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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - TEATROS
Nossos primeiros teatros (2)

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Pouco lembrado, o primeiro teatro santista funcionou na atual Praça Mauá ainda no século XIX, e só pouco antes da Proclamação da República, com o apoio da elite cafeeira, foi construído o Teatro Guarany, seguindo-se no século XX o Coliseu, em suas três fases principais.

Este relato foi extraído da obra conjunta História de Santos/Poliantéia Santista, de Francisco Martins dos Santos e Fernando Martins Lichti (Editora Caudex, São Vicente/SP, terceiro volume, 1996):

Teatros santistas

Não conseguimos apurar, com absoluta segurança, qual teria sido o primeiro teatro de Santos. Pelos elementos encontrados, acredita-se que o primeiro teatro tenha sido aquele localizado na Rua do Campos, depois conhecida como Beco do Teatro, e hoje Rua Riachuelo. O Teatro ficava na esquina com o Largo da Coroação, hoje Praça Visconde de Mauá. O prédio, onde funcionava o teatro, pertencia à Santa Casa da Misericórdia de Santos, cujo hospital havia funcionado nesse local anteriormente, e que por isso era conhecido como Hospital Velho.

A 12 de novembro de 1859 a Santa Casa vendeu esse prédio a Domingos Martins de Souza e, conforme menção feita nessa escritura, no prédio funcionava um teatro. Daí a certeza de que o primeiro teatro de Santos já funcionava na década de 40 do século XIX. O novo proprietário - Domingos Martins de Souza - fez seu primeiro contrato de locação com a Companhia Diamantina de Teatro.

O Largo da Coroação, na época, não chegava até o Beco do Teatro. Entretanto, foi reformado e ampliado, ficando as dimensões atuais da Praça Visconde de Mauá (incluindo a área hoje ocupada pela Prefeitura) e então, por volta de 1870, o Teatro passou a ter frente para o Largo da Coroação.

Em 1875 os jornais de Santos reclamavam do mau estado do teatro e no ano seguinte eram intensivos os rumores de risco de desabamento. A vistoria da Prefeitura garantiu a solidez do prédio, mas a insegurança permaneceu na opinião pública e a 1870 esse teatro era fechado definitivamente.

Nesse teatro se apresentaram muitos espetáculos com companhias nacionais e estrangeiras, e nele também foi realizada a primeira Temporada Lírica de Santos, em 1875, pela Companhia Lírica Italiana.

O Teatro era iluminado com velas de cera e candeias de azeite. Não tinha cadeiras, as quais eram levadas pelos próprios espectadores. Muitas famílias faziam seus escravos transportar as cadeiras, colocando-as na platéia ou nos camarotes, marcando-as com papel, com o nome de seus respectivos donos. Também era costume marcá-las através de fitas, laceando as várias cadeiras de cada família. No término dos espetáculos as famílias eram acompanhadas, de volta às suas casas, por seus escravos, providos de cacetes e lanternas acesas, para iluminar as ruas.

Durante a quaresma e nas noites de chuva, não se realizavam espetáculos.


Teatro Guarany, já desfigurado pela Santa Casa  para locação a estabelecimentos comerciais
Foto publicada em 22/5/1977 no jornal Cidade de Santos

Teatro Guarani

Em 1880 foi formada uma comissão, objetivando a construção de um novo teatro em Santos, constituída pelos cidadãos Antônio José Viana, Major Francisco Martins dos Santos, Roberto Maria de Azevedo Marques, Major Joaquim Xavier Pinheiro e Raimundo Gonçalves Corvelo, que logo depois se transformava numa sociedade por cotas, juridicamente constituída. Com apoio de toda a população e da imprensa, foram subscritas 512 ações e com os recursos financeiros obtidos foi adquirido o terreno que pertencia a Vitorino José Gomes Carmilo, localizado (hoje) na esquina da Rua Amador Bueno com a Praça dos Andradas, cuja escritura foi lavrada a 5 de janeiro de 1881.

A seguir foi aberta concorrência para a apresentação do projeto e construção do teatro - que passaria a se chamar "Guarani". A proposta vencedora foi de Manuel Garcia Redondo, que já se encontrava em Santos desde 1878, como engenheiro fiscal das obras da Alfândega. O Teatro Guarani foi inaugurado a 7 de dezembro de 1882, com a peça Mário, de Eduardo Cadendu, e a peça Lucrécia, apresentadas pela Empresa de Recreio Dramático da Corte. Durante os intervalos, uma orquestra regida pelo Maestro Luiz Arlindo da Trindade executou peças de Carlos Gomes, abrindo a apresentação com a sinfonia da ópera Guarani. Na ocasião foram chamados ao palco, sendo homenageados, o engenheiro Garcia Redondo, como construtor, e o artista plástico Benedito Calixto de Jesus, como decorador.

