se orgulhar. É a notícia certa, na hora certa. Tão certa que durante muitos anos, na última década, o Brasil
acertou seus relógios com os do Cid Moreira: "Cinco para as oito".
Nem é preciso se dizer mais.
Roberto Marinho, uma história de sucesso
Filho do jornalista Irineu Marinho e de Francisca Pisani Marinho, Roberto Marinho nasceu em 3 de
dezembro de 1904, no Rio de Janeiro.
Começou a carreira jornalística em 1925, quando seu pai, Irineu Marinho, deixou a direção do
jornal A Noite e fundou O Globo. Então com 21 anos, Roberto Marinho foi trabalhar como secretário do pai, no novo jornal, cujo nº 1
foi lançado em 29 de julho daquele ano. Irineu Marinho morreu 23 dias depois.
Sua mãe insistiu para que assumisse a direção do jornal, mas ele ainda estava estudando, e optou
por continuar na universidade. Nesse período, foi contínuo do jornal, corretor publicitário, copidesque da redação, repórter, articulista e
secretário da redação, chegando a redator-chefe até 8 de maio de 1931, quando substituiu Euricles de Matos na direção da empresa.
Treze anos depois, Roberto Marinho criou o Sistema Globo de Rádio. Em 1957, aos 53 anos, conseguiu
junto ao então presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira, a concessão para a Rede Globo. Em
1965 inaugurou a Rede Globo de Televisão, após firmar um acordo com o grupo Time-Life, que investiu no projeto cerca de US$ 4 milhões.
Naquela época, enquanto as demais emissoras de tevê funcionavam no Brasil com instalações
precárias, Roberto Marinho construiu um prédio próprio para a Rede Globo, no Jardim Botânico (Rio de Janeiro). Em 1962 conseguiu junto ao
ex-presidente João Goulart outra concessão de TV, desta vez em Brasília.
Foi casado com Stela Goulart, com quem teve três filhos, e com Ruth de Albuquerque.
Aos 86 anos, Roberto Marinho controla hoje cerca de 20 mil funcionários espalhados por mais de uma
centena de empresas, que vão desde o ramo da mídia impressa e das telecomunicações, até a produção de geléias. Juntas, essas empresas registram um
faturamento bruto de US$ 1,4 bilhão no ano passado.
O presidente das Organizações Globo acumula ainda outros cargos, como o de diretor-redator-chefe
do jornal O Globo, do qual não se afasta um só dia, nem mesmo no período de férias. É diretor-presidente da Rede Globo, da TV Globo, do
Sistema Globo de Rádio e preside ainda a Fundação que leva o seu nome.
Casou-se no ano passado com Lily de Carvalho. Entre seus hobbys estão o hipismo, a criação
de cavalos de raça e a escultura de modelos, que ele mesmo encontra no fundo do mar. Também coleciona quadros, dispondo de um acervo particular de
mais de 500 telas. |