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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CINEMA
O cinema em Santos (1)

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A primeira referência a cinema em Santos data de junho de 1897, quando a firma Fernando & Queiroz fez durante algumas semanas exibição pública de "fotografia animada" no Recreio Miramar da praia da Barra (Boqueirão). Seria o Omninatographo meses antes apresentado numa loja (Salão de Paris) da Rua do Ouvidor, na antiga Capital Federal, o Rio de Janeiro?

A pergunta foi feita pelo jornalista Olao Rodrigues, em seu Almanaque de Santos - 1972 (edição do autor, Santos/SP), que continuou o relato:

Conta o memorialista Álvaro Augusto Lopes que, em 1905, Francisco Serrador instalou cinema na praça de touros que existiu na rua Amador Bueno (onde estão hoje os armazéns da Cagesp). No centro da arena ficava "enorme pano (tela) suspenso de um quadrado"

A aceitação do novo divertimento foi rápida, pois nesse mesmo ano passaram a funcionar dois cinemas na Rua 15 de Novembro - a nossa Rua do Ouvidor: o Bijou Theatre do bigodudo Bittencourt, no qual cabiam apenas 100 pessoas, e, próximo à Praça Barão do Rio Branco, o Cine Moderno, "que reunia assistência adequada ao nome".

O foto-amador Hernando A. D'Almeida possuiu o primeiro filmador da Baixada Santista. Era da marca Debrue (acompanhado de aparelho de revelar o filme) e fez sucesso em 1913...


Cinema em casa: Paiva & Cia. alugava em 1939 projetores e filmes
Imagem: reprodução do jornal santista A Tribuna, edição de 15 de novembro de 1939
(exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda)

Vale recordar que a citada praça de touros (Redondéu de Touros) foi inaugurada em 12 de abril de 1907, ao lado do cine-teatro Coliseu, então um imóvel de propriedade de Antônio Francisco Fontes de Faria:


Praça José Bonifácio, na confluência das ruas Braz Cubas e Amador Bueno
Imagem: bico-de-pena do artista Ribs

Dois anos depois, em 1909, surgia o Cine Moderno na Rua XV de Novembro, que se tornaria o novo polo de entretenimento da cidade. O cinema exibia filmes italianos (das produtoras Ambrosio di Turin e Cine di Roma), franceses (da Eclair e da Pathé Freré, ambas da capital Paris), dinamarqueses (da Nordisk) e estadunidenses (das empresas Vitagraph, Biograph e Selig). Esses filmes mudos, sempre em duas partes, eram acompanhados por uma pequena orquestra. Com o sucesso desse cynematographo, surgiram depois na mesma rua os cinemas Bijou e Pathé (primeiro a exibir filmes adultos em Santos).

Em 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial, desapareceram os filmes europeus, arrastando consigo grandes artistas do Velho Continente, como Pina Minichelli, Francesca Bertini, Adriana Costamagna e Lida Boreli. Mas em Santos continuavam sendo instalados novos cinemas, que pela falta de filmes europeus começaram a exibir os estadunidenses. O negócio cinematográfico começou a ser explorado em bases mais profissionais, com fortes investimentos dos distribuidores dos EUA, que cobram dos proprietários dos cinemas a ampliação dos tamanhos das salas de exibição e das áreas para orquestra, além da instalação de poltronas estofadas fixas. Surgem os contratos de exclusividade de exibição e começa a ser racionalizada a propaganda dos filmes.

Com o fim da guerra, em 1918, vários cinemas foram inaugurados: o Polytheama Rio Branco (no Largo do Rosário), o Cine Central (na Rua Amador Bueno, que anos mais tarde receberia também os cinemas Parisiense e Selecto), o Theatro Carlos Gomes (pertencente a Marcolino de Andrade, no início da Avenida Ana Costa). No mesmo ano, o Theatro Guarany foi reformado e adaptado como cinema, tornando-se então o principal de Santos, devido ao seu conforto e luxo.

O primeiro filme falado exibido em Santos surgiu em 1926. Esses filmes inicialmente não agradavam, pois as falas eram em inglês, com legendas em português, enquanto os filmes mudos tinham legendas em português, e o sistema de som era sofrível, quando comparado com as orquestras ao vivo. Além disso, ocorreram os protestos dos músicos, que viam seus empregos em perigo.

