Jornais (cont.)
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Gazeta do Povo - 1917
Imagem publicada com o texto, na página 115
Sua publicação foi iniciada a 12 de
dezembro de 1917, numa quarta-feira. Órgão independente de que era diretor o dr. A. Cirilo Freire, de propriedade da firma Castro & Cirilo.
Tinha redação e oficinas na Praça Mauá, hoje Praça Visconde de Mauá, nº 60. 4 páginas.
Ao que vimos, artigo de apresentação, exprimia que Gazeta do Povo surgia em
conseqüência de um acidente social. Viera para atender a "essa contingência do momento, como
veículo modesto de informações de tudo quanto pudesse interessar ao nosso meio. Para tanto, empregaria todo seu esforço, oferecia quanto lhe fosse
possível um serviço minucioso de informações, sem se eximir, todavia, de comentar a seu turno, quando lhe parecesse conveniente, quaisquer fatos que
se verificassem, fazendo-o porém e sempre com a necessária imparcialidade, sem estardalhaços mas com firmeza e independência".
No dia 25 de janeiro de 1918, deixou a firma proprietária o sócio Abel de Castro, assumindo todos
os interesses do jornal o dr. Artur Cirilo Júnior. Tornou-se assim o dr. Cirilo diretor-proprietário de Gazeta do Povo, que era
verdadeiramente popular pelas campanhas que empreendia, todas elas em favor do povo, pelas promoções esportivas, pelas críticas às autoridades que
amiúde fazia, enfim, exerceu funda função social que despertou a simpatia de seus leitores.
Quase no fim de 1923, o dr. Cirilo Freire, mostrando-se fatigado, foi descansar em seu Estado.
Durante sua ausência assumiu o cargo de diretor de Gazeta do Povo o solicitador Adolfo Borges Galvão. O dr. Cirilo Freire retornou a Santos
no dia 4 de janeiro de 1924, reassumindo desde logo suas funções no jornal de que era proprietário. Todavia, deixou definitivamente o vespertino no
dia 31 de janeiro de 1924, a fim de formar nova empresa com Mariano Scarpini, que fora chefe das oficinas. Gazeta do Povo daí por diante
passou à direção do dr. Adolfo Borges Galvão.
Anos depois, o jornal experimentou a terceira fase, com a transferência da firma aos jornalistas
Alberto de Carvalho e Francisco Sá. Ambos deram, na verdade, maior sentido de propagação à folha. Alberto de Carvalho impunha-se no ambiente
esportivo, tanto na Associação Santista de Esportes Atléticos (Asea) como nos clubes em geral, sobretudo a Associação Atlética Portuguesa, de que se
tornou presidente. Francisco Sá fazia-se popular nos círculos teatrais, como autor de revistas de costumes santenses. Escrevia em Gazeta do Povo
famosos bilhetes caipiras, em linguagem típica, assinados por Zé Tramela... E assim foi indo o vespertino, bem noticioso e informativo nas
áreas esportivas e policiais, com profissionais hábeis na redação, como Santos Amorim, o destacado cronista policial da época.
Gazeta do Povo foi empastelada e destruída no dia da vitoriosa revolução da Aliança
Liberal, na tarde de 24 de outubro de 1930, quando o povo, em passeata cívica, investiu contra o vespertino, que nada tinha a ver com o movimento
político, exterminando-o. Manifestantes rolaram pelas ruas centrais as caríssimas bobinas de papel estrangeiro, "atapetando-as com ouro branco da
imprensa", como se fosse troféu de vitória pela impensada e covarde arremetida contra uma trincheira que só fazia o bem, por defender o povo, e
da qual muitas famílias hauriam o pão da subsistência. E foi assim que desapareceu a Gazeta do Povo.
A Portuguesa - 1917
Órgão que circulou em Santos, porém por motivos supervenientes teve de suspender a publicação.
Voltou a ser publicada no princípio de 1917, sob nova direção e orientação, sempre impulsionado
pelo programa de defender e preservar os direitos e interesses da coletividade republicana de Portugal em Santos.
A Tarde, em sua edição de 9 de fevereiro de 1917, assim noticiou o reaparecimento vindouro
de A Portuguesa: "Reaparecerá breve A Portuguesa, brilhante órgão da colônia
republicana portuguesa desta Cidade. Nesta sua nova fase, A Portuguesa terá como redator-chefe o talentoso escritor sr. Alberto Morrote, que contará
com grupo de excelentes auxiliares".
A Luta - 1917
Semanário, A Luta apareceu no ano de 1917, sob a direção de Alfredo da Silva Carmo, seu
proprietário. Não apresentou nada de novo senão o trivial naquele período ainda insipiente da imprensa citadina. A Luta lutou muito, porém
desapareceu antes do terceiro número. De fato, só publicou dois números.
Sabem quem lá estava como braço direito de Alfredo da Silva Carmo? O nosso prezado companheiro
Santos Amorim, o mais antigo jornalista de Santos e S. Vicente, neste novembro de 1978 alquebrado e adoentado.
O Noroeste - 1917
Publicava-se na Cidade o semanário crítico O Noroeste, dirigido pelo tenente Souza Filho, que, em
posto superior, veio a comandar o Forte de Itaipu. O distinto oficial do Exército foi acionista da Sociedade Anônima Jornal da Noite, embora as
ações figurassem em nome de sua esposa.
O Noroeste anunciou em dezembro de 1914 que, devido a um acidente na máquina impressora e ainda
por necessidade de proceder a alterações nas oficinas, via-se forçado a suspender a publicação, prometendo, contudo, retornar oportunamente.
A Prensa - 1919
A Prensa, dirigida pelo irrequieto Orlando Correia, teve duas fases: a paulistana e a
santense. Em 1915, por exemplo, publicava-se na Capital, às quartas-feiras e aos sábados.
Tinha redação na Rua da Constituição, 7. Compunha-se de 4 páginas. Jornal de combate, dizia-se
imparcial e independente. Imparcial mas fustigava frontalmente o Governo, como esta nótula permanentemente inscrita em seu cabeçalho: "A
Prensa publica gratuitamente toda e qualquer reclamação das vítimas dos desmandos deste governo déspota e tirano".
Neste mesmo ano, ei-lo em Santos, com redação no Largo do Rosário, atual Praça Rui Barbosa, 36,
sobrado, ainda sob a direção de Orlando Correia. Publicava-se também às quartas-feiras e aos sábados, custando 100 réis o número do dia e 200 réis o
atrasado. "Jornal de combate, independente e imparcial",
como se inscrevia no cabeçalho.
Combativo e independente, sim. Imparcial? Empregava linguagem desabrida para atacar aqueles que, a
seu juízo, deveriam ser atacados. Não tolerava os homens dos poderes Executivo e Legislativo. E ainda a Polícia, que estava sempre sob o látego
empunhado por Orlando, quiçá com o propósito de popularizar sua folha, investindo contra os costumes policialescos da época.
Lemos o n. 28, do primeiro ano, correspondente a 5 de setembro de 1915. Eis os títulos e
subtítulos das notícias: "Os crimes de São Bernardo e a Polícia / Morrer ou reformar a
hipoteca; O escandaloso caso das avenidas / A construtora e a Câmara; Os partidos políticos de Santos; Um padre cavador / Nossa Senhora do Monte tem
muitos sócios; A Prensa consegue entrevistar o sr. Virgem Santíssima Novais sobre suas bandalheiras; O caso do Bar Chique; A Polícia de
Santos; Alfinetadas; Vala Comum; Indicador de A Prensa".
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O combativo periódico suspendeu por algum tempo sua publicação. Orlando Correia, fazendo da pena
arma de ataque, viu-se envolvido em processos por "injúrias impressas", foi absolvido num ou noutro caso mas também condenado em outros mais.
Numa das condenações que sofreu e pegou xadrez, a origem fora comentários audaciosos e ofensivos a um membro da Justiça de Santos - promotor público
- que se havia manifestado contrariamente a Orlando num processo por injúrias impressas a que o desassombrado jornalista respondia.
Gazeta do Povo, de Cirilo Freire, em artigo intitulado Laboratório da Morte, criticou com
vigor o tratamento desumano que os detentos sofriam na Cadeia Pública, da Praça dos Andradas, e fez referências diretas ao diretor de A Prensa,
que estava lá recolhido e também experimentando agruras físicas. Sofreu tanto Orlando Correia que tentou o suicídio ingerindo iodo.
Todavia, A Prensa voltou outra vez a circular em Santos, ainda com Orlando à sua frente.
Esse número 1, de 12 de agosto de 1919, correspondia ao ano VI. Logo abaixo do título, inscrevia-se esta frase: "Órgão
defensor dos oprimidos".
Abrindo a folha, o artigo de apresentação ou reapresentação, com o título De Novo, que
assim começava: "Estamos de novo no campo de batalha, sempre munidos da mesma coragem com que
encetamos a luta em prol do direito (aos que têm direito) e em adversão peremptória contra quem não possua direito de espécie alguma e, no entanto,
arroga-se a ele, apegando-se para isso a vergonhosos meios".
E concluindo: "Cremos que a nossa missão, se
não é de muito alto valor, tem pelo menos uma grande parcela de nobreza. Julguem-nos os péssimos do modo que melhor lhes aprouver, porque diante
desse modo de julgar, teremos a altivez necessária para desmascará-los. E, neste propósito, hoje, de novo, aqui estamos".
Compunha-se ainda de 4 páginas e imprimia-se provisoriamente em São Paulo. Entre os que ajudaram
Orlando Correia a fazer o jornal destacava-se o brilhante jornalista Santos Amorim, que nos dá o prazer do convívio fraternal. Ele trabalhava em A
Prensa quando tinha redação na Rua Martim Afonso, 5.
Dizia-se que Orlando Correia era cidadão de má índole, agressivo e perverso. Nós outros, que o
conhecêramos bem, podemos afirmar ser ele cidadão de forte senso emotivo e compassivo. Era, isso sim, um homem revoltado com a maldade, petulância,
aspereza e mandonismo de outros homens que se julgavam politicamente fortes ou algozes e cruéis, enquanto mantinham a prepotência do cargo ou
funções.
Sabemos de um episódio que bem revela o espírito humilde e simples de Orlando Correia, o homem que
por diversas vezes foi pra o xadrez por escrever o que pensava. Ei-lo:
Em seu gabinete de trabalho, na redação, recebera a visita de uma senhora maltrapilha que buscava
o socorro do jornal.
- Mas, capitão, eu me sentar?
- Sim, minha senhora!
- Mas eu, com estas vestes imundas, vou sujar a cadeira.
- Não faz mal. Eu mesmo limpo depois! Pode dizer o que quer ou precisa!
Jornal da Noite - 1920
Imagem publicada com o texto, na página 119
O primeiro número do Jornal da Noite circulou a 2 de junho de 1920, numa quarta-feira.
Órgão nacionalista, como se inscrevia no cabeçalho, publicava-se à tarde e sua redação, administração e oficinas ficavam na Praça dos Andradas n.
109. No cabeçalho, eram omitidos os nomes do diretor, redator-chefe e gerente. Em seu artigo de apresentação, afirmava não ter programa definido,
sublinhando a certo trecho: "Mãos dadas aos potentados, ou contra eles, ficaremos sempre, em
qualquer situação, ligadas aos verdadeiros sentimentos nacionais, para os quais vimos e daremos todo o vigor da nossa existência".
Fechando a primeira página, a seção em versos Trepações, com verve e chiste, assinada por
Papagaio Louro. Na segunda página, o expediente, sem indicar a equipe de cúpula, endereço da redação e preços das assinaturas. Nota sobre os
consertos mal feitos na Av. Ana costa e Esportes. Na terceira página, serviço telegráfico nacional e estrangeiro, pequenas notícias e anúncios que
se estendiam à 4ª e última página - anúncios esses, na maioria, de firmas de despachos na Alfândega e de agências de vapores.
No número 4, de 5 de junho de 1920, uma crônica de autoria de Antônio Cazal, conhecido
intelectual.
O Jornal da Noite pertencia a uma sociedade anônima, da qual faziam parte, entre outros, J.
Neves, que veio a ser diretor-responsável do vespertino, J. Bastos Coelho, Tenynson de Oliveira Ribeiro, major Souza Filho e Mário Amazonas. Exercia
o cargo de gerente Francisco Escudeiro.
No dia 1º de novembro de 1920 foi realizada assembléia geral de acionistas para constituição
definitiva da sociedade anônima, cuja diretoria se constituiu de Tenynson de Oliveira Ribeiro, diretor, e Antônio José Neves, diretor-gerente. Mário
Amazonas era o principal acionista, portanto, o principal dirigente do Jornal da Noite, não lhe interessando, no momento, assumir a direção
do vespertino devido ao seu cargo de despachante da Alfândega.
Anos depois, dissolvida a sociedade anônima, Mário Amazonas tornou-se o diretor-proprietário do
vespertino, assumindo a chefia da redação o dr. Cleóbulo Amazonas Duarte. Teve uma oportunidade, aliás ligeira, em 1928, que assumiu a direção geral
do vespertino o prof. Carlos dos Santos Werneck, que morreu, em S. Paulo, voltando o jornal às mãos firmes e Mário Amazonas.
Deixando a sede da Praça dos Andradas, 109, que sublocava um dos pavimentos à Cruz Vermelha
Brasileira (Seção de Santos), o Jornal da Noite transferiu-se para a Praça da República ns. 36/38, onde até o fim de sua existência viveu a
grande e pujante fase de sua jornada como órgão de destaque na imprensa santense.
Em 1932, no ano da Revolução Paulista, o autor deste livro iniciou sua atividade jornalística,
ingressando no quadro redatorial do diário de Mário Amazonas, que era o diretor-proprietário. Como redator-chefe o dr. Cleóbulo Amazonas Duarte e
redator-secretário o dr. Júlio Barata. Antes, o secretário fora o jornalista português Antônio Ferro. Fomos cronista esportivo, mas quando nos
sobrava tempo o secretário nos empurrava para outros serviços, como matéria de Polícia.
Entre os redatores, lá estavam Esmeraldo Tarquínio de Campos, Antônio F. Sarabando, Rosinha
Mastrângelo, Edmar Morel e Otávio Bitencourt, o popular Grão-de-Bico. Na fotografia, Pedro Peressin, o Barbado. Na revisão, Carlos
Vitorino. Na gerência, Manoel de Carvalho, o Picareta, em substituição a Adelino Rolemberg.
Nas oficinas, os linotipistas Luiz Dias e Conrado Penco; na impressora, o velho Ribeiro; na
paginação, Castilhos; na retranca, Pascoal Ribeiro; na mecânica, Albino Antunes; e ainda havia o Chavinho, mano de Antônio Chaves, Alvanir,
Humberto, Júlio e Edmílson Duarte e outros mais. Luiz Diasera o chefe das Oficinas. Ida Trili, que depois casou com Gomes dos Santos Neto,
funcionava na administração como caixa. Bons tempos!
Recordamo-nos que, certa manhã, chegando à Redação fortemente constipado, o dr. Amazonas Duarte
chamou-nos:
- Menino! Datilografe o artigo de fundo que vou ditar.
E andando de um lado a outro, com o lenço enxugando a testa, ditou velozmente o artigo, que nós
mal acompanhávamos na Remington.
Quando terminou, ele foi-se embora sem rever o que havia improvisado, sem omitir vírgulas,
enquanto ficamos mais de meia hora fazendo a revisão datilográfica.
À tarde, quando o jornal rodou, fomos ler de novo o artigo-de-fundo. Que beleza! E dizíamos com
nossos botões:
- Esse homem é um sábio!
Desde aquele instante - faz 46 anos - tornamo-nos grandes admiradores do mestre Amazonas Duarte,
que hoje repousa para sempre da gloriosa labuta de advogado, jornalista e professor. Eis aí um homem que, embora nascido em município sergipano,
recebeu o título de Cidadão Santista, conferido por lei. Veio para Santos ainda moço, aqui se radicando e constituindo família das mais
dignas da cidade. Ele honrou e engrandeceu Santos pelos altos serviços prestados, pelas virtudes cívicas e morais, pela probidade, pelo pensamento e
erudição.
Jornal da Noite foi uma grande escola. Seu secretário veio a ser ministro do Trabalho.
Edmar Morel, escritor de nomeada. Sarabando um dos maiores repórteres de Santos e Rosinha Mastrângela poetiza, jornalista de méritos, novelista e
radialista. Todos, enfim, que passaram pelo Jornal da Noite ganharam prestígio, popularidade e idoneidade cultural. É que os mestres eram
superiores!
Comércio de Santos - 1920
Imagem publicada com o texto, na página 121
Comércio de Santos começou a circular a 3 de janeiro de 1920. Propriedade de uma sociedade
anônima a que pertenciam Nilo Costa, Luiz de Jorge, Lincoln Feliciano, Cristóvão Prates e Virgílio dos Santos Magno.
Depois de Simões Coelho exercer o cargo maior da redação, seu posto foi ocupado por Nilo Costa. O
primeiro redator secretário foi o poeta Paulo Gonçalves, em cujas funções se manteve até 1926, quando as ocupou o dr. Bruno Barbosa. Sucessivamente,
exerceram a secretaria do Comércio Ayres dos Reis, Álvaro Augusto Lopes, José do Patrocínio Filho e Afonso Schmidt. Afinal, em 1927 assumiu o posto
José Gomes dos Santos Neto.
Em fevereiro de 1925, Comércio de Santos interrompeu sua publicação por alguns dias para
mudança de suas instalações para a Praça da República ns. 7 e 8, reiniciando-a no dia 26 daquele mês e ano. No dia 3 de maio de 1928, o matutino foi
arrendado pelo Partido Republicano Municipal, assumindo a direção do jornal o dr. Daniel Ribeiro de Morais e Silva.
Praça de Santos, que sempre viveu às turras com seus colegas santenses, desde logo também
se indispôs com o Comércio de Santos, atacando agressivamente o dr. Daniel Ribeiro, que sempre replicou, mas não com a virulência como se
havia o diário de Rafael Correia de Oliveira, certa vez processado pelo diretor do Comércio.
Quando da revolução da Aliança Liberal, a 24 de outubro de 1930, o Comércio de Santos só
não foi assaltado pelo povo, em ruidosa passeata, como fez com A Tribuna, Gazeta do Povo e Folha de Santos, porque o dr.
Antônio Feliciano, em patético discurso, fez com que os manifestantes desistissem do seu intento criminoso.
Os drs. Nicanor Ortiz e Júlio Barata também serviram ao matutino de Nilo Costa nas funções de
secretário. Logo depois da revolução outubrista, o jornal suspendeu sua publicação.
Nilo Costa, que durante o reinado jornalístico do Partido Republicano Municipal estava morando no
Rio de Janeiro, retornou a Santos e valendo-se do material do Comércio de Santos, que era seu, fez circular outro jornal matutino. Deu-lhe o título
de Diário de Santos, adotando o ano e número do famoso e tradicional órgão da imprensa, que havia encerrado sua publicação lá por volta de
1918, como se fosse seu continuador. Esse novo Diário de Santos não durou mais do que um ano, ou de 1931 a 1932.
Imagem: reprodução da primeira página do Commercio de Santos de 30/1/1920
(exemplar no acervo do historiador
Waldir Rueda)
Detalhe da primeira
página do caderno especial de 7 de setembro de 1922
Acervo: Sociedade
Humanitária dos Empregados no Comércio de Santos
A Semana Ilustrada - 1920
De conformidade com uma notícia publicada no Jornal da Noite, na edição de 15 de setembro
de 1920, Santos passaria a contar "dentro de poucos dias" com um jornal semanal, de cunho crítico, humorístico, literário e noticioso.
Dizia mais o vespertino de Mário Amazonas que a direção de A Semana Ilustrada já havia
ajustado o serviço de colaboração especial de literatos de Santos, São Paulo e Rio de Janeiro.
No entanto, segundo pesquisas, nada encontramos que viesse a confirmar a publicação do jornal.
Auto-Santista - 1920
Houve diferentes jornais e revistas neste século
(N.E.: século XX) sobre automóveis e
motoristas. Por volta de 1920 circulou Auto-Santista.
Jornal da Noite, em sua edição de 11 de abril de 1922, noticiou a circulação do número 27,
correspondente a 27 de março do mesmo ano, de periódico que ainda tirou muitos outros números, não se tratando, portanto, de jornal tipo
calhambeque.
Argus - 1921
Em janeiro de 1921, alguns jornais da Cidade noticiaram que, dentro de dias, deveria surgir novo
periódico com o título Argus. Era o nome do hidroavião com que Gago Coutinho e Sacadura Cabral fizeram a transposição pelo ar pela primeira
vez do Atlântico Sul, em seu famoso reide Portugal-Brasil.
Jornal da Noite deu esta nota: "Com o
título supra, deverá aparecer por todo este mês, nesta Cidade, com o título acima, um jornal crítico, literário e noticioso, que será redigido por
rapazes que militam na imprensa local. Argus, pela sua feição, deverá agradar a todos que, esferas locais, publicando sugestivos clichês".
Malgrado, não foi confirmado o aparecimento desse jornal. Quer dizer, nem Jornal da Noite,
nem A Tribuna, nem tampouco Gazeta do Povo noticiaram a saída do jornal que tinha o título igual ao do aparelho dos aeronautas lusos.
Mas aí fica o jornalzinho registrado.
Jornal do Chauffeur - 1921
No ano de 1921 foi editado o Jornal do Chauffeur, órgão de defesa dos interesses
profissionais dos motoristas.
Jornal da Noite assim noticiou o aparecimento desse periódico, em sua edição de 14 de março
de 1921: "Recebemos exemplares dos números 1 e 2 do Jornal do Chauffeur, que acaba de
iniciar sua publicação nesta cidade, como órgão defensor da classe dos chauffeurs de Santos. João Cruz Gomes é seu diretor-responsável.
Registrando o aparecimento, desejamos-lhe vida longa e próspera".
O Norte - 1921
Jornal bissemanário, noticioso, político e comercial, O Norte surgiu em princípios de 1921.
Dirigiu-o Rafael Henriques, fundador de outros jornais na Cidade, nenhum deles, no entanto, vingando.
O propósito de Rafael Henriques foi despertar a atenção e buscar o apoio dos filhos do Norte e
Nordeste, em grande número neste Município, porém viu-se frustrado. O Norte teria circulado pela primeira vez a 1º de fevereiro de 1921.
Raça - 1921
José Gomes dos Santos Netto desapareceu em 1978 como decano dos jornalistas de Santos. Só na
sucursal de A Gazeta, de São Paulo, trabalhou durante cerca de 40 anos, em posto de chefia. Dirigiu a revista Flama. Foi antes
repórter, redator e redator-secretário do Comércio de Santos. Ultimamente redigia a coluna Comunidade Luso-Brasileira de A Tribuna.
QUando desapareceu era o mais antigo jornalista da Cidade em atividade.
Em sua mocidade editou o jornalzinho A Raça, no ano de 1921, cujo número 5, referente a 20 de
junho daquele remoto ano, Jorge Guerreiro nos cedeu um exemplar. Naquele número, A Raça apresentava 14 páginas. Na primeira, com foto em duas
colunas, o dr. José Augusto Ribeiro de Melo, cônsul de Portugal em Santos.
Custava 20 réis o exemplar e tinha redação na Praça Mauá, 48, atual Praça Visconde de Mauá.
Brisas de Espanha - 1922
Não deixa de ser uma publicação artística. Era o texto de uma revista em dois atos, cinco quadros
e uma apoteose e escrita por dois cidadãos espanhóis vinculados ao centro Espanhol de Santos, srs. Juan Estevez Martins e Antônio Lopes Vela, com
música do maestro Carlos Sotomayor.
Brisas de Espanha foi representada por senhoras e senhorinhas de Santos, sejam os
seguintes: Hermínia Ferro, Rousa Valee, Isaura Vasquez, Milagros Fornos, Marcelina Sobreira, Celeste Estevez, Dolores Franco, Ester Vasquez, Luísa
Vasquez, Casilda Estevez, Cândida Ribas, Cecília Nieves, Luiz Verges, José Moreno, Ramon Perez, Ricardo Lamas, Manoel Olivar, Armando Nóvoa,
Francisco Moreno, Gonsalo Perez e Sérgio Fornos.
Essa peça foi representada no Teatro Guarani, no dia 31 de julho de 1922.
Diário Mercantil - 1923
Imagem publicada com o texto, na página 124
No dia 25 de julho de 1923 circulou o primeiro número do Diário Mercantil. Propriedade de
uma empresa jornalística e apresentava-se a folha sob a direção de Francisco Ferreira e Paulo Filgueiras.
Abrindo o jornal o artigo de apresentação subordinado ao título Quem somos e ao que vimos, em que
se continha este trecho inicial: "Viemos combater pelos direitos das classes oprimidas, dentro
das normas legais garantidoras da estabilidade social, desde que esses direitos conspurcados por abusos do Poder, por autoridades inconscientes do
seu dever e da sua responsabilidade".
Sua redação e administração ficavam na Praça Rui Barbosa n. 36. No seu número de 6 de setembro de
1923, Diário Mercantil participou ao público que, vendo-se na necessidade de possuir oficinas próprias como decorrência da franca aceitação
que fruía, suspenderia daquele dia em diante, e em caráter provisório, a publicação da folha. E assim terminou sua atividade o Diário Mercantil.
O Mutualista - 1923
O Mutualista, como órgão de propaganda e divulgação das vantagens do sistema de socorros
mútuos, circulou pela primeira vez no dia 16 de outubro de 1923. Seu segundo número saiu a 12 de novembro do mesmo ano.
Diário Espanhol - 1923
Diário Espanhol não teve efetividade na vida da imprensa santense. Fazia anúncio no
Jornal da Noite participando que estava habilitado a executar quaisquer trabalhos tipográficos, como impressos em geral, cartões de visita,
notas fiscais e faturas, tudo a preços módicos.
A não ser esse registro do Jornal da Noite, nada deparamos em nossas pesquisas com
quaisquer referências a essa folha que, acreditamos, era órgão da coletividade espanhola em Santos.
O Telegrafista - 1924
Em janeiro de 1924 foi lançado o primeiro número de O Telegrafista, órgão informativo dos
funcionários da The Western Telegraph Inc., o antigo telégrafo inglês.
O segundo número desse jornal, que saía mensalmente, circulou no dia 12 de fevereiro do mesmo ano.
Jornal da Noite e A Tribuna acusaram o recebimento do número inicial e disseram palavras de incentivo aos editores.
Ação Operária - 1925
Na segunda quinzena de maio de 1925 publicou-se Ação Operária, que circulava aos sábados.
Jornal feito por trabalhadores para trabalhadores.
Pugnava pela defesa dos interesses da classe operária, mas, como afirmava, estava também à
disposição de outras categorias profissionais, cujas reivindicações protegia com afinco, sobretudo as de natureza econômica, em face do alto custo
de vida.
Ação Operária apresentava mensagem de saudação aos trabalhadores de Santos - o esteio da
pujança econômico-social do Município.
A Farpa - 1925
"Não lhe pergunte ninguém por seu programa.
A Farpa não sabe prometer para não cumprir. E um programa contém sempre - não uma só mentira, mas muitas. Por isso Julguem o Povo. Mas
leiam-na primeiro. Não ajuíze antes". Esse era um trecho do artigo de apresentação de A
Farpa, jornal de 6 páginas, noticioso, crítico, literário e humorístico. Direção e gerência: Aldo Brasil e Lino Santos.
Indalécio Alves não teria nada com o órgão ou os outros eram simples testas-de-ferro? Talvez a
experiência com a outra A Farpa (esportiva) lhe tenha dado muitas dores de cabeça...
Esse primeiro número do primeiro ano circulou na primeira quinzena de 1925. Apresentava Crônica
Social, Pensamentos, Humorismo e um comentário sobre a Loja Fraternidade de Santos, entre outra matéria. Toda a correspondência - dizia o expediente
- deveria ser encaminhada para A Farpa, na Rua Sete de Setembro.
Praça de Santos - 1926
Imagem publicada com o texto, na página 125
Antes de Praça de Santos, o vigoroso jornal de Rafael Correia de Oliveira foi boletim.
Boletim Comercial da Praça de Santos que, sob a orientação de Antônio Araújo Cunha, circulou por mais de 6 anos, prestando à Praça desenvolvidas
informações comerciais e marítimas.
Transformando-se em jornal, circulou pela primeira vez a 1º de dezembro de 1926, de propriedade de
Antônio Cunha & Cia. Redator principal Alberto G. de Assunção e redator-secretário A. Stockler de Araújo, atuando como gerente Antônio de Araújo
Cunha. Sua redação ficava na Rua do Rosário, hoje João Pessoa 91-93, custando 200 réis o número do dia e 60$000 a assinatura anual para o País e
120$000 para o exterior.
Praça de Santos nesse dia deu edição especial de 48 páginas, de cujo artigo de apresentação
reproduzimos este trecho inicial: "Praça de Santos, em sua trajetória, promete tudo
empenhar para não desmerecer das caras tradições de nosso passado. A sua diretriz será sempre traçada pelo mais rigoroso critério no cumprimento do
dever para que não falte nunca a defesa dos vultosos patrimônios com que dás Santos ao teu povo, a segurança e tranqüilidade e com que lhe
estimulas, nessa alegria de viver, o amor pelo trabalho e a confiança serena no dia de amanhã".
Jornal tipo tablóide, cujo primeiro número foi distribuído gratuitamente. Logo depois, Praça
passou à propriedade da firma Graziano & Cia., firma que se dissolveu a 23 de dezembro de 1927, substituída
[por] outra razão social formada por Antônio de
Araújo Cunha e Rafael Correia de Oliveira.
Começou aí a atividade jornalística de Rafael Correia de Oliveira na imprensa santense. Com a
retirada de Araújo Cunha mais tarde, o vigoroso jornalista ficou ainda mais à vontade, tendo por companheiro de direção Reis Perdigão. Foi a fase
mais vibrante do antigo boletim comercial. Rafael Correia de Oliveira escrevia muito bem, mas era contundente, agressivo e audaz em seus artigos.
Empreendeu e orientou vivas campanhas, sobretudo de natureza política.
Por sua impetuosidade e independência, viu-se algumas vezes processado e até condenado, ele e seus
companheiros, como Esmeraldo Tarquínio de Campos, outro jornalista destemeroso, que escrevia o que pensava e chegou a ser preso, cumprindo pena no
quartel do Corpo de Bombeiros. Tarquínio - nosso grande e saudoso amigo - era cronista esportivo. Certa ocasião, de propósito ou não, trocou o nome
do então presidente da AA Portuguesa, embora ratificasse imediatamente. O homem chamava-se Tulha e saiu Pulha. Pois deu processo e cadeia. Se ele já
era popular, tornou-se ainda mais popular.
Assim também era a tendência de Rafael Correia de Oliveira. Não se intimidava. Reagia com sua pena
fulgurante a todas as provocações e ameaças.
Praça de Santos, que defendia a Aliança Liberal, saiu vitoriosa na revolução de 24 de
outubro de 1930. Reis Perdigão já estava no Maranhão, sua terra, onde assumiu as funções de interventor. Rafael Correia de Oliveira não mais se
achava em Santos, no advento getuliano. Todavia não quis aproveitar-se da situação. Recusou importantes cargos que lhe foram oferecidos. Aceitou um,
modesto, porque o titular era seu amigo pessoal: o de secretário do secretário da Segurança Pública de São Paulo, general Miguel Costa, embora logo
se exonerasse. Preferiu continuar a vida de jornalismo, em São Paulo, com o seu O Tempo, de que se tornou diretor.
Na edição de 30 de abril de 1931, Praça de Santos comunicava que Rafael Correia de Oliveira
e Santos Júnior deixavam definitivamente os cargos de diretor e redator-chefe do jornal. Os redatores e gráficos fizeram comovente despedida a
Rafael Correia de Oliveira, por eles falando Santos Júnior para dizer que não havia saído um diretor, mas um amigo, sublinhando: "Aqui,
nesta casa, não subsistia verdadeiramente um jornal. Havia um jornalista".
Trabalhando em sociedade anônima, assumiu a presidência e atuando como diretor do jornal o
advogado e jornalista Ribas Marinho, o qual assumiu as funções no dia 1º de maio de 1931 e as de gerente Paulo Medeiros, em substituição a Ramiro
Calheiros.
A personalidade jornalística de Rafael Correia de Oliveira e a de Ribas Marinho era contraposta.
Enquanto Rafael, como dissemos, se fazia violento e arrebatado em seus artigos, Ribas Marinho, hoje repousando de todas as labutas em sua estância
em Lindóia, mostrava-se delicado, comedido e ponderado. Ambos, porém, tinham um dom ou mérito que os igualava: sabiam escrever, escreviam enxutos;
dois orquestradores da pena!
O Rebate - 1926
O professor Floriano Cruz dirigia O Rebate, semanário independente, como se proclamava, com
redação na Rua da Constituição n. 443. Circulou a 10 de junho de 1926 esse número inicial. Custava 200 réis o número avulso e a assinatura anual
12$000.
Nesse primeiro número, longo artigo de elogio póstumo a Alberto Veiga, assim como as seções e
reportagens: Assuntos Locais; Correio; Sanitária; Prefeitura; O Nosso Cartaz; Santos terá um ginásio oficial;
Caixa Escolar Municipal; Os elevadores da Cidade e outras.
O Rebate prometia publicar no próximo número estas reportagens: Onde anda a Justiça?;
O ensino municipal e a projetada reforma; No domínio das cartomantes; O grande concurso: qual o mais hábil chauffeur de
Santos? e outras.
Na primeira página, Floriano Cruz escrevia que, ao reencetar a atividade jornalística,
cumprimentava os confrades do Comércio de Santos, Gazeta do Povo, Jornal da Noite e A Tribuna.
Folha de Santos - 1927
Imagem publicada com o texto, na página 127
Sob o título de Folha da Tarde, esse vespertino começou a circular a 24 de outubro de 1927,
em formato tablóide, com 12 páginas, composto e impresso nas oficinas de A Tribuna. Dirigido pelo dr. Estácio Pessoa e João da Silva
Figueira, tinha redação na Rua Senador Feijó, 91.
Em seu artigo de apresentação esclarecia que sua linha programática era "informar com precisão,
dizer e escrever com a galanteria exigida pela alta cultura e pela fina sensibilidade moral do nobre povo de Santos".
A partir do número 10, de 4 de novembro de 1927, Folha da Tarde viu-se forçado a mudar de
título em face de intimação judicial requerida pela Folha da Manhã Ltda., que dispunha de um jornal de igual título, cuja publicação naquele
instante estava suspensa. Passou portanto o vespertino citadino a usar o nome de Santos, quer dizer, Folha de Santos.
A fim de melhor atender à sua verdadeira profissão, o dr. Estácio Pessoa teve de abandonar o cargo
jornalístico, no qual foi substituído por Francisco Paino.
Quando a 23 de outubro de 1928 completou seu primeiro aniversário, Folha de Santos lançou edição
especial de 28 páginas, aberta com alegoria ao colaborador anônimo e obscuro do jornalismo - o pequeno vendedor de jornais.
Nessa altura, a folha contava com o concurso eficiente de Jaime Franco e prof. Isaltino de Melo em
posto diretivo, fazendo trio com Paino. Mas o dono do jornal era Giusfredo Santini. Jaime Franco foi redator-chefe de 1929 a 1930 ou até a revolução
getuliana.
Tudo decorria em paz até que sobreveio a vitória da Revolução da Aliança Liberal, a 24 de outubro
de 1930, quando grupos de vândalos assaltaram e depredaram as instalações da Folha, como também incendiaram as oficinas onde o vespertino era
composto e impresso, sejam as de A Tribuna. E a folha de Paino e Jaime Franco teve de suspender a publicação, embora indenizada mais tarde
pela União, como os outros.
Reiniciou a publicação a 17 de outubro de 1933, sob a responsabilidade de nova empresa, tendo como
redator-chefe o jornalista Luís Cardoso e gerente João da Silva Figueira.
Em seu número de 2 de fevereiro de 1935, a direção do vespertino comunicou que, à falta de
oficinas próprias, via-se obrigada a interromper a publicação do jornal, cuja redação e administração funcionavam na Rua João Pessoa n. 83.
Imagem: reprodução da primeira página do Folha de Santos de 26/6/1930
(exemplar no acervo do historiador Waldir
Rueda)
A Escova - 1928
Depois de muita divulgação pela Praça de Santos, surgiu pela primeira vez na "arena
jornalística", como se dizia no passado, A Escova, semanário humorístico de propriedade de A. Vitorino & Cia. e dirigido por Thyrso de
Molina, pseudônimo do jornalista Aires dos Reis. Publicava-se aos sábados e custava 400 réis o número avulso. Gerente: C. Fernandes. Compunha-se de
112 páginas e tinha o formato de tablóide.
Matéria divulgada nesse primeiro número: A Escova Esportiva; Nove na Bancada;
Galeria Política, em versos, em que o cidadão apontado era o senador Azevedo Júnior; Pelo Fio, e demais.
Eis o que oferecia A Escova: "Pagaremos
5$000 por artigo publicado; aos neófitos, de graça, mas nos mandem coisa de jeito". E noutro
canto: "Os trabalhos preferivelmente em prosa, não devendo exceder de 25 linhas. Façam força
para os cinco".
O 1º número saiu a 23 de junho de 1928. Logo depois, antes que o periódico tomasse pé, ou a 11 de
julho de 1928, deixou o cargo o gerente C. Fernandes, sendo substituído por Antônio Vitorino.
Praça de Santos, noticiando a circulação do segundo número, disse que A Escova fazia
humorismo inocente e melhorou de roupa, isto é, de papel. "Seria interessante indicar que sua
cor - um amarelo-ouro - não revela ser idêntica às suas idéias e boutades. O contraste é mesmo gritante".
Thyrso de Molina, irrequieto, metido a difamar quem não lhe caísse nas graças, agressivo e
desabrido, criou de graça outros inimigos.
Num dos números do seu jornal xingou o presidente da A.A. Portuguesa de "Comendador Farelo",
embora não citasse o nome. Mesmo assim, Ferreira Lage processou-o. Mas quem assumiu a responsabilidade foi o sr. Clóvis Caneiro, editor e
responsável pelo semanário. Thyrso de Molina, o Ayres dos Reis, já estava à distância. O processo correu e o editor do periódico foi absolvido, mas
em segunda instância o querelado foi condenado a 2 meses de prisão e a um conto de réis de multa. Houve apelação ao Tribunal de Justiça e Clóvis
Carneiro ganhou a causa. A essa altura, A Escova já havia desaparecido.
Num gesto de desabafo, Clóvis Carneiro, pela Seção Neutra de Praça de Santos, comunicou ao
público que não foi o autor da nota julgada ofensiva ao sr. Ferreira Lage; em A Escova exercia funções simplesmente comerciais, não tinha
nenhuma responsabilidade no processo. Por delicadeza moral, ele assumiu a responsabilidade, foi absolvido, condenado e, em instância superior e
final, triunfou!
Mas o que é certo é que A Escova escovou muita gente em sua efêmera existência...
Todavia, o periódico ressurgiu. Praça de Santos, em sua edição de 19 de agosto de 1928, deu
esta notícia: "Depois de alguma interrupção por causa de um curto-circuito, voltou a circular
ontem (18) A Escova, de propriedade de Aires dos Reis Ltda., sob a direção de Clóvis Carneiro, jornalista paraibano. Loque que os garotos
começaram a apregoar o periódico, houve rebuliço fora do comum. Os admiradores do alegre semanário exultaram de alegria. E A Escova aí está,
mais forte do que nunca, sadia e pronta para desopilar todos os fígados...".
A Mocidade - 1928
A Mocidade, que se dizia órgão liberal do funcionalismo bancário, foi distribuída pela
primeira vez no dia 17 de junho de 1928. Dirigido por Artur Cruz Gonçalves e gerido por Joaquim M. Santos. Tinha como secretário Mário Alves da
Silva, situando-se a redação na Avenida Vicente de Carvalho, 20.
Entre a matéria publicada, reportagem com fotografia da festa que a firma Medeiros & Cia. ofereceu
à sociedade para comemorar as novas instalações do Palace Hotel; Lei das Feiras; Necrológio de José Soares Leite; Vencida,
poesia de Olegário Mariano; Beijos, poesia de Mário Silva; Esportes; Mocidade, um artigo de Rui Barbosa; Ontem e Hoje e
O Caso do Banco Noroeste (assinado sob o pseudônimo A. C. O.).
O Apito - 1928
O Apito era o tipo do jornalzinho de trepações. Não que falasse mal de alguém, mas porque
punha jovens e moças na berlinda, com eles zombeteando, escrevendo motejos, sem usar a maledicência. Era do gênero "diz-que-disse". Exemplifiquemos:
"Dizem que a Alice vai aos domingos ouvir a retreta na Praça dos Andradas só para ver o
Antoninho. Será?"
A série de trepações era publicada por bairros. Cândido Hernandez, em sua juventude, morava lá
pelo bairro do Valongo, na área de São Leopoldo, Alexandre Rodrigues, Caiuby, Alexandre de Gusmão e Comendador João Cardoso. Mandou sua colaboração
para O Apito. Foi a primeira. Só que não discriminou o bairro, que não tinha nome. E no domingo seguinte, dia em que saía o periódico,
apareceu o trabalho de Cândido, subordinado ao título: No Bairro Chinês.
E a coisa pegou. E o velho núcleo residencial passou a ser, daí por diante, chamado de Bairro
Chinês.
O Diário - 1929
Eis o cabeçalho do primeiro número de O Diário: "Folha
de combate. Do povo para o povo e pelo povo. Alheio a qualquer ligação partidária. Ano I - 2ª feira, 30 de dezembro de 1929 - Número 1. Diretor:
J.R. Tucunduva".
O jornal tinha 8 páginas e dividido em 7 colunas. A redação e administração ficavam na Rua
Vasconcelos Tavares, 13. Custava 200 réis o número avulso.
Abrindo o jornal, com o título O nosso aparecimento, o artigo do diretor em que fixava o
programa ser observado pela nova folha, que tinha inegavelmente caráter popular.
Eis as suas seções: O Universo em Dia (telegramas); Crônica Portuguesa; Notas &
Reparos; Telas e Palcos; O Diário Mundano; Pelos Templos; O Diário de Esportes; Tribuna Operária e Várias.
Diário da Tarde - 1929
Praça de Santos, dirigida por Rafael Correia de Oliveira, em sua edição de 4
de junho de 1929, como nas seguintes, noticiou com destaque e até publicou anúncios em duas colunas que Diário da Tarde, novo órgão,
vespertino de combate e noticioso, deveria sair dentro de poucos dias sob a direção de Reis Perdigão.
Reis Perdigão, na época, era o braço direito de Rafael Correia de Oliveira na
Praça de Santos, ocupando a chefia da redação.
Acompanhamos o dia-a-dia daquele matutino e observamos logo depois seu silêncio em
torno do anunciado vespertino de Reis Perdigão. Teria saído? Com certeza, não!
Vitoriosa a revolução da Aliança Liberal, Reis Perdigão já se encontrava em seu
Estado, o Maranhão, onde logo foi investido no cargo de interventor federal.
O Alfinete - 1929
No fim de agosto de 1929 apareceu o periódico O Alfinete. O vocábulo não se
referia à planta mas à pequena haste de metal que tem cabeça no lado superior para pregar ou segurar peça do vestuário e que também dá picada.
Era jornalzinho de humorismo, crítico, literário e noticioso. Tinha parte infantil,
inseria muitas informações e propaganda. Modestamente inscrevia após o título, no cabeçalho: "O
mais interessante semanário que Santos já viu".
Em sua edição de 21 de agosto de 1929, Praça de Santos, elogiando por
antecipação seu humorismo e crítica, anunciou que o periódico deveria sair dentro de poucos dias.
A Sogra - 1930
Entre 1929 e 1930 foi editado o jornalzinho A Sogra, dirigido por Djalma
Torres, linotipista de Gazeta do Povo. Como O Apito, era minúscula folha de trepações. Já não mais existia aquele outro jornalzinho de
"diz-que-disse" e por esse motivo A Sogra teve boa aceitação. Os mexericos também eram feitos por bairros.
Djalma Torres cansou-se ou viu-se sem tempo para rever e linotipar o jornalzinho,
visto que, terminada a tarefa da edição do dia de Gazeta do Povo, empreendia a tarefa extra com composição de "matéria fria" para as edições
posteriores. Fato é que ele ofereceu a este jornalista, ainda no embalo de seus vinte anos, a incumbência de fazer sob sua responsabilidade e conta
o jornalzinho. E fizemo-lo, compondo-o e imprimindo-o no Jornal da Noite, onde trabalhávamos, lá por 1932/1933.
Saía bem. Só que um dia fomos procurados por um sujeito que, furibundo, queria
agredir-nos porque a folha mexera com sua noiva, dizendo que ela andava de namoro com outro rapaz. Ficamos tão abatidos com a peça que o biltre
anônimo nos pregou que julgamos de melhor alvitre suspender definitivamente a publicação do jornalzinho antes que coisa muito pior acontecesse...
Santos Alegre - 1930
A fim de mostrar as belezas de Santos e sobretudo evidenciar que o nosso porto não
era triste, mas festivo e pleno de atrações naturais e artificiais, Francisco Escudero lançou em agosto de 1930 o jornal Santos Alegre.
O jornal poderia ter defeitos, quer gráficos quer de redação, porém o seu diretor
tinha intenção diferente: tornar Santos alegre!
O Estrilo - 1930
No cabeçalho de O Estrilo estas inscrições:
O estrilo é livre... Semanário maluco. Jornal que diz graça.
Seu número inicial saiu a 11 de julho de 1930. Editava-se às quartas-feiras. Proprietário - O diretor. Gerente - O proprietário. Em seu artigo de
apresentação, escrevia que, em matéria de política, passava longe, bem longe...
Leitura jocosa, hilariante e sem intromissão de pornografia,
como agora acontece em determinados jornais, livros, rádio, tevê e cinema! Entre suas seções destacamos: Seção Italiana, em que a linguagem
italiana era imitada macarronicamente; Seção Portuguesa, em que a língua lusa era imitada ao estilo bacalhoeiro e, Ouvir Estrilos, de
Eugênio Sá, hilariante paródia de Ouvir Estrelas.
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