HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Idosos radicais
Eles não querem apenas uma cadeira de balanço e um pouco de sol e competem com os
jovens em todas as atividades profissionais, esportivas, culturais e de lazer, invadindo e conquistando espaços incomuns
Nas décadas finais do século XX, um fenômeno começou a chamar a
atenção dos pesquisadores, intensificando-se no início do século XXI: a cidade tem cada vez mais pessoas idosas, que continuam residindo em Santos ou
voltam à região após a aposentadoria, atraídas pela qualidade de vida e pelas oportunidades de lazer e convivência encontradas, algumas até pioneiras no
Brasil. Enquanto os jovens rumam para outras cidades em busca de emprego, puxando assim pelo outro lado as estatísticas da média etária santista, os
idosos invadem literalmente os espaços que bem pouco tempo atrás estavam reservados apenas aos mais novos.
O professor de uma aula de ginástica na praia destinada aos jovens se surpreendeu ao
constatar que cada vez mais seus novos alunos tinham idade superior a 60 anos e ali estavam acompanhando normalmente os exercícios. Surfistas e
praticantes de vôo com asa delta e paraglider são em vários casos pertencentes à chamada terceira idade, e até mesmo se enquadram no conceito da
quarta idade. Pessoas centenárias são vistas em concursos de dança ou praticando ciclismo, natação e ginástica na praia.
Além da presença constante nos esportes radicais, os mais idosos também estudam nas
universidades e até se organizam em repúblicas, dividindo aluguel e manutenção de residências, numa experiência pioneira apoiada pelas
autoridades municipais. Que também criaram o projeto Vovô Sabe Tudo, em que pessoas de maior experiência são contratadas para transmitir seus
conhecimentos aos mais novos e aos visitantes, em oficinas de arte e cultura ou dirigindo bondes em
passeios turísticos.
E toda essa atividade atrai cada vez mais os idosos, realimentando os resultados
estatísticos que deixam Santos entre as cidades brasileiras com maior população idosa. Idosa, mas radical...
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