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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Água & esgoto
O caminho das águas... e dos esgotos (5)

Desde as nascentes até o despejo dos esgotos, com todos os seus problemas
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Em 9 de outubro de 2007, o jornal santista A Tribuna publicou (páginas 1 e 6):
 


MORRO DO SABOÓ - O Sistema Adutor Central da Sabesp integra a história de Santos. No local, há dois reservatórios de água, um deles inaugurado em 1900. A empresa usa troles para transporte de material
Foto: Fernanda Luiz, publicada com a matéria

CAPTAÇÃO
Saboó tem reservatório histórico

Sistema Adutor Central da Sabesp teve papel importante no abastecimento da Cidade e hoje é atração turística

Luiz Gomes Otero
Da Redação

Quem passa pelo sopé do Morro do Saboó não é capaz de imaginar que no local está uma parte viva da história da evolução da Cidade.

Com 35 mil metros quadrados de área, o Sistema Adutor Central mantido pela Sabesp abriga dois reservatórios de água, sendo que o mais antigo deles foi inaugurado em 1900 e serviu para abastecer toda a Cidade, cuja população se concentrava em residências na região do Centro Histórico.

Recentemente, a Sabesp recuperou um dos trechos com trilhos usados por pequenos troles de madeira que transportam material para o alto do morro. A pintura de cor branca no pequeno ramal de trilhos acabou chamando a atenção de quem passa pelo local. Uma segunda linha também será recuperada nos próximos meses.

Os troles são puxados com o auxílio de cabos de aço e um motor elétrico. Um sistema semelhante ao existente ao lado do bonde funicular do Monte Serrat.

Destaque

PILÕES - Somente em 1935 é que entrou em operação a Estação de Tratamento de Pilões, que captava água do Rio Pilões, em Cubatão. Esse sistema passou a alimentar os dois reservatórios do Saboó, em substituição à antiga captação do Rio das Pedras

 

O primeiro reservatório, denominado Saboó Baixo, está situado na Cota 34, ou seja, a 34 metros acima do nível do mar. Foi construído no subsolo do morro, em alvenaria de pedra, e mais tarde coberto por lajes de concreto armado, protegido com uma camada superficial de brita. A sua capacidade de armazenamento é de 4 mil metros cúbicos.

A obra foi realizada pela empresa inglesa City of Santos Improvements, que na época foi nomeada pelo Governo do Estado para fornecer água em Santos e áreas adjacentes.

No período de 1889 e 1890, o abastecimento foi reforçado pela captação do chamado Córrego do Rio das Pedras, situado em Cubatão, que tinha o nome técnico de Caixa 10. O líquido chegava por uma tubulação de 250 milímetros de diâmetro, de ferro fundido.

O engenheiro João César Queiroz Prado, gerente do Departamento Distrital de Santos da Sabesp, explica que a proposta na época foi garantir uma reserva para o Município. "Antes, a captação era feita in natura, pois não havia tratamento. A água vinha diretamente da fonte produtora. Se houvesse qualquer tipo de acidente ou problema, o abastecimento poderia ser comprometido".

Destaque

PLUVIÔMETRO - Além dos dois reservatórios e da Unidade de Manutenção, a área do Sistema Adutor abriga ainda um pluviômetro que mede o índice de chuvas na Cidade. Os dados são usados pela Defesa Civil do Município

 

Cloração - Vestígios dessa época ainda podem ser notados no local, como uma parte da tubulação metálica que ligava o reservatório menor com o antigo sistema do Rio das Pedras, que hoje está desativado.

No ano de 1933, entrou em operação o segundo reservatório, localizado a 62 metros de altura, no alto do Morro do Saboó, com capacidade de 25 mil metros cúbicos de água. O Saboó Alto foi construído em concreto armado, dividido em dois compartimentos implantados também no subsolo do morro. Assim como o primeiro, este segundo conta com isolação feita com camada de brita.

"Vale dizer que até 1932 não havia sistema de tratamento de água. Naquele ano foi implantado junto ao reservatório baixo um equipamento de cloração para as águas captadas", assinalou Queiroz Prado.


Trechos dos trilhos usados pelos pequenos troles de madeira foram recuperados recentemente. Mecanismo é igual ao do bonde do Monte Serrat
Foto: Fernanda Luiz, publicada com a matéria

Síndico zela pelo local

Responsável pela Unidade de Manutenção instalada no interior do Sistema Adutor Central, o funcionário João de Moraes Chaves Filho é conhecido como o síndico do local. Um papel que ele sabe desempenhar como ninguém, pois também acumula a função no condomínio em que reside com a família, no Campo Grande.

Ele acompanhou de perto todo o processo de recuperação do ramal usado pelo antigo trole, que já funciona como uma espécie de atração turística involuntária. "As pessoas que passam por aqui perguntam se aquilo é uma extensão do bondinho do Monte Serrat. Parece que o trabalho ficou bonito mesmo, não é?"", disse aos risos.

Brincadeiras à parte, Chaves Filho disse ter orgulho de trabalhar em um espaço que ajuda a explicar a história da evolução urbana de Santos. "Pense bem: o primeiro reservatório daqui entrou em operação sete anos antes da inauguração do primeiro trecho do Canal 1, projetado por Saturnino de Brito. A Cidade vivia uma série de transformações no setor de saneamento. Toda vez que venho aqui sinto uma emoção forte mesmo".


Chaves Filho afirma que tem orgulho em trabalhar

 num espaço importante para a história de Santos
Foto: Fernanda Luiz, publicada com a matéria

Sabesp planeja restauro

Em breve, a Sabesp vai iniciar uma ampla reforma e restauração do antigo reservatório Saboó Baixo, que passará a desempenhar um novo tipo de função dentro do sistema de distribuição de água.

Uma idéia que está sendo analisada é torná-lo referência para o abastecimento dos bairros Chico de Paula, Jardim São Manoel e Jardim Piratininga.

De acordo com o engenheiro João César Queiroz Prado, a Sabesp está concluindo o projeto de automação de todo o sistema, visando melhorar a estrutura atual. "Acredito que esse processo estará concluído dentro de um ano e meio".

Segundo Queiroz Prado, o sistema do Morro do Saboó também funciona integrado com o do Morro Santa Teresinha, que foi inaugurado no início da década de 80 e é considerado o maior da América Latina.

Frase

"Acredito que esse processo estará concluído dentro de um ano e meio"

João César Queiroz Prado, engenheiro

Cidade era assolada pelas epidemias

Imagine uma Cidade adormecida, construída sem preceitos higiênicos e sem técnica urbanística, em uma baixada quente e mal ventilada pela sua própria formação geográfica, além de assolada por uma série de epidemias.

Esse era o quadro encontrado em Santos por volta de 1897, mesmo ano em que passou a contar com o reservatório do Morro do Saboó, construído pela City of Santos Improvements.

No final do século 19, com uma limpeza pública deficiente, a Cidade oferecia condições para a propagação da peste bubônica e da febre amarela, que periodicamente se alastravam no Município, vitimando boa parte da população.

Esse panorama acabou sendo alterado com as intervenções que aconteceriam nos anos seguintes, como o projeto de saneamento idealizado pelo engenheiro Saturnino de Brito, que consistia na construção de canais e em dar uma destinação ao esgoto produzido pelas residências.

O primeiro trecho do Canal 1 foi inaugurado em 1907 e marcou o início de uma profunda transformação nas condições sanitárias do Município.

Em 1939, a situação já havia melhorado de forma significativa, o que podia ser constatado através da ausência de epidemias e o aumento do fluxo de turistas de várias partes do País na Cidade.

Número

22.588 pessoas morreram em Santos no período de 1890 a 1904, dizimadas por doenças epidêmicas, como a febre amarela, febre tifóide, malária, varíola e peste bubônica. Isso representava um número superior a metade da população da época, estimada em torno de 45 mil pessoas

 
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