XII
Anunciava-se para breve a vinda do
dreadnought (N.E.: navio encouraçado)
São Paulo ao nosso porto. A capital moveu-se, preparando comissões, escolas, bandeira,
baixelas e uma enfiada de honrarias que seriam ofertadas ao almirante Alexandrino de Alencar, em nome do Estado de S. Paulo e dos paulistas.
A nossa Câmara também mandou confeccionar objetos de arte para serem oferecidos. Mas, não chegou
brevemente o São Paulo. Ficou adiada para dia incerto a sua vinda a Santos. Vem não vem, o São Paulo ia quase que ficando esquecido
pela delonga. De novo, encaixotaram-se baixelas e bandeiras, engoliram-se discursos e reinou o silêncio sobre o possante navio de guerra da nossa
Armada.
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Passado algum tempo, a baía de Santos recebia o cruzador alemão Vinetta. Poucos dias estava
em nosso porto o Vinetta, quando as autoridades marítimas receberam novas do naufrágio do Guarany, uma parcela da Armada brasileira,
metida a pique pelo vapor nacional Borborema, ocasionando muitas vítimas.
Cerra-se o luto na Armada nacional. Promovem-se exéquias em homenagem às vítimas do Guarany...
Eis que chega o São Paulo.
As festas promovidas tinham duas faces: riso e pranto. O almirante Alexandrino de Alencar, toda a
oficialidade, inferiores e marinheiros do São Paulo, assistiram as exéquias em intenção aos seus companheiros vítimas no naufrágio do
Guarany. A oficialidade, inferiores e marinheiros do Vinetta fizeram-se representar nas exéquias.
O São Paulo fundeado em frente ao Paquetá
Foto e legenda publicadas com o texto
O Largo do Carmo, hoje Praça Barão do Rio Branco,
à hora da celebração das exéquias, apresentava um aspecto lugubremente belo. Ainda assim, os festejos promovidos para a recepção do São Paulo
realizaram-se com toda a pompa. O Largo do Rosário, feericamente iluminado, mantinha um aspecto deslumbrante.
A oficialidade do S. Paulo fez-se representar em todas as festas que lhe eram ofertadas. Os
automóveis, durante toda a noite, percorriam a cidade conduzindo a alegre maruja do S. Paulo, que portou-se, em terra, digna de elogios.
O nosso Edú Chaves, muito caladinho, veio da capital, e quando menos se esperava, ei-lo a fazer
evoluções no seu aeroplano, em volta do S. Paulo, recebendo vivas dos visitantes que estavam a bordo.
Era estupendo o espetáculo! Era belo ver-se um navegante do ar cumprimentando um titânico dos
mares.
Formatura de marinheiros do São Paulo, do Vinetta e destacamento policial, à porta
do Convento do Carmo, durante a celebração das exéquias por alma das vítimas do naufrágio do Guarany
Foto e legenda publicadas com o texto
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