Por volta de 1930, Santos já era a cidade brasileira com o maior número de salas por habitante, o que chamou a atenção de investidores como Antonio de Campos Júnior, ex-procurador da Associação dos Exibidores de São Paulo. Com a exibição do filme Cântico dos Cânticos, dos Estudios Paramount, ele inaugurou na Avenida Ana Costa, em 15 de março de 1934, o Cine Roxy, que tinha completa infraestrutura nos mesmos moldes das grandes salas dos EUA, até mesmo ar condicionado. No ano seguinte, surgiam mais dois: o Cine Astor, em 24 de setembro de 1935, com o filme Broadway Bill, da Columbia Pictures, e o Cine Paratodos, em 11 de novembro de 1935, no bairro Vila Mathias, então apresentando o filme Ahi Vem a Marinha, da Warner, destinado ao público de classe média.

Nessa época, José B. de Andrade funda a Companhia Santista de Cinemas, reunindo os cinemas Theatro Parque Balneário (depois chamado Cine Cassino, e que funcionava em prédio anexo ao do Hotel Atlântico, defronte ao hotel Parque Balneário), Parisiense, Carlos Gomes e São Bento. Em seguida, a empresa construiu no Boqueirão o Cine Miramar e reformou os cinemas Carlos Gomes (na Rua Lucas Fortunato) e São José (na Rua Campos Mello).

Relacionando os antigos cinemas santistas, o falecido jornalista Olao Rodrigues registrou, em sua Cartilha da História de Santos (1980, Gráfica Prodesan, Santos/SP):

Velhos cinemas - No passado, a Cinelândia era na Rua Direita-Santo Antônio, apresentando os seguintes estabelecimentos cinematográficos: Bijou, Pathé, Moderno, Excelsior, Iris e Salão Smart. Noutros pontos e em épocas diferentes existiam os seguintes cinemas: Parque Balneário Cassino (ao ar livre); Belezinha do Gonzaga (ao ar livre); Miramar (ao ar livre); Cine Predial, Cine Tupi, Ele Salon, Clube XV, Cine Central, Parisiense, Politeama Rio Branco, Paramount, Cine Monte Serrate, Santo Antônio e muitos outros de menos e mais idades.

O Cine Gonzaga foi inaugurado em 28 de março de 1947.

Em meados do século XX, em diversos bairros santistas eram constantes as exibições de filmes ao ar livre, como relataram antigos moradores desses bairros na série de matérias Conheça o Seu Bairro, publicada em 1982/3 no jornal santista A Tribuna.

Conforme relata o Guia Santista 1956, funcionavam então em Santos os seguintes cinemas:
Cine Astor - Rua 7 de Setembro, 64
Cine Atlântico - Praça da Independência, 1
Cine Avenida - Av. Bernardino de Campos, 151
Cine Bandeirantes - Rua Lucas Fortunato, 89
Cine Caiçara - Av. Conselheiro Nébias, 849
Cine Campo Grande - Rua Carvalho de Mendonça, 395
Cine Carlos Gomes - Av. Ana Costa, 55
Cine Dom Pedro II - Rua Campos Melo, 215
Cine Gonzaga - Av. Ana Costa, 544
Cine Guarany - Praça dos Andradas, 100
Cine Iporanga - Av. Ana Costa, 469
Cine Macuco - Av. Pedro Lessa, 196
Cine Paramount - Rua Visconde de São Leopoldo, 1
Cine Roxi - Av. Ana Costa, 443
Cine Santo Antônio - Av. Pedro Lessa, 63
Cine São José - Rua Campos Melo, 179
Cine Teatro Coliseu Santista - Rua Amador Bueno, 237


Cine Atlântico, na Praça da Independência, no Gonzaga, por volta de 1955
Foto: José Dias Herrera/arquivo particular

Na década seguinte, surgiriam novos cinemas de bairro: Ouro Verde, Marapé, Itajubá, Cacique e Brasília, este último com uma grande tela tipo cinerama, adequada à apresentação de grandes produções cinematográficas, como A Bíblia.

Já nos anos 1970/80 começou o processo de esvaziamento dos cinemas, com a chegada da televisão em cores e a falta de bons filmes. Muitas salas foram fechadas ou subdivididas, atendendo à nova tendência do mercado, que requeria salas pequenas, com no máximo 200 poltronas. O Cine Indaiá, por exemplo, foi dividido em duas salas, uma delas ocupando o local onde antes funcionava um bar para fumantes (onde eles podiam também acompanhar os filmes exibidos, pela parede envidraçada).

Os cinemas começaram a se mudar para o interior dos centros comerciais, e no final do século XX a rede estadunidense Cinemark começou a impor seu sistema de salas pequenas e acarpetadas, com padrões para a disposição interna dos ambientes, as cores, a decoração e até para a pipoca e o refrigerante a serem consumidos pelos espectadores.

Em 20 de janeiro de 2012, foi encerrado o Espaço Unibanco de Santos, com o fim do contrato de patrocínio por aquele banco (que foi incorporado ao grupo bancário Itaú), e o cinema passou a se chamar Cine Miramar, funcionando dentro do centro de compras Miramar Shopping, no Gonzaga - homônimo do tradicional Recreio Miramar, que existiu no Boqueirão cerca de um século antes. A Itaú Cinemas assim comunicou a mudança: "A partir de sexta, 20 de janeiro de 2012, o cinema do Shopping Miramar mudará de nome. Com o término do contrato de patrocínio, o Espaço Unibanco de Santos passará a se chamar Cinemas Miramar. Inaugurado em dezembro de 2006, o cinema possui três salas com capacidade total de 359 lugares, dotadas de projetores Cinemeccanica de última geração, som Dolby, bilheteria informatizada e bistrô. O Cinemas Miramar continuará com sua linha de programação, que alia filmes comerciais a filmes de arte, além de dar destaque à exibição de títulos brasileiros. O complexo de salas também dará continuidade aos projetos Clube do Professor e Escola no Cinema nos moldes praticados nos últimos anos. O desconto de 50% para os clientes do Banco Itaú continuarão a ser praticados até o dia 30 de junho de 2012".

Na obra História de Santos/Poliantéia Santista (vol. III, 1996, Ed. Caudex Ltda./São Vicente-SP), Francisco Martins dos Santos e Fernando Martins Lichti relatam, no capítulo "Cinemas de Santos":


Polytheama Rio Branco, no então Largo do Rosário, depois Praça Rui Barbosa
Foto: reprodução de cartão postal da época, imagem no acervo do historiador Waldir Rueda

Por volta de 1909, existiam, em Santos, alguns cinemas instalados na Rua XV de Novembro, local onde se reuniam a juventude e a sociedade da época. Estes cinemas eram o Cine Moderno, chefiado pelo sr. Pinfildi, instalado onde depois funcionou a garagem XV de Novembro; o Bijou Cinema e o Cinema Pathé (que exibia filmes impróprios importados da França).

Em 1914, exibiam-se, quase que exclusivamente, filmes europeus, mas a eclosão da 1ª Grande Guerra Mundial, estes começaram a escassear, deixando, então, o mercado livre para os filmes americanos. As empresas norte-americanas, através de uma propaganda racionalizada dos seus filmes, conquistaram a preferência do público, não apenas santista, como brasileiro em geral.

Os cinemas santistas, na época, já eram mais confortáveis, inclusive com cadeiras próprias (pois anteriormente os espectadores tinham de levar suas cadeiras de casa), com projeção dos filmes realizada pelo antigo sistema de transparência e acompanhando as exibições ao som de boas orquestras, uma vez que os filmes ainda eram mudos.

Por essa época, o comendador Manoel Fins Freixo, associado a Mauro Russo, fundava uma empresa para a exploração de filmes. Esta empresa, pouco depois, ficou a cargo, unicamente, do comendador Freixo, a qual se chamou M. Freixo & Cia. Ltda. Esta empresa apresentou ao público um outro cinema, de grande projeção na época, o Polytheama Rio Branco, no antigo Largo do Rosário, hoje Praça Rui Barbosa. O comendador Freixo teve como sucessores seus filhos Djalma Conceição de Campos Freixo e Jayme e Campos Freixo, na empresa posteriormente chamada Empresa Cine Teatral Ltda., ocupando especial destaque na cinematografia santista.

Depois do Polytheama Rio Branco, Santos teve o Cine Central, na Rua Amador Bueno, e o Teatro Guarani, que já existia desde 1882, foi transformado em cinema, assim como o Teatro Carlos Gomes, de Marcolino de Andrade, no Bairro da Vila Mathias.

