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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Marquesa de Santos (1)

Uma das figuras mais controvertidas do Primeiro Império, a paulistana dona Domitília de Castro Canto e Mello - que se tornaria Marquesa de Santos embora nunca tenha residido nesta cidade, como relata o pesquisador J. Muniz Jr. -, teve grande influência sobre Dom Pedro I, inclusive intrigando-o contra o santista José Bonifácio, de quem ela não gostava. Dom Pedro inclusive estaria retornando ao Rio de Janeiro, após uma visita a Santos e à dona Domitília, quando, às margens do Ipiranga, em São Paulo, decidiu proclamar a Independência do Brasil.


Dona Domitila de Castro Couto e Melo, com seus netos
Foto: coleção Pedro Oliveira Ribeiro, S.Paulo

O que a princípio era apenas um certo interesse pela bela dama paulistana foi se transformando num apaixonado romance, de acordo com os cronistas da época, e D. Pedro I, logo após se tornar imperador do Brasil, deixou de lado uma certa discrição que tinha inicialmente e tornou público, de forma ostensiva, seu romance com Domitília, que apresentou à Corte no Rio de Janeiro, dando-lhe o título de Marquesa de Santos.


Marquesa de Santos
Óleo atribuído a F.P. do Amaral (acervo: Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro)

A filha que D. Pedro teve com Domitília - aproximadamente na mesma época em que a imperatriz dava à luz outra criança - recebeu do pai o nome de Isabel Maria de Alcântara e o título de Duquesa de Goiás.

A crescente interferência da marquesa nos negócios do governo foi um dos fatores que reduziram gradativamente a simpatia popular pelo imperador. Consta que teria sido a influência da insinuante senhora que o levou a demitir vários ministros e dar ao seu governo uma orientação que o tornou impopular. Descrita como ambiciosa e muito sagaz, possivelmente pretendesse ocupar o lugar da princesa Leopoldina, quando faleceu a primeira esposa do imperador.

Porém, este tinha outros planos, buscava uma segunda esposa entre as casas reais européias, apesar das sucessivas recusas motivadas pela sua fama de marido infiel. Enfim, encontrou-a na figura da linda Amélia de Leuchtenberg, de 17 anos (neta de Josefina de Beauharnais, esposa de Napoleão). D. Pedro casou-se por procuração em 28 de agosto de 1828, em Munique, e só dois meses depois conheceu pessoalmente sua nova esposa.

Enquanto isso, Dona Domitília, agraciada com uma vasta fortuna, afastava-se do Rio de Janeiro, da vida e das preocupações do soberano do Brasil, com quem já não se entendia bem. Encontrara um substituto para D. Pedro: o brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, que a conduziu de volta a São Paulo. Com o militar, viveu em Sorocaba, no interior paulista, durante a Revolução Liberal de 1842, em local que se tornou conhecido naquela cidade como a "Casa da Marquesa".


Imagem: casa em Sorocaba/SP de Tobias de Aguiar, conhecida como Casa da Marquesa
(óleo de J. C. da Silva, acervo do autor)

Relata o mestre em Economia Pedro Aranha Corrêa do Lago, colecionador de autógrafos brasileiros e autor da obra Documentos & Autógrafos Brasileiros:

D. Pedro I viveu um dos romances mais famosos do século XIX com a Marquesa de Santos, e dessa relação de sete anos nasceram quatro filhos, dos quais duas filhas sobreviveram. O casamento de D. Pedro I com D. Amélia, em 1829, pôs fim a esta ligação, e a Marquesa retirou-se para São Paulo, onde casou-se com o brigadeiro Rafael Tobias, futuro presidente da província.

D. Pedro escreveu numerosas cartas à Marquesa, muitas das quais encontram-se hoje em instituições públicas como o Instituto Histórico e a Biblioteca Nacional. A maior parte já foi publicada, mas alguns textos foram omitidos por pudor ou ainda censurados pelo historiador Alberto Rangel, que estudou a correspondência no começo do século.

O imperador assinava de diversas maneiras, desde o mais formal Imperador até Seu Fogo Foguinho, passando por O Demonão, e chamava a amante diversamente de Marquesa, Querida Marquesa, Filha etc. Esta carta inédita escapou ao crivo de Rangel e relata o que parece ter sido um susto dado à Marquesa por seu cavalo Lagarto, que o cavalariço Ricardo deveria ter acostumado melhor ao rabicho que a Marquesa já havia usado anteriormente com ele. A carta revela o quanto os mínimos episódios do cotidiano de sua amante mobilizavam a atenção do Imperador.


Imagem: Documentos Autógrafos Brasileiros na Coleção Pedro Corrêa do Lago, 1997,
Ed. Salamandra, Rio de Janeiro/RJ

Artigo publicado na edição de 4 de outubro de 1994 do jornal santista A Tribuna:

O esplendor da Marquesa de Santos

J. Muniz Jr.(*)
Colaborador

No decorrer de centúrias e séculos, muito se escreveu sobre os amores célebres da história da Humanidade, envolvendo famosos personagens, desde Páris-Helena de Tróia, Marco Antônio-Cleópatra, Napoleão-Josephina, ao Duque e a Duquesa de Windsor, e por que não D. Pedro e Domitília (Marquesa de Santos)? O romance do último par transcorreu nos tempos do Brasil Imperial, resultando em intrigas políticas, ambições desenfreadas e escândalos.

As épocas mudam, os fatos se sucedem e os comentários vão correndo de boca a boca, levados pelo exagero e transformados em lendas. Portanto, não temos a pretensão de descrever pormenores sobre o palpitante assunto, que não caberiam nos ligeiros limites deste artigo. Limitamo-nos somente a focalizar algumas recordações do decantado romance entre o príncipe galante e a insinuante e sedutora marquesa.

Não resta dúvida de que uma das figuras mais discutidas do Império foi dona Domitília de Castro do Canto e Mello, que, embora não fosse santista e não tenha residido em nossa cidade no decorrer de sua longa existência (1797-1867), foi agraciada com títulos nobiliárquicos de Viscondessa e Marquesa de Santos, respectivamente. A formosa dama paulistana ganhou fama e popularidade devido ao seu relacionamento com o imperador Pedro I, que ficou perdidamente apaixonado pelos seus encantos, chamando-a de "Titília, bela...", em seus versos.

Dizem seus biógrafos que era dotada de uma singular beleza, além de sedutora e faceira. O certo é que o ardor de sua mocidade acabou incendiando o coração volúvel do então príncipe-regente, através de uma paixão desenfreada. Esse amor ardente veio a abalar seriamente o seu prestígio na corte, quase arruinou o seu reinado, levando-o a demitir, posteriormente, vários ministros, e a outros gestos impulsivos. Depois que deixou a corte, forçada pelas circunstâncias, Domitília voltou para São Paulo, onde iniciou vida nova, tornando-se uma senhora devota e caridosa, procurando socorrer os necessitados e/ou desamparados.

Descendente da nobreza pelo lado materno, Domitília nasceu em São Paulo de Piratininga, onde cresceu, revelando desde cedo uma atraente beleza, sendo que na adolescência já tinha muitos admiradores. Acabou casando aos 15 anos de idade, por imposição dos pais, e pouco depois já estava separada. E, apesar dos filhos e dos dissabores de um matrimônio infeliz, continuou sendo uma bela mulher, chamando a atenção pelo seu porte majestoso.

Quanto ao seu encontro com o príncipe, segundo versões existentes, ocorreu na chácara do seu pai, o tenente-coronel João de Castro do Canto e Mello, que ficava para os lados da colina do Ipiranga, no lugar denominado Moinhos. E que tudo aconteceu casualmente, quando D. Pedro retornava de Santos na famosa tarde setembrina de 1822, ocasião em que se verificou o acontecimento magno da nossa História. Ao fazer uma parada para descansar da árdua jornada serra acima, deparou com a bela Domitília que vinha carregada numa liteira por robustos escravos, ele a olhou e ela abriu um sorriso radiante. Foi o suficiente para a flecha do Cupido atravessar o coração do galante cavaleiro.

Coincidência ou não, cabe lembrar que o coronel Canto e Mello fora ao encontro do príncipe-regente, por ocasião de sua partida da corte para São Paulo, juntando-se à comitiva no caminho. Um outro detalhe interessante é que o irmão da futura marquesa, o alferes Francisco de Castro Canto e Mello, integrava a Guarda de Honra do Augusto Senhor, escoltando-o na sua longa viagem pela Província de São Paulo.

Existem comentários de que o príncipe foi induzido a encontrar a beldade paulistana. Tanto é que uma outra versão diz que Domitília conheceu o nobre mancebo no dia 29 de agosto na propriedade do seu pai, nos arredores de São Paulo, e que desceu para Santos com ele, onde se encontraram às escondidas. O certo é que, uma vez fascinado pela beleza de Domitília, o futuro imperador voltou para a corte, onde tomou de imediato as primeiras providências, visando transferi-la para o Rio de Janeiro, não deixando de comunicar a sua intenção ao coronel Canto e Mello, que se sentiu até lisonjeado pela atitude do real senhor.

Na corte do imperador - E assim, em junho de 1823, irradiando a beleza dos seus 25 anos, mudou-se para a suntuosa corte, em São Cristóvão, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, instalando-se, primeiramente, numa casa um pouco distante da Quinta da Boa Vista. Todavia, o jovem imperante logo a trouxe para bem perto, deixando-a alojada num luxuoso palacete na Rua do Imperador, que se tornou conhecido como Solar da Marquesa. Os comentários começaram a rolar a partir de então, uma vez que D. Pedro I não faltava aos saraus organizados na luxuosa residência da "bela paulista", que se prolongavam madrugada adentro.

Perdidamente enamorado, o ardoroso imperador fez Domitília a primeira-dama da imperatriz D. Leopoldina de Habsburgo, em abril de 1825. Causou outra afronta em 24 de maio de 1826, reconhecendo solenemente como filha a menina Isabel Maria, filha de Domitília, gerando protestos dos palacianos. E com a morte da primeira imperatriz do Brasil em 11 de dezembro daquele ano de 1826 e ainda devido à demissão do Marquês de Paranaguá - que não permitiu que Domitília entrasse nos aposentos da imperatriz moribunda -, as coisas pioraram. O imperador furioso demitiu quase todo o gabinete de ministros.

Mesmo assim, elevou Domitília à condição de viscondessa e, depois, de marquesa, "com honras de grandeza", através de Carta Régia, passando assim a gozar de todas "as honras, privilégios, isenções, liberdades e franquias", de acordo com o pergaminho rubricado e selado pelo próprio punho de Sua Majestade, ganhando uma posição privilegiada na corte.

Ainda por influência do mirabolante amor, por decreto imperial de 4 de abril de 1827, foi condecorada com a banda da Real Ordem de Santa Isabel de Portugal. Sua influência com o imperador fez ainda com que seus parentes fossem igualmente agraciados com títulos de nobreza: o pai, os irmãos, o cunhado e por aí afora. Diante de tais regalias e dos filhos que resultaram do célebre romance, acentuaram-se as discórdias na corte. E, em vista das circunstâncias, sobreveio o inevitável: em abril de 1829, a marquesa inabalável foi definitivamente afastada da corte, uma vez que o imperador havia assinado contrato de casamento com a princesa Amélia Augusta Eugênia de Leuchtenberg.

Novamente em São Paulo - Repudiada e ferida em sua vaidade, Domitília deixou o Rio de Janeiro e regressou para São Paulo, ficando alojada na chácara de Francisco Ignácio de Souza Queiroz (que estava na Europa), posta à sua disposição pelo seu concunhado, o conde de Valença. Seus bens passaram a ser ministrados pelo coronel Rafael Tobias de Aguiar, com quem se casou em 1842, em meio à guerra civil sorocabana.

A marquesa e o então brigadeiro (reformado) Tobias de Aguiar continuaram residindo em São Paulo e, com a morte do marido em 1857, herdou do mesmo bens e escravos. Chegou a integrar a Maçonaria e ainda por ocasião da guerra do Paraguai, além de doações em dinheiro, deixou à disposição das tropas imperiais brasileiras suas terras e fazendas (onde eram atendidos quando passavam). Foi a primeira mulher brasileira a fazer doações para a campanha de guerra e o seu belo gesto repercutiu em todas as classes sociais.

Com o passar dos anos, foi considerada "a dama de maior prestígio e atividade social de São Paulo", segundo pondera Wanderley de Pinho (Damas e Salões do Segundo Reinado) e chegou a ser chamada de "Pompadour Sul-americana", pois não havia ainda perdido os hábitos palacianos. Em meados do século XIX, abria constantemente seus palacetes do Acu e do Carmo para a realização de freqüentes partidas, recepções, reuniões dançantes e bailes mascarados, onde sentava, toda senhora de si, numa cadeira especial denominada "o trono da Marquesa".

Andava pela imperial cidade de São Paulo num coche brasonado e luxuosíssimo, alardeando opulência, demonstrando abastança e riqueza, sendo que, ao mesmo tempo, visitava e ajudava aos necessitados através de doações e obras de caridade. No final de sua existência, ficava vasculhando baús e caixas de jóias e deleitava-se acariciando afavelmente seus objetos pessoais com o pensamento voltado a um passado distante, quando vivera uma paixão desvairada e fora a favorita do imperador.

Vivia de memórias e recordações de um passado fulgurante, ao lado dos seus filhos, netos e sobrinhos, até que cerrou os olhos para sempre no dia 23 de fevereiro de 1867, aos 70 anos de idade, na mesma cidade que a viu nascer. Ainda em vida pediu um funeral sem ostentação, tendo sido sepultada no Cemitério Municipal de São Paulo, com a presença do presidente da Província, Saldanha Marinho, e de outras altas autoridades paulistanas. Seus restos mortais jazem no singelo mausoléu da família no Cemitério da Consolação, encimado pela figura de um anjinho de ar ingênuo lembrando a figura de Cupido.

Relacionamento com Santos - Quanto ao título de Marquesa de Santos, lhe foi concedido pelo imperador, pela lembrança do encontro no dia 7 de setembro de 1822, quando ele (então príncipe-regente), voltava de Santos e a encontrou radiante de alegria. Ainda por ocasião da construção do Chafariz da Coroação, no Largo da Misericórdia (atual Praça Mauá), inaugurado pelo imperador Pedro II e pela imperatriz Tereza Cristina em 1846, a cidade recebeu uma doação da senhora marquesa, que estendia assim sua generosidade, talvez por agradecimento, ao lugar que lhe deu um título nobiliárquico.

Um fato curioso, ligado à Marquesa de Santos, ocorreu nos Outeirinhos, sítio que fora de José Bonifácio, o Patriarca da Independência, à beira-mar, fronteiro ao canal do Estuário. No local havia penhascos com risco de naufrágio aos navios veleiros que entravam e saíam do porto e nessa perigosa formação rochosa havia uma com estranhas características, mais parecendo "um símbolo de antigos cultos obscenos", segundo observa Alberto Rangel (D. Pedro I e a Marquesa de Santos). E que o povo santista havia consagrado à marquesa aquele penhasco de forma esquisita, admitindo ainda que aquilo não passava de um "marco escandaloso", pois representava, segundo os comentários da época, as "armas da Marquesa". Concluindo, que os maldosos encontraram na coincidência e capricho do penhasco a celebração de mais um de seus "opróbios e chacotas".

Tal penhasco foi totalmente arrasado por ocasião da construção do porto, naquele trecho. Posteriormente surgiu, um pouco mais além, para os lados da Bacia do Macuco, um bairro chamado de Pau Grande. (N.E.: o local, que não chegou a se tornar bairro, tem outra explicação para tal denominação: seria derivada de uma frondosa figueira ali existente).

Nas escrituras ou mesmo no testamento da marquesa não constava nenhuma propriedade em Santos; entretanto, o povo sempre encontrava um meio de recordar a fabulosa dama. Muitos devem estar lembrados de um amplo casarão que existiu na Avenida Conselheiro Nébias (entre as ruas 7 de Setembro e Bittencourt), quase vizinho à antiga Cruzada das Senhoras Católicas. Recordamo-nos, claramente, que nos anos 1940/50 era apontado como Casa da Marquesa, com portão e gradil à frente, jardim e dois lances de escadas que davam para uma varanda, rodeada por uma balaustrada.

Em princípios dos anos 50, quando ruiu um velho casarão na Rua Júlio de Mesquita, entre as ruas Senador Feijó e Comendador Martins, a imprensa noticiou que ruíra "parte de um castelo", nos fundos de um terreno onde hoje se encontra o Edifício Castelo. Segundo os comentários da época, em tempos passados ali residira a famosa Marquesa de Santos, surgindo então estórias mirabolantes envolvendo a sedutora dama paulista e o ardoroso príncipe: que o castelo tinha um chafariz à frente, sendo considerado um dos mais bonitos prédios da Cidade. Hoje, tudo desapareceu, quase nada restou daquela época de esplendor e fascício.

Bibliografia - Barcelos, Alberto, "A Marquesa de Santos", Ilustração Brasileira, maio/1926, Rio de Janeiro; "De Quem São as Flores da Marquesa de Santos", Edição Extra, 29/12/1962; Maul, Carlos, A Marquesa de Santos; Monteiro, Tobias, História do Império, F. Briguiet e Cia. Ed., Rio de Janeiro, 1927; Pinho, Wanderley, Salões e Damas do Segundo Reinado, Liv. Martins Ed., São Paulo, 1942; Rangel, Alberto, D. Pedro I e a Marquesa de Santos, Liv. Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1916; Ribeiro, R. Mendes, Ilustração Brasileira, setembro/1921, Rio de Janeiro; "Ruiu parte do Castelo", A Tribuna, Santos, 7/2/1950; Sousa, Alberto, Os Andradas, CMS, Tip. Piratininga, São Paulo, 1922; Thomaz, Joaquim, "Os dois Testamentos de D. Pedro I", D. Pedro I e Dona Leopoldina Perante a História, IHGSP, Graf. Mun. De São Paulo, 1972.

(*) J. Muniz Jr. é jornalista e pesquisador de História e autor de várias obras literárias sobre Santos e região.


Registro do falecimento da Marquesa de Santos, de 1867, encontrado em 7/12/2006 pelo professor e pesquisador Waldir Rueda no Arquivo do Estado de São Paulo

Nota publicada na revista santista A Fita nº 30, de 13 de novembro de 1913, inclui a incorreta informação do nascimento santista de Domitília de Castro (ortografia atualizada nesta transcrição):


Imagem: reprodução parcial de página de A Fita nº 30

Exemplar no acervo da Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio (SHEC) de Santos

Marquesa de Santos

No dia 3 do andante fez quarenta e seis anos que faleceu na capital do Estado d. Demithildes de Castro Canto e Mello, a marquesa de Santos.

Era natural desta cidade e filha do visconde e da viscondessa de Castro, tendo nascido a 27 de dezembro de 1797.

O nosso primeiro imperador deixou-se fascinar pela extraordinária beleza da marquesa, que, aliás, não possuía cultivo de espírito superior.

Foi em S. Paulo, em 22 de agosto de 1822, que pela primeira vez D. Pedro a viu, quando ainda era príncipe regente e estava então a marquesa separada do seu primeiro marido.

Admitida na corte, para onde fora chamada, como dama de honor da primeira imperatriz, foi sucessivamente feita viscondessa e marquesa pelo imperador, que não disfarçava as suas relações com a formosa patrícia, antes, vivia com ela abertamente como sua amante.

Casando-se segunda vez o imperador, retirou-se a marquesa para S. Paulo, contraindo segundas núpcias com o coronel Raphael Tobias de Aguiar. Enviuvando pela segunda vez, tornou-se extremamente caridosa, procurando aliviar a miséria doméstica com os seus consolos e recursos e levando sempre o seu auxílio onde houvesse pobreza e lágrimas.

Túmulo da Marquesa de Santos, no Cemitério da Consolação, na capital paulista

Fotos cedidas a Novo Milênio pelo autor, o professor e pesquisador Francisco Carballa

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