O Teatro Guarani participou grandemente da vida artística, cultural, política e social de Santos, especialmente da campanha abolicionista, que nele realizou inúmeras concentrações.

Com o advento do novo Teatro Colyseu, em 1924, o Teatro Guarani, que já se tornara pequeno e superado pelos magníficos recursos técnicos do Colyseu, foi entrando em rápida decadência e pouco depois era incorporado ao patrimônio da Santa Casa da Misericórdia de Santos, e arrendado a M. Freixo & Cia. Ltda., que o transformou em cinema.

Como casa de projeção, nunca chegou a ser de primeira categoria e aos poucos sua freqüência foi-se deteriorando, formada, ao final, quase que exclusivamente por prostitutas e por freqüentadores da zona do meretrício santista, que se situava em suas imediações. Na década de 40, a Santa Casa vendeu parte de sua área, nos fundos, com frente para a Rua Amador Bueno, inutilizando, definitivamente, o seu palco. Na mesma ocasião o seu hall de entrada foi retalhado com a adaptação de lojas com frente para a Praça dos Andradas.

A 13 de fevereiro de 1981 encerrou, definitivamente, suas atividades. Um incêndio acabou com o velho prédio, do qual só restou a fachada, não mais com a beleza de suas linhas arquitetônicas originais. Hoje, discute-se a restauração. O Condephaat entende que nada mais resta em condições de ser preservado. A Santa Casa, como proprietária do imóvel, leiloou o que restava do velho Guarani, do qual ficará apenas a história...

Bombeiros apagam o incêndio no Teatro Guarany, em 1981
Foto publicada em A Tribuna em 15/5/2004

Teatro Colyseu

O Colyseu Santista teve três fases bem distintas. A primeira, na sua inauguração, em 1896, quando se denominava Companhia Colyseu Santista, fundada por José Luiz de Almeida Nogueira, Heitor Peixoto, Ricardo Travessedo e Henrique Porchat de Assis, e cujas atividades eram de velódromo e frontão. Desapareceu por volta de 1903.

O segundo Colyseu Santista foi inaugurado a 23 de julho de 1909, como propriedade de Francisco Serrador, e era dedicado a espetáculos artísticos e culturais. Pelo seu palco passaram renomados artistas, nacionais e internacionais. Sempre funcionou no mesmo local onde se encontra, ainda hoje.

Em 1923 adentrou a sua terceira fase, ao ser adquirido pelo sr. Manuel Fins Freixo, que mandou reconstruí-lo e ampliá-lo, inaugurando-o a 21 de junho de 1924. Com excelente acústica, ricos lustres de cristais, finíssima pintura filetada, escadarias de mármore, cortinas de veludo, platéia em aclive, amplo hall com colunas de granito e imponente fachada, o novo Colyseu era um majestoso teatro, classificado entre os melhores do Brasil. Por ele desfilaram todas as grandes companhias de teatro, de ópera e de operetas, tanto brasileiras, como as estrangeiras que vinham a São Paulo.

Foi inaugurado com a representação de A Bela Adormecida, de autoria de Carlos de Campos, então Presidente do Estado de São Paulo, que esteve presente ao ato inaugural. Na década de 50, quando o Colyseu já vinha funcionando mais como cinema do que como teatro, a Empresa Cine-Teatral, de Manuel Fins Freixo, vendeu a parte dos fundos do teatro, com frente para a Rua João Pessoa, para a construção de um posto de gasolina, cuja área atingiu parte dos camarins e outros anexos do palco, reduzindo sua capacidade cênica. Na mesma ocasião retalhou o belo hall de entrada do teatro, construindo lojas comerciais com frente para a Rua Amador Bueno e para a Rua Braz Cubas. O Teatro Colyseu, ainda pertencente a Freixo-Empresa Cine-Teatral Ltda., esteve em vias de ser vendido, para demolição, alguns anos trás, mas foi tombado pelo Condephaat, e assim passou a ser um monumento à memória artística e cultural de Santos.

Interior do Teatro Coliseu, durante os trabalhos de restauração, em 1998
Foto: Prefeitura Municipal de Santos/Decom

Outros teatros

No final do século, Marcolino de Andrade construiu o Teatro Carlos Gomes, na Rua Lucas Fortunato, na Vila Matias, de efêmera duração como casa de espetáculos teatrais e, por volta de 1930, com o advento do cinema falado, definitivamente transformado em cinema.

Depois surgiu o Teatro Cassino, pertencente ao Atlântico Hotel, de Domingos Fernandes Alonso, no Gonzaga, instalado no próprio prédio, na segunda década do século, com requintes de modernismo e conforto, inclusive com seu teto móvel, para ser mantido aberto nas noites de grande calor. Como teatro também funcionou muito pouco tempo, pois logo passou a cinema e como tal foi o melhor de Santos, até a construção do Cine Roxy. Encerrou suas atividades, definitivamente, na década de 40, pois sua área foi ocupada com a construção do novo Cassino, sede do Clube Sírio-Libanês e, hoje, Cine Studio-Atlântico I e II, sempre no mesmo corpo do prédio do Atlântico Hotel.

Na década de 50 foi inaugurado o Teatro Independência, na Av. Ana Costa, no Gonzaga, no prédio da Galeria Ipiranga. Funcionou cerca de trinta anos, pois, no início da década de 80, foi transformado em shopping(N.E.: centro comercial, em inglês shopping center). Também suas atividades foram mais como cinema, do que como teatro.

Em 1956, o Centro Português de Santos inaugurou o Teatro Júlio Dantas, de fina montagem, com capacidade para apenas 20 espectadores, à rua Martim Afonso nº 137.

Na década de 1970, o Sindicato dos Metalúrgicos de Santos construiu um teatro em sua sede, na Av. Ana Costa, na Vila Matias. Mesmo com recursos cênicos limitados, nunca deixou de ser utilizado como teatro ou como auditório de suas assembléias e de suas programações.

Em 1978 foi inaugurado o Teatro Fugitivo, na Travessa Dona Adelina nº 31, em plena área portuária, cuja casa de espetáculos só promove shows eróticos, em programas, quase sempre, intercalados com filmes da mesma natureza.

Finalmente, em março de 1979, foi inaugurado o Teatro Municipal Braz Cubas, instalado no complexo arquitetônico da cultura santista, pertencente à Municipalidade, localizado na Av. Senador Pinheiro Machado, na Vila Matias. O teatro, com capacidade para 544 pessoas, é moderno, mas seu palco não oferece muita amplitude, nem os grandes recursos cênicos do Colyseu Santista, na sua grande fase teatral.

O último teatro construído em Santos, inaugurado a 4 de julho de 1983, na av. Conselheiro Nébias, 248, com capacidade para 733 pessoas e razoáveis recursos cênicos, pertence ao Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Destilação e Refinaria de Petróleo de Cubatão, Santos e São Sebastião.

Centro de Cultura abriga os teatros municipais Braz Cubas e Rosinha Mastrângelo
Fotos: Prefeitura Municipal de Santos/Decom

1986 a 1996

Em 1993, pelo decreto-lei nº 1734, de 2 de setembro de 1992, o Teatro Colyseu foi desapropriado pela Prefeitura Municipal de Santos, sendo desativado a 1º de fevereiro de 1993. O teatro, que é patrimônio cultural da Cidade, esteve a risco de desaparecer. O tombamento, pelo Condephaat, em 1982, impediu a sua demolição, mas, lamentavelmente, não impediu o seu abandono, que só foi revertido a partir de 1994 quando o prefeito David Capistrano Filho determinou os processos formais para a recuperação do velho teatro, cujas obras já foram contratadas com a Akyo Construtora, de Salvador (BA). O projeto total de restauração está orçado em R$ 6.666.659,75 e deve ser concluído em 30 meses, sendo provável que o Colyseu volte a funcionar, com todo o seu fastígio, em janeiro de 1998.

Na última década, Santos ganhou mais duas casas para espetáculos cênicos e musicais: Teatro do Sesc, com capacidade para 750 espectadores, situado na av. Conselheiro Ribas, nº 136; e Teatro de Arena Rosinha Mastrângelo, com capacidade para 233 espectadores, situado na Av. Pinheiro Machado, 48.

Dispõe, ainda, dos teatros anteriormente inaugurados: Teatro do Sindipetro com capacidade para 736 espectadores, situado na av. Conselheiro Nébias nº 248; Teatro do Sindicato dos Metalúrgicos, com capacidade para 760 espectadores, situado na av. Ana Costa nº 55; Teatro Municipal Brás Cubas, com capacidade para 544 espectadores, situado na av. Senador Pinheiro Machado nº 48; Teatro de Bolso do Instituto Histórico e Geográfico de Santos, com capacidade para 80 espectadores e situado na av. Conselheiro Nébias, 689, e o Teatro Júlio Dantas, do Centro Português de Santos, com capacidade para 200 espectadores, situado na rua Martim Afonso nº 137.

O autor da Poliantéia Santista deixou de mencionar a existência de teatros nas dependências de escolas como o Instituto de Educação Canadá, e a Concha Acústica situada nos jardins da praia, ao lado do Canal 3. Também existiu o Cine Teatro D. Pedro, instalado na Rua Campos Melo.

Outros prédios santistas possuem instalações com capacidade cênica, embora bem reduzidas, citando-se os prédios-sede das empresas Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), na Av. Rodrigues Alves, e Progresso e Desenvolvimento de Santos (Prodesan), na Praça dos Expedicionários (confluência das avenidas Ana Costa e Francisco Glicério).

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