Ayres de Araújo (à esquerda) e José Gouveia pretendem criar o Instituto Histórico de
Cubatão
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PRESERVAÇÃO
Largo do Sapo foi visitado por D. Pedro
Ele esteve em Cubatão em 7 de setembro de 1822, horas antes de proclamar a
Independência
Fica em frente à Companhia Brasileira de Estireno o
ponto de maior referência histórica de Cubatão. Curiosamente, o exato lugar onde os fatos ocorreram é hoje um aterrado com uma prosaica horta, perto
do Largo do Sapo, na margem do Rio Cubatão.
O português Ayres de Araújo Coutinho costuma pedir um minuto de silêncio ao se referir
a esse largo. Com 75 anos de idade, 73 deles vividos em Cubatão, esse lusitano natural do Minho se recorda do tempo em que o Largo do Sapo "era um
recanto onde o verde da grama lembrava o verdejante das serras e havia jacatirões tenros, floridos, e se ouvia os ventos uivantes dos morros".
Foi ali que aportou, vindo de Santos, em uma frágil galeota, um patrício de Ayres, bem
mais famoso: o então príncipe D. Pedro, no dia 7 de setembro de 1822.
Horas depois da breve estadia no pouso, que se manifestou em profunda paixão por Maria
do Couto, uma cubatense formosa, Pedro iniciava a subida da serra montado no lombo de uma burrinha, para, na margem do
Riacho Ipiranga, proclamar a independência e fundar o Império do Brasil.
Ponte - A importância econômica de Cubatão manifestou-se desde a época da
colonização, a partir desse Largo do Sapo.
Posteriormente, construiu-se uma ponte de madeira, coberta, sobre o rio, e, com
auxílio de braços de escravos e mulas, o aterrado que a interligaria na direção de Santos (e que constituiria depois, mais
ou menos, o traçado das atuais avenidas Nove de Abril, Tancredo Neves e Via Bandeirantes).
A Calçada do Lorena foi um dos muitos caminhos por onde
transitou a riqueza de Portugal e, depois, do Brasil, nos ciclos da cana, do ouro, do café e da industrialização.
Por Cubatão passaram bandeirantes que procuravam escravizar índios; escravos trazidos
em navios negreiros e mulas carregadas de açúcar, mercadorias, ouro, diamantes e café.
A vila nasceu na beira do rio, entre o porto, na margem esquerda, próximo ao Largo do
Sapo, e a raiz da serra, e o Morro do Pito Aceso, na margem direita.
Instituto Histórico - O morro do Pito Aceso é hoje uma pequena elevação situada
entre o Hospital Ana Costa e a sede da Cetesb. Atualmente, uma tela de arame grosso, separando a horta do Largo do Sapo, esconde o trecho onde o
príncipe desceu. A cerca deixa Ayres desolado, pedindo um minuto de silêncio pela morte da antiga alfândega de Cubatão. Seu amigo, José Gouveia dos
Santos, funcionário aposentado do DER, transcreve as velhas lembranças e as indignações que hoje fazem parte do acervo documental da Câmara de
Cubatão.
Ayres ainda conheceu o Morro do Pito Aceso, ao redor do qual nasceu Cubatão. A poucos
quilômetros dessa elevação, os jesuítas, que adquiriram de um casal de lusitanos a Fazenda Geral de Cubatão, ergueram a capelinha de Nossa Senhora
da Lapa, padroeira da Cidade, que existiu até 1780 ou 1790, cujas ruínas foram demolidas para dar espaço à atual Matriz de
Nossa Senhora da Lapa.
Manter viva a memória desses tempos é a meta desses dois antigos cubatenses. Eles
estão lançando, nos 50 anos da Cidade, a idéia de fundar o Instituto Histórico e Geográfico de Cubatão. Já contam com o apoio do jornalista Manuel
Alves Fernandes de A Tribuna, dos vereadores Wagner Yatsuda, Romeu Magalhães e José Rubens Marino, e do gerente da Manah e ex-diretor do
Ciesp, Roberto Gozzi, dispostos a criar a entidade, para apoiar o Arquivo Histórico da Prefeitura e da Câmara. |