Muitas histórias e lendas falam ainda de um túnel que ligaria o Mosteiro de São Bento ao Cais, e, ainda mais, à Igreja do Valongo e ao Convento do Carmo, à semelhança da rede subterrânea descoberta em São Paulo, ligando construções religiosas. Segundo as lendas, os padres locomoviam-se pelas cidades através destas passagens, que serviam ainda de abrigo quando da invasão de índios e corsários.

Em 1962, foi descoberta uma antiga galeria, que passa pela Rua do Comércio. A rua estava afundando e operários da Prefeitura, ao realizar as obras necessárias, descobriram a galeria. O atual superintendente da Sabesp, José Lopes, na época engenheiro da Prefeitura, chegou a entrar na galeria, por onde escorria um filete de água. Ele diz tratar-se de uma construção bem antiga, com paredes de pedra e teto em abóbada, com tijolos diferentes dos que conhecemos, mais finos e mais compridos. Lopes conta ainda que a galeria estava bastante assoreada, além de ser alta e de grande extensão, com cerca de um metro de largura. E muitos morcegos.

Em 1977, quando foram realizadas as obras de alargamento da Rua Visconde de São Leopoldo, a galeria foi encontrada novamente, descobrindo-se que passava inclusive embaixo de construções muito antigas, devendo assim ter sido construída há mais tempo que os velhos prédios do Valongo, principalmente da Rua do Comércio e do Largo Marquês de Monte Alegre. Quem quiser visitar esta antiga e estranha galeria, precisa apenas abrir um dos tampões existentes na rua e descer até o fundo. No mínimo, uma aventura com muitos morcegos.

(*) Extraído da matéria Os subterrâneos de Santos, de Lane Valiengo, com foto de Carlos Marques, publicada em 6/1/1980 no jornal A Tribuna, de Santos/SP.