Ata número 1 do Asylo de Mendicidade de Santos, de 2/6/1904
Histórico
No dia 2 de junho de 1904 foi fundado o Asylo de
Mendicidade de Santos, pelo delegado de Polícia Antenor de Campos Moura, que assumiu a presidência com o objetivo de diminuir a mendicância em
Santos.
No dia de sua posse, o presidente enfatizou que o Asylo de Mendicidade era uma
necessidade em Santos, pois era preciso acabar com o triste espetáculo notado diariamente nas ruas mais populosas da cidade: homens, mulheres,
crianças e velhos que imploravam a caridade. Para o Asylo iriam aqueles que, depois de um exame rigoroso, fossem declarados inaptos para qualquer
trabalho necessário à sobrevivência. A primeira sede foi instalada em 21 de agosto de 1904, na Chácara de nº 42, da Rua Visconde do Embaré, no sopé
do Morro do São Bento.
Para organizar e dividir as atribuições de interesse do Asylo de Mendicidade de
Santos, em junho de 1904, a diretoria dividiu-se em três comissões: a primeira para obter sócios; a segunda, para a elaboração de estatutos; e a
terceira para cuidar do orçamento. O presidente Antenor de Campos Moura participava e cuidava de todas as comissões.
Foi publicado um trecho do estatuto do Asylo de Mendicidade de Santos no Diário
Oficial do Estado de São Paulo, em que foi declarado fundado, nesta cidade, no dia 2 de junho de 1904, o Asylo de Mendicidade de Santos; e que
sua administração seria eleita anualmente, composta de oito membros: presidente; vice-presidente; 1º e 2º secretários; 1º e 2º tesoureiros, e dois
diretores, cabendo ao presidente representar a associação em juízo ou fora dele; e que os sócios não se responsabilizam, nem mesmo subsidiariamente,
pelos atos ou compromissos praticados pela diretoria.
Prédio do Asilo na Avenida Francisco Glicério, no século XX
Por causa do crescente número de pessoas carentes, foi necessário procurar um local
maior. Com o objetivo de atender ao aumento da demanda, foi conseguido em um leilão, realizado em 1913, o imóvel situado na Av. Bartolomeu de Gusmão
nº 15, onde hoje funciona a Pinacoteca Benedito Calixto. O Asilo permaneceu lá até o fim de 1921. Naquele mesmo ano, a Câmara Municipal de Santos
deu parecer favorável da Comissão de Finanças, atendendo ao requerimento da mesma sobre o projeto da construção de um novo prédio para a
instituição. O novo prédio foi inaugurado em 15 de janeiro de 1922, na Av. General Francisco Glicério nº 642.
A primeira reforma estatutária ocorreu em 29 de junho de 1923, e o Asylo de
Mendicidade de Santos passou a ser chamado de Asylo de Inválidos de Santos. Nos anos de 1942, 1967 e 1968, houve mais três reformas dos estatutos
sociais, que foram decisivas para a definição da constituição física do Asylo. A cada reforma, o Asylo foi se aprimorando no que diz respeito às
atribuições e deveres de suas diversas categorias de sócios, contribuintes, benfeitores e grandes beneméritos.
Prédio do Asilo na Avenