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HISTÓRIAS E LENDAS DE GUARUJÁ
A vila que Elias criou

A história de Guarujá, contada em 1967

Na edição de lançamento desse jornal, em 1º de julho de 1967 (sábado), o agora extinto diário Cidade de Santos (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda) registrou:


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Elias acertou: Guarujá está aí

O turismo descobriu Guarujá quando o velho Elias Fausto Pacheco Jordão importou dos Estados Unidos um hotel, cassino, escola e 46 chalés de madeira e plantou tudo à beira-mar.

Hoje ele mora em grandes edifícios, em casas luxuosas. E desfila em biquíni e automóveis de luxo pela praia. Setenta por cento das placas desses "carrões" são de outras cidades, outros Estados e até de outros países.

A vila nasce - Com tanta coisa importada, o problema era transportar a gente que iria morar nessas casas, jogar no cassino, hospedar-se no hotel. Para isso, a Companhia Balneária da Ilha de Santo Amaro iniciou a construção de uma estrada de ferro que ligaria a praia a Itapema, de onde se podia ir a Santos por duas barcas, a Cidade de São Paulo e a Cidade de Santos.

Um ano depois, estava tudo pronto: uma usina a vapor fornecia eletricidade à vila, havia água, esgotos e guarnição de bombeiros. A "Vila Balneária" foi inaugurada a 6 de setembro de 1893, no mesmo dia em que o trenzinho fazia sua primeira viagem.

Agora, a "Vila Balneária" tem 2.700 prédios modernos e elegantes, os ferry-boats às vezes dão saudade das antigas barcas, e a ligação com Itapema se faz sobre estrada pavimentada. Do trenzinho resta apenas a Maria Fumaça que o puxava e descansa na vitrina-museu de uma das principais ruas da ilha.


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Todo cuidado é pouco - Os que governam Guarujá sabem que o presente e futuro da ilha estão no turismo, a principal fonte de receita do município. Por isso, procuram apresentar bem a cidade, com as ruas centrais asfaltadas, os jardins da praia das Pitangueiras sempre bem cuidados e ornamentados por uma fonte luminosa e quiosques. Também a iluminação pública no centro urbano é boa.

Um órgão cuida unicamente do turismo, o Conselho Municipal, que já foi presidido por da. Lúcia Figueira de Melo Falkenberg (uma animadora da região e presidente do Instituto Histórico e Geográfico Guarujá-Bertioga), e agora está sob a orientação do sr. José Estefno. Sob ambos os presidentes, o Conselho Municipal de Turismo procurou dar ênfase à história-cultura-turismo.

O governo do Estado também tem colaborado e quinta-feira (N.E.: dia 6/7/1967) o sr. Abreu Sodré vai inaugurar a iluminação da praia das Pitangueiras para banhos noturnos, realizada em convênio com a Prefeitura. Também está nos planos da Secretaria do Turismo do Estado a construção de um local para "camping", que será instalado no Parque Municipal do Perequê. Serão 63 alqueires, nos quais há 250 metros de praia, matas virgens, cachoeiras, lagos, exclusivamente para quem gosta de vida ao ar livre.

Um nome, muita dúvida - A ilha onde se localiza Guarujá ainda é chamada de Santo Amaro. Guarujá é o nome apenas do município. Não se sabe ao certo desde quando é usada a designação, que vem do tupi-guarani e que também dá motivo a dúvidas. Uns defendem a tese de que deriva de "guaru" (sapo) e de "ya" (onde se cria), do que resultaria "guaruya", ou seja, viveiro de sapos. Outros afirmam que a origem está em "gu-ar" (ladear) e "" (de um e outro lado). Para justificar seu argumento, os últimos apontam a geografia da ilha: uma abertura no morro de Itaipu une as praias de Pitangueiras e Guarujá, é aquela fresta, hoje alargada, onde se ergue o edifício "Sobre as Ondas".

História sem começo - A história de Guarujá não tem começo e só é contada a partir da doação que d. João III fez a Pero Lopes de Souza, irmão de Martim Afonso. Chamava-se então Guaibê, nome que os índios lhe deram por causa dos cipós que lá havia. O genovês José Adorno ergueu uma capela dedicada a Santo Amaro, que acabou emprestando seu nome a toda a ilha.

Com a morte de Martim Afonso de Souza, seus herdeiros e os de Pero Lopes de Souza entraram em disputas que só terminaram em 1773, quando o marquês de Pombal anexou as capitanias hereditárias aos bens do governo português. Mas a ilha esteve sempre no abandono até o meio do século passado (N.E.: século XIX): as montanhas, se não impediam, dificultavam a instalação de colonizadores. Na faixa litorânea, porém, missionários e militares se estabeleciam e deixavam ruínas que contam um pouco de sua história: lá estão o forte de São Felipe e a capela de Santo Antonio, entre outros.


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A paz em 23 - O Distrito de Paz de Guarujá foi criado a 1º de março de 1923, abrangendo toda a ilha de Santo Amaro. A Prefeitura Sanitária foi instituída em 1926 e abolida após a revolução de 1930, quando o interventor federal em São Paulo, cel. João Alberto Lins de Barros, baixou o decreto nº. 4.844, que incorporava Guarujá a Santos. A situação somente durou 3 anos e meio: em 1934 o governador Armando Salles de Oliveira criou a Estância Balneária de Guarujá.

A Lei Orgânica dos Municípios, em 1947, transformou a estância em Prefeitura Municipal e a primeira administração autônoma foi eleita para o quadriênio 1948-1951. Desde então, Guarujá teve como prefeitos os srs. Abílio Santos Branco, major João Torres Leite Soares (1952-1955), Domingos de Souza (1956-1959), Jaime Daige (1960-1964) e novamente Domingos de Souza, cujo mandato expira este ano.

Uma união firme - Se Guarujá já foi terra santista, os laços entre os dois Municípos nem por isso se quebraram. Grande parte do operariado santista, principalmente os que trabalham no porto, mora em Guarujá. Em contrapartida, o abastecimento, os professores e muitos dos funcionários públicos da ilha vêm de Santos. A proximidade dos dois Municípios às vezes até faz esquecer que eles não são apenas um. O processo de desenvolvimento de toda a região contribui para dar essa impressão.

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