Depois, foi considerado o Parisiense, que teve grande destaque na cinematografia santista, e que no final da década de 1920 passou ao controle de Octávio Januzzi; com a adaptação de um prédio na Rua Amador Bueno, por Marcolino de Andrade, surgiu o Cinema Seleto.

Em 1926 surge o cinema falado, e a empresa M. Freixo & Cia. dominava o campo cinematográfico de Santos. Marcolino de Andrade havia passado o Cinema Seleto para essa empresa, ficando apenas com o Cine Carlos Gomes.

Nesse momento já funcionava o Miramar, grande centro de recreação construído no Boqueirão, ocupando vasta área da quadra das ruas Epitácio Pessoa, Oswaldo Cruz (onde parte da área era ocupada pela Estação dos Bondes) e as avenidas Bartolomeu de Gusmão e Conselheiro Nébias, e em cujo centro recreativo também havia um cinema ao ar-livre, preferido pela sociedade. O Miramar - que marcou época em Santos, até o início da década de 1930 -, do Major Jonacópulos, ocupava uma área de 1.800 metros quadrados. Entretanto, sua grande expansão deu-se a partir de 1924, quando adquirido pela firma V. Fernandes & Cia., que além do cinema, danças e patinação, introduziu-lhe espetáculos artísticos, bilhares e um cassino com carteado e roleta.

Em 1924, Manuel Fins Freixo inaugura o Teatro Colyseu, depois de tê-lo reformado e ampliado, dotando-lhe de novas linhas arquitetônicas e transformando-o na maior e mais bela casa de espetáculos de Santos. Logo depois utilizado também como cinema, ficou sendo o principal estabelecimento do gênero da cidade.

Mas, a empresa do comendador Freixo ficou abalada com seus elevados investimentos e no final da década de 1920 foi arrendada, com todos os seus cinemas, para a Metro Goldwyn Mayer - empresa norte-americana, produtora e distribuidora de filmes, que teria forçado esse arrendamento, como garantia de seu crédito junto à empresa M. Freixo & Cia. Ltda., que não atravessava boa situação financeira. Por volta de 1933, o comendador Freixo retomou a direção de seus cinemas e, juntamente com José B. De Andrade e Antônio Campos Jr., impulsionou esse gênero de divertimento, organizando bons programas e ampliando a rede de cinemas.

José B. de Andrade fora secretário da Metro Goldwyn Mayer e quando cessou o arrendamento dos cinemas de Freixo constituiu a Empresa Santista de Cinemas, no início de 1935.

No final da década de 1920, o Jockey Club de Santos, que tinha sua sede social no Gonzaga, na Av. Presidente Wilson, esquina com a Rua Marcílio Dias, instalou em seu quintal, nos fundos, um amplo cinema ao ar livre, que funcionava nos fins de semana, como continuou a acontecer, mesmo com a venda desse imóvel para o Clube XV, que ali instalou sua sede, mantendo, por muitos anos, a tradição desse cinema para os seus associados.

Em 1933, Antônio Campos Júnior, recém-chegado a Santos, constrói um moderno e grande cinema, na Av. Ana Costa, em local duvidoso para os entendidos da arte cinematográfica: era o Cine Roxy, que surgia desafiando todos os cinemas existentes, e que se inaugurava, com grande pompa, a 15 de março de 1934. O Cine Roxy foi um sucesso e entusiasmou A. Campos Jr. a construir outros cinemas: o Cine Paratodos - na Vila Matias - na Rua Lucas Fortunato esquina com a Av. Ana Costa, inaugurado a 11 de janeiro de 1935; e nesse mesmo ano, a 24 de setembro, o Cine Astor, na Rua Sete de Setembro, quase esquina da Av. Conselheiro Nébias, onde fora a sede do Clube XV.


Cine Roxy, na época da inauguração
Imagem publicada no jornal santista A Tribuna em 26 de janeiro de 1939

A Empresa Santista de Cinemas se constitui a partir do início dos anos 30, com o Cine Teatro Cassino, construído por Domingos Fernandes Alonso, no próprio corpo do Atlântico Hotel, de sua propriedade, no Gonzaga, cinema esse com extraordinário requinte de modernismo - extremamente arrojado, na época, pois seu teto era móvel e permanecia aberto nas noites estreladas de calor; com o Cine Parisiense, com o Cine Paramount, na Praça Rui Barbosa, esquina com as ruas Vasconcelos Tavares e São Leopoldo; com o antigo Teatro Carlos Gomes, e com o Cine São Bento, no Valongo, dando prosseguimento com a construção de outros dois cinemas: o Cine Miramar, construído no mesmo lugar do primeiro Miramar, e que, posteriormente, veio a ser substituído, no mesmo local, pelo Cine Caiçara, e o novo Cine Carlos Gomes, também construído no mesmo local do primitivo Teatro Carlos Gomes, na Rua Lucas Fortunato, fundado por seu pai, Marcolino de Carvalho - um dos destacados precursores da cinematografia santista.

José B. de Andrade ainda construiu, na sequência, nos anos 30, o Cine São José, na Rua Campos Melo, no Macuco, e, quase junto a este, M. Freixo & Cia. construiu o Cine D. Pedro.

Nas décadas de 1940 e 50, a rede cinematográfica de Santos foi enriquecida com excelentes salas de projeção, dotadas de todos os requisitos modernos, como ar-condicionado, som estereofônico, telas panorâmicas, além de requintes de conforto, com poltronas estofadas de luxo, com carpetes e luxuosas salas de espera - sendo então introduzidas as sessões corridas, com dois e três horários, durante a semana, e quatro ou mais horários aos domingos, quando o Cine Roxy lançou a sessão "Baby", aos domingos às 10 horas, com programação especial para crianças, com grande sucesso.

Novas salas de projeção de luxo surgiram: o Cine Atlântico, na Praça da Independência; o Cine Praia Palace, na Av. Ana Costa; o Cine Indaiá, também na Av. Ana Costa, junto ao Hotel Indaiá, na esquina da Rua Luiz de Farias; e, especialmente, o Cine Iporanga, também na Av. Ana Costa, quase esquina com a Rua Tolentino Filgueiras, que pela sua beleza, conforto, modernismo e amplitude passou a ser o principal cinema de Santos, construído pela firma Freixo Empresa Cine Teatral & Cia., com o propósito de conquistar o público classe "A", que ela perdera com a decadência de sua principal casa, o tradicional e vetusto Colyseu Santista.

Ainda nesse período áureo da cinematografia santista, a Freixo - Empresa Teatral Ltda. construiu o Cine Campo Grande, na Rua Dr. Carvalho de Mendonça, próximo da Av. Bernardino de Campos; Marcelino Dias de Carvalho construiu o Teatro Independência, na década de 50, que funcionaria mais como cinema, em pleno Gonzaga; surgiu o Cine Itajubá, em 1961, no José Menino, no local onde funcionara o Hotel Internacional; o Cine Glória, na Av. Vicente de Carvalho, e o Cine Brasília, em 1964, na Av. Pedro Lessa, próximo ao Cine Macuco, que já existia nesse local, desde 1950, em cuja época e dos mesmos proprietários, Giusfredo Santini, Athié Jorge Coury e Elias Nejn, também surgiu o Cine Gonzaga, na Av. Ana Costa, esquina com a Rua Othon Feliciano, parcialmente instalado nas antigas dependências do cassino Atlântico que encerra suas atividades em 1954.

Nos bairros, novas casas de projeção foram construídas e inauguradas. Eram raros os bairros que não dispusessem de cinema, em sua fase de ouro: 1930-1960. No Macuco, na Av. Rodrigues Alves, bem próximo da Av. Senador Dantas, havia o Cine Popular, na Rua Dr. Carvalho de Mendonça, próximo da Av. Bernardino de Campos, havia o Cine Ouro Verde (anteriormente Campo Grande); Avenida, na Av. Bernardino de Campos; e Cine Marapé, na Av. Pinheiro Machado.

As três grandes empresas cinematográficas de Santos - a Freixo Empresa Cine Teatral Ltda., a Empresa Cine Roxy Ltda. e a Empresa José B. Andrade Ltda. - disputavam o público, não apenas sofisticando seus cinemas, mas também, construindo-os bem próximos um do outro, para que a empresa concorrente não dominasse, sozinha, uma determinada área da cidade. "Brigavam", também, pelos grandes filmes, pelas superproduções e pelos "campeões de bilheteria".

Em 1956, o Centro Português transformou seu Salão-Teatro no Teatro Júlio Dantas, que em 1979 foi arrendado à Empresa Cinematográfica Haway Ltda. e à Empresa de Cinemas de Santos para funcionar como cinema, na Rua Martim Afonso nº 137.

Na década de 70, já em plena crise cinematográfica, apenas dois cinemas, efetivamente novos, foram lançados em Santos: o Cine Alhambra, instalado no antigo auditório da Rádio Clube de Santos, no Gonzaga (na Rua José Cabalero, nº 60), e o Cine Fugitivo, que só programa filmes eróticos, instalado na Travessa Dona Adelina, no final da Rua General Câmara, em plena zona portuária, e os Cines Studio-Atlântico I e II, que substituíram o Cine Gonzaga, montados exatamente sobre a mesma sala de projeção, antigo Cassino Atlântico, depois sede social do Clube Sírio Libanês por muitos anos.

Com a grande recessão havida na década de 1970, não apenas de público, mas também de grandes filmes eróticos e pornográficos (de sexo explícito), as empresas cinematográficas se uniram para programar o fechamento de seus cinemas deficitários - todos os cinemas de bairros foram eliminados e mais de 13 cinemas foram desativados, a partir de 1970, totalizando 20 casas cinematográficas paralisadas, com as 7 que já haviam sido fechadas anteriormente.

A crise cinematográfica decorreu, provavelmente, da grande penetração da televisão a nível popular, as vendas a prestação colocavam os televisores ao alcance de todos, os canais de televisão procuraram melhorar suas transmissões, com repetidores de sinais instalados no Monte Serrate, na Ilha Porchat e em Guarujá, e dessa forma os filmes cinematográficos adentraram intensivamente em todos os lares da Baixada Santista.

À guisa de registro à memória da cinematografia santista, citamos os nomes daqueles que, em momentos paralelos ou em fases sucessivas, foram valorosos artífices na divulgação dessa arte, que tem muito de cultura e de recreação: André Branda, Antonio Campos Júnior, Antônio Francisco Campos, Athié Jorge Coury, Djalma de Campos Freixo, Domingos Fernandes Alonso, Elias Nejn, Ernesto Lacerda, Giusfredo Santini, Jayme de Campos Freixo, José B. de Andrade, José Roberto Freixo, Luiz Dias Marcelino, Major Jonacópolus, Manoel Fins Freixo, Marcolino de Andrade, Mauro Russo, Octávio Januzzi, Pinfildi, Sérgio E. dos Santos Freixo, V. Fernandes, Paulo Paim de Santos, Luiz Fernando Tormim Freixo, Fábio Paim de Campos, Leonardo Sarubi Branda e Yara Sarubi Branda.

1986-1996 - Nesta década, a cinematografia santista ficou ainda mais reduzida em número de casas de projeção.

Praticamente, apenas as duas maiores empresas cinematográficas da cidade - e as mais tradicionais - permaneceram em atividade: Freixo Empresa Cine Teatral Ltda. e Cinemas de Santos Ltda.

Os Cines Atlântico I e II encerraram suas atividades em fevereiro de 1990. O Cine Júlio Dantas foi desativado em janeiro de 1995, pela Empresa Cinemas de Santos Ltda., que o devolveu ao Centro Português de Santos, seu proprietário.

Os cinemas que estão em funcionamento são os seguintes:

Freixo - Empresa Cine Teatral Ltda. - Iporanga 1 - com 1.000 lugares; Iporanga 2 - com 540 lugares; Iporanga 3 - com 10 lugares, e Alhambra - com 450 lugares.

Cinemas de Santos Ltda. - Cine Roxy - com 1.400 lugares; Cine Indaiá 1 - com 1.000 lugares e Cine Indaiá 2 - com 350 lugares.

No velho centro comercial de Santos, na Travessa Dona Adelina, permaneceu o Cine Fugitivo, e na Rua Martim Afonso, 137, o Cine Júlio Dantas - que não pertencem às duas redes cinematográficas tradicionais.

Os filmes de maior público nos últimos 10 anos, em Santos, foram Parque dos Dinossauros e Cobra.


Cine Roxy
Imagem: reprodução do jornal santista A Tribuna, edição de 15 de novembro de 1939
(exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda)

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