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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Santos inaugurou a era dos alto-falantes

As transmissões de rádio estavam começando no Brasil e, embora já existisse em 1924 uma emissora de rádio em Santos, poucos eram os receptores disponíveis, ainda privilégio de uma elite, e as irradiações eram ainda quase que apenas de discos cedidos pelas lojas locais.

Da sacada de A Tribuna, deste alto-falante,
saiu a voz de Giusfredo Santini que irradiou a partida

Da sacada de 'A Tribuna', deste alto-falante, saiu a voz de Giusfredo Santini que irradiou a partidaFoi nesse contexto que Santos marcou um duplo pioneirismo, o de ter o primeiro sistema brasileiro de alto-falantes para a transmissão de informações e o de realizar a primeira transmissão jornalística falada no Brasil. Para melhor situar o feito, basta lembrar que uma das primeiras reportagens do rádio brasileiro, o acionamento da iluminação do Cristo Redentor no Rio de Janeiro por Guglielmo Marconi, ocorreu em 1931. E a primeira transmissão esportiva em rede nacional só foi irradiada em 1938.

Aliás, São Vicente também contou com um sistema semelhante, o Serviço Royal de Alto-Falantes, instalado por volta de 1937 no último andar do Edifício Zuffo, na Praça Barão do Rio Branco (depois sede da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de São Vicente). Tal serviço, que terminou em 1960, foi instalado por A. Tabagy e fazia as vezes de emissora de rádio, transmitindo música, publicidade, avisos importantes, um famoso programa de calouros "A Hora do Pato..." e até o som de filmes mostrados ao ar livre.

O artigo a seguir, publicado com essas imagens em 8 de agosto de 1993 (página C-4) pelo jornal A Tribuna, relembra o início do trabalho pioneiro desse jornal em 1927:

De Vaney (E), Perilo Prado, Giusfredo Santini, Francisco Paino e Carlos Fonseca (D)
De Vaney (E), Perilo Prado, Giusfredo Santini, Francisco Paino e Carlos Fonseca (D)

O grande feito de A Tribuna era relembrado por De Vaney (cronista esportivo santista), que aparece à esquerda, quando ouvia os componentes da equipe precursora das reportagens faladas, Perilo Prado, Giusfredo Santini, Francisco Paino e Carlos Fonseca, que instalou o serviço de alto-falante

Há 66 anos 'A Tribuna' inaugurava
a era dos alto-falantes no Brasil

Hamleto Rosato (*)

Fala-se hoje em dia, em todo o mundo, em Informática. Nessa curiosa e atraente arte de informar, A Tribuna tem o seu lugar garantido. Com justiça, pois até os idos de 1927 os grandes recursos da Imprensa para a informação precisa, segura, eram somente o telegrama e o telefone. Foi justamente A Tribuna que, pela primeira vez, em 1927, inaugurou o serviço de alto-falante. Bem antes, porém, o jornal se valia do que então existia, o telegrama e o telefone.

Francisco Paino, um dos redatores de A Tribuna, versátil como todo jornalista da época, era, como se dizia, pau para toda obra. Conversando com Giusfredo Santini, lembraram de que paulistas e cariocas iriam disputar o Campeonato Brasileiro de Futebol. A Tribuna precisava fazer alguma coisa, mas algo melhor do que vinha sendo feito, lembrou Giusfredo Santini. Até então, o jornal informava através de cartazes que ia colocando à porta do jornal. Juntava gente. Muitos ficavam na ponta dos pés para conseguir ler. Ou então esperavam que alguém saísse ou mesmo perguntavam o que estava escrito.

Durante a conversa, Santini, com Paino e Perilo Prado, que colaram muitos cartazes na frente do jornal, lembrou-se do cidadão Carlos Fonseca, com ramo de eletricidade à Rua Itororó, pertinho do jornal. Chamou o sr. Carlos Fonseca, fez perguntas e depois sugestões. O sr. Fonseca pensou um instante e topou a idéia. Um alto-falante seria colocado na sacada de A Tribuna. Testaram as vozes de Santini, Perilo e Paino. E tudo então ficou resolvido. Paino iria ao Rio de Janeiro e usaria o telefone. Alcino Rollemberg, que recebia telegrama pelo telefone, bateria à máquina a descrição feita por Paino e Perilo Prado entregaria a Santini o trabalho recebido.

A Tribuna noticiou que faria, pelo alto-falante, a descrição do grande jogo. Seria a primeira reportagem falada no Brasil. Estava o jornal consciente de que novo serviço seria prestado ao povo de Santos. Era a primeira vez no Brasil que seria, de certa forma, irradiada uma partida de futebol de uma cidade longínqua.

Francisco Paino, do Rio de Janeiro, do estádio de São Januário, usava o telefone. Era algo de novo na evolução da arte de informar. O dia era 13 de novembro de 1927. Já às 14 horas, começou a juntar gente em frente ao edifício do jornal, na Rua General Câmara. Nascimento Júnior, que concordara com a idéia, aprovando-a, ali estava. Ansioso, junto com Giusfredo Santini, Perilo Prado e outros elementos da Redação. Faltavam dez minutos e a voz de Giusfredo Santini, calma, segura e bem clara, fez-se ouvir. Lá fora o povo vibrou. O alto-falante na sacada do prédio, com a assistência do sr. Carlos Fonseca, estava funcionando, e bem.

O povo tomou conta da Rua General Câmara, desde a Rua Martim Afonso até a Rua Augusto Severo. Todo o espaço tomado. Verdadeira multidão aguardava o início do jogo, paulistas e cariocas. Os esportistas iriam ouvir a irradiação.

Precisamente às 15 horas, o juiz trilou o apito. Aqui, em Santos, a voz de Giusfredo Santini foi ao ar: "É dada a saída". E a narração foi feita até o final. O povo vibrou. A Tribuna, pioneiramente, lançava o serviço de irradiação de partida de futebol no Brasil. Nascimento Júnior, Santini, Perilo Prado, Alcino Rollemberg, Décio de Andrade e outros redatores estavam orgulhosos do jornal. E o povo, lá fora, apoiou a iniciativa. Mais tarde, da Bahia, seria feito o mesmo serviço. Santos, mais uma vez, inovava. A terra de José Bonifácio de Andrada e Silva, predestinada a grandes realizações, mostrou ao Brasil a visão e o dinamismo de sua gente.

(*) Hamleto Rosato (o Tio Leto) é jornalista, criador do suplemento infantil A Tribuninha, que circula semanalmente com o jornal santista A Tribuna, e autor de livros para o público infanto-juvenil em Santos.

N.E.: Com a morte de Manoel Nascimento Júnior em 1959 (aos 50 anos de idade), Giusfredo Santini o sucederia na direção do jornal A Tribuna, função em que permaneceria até a sua morte em 1990, quando seu filho Roberto Mário Santini assumiu a direção do grupo A Tribuna.

Deste alto-falante na sacada de A Tribuna saiu a voz de Giusfredo Santini, que irradiou o jogo, transmitido do Rio de Janeiro pelo telefone, por Francisco Paino:

Da sacada de 'A Tribuna', deste alto-falante, saiu a voz de Giusfredo Santini que irradiou a partida
Da sacada de A Tribuna, deste alto-falante, saiu a voz de Giusfredo Santini que irradiou a partida

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