FLAGRANTES APANHADOS DURANTE A INAUGURAÇÃO DA
RÁDIO TELEVISÃO DE SANTOS -
A objetiva de A Tribuna focalizou os aspectos acima apanhados durante a inauguração
da
TV de Santos, do Canal 5, da Organização Vitor Costa, que funcionará no Rádio Clube,
à rua José Caballero. ...
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Festivamente inaugurada ontem a Estação de Santos da Rádio Televisão Paulista
Grande número de pessoas esteve presente ao ato levado a efeito no auditório da
Rádio Clube de Santos - Programa comemorativo, com conhecidos artistas, prolongou-se por todo o dia - Almoço no Parque Balneário
Constituiu acontecimento de alta expressão a
inauguração, ontem, da estação de televisão de Santos da Rádio Televisão Paulista, Canal 5, com um extenso programa elaborado pela Organização
Victor Costa. O fato teve esse caráter significativo, mais porque a estação de televisão foi ao ar com os primeiros transmissores nacionais,
fabricados pela Rebratel, Rede Brasileira de Televisão, que, assim, iniciou as atividades da Televisão Paulista em Santos e do intercâmbio da Rádio
Clube de Santos com a Organização Victor Costa.
Além da parte solene, que contou com a presença de inúmeras autoridades e pessoas
especialmente convidadas, foi executado extenso programa televisionado, que contou com a participação de renomados artistas de televisão e de rádio
internacionais e nacionais.
FLAGRANTES ... - ... as "cameras" nos primeiros movimentos
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Autoridades presentes - Estiveram presentes no moderno auditório da Rádio Clube
de Santos, na solenidade inaugural, os srs. dr. Sílvio Fernando Lopes, prefeito municipal; Athiê Jorge Coury, deputado estadual e representando o
governador dr. Jânio Quadros; comandante Antonio Pavan, representando o ministro da Viação; Rubens Ferreira Martins, deputado federal por São Paulo;
D. Idílio José Soares, bispo diocesano de Santos; Amadeu Fernandes, representando o prefeito municipal de São Vicente; dr. José Manoel Arruda,
diretor do Fórum; capitão Paulo Marques Pereira, comandante do Corpo de Bombeiros; dr. José Menezes Berenguer, superintendente da Cia. Docas;
Antonio Divisate, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo; Giusfredo Santini, diretor-presidente de A Tribuna; dr.
Osvaldo Paulino, presidente da Sociedade Amigos da Cidade; Alceu Martins Parreira, presidente da Associação Comercial de Santos; vereador Artur
Rivau; Victor Costa, presidente da Organização Victor Costa; dr. Carlos Rizini, vice-presidente da organização e diretor do jornal Última Hora;
Dario de Almeida, vice-presidente da TV Paulista; drs. José Antunes Marques e Roberto Zutuper, da Comissão Técnica do Rádio; Rebelo Júnior, diretor
da organização em Santos; Hermenegildo da Rocha Brito, diretor-presidente da Rádio Clube de Santos; Atila Cazal, vice-presidente da Federação de
Comércio do Estado; Luiz Caiafa, presidente do Asilo de Órfãos; José Luiz de Moura, diretor-superintendente da Rebratel; Geraldo Ferraz, secretário
de A Tribuna; outros diretores da cadeia de radio e televisão e convidados, além de populares que lotaram as dependências da tradicional
estação rádio-emissora.
FLAGRANTES ... - ... o prefeito Sílvio Fernandes Lopes ao lado do sr. Vitor
Costa, tendo outras autoridades
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Bênção e discursos
- Iniciando as solenidades, pouco depois das 11 horas, d. Idílio José Soares procedeu à bênção das modelares instalações e do custoso aparelhamento
de televisão, terminando por, em breve oração, felicitar os promotores do empreendimento.
Seguiu-se com a palavra, falando em nome da Rebratel, o sr. José Luiz de Moura, que
proferiu o seguinte discurso:
"Este dia, que coincide com a Proclamação da República, tem igualmente para nós,
homens de negócio e indústria da cidade de Santos, o sentido amplo de uma proclamação. E mais; há na significação do instante, que agora
comemoramos, a mesma importância da transição de um regime político para outro melhor, porque ninguém pode separar, nas forças que estruturam a base
nacional, o regime político das conquistas econômicas, a capacidade que um povo tem de organizar-se, da capacidade que um povo adquire para
produzir. Ninguém pode separar o Estado do homem, o estadista do operário, a lei e a terra, os poderes e a produção, o regime político e a estrutura
econômica.
Talvez haja um pouco de exagero, um pouco de audácia, ao comparar a
nossa satisfação deste instante, que é apenas mais uma conquista econômica dentro da indústria nacional, à conquista política de Deodoro. Mas,
creiam-me, não só a coincidência de datas leva-nos a encarar este momento de proclamação. O que nos entusiasma é o fato de que a capacidade do
brasileiro, sem ferramentas, sem recursos, sem condicionantes técnicas, sem suficiente lastro financeiro, não desanima diante de nada, nem mesmo
diante deste oceano desconhecido e complexo que é a eletrônica.
FLAGRANTES ... - ... o sr. José Luiz Moura, da Rebratel, fazendo o seu
discurso
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E
aí temos, hoje, o primeiro transmissor nacional de televisão, fabricado com um acabamento digno das mais adiantadas indústrias eletrônicas de outros
países. Estamos neste instante chegando à residência de milhares de santistas, transportados, em imagem e som, por um equipamento surpreendentemente
nacional.
Não lhes contarei, agora, toda a história desta indústria, porque é longa e seria cansativo
atormentar-lhes com os problemas que tanto já nos atormentaram! Mas por acaso teria esta indústria nascido num meio já anteriormente especializado
em atividades eletrônicas, e, portanto, com algum recurso para tentar experiências novas? Nem isto, meus senhores.
Os homens que se reuniram para fazer surgir a Rebratel foram sempre e continuam sendo
comerciantes de café. Apenas isto: comerciantes de café. Sucede, porém, que havia na cidade e Santos uma verdadeira fome de televisão. A população
santista toda ansiava por entrar na era da TV. Procurou-se entre os industriais do ramo a solução, e eles, por conhecerem bem o problema, não se
arriscaram a tão ousada empresa, que era industrializar transmissores de televisão em altas freqüências. Foi preciso, então, que os homens do café,
acostumados a qualquer espécie de luta e nunca intimidados pelos reveses, se arrojassem por esta estrada desconhecida até dos especializados. E num
simples armazém velho de café foi nascendo a primeira indústria eletrônica de Santos. No lugar de pilhas e sacarias, foram surgindo aparelhos
testes, luzes e válvulas acesas.
No lugar dos classificadores e provadores, foram surgindo os técnicos, não mais
debruçados sobre xícaras, mas mergulhados nos complexos esquemas eletrônicos. O povo de Santos, convidado a colaborar com a iniciativa, correspondeu
plenamente, prestigiando a empresa, adquirindo suas ações, interessando-se por seu destino, dando-lhe todo o apoio material e moral que estava ao
seu alcance.
Já não poderíamos recuar. Sofremos, é verdade, no novo ramo, completamente distinto
das nossas atividades de até então, as mais desagradáveis e de certa forma desalentadoras surpresas. Nos momentos em que mais perto estávamos de
atingir o êxito, começamos a assustar muitos daqueles que não acreditavam em nós. E então passamos pelo dissabor de ser combatidos, de ser
sabotados, de ser perseguidos por forças poderosas, forças organizadas e traquejadas em todos os sistemas de perseguições, de sabotagens, de
combate, e reunidas contra nós, que apenas estávamos organizados para trabalhar...
Mas esta sabotagem e esta perseguição, em vez de nos desanimar, deram-nos entusiasmo
redobrado para prosseguir, pelo simples motivo de que, se estávamos sendo combatidos, é porque estávamos sendo temidos, e se estávamos sendo
temidos, é porque estávamos no caminho certo, e próximos da vitória.
Na época em que lutávamos contra tais e tantos obstáculos, sem sequer poder revelá-los
ao povo de Santos, encontramos, entretanto, este homem fabuloso, que acredita em tudo o que é brasileiro, este homem que adora e dá a própria vida
pela sua terra: Victor Costa. Ele acreditou em nós. Não perguntou se já havíamos ou não provado nosso equipamento. Não perguntou se obteríamos ou
não sucesso técnico com o nosso material. Disse-nos simplesmente: acredito nos brasileiros de força de vontade. E vocês são brasileiros de força de
vontade. Tenho certeza de que serei o primeiro homem da televisão, em nosso país, a transmitir programas através de equipamento nacional.
E aqui estamos hoje, depois de de ter feito o equipamento retransmissor da Televisão
Paulista, já em funcionamento para a cidade de Santos há vários meses, inaugurando transmissores de grandes potências, industrializados no nosso
antigo armazém de café. Afinal, vencemos. Provamos que o Brasil pode produzir os mais perfeitos equipamentos eletrônicos para telecomunicação, mesmo
num armazém de café. E isto quer dizer que não dependemos dos fabulosos gastos de divisas, e o povo brasileiro, de todas as partes do país, poderá
ter suas estações de televisão, cuja qualidade os senhores telespectadores estão atestando.
Foi isto, em síntese, o que, na qualidade de diretor superintendente da Rebratel (Rede
Brasileira de Televisão S.A.), queria transmitir aos senhores, registrando porém e de maneira especial o esforço dos técnicos que conosco
trabalharam incansavelmente em toda as secções de nossa indústria. E dentre eles o nosso engenheiro Jacque Lignon, responsável pelo planejamento de
nosso equipamento, e o técnico Juan Fuminaya, responsável pela sua montagem; Nelson de Oliveira Leite, responsável pela montagem da parte de estúdio
e sr. Plínio Cândido da Silva, responsável técnico da televisão paulista com sua equipe que não mediu sacrifícios para estabelecer a ligação
Santos-São Paulo. A eles todos os nossos agradecimentos, os agradecimentos dos diretores da Rebratel, dos homens que neles confiaram, principalmente
do sr. Aldemar Lauro Millon e desse que vos fala.
E não podíamos deixar de registrar, em destaque especial, nosso agradecimento também à
valorosa, decisiva e competente colaboração que temos recebido, quer em forma de orientação técnica quer em forma de intercâmbio, da Escola
Tecnológica da Aeronáutica de São José dos Campos, de sua Divisão Eletrônica, a quem rendemos nossas homenagens na pessoa de seu chefe, aqui
presente, o eminente professor Walauchek.
E neste momento, quando transferimos nosso equipamento à Rádio Televisão Paulista,
temos certeza de haver prestado um serviço que orgulhará a população de Santos, onde foi fabricado o primeiro transmissor nacional e onde, por
justiça, teria que funcionar a primeira emissora brasileira de televisão. E eis porque peço-lhes licença de dar um sentido de proclamação, neste dia
15, a esta minha última frase: A Rebratel cumpriu o seu dever, contribuindo com sua pequena parcela à luta que o Brasil sustenta a fim de
conquistar uma nova fase de independência econômica, tão importante quanto a independência política".
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FLAGRANTES ... - ... quando se fazia ouvir o sr. Carlos Rizzini.
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FLAGRANTES ... - ... o prefeito de
Santos, quando discursava.
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Seguiu-se com a palavra o dr. Carlos Rizini, que fez um rápido histórico das
atividades da Rádio Clube de Santos, desde sua fundação, assim como da O.V.C., que, no momento, entravam em cadeia, terminando por prestar
significativa homenagem ao sr. Hermenegildo da Rocha Brito, que classificou como um dos pioneiros do rádio, não só em Santos como no Estado e no
país.
Por intermédio de duas senhorinhas, foi também entregue ao presidente da Rádio Clube
uma artística corbelhe de flores naturais, tendo s.s., em breve alocução, agradecido essas demonstrações de apreço.
Finalmente usou da palavra o prefeito Sílvio Fernandes Lopes, que, recebendo o
melhoramento em nome da população de Santos, demonstrou sua intensa satisfação pelo empreendimento que, afirmou, veio a marcar um fato auspicioso na
história da cidade.
No Parque Balneário Hotel foi servido concorrido almoço, ao qual estiveram presentes
diretores e altos funcionários da Rádio Televisão Paulista, Organização Victor Costa e Rádio Clube de Santos, e outras pessoas especialmente
convidadas.
Seguiu-se o programa inaugural televisionado do auditório, conforme dissemos, com a
participação de famosos artistas, o qual se prolongou até as 23 horas.
FLAGRANTES ... - ... d. Idílio José Soares, procedendo a bênção
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