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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - TÚNEIS SECRETOS
Outros túneis misteriosos

Mais túneis misteriosos são citados por antigos moradores, em 2003
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Depois que a questão dos túneis secretos voltou ao noticiário, em março de 2003, outra história envolvendo misteriosas galerias subterrâneas surgiu em Santos. Uma delas se refere a um recanto tradicional, não mais existente, na Vila Mathias: o edifício Castelo, que antigos cronistas reportam ter esse nome por substituir em 1950 uma construção acastelada em ruínas, anteriormente existente no local, atribuída por alguns à Marquesa de Santos, e que seria uma das mais belas construções santistas.

Esta matéria foi publicada na edição de 7 de abril de 2003 no jornal santista A Tribuna:

Dulcemar voltou ao prédio onde afirma estar o túnel por onde caminhou
Foto: Paulo Freitas 

 SUBTERRÂNEOS
Artesã diz que andou em túnel aos 18 anos

O assunto desperta interesse, mas faltam pesquisas que comprovem histórias

Da Reportagem

A possibilidade de existir um túnel histórico sob a Avenida São Leopoldo, descoberto pela Sabesp no último dia 25, trouxe à tona novamente as muitas histórias sobre as grutas e os túneis secretos de Santos, construídos nos tempos coloniais com o objetivo principal de proteger a população do ataque de piratas.

O certo é que, apesar das lendas transmitidas por séculos, o Poder Público nunca se interessou em investir em estudos que desmentissem essas histórias ou que, definitivamente, as comprovassem. A teoria dos túneis sob o Centro da Cidade é reforçada pelas descobertas de redes subterrâneas ligando igrejas coloniais em diversos outros pontos do Brasil, como Recife (PE), Salvador (BA) e Rio de Janeiro.

As histórias são muitas e se referem principalmente a uma ligação subterrânea entre o Santuário do Valongo e o Mosteiro de São Bento, além de uma outra sob o Morro da Nova Cintra, antigamente chamado de Tachinho. Também é muito citado um túnel no Monte Serrat, que teria sido fechado na época do grande desmoronamnto do monte, em 1928. A Tribuna publicou reportagem especial em janeiro de 1980 sobre o assunto, assinada pelo repórter Lane Valiengo.

Mapeamento - O túnel da Sabesp pode mais uma vez decepcionar os que acreditam na cidade subterrânea. Ele será aberto em breve pelo Instituto de Pesquisas em Arqueologia da UniSantos para estudos. Mas o episódio está motivando o início de um completo mapeamento das antigas galerias de drenagem do Centro.

A coordenadora do instituto, Eliete Pitágoras Brito Maximino, acredita que o estudo evitaria que simples galerias fossem confundidas com túneis históricos. "Todo o Centro de Santos possui pequenos riachos que serviam para drenagem, mas eles deixaram de ser usados com a urbanização da Cidade", explica. Ela é céptica a respeito das lendas, mas concorda que são necessárias mais pesquisas sobre essa parte da história de Santos.

Testemunha
"Nesse quarto havia uma escada e depois um longo túnel, onde cabíamos todas nós de pé. Ele era feito de pedra e era úmido e escuro."
Dulcemar Dias Corrêa
Artesã

Eu juro que vi - A maioria das pessoas que defendem a existência das passagens secretas escutou essas histórias desde criança. Mas a artesã Dulcemar Dias Corrêa, de 60 anos, jura ter entrado em um túnel histórico quando tinha 18 anos.

Ela participava de um baile de Carnaval no Clube Tricanas de Coimbra, que funcionava no antigo edifício Castelo, na Rua Júlio de Mesquita, 166. Ela conta que, devido à presença de um juiz de menores, os organizadores a colocaram em um quartinho junto com algumas amigas, pois achavam que elas não eram maiores de idade.

"Nesse quarto havia uma escada e depois um longo túnel, onde cabíamos todas nós de pé. Ele era feito de pedra e era úmido e escuro. Andamos muito tempo, mas depois ficamos com medo e voltamos. Nunca esqueci essa história, foi uma aventura que sempre contava para meus filhos, e agora para os meus netos", relata Dulcemar.

A Tribuna esteve no local, onde hoje funciona a Igreja Evangélica Casa da Bênção, mas o lugar indicado por Dulcemar virou depósito de entulho e quem ali trabalha ou freqüenta desconhece qualquer indício de uma galeria secreta. Conforme a proprietária do prédio, construído em 1950, Lídia Esperança Pousada, nenhuma construção desse tipo foi localizada no imóvel, mesmo depois de reformas e até do funcionamento de um posto de gasolina no térreo.

Mas Dulcemar não se intimida com a falta de provas. "Tenho certeza do que vi, inclusive falei para o meu filho que a gente já tem onde se esconder caso comece a terceira guerra mundial", brinca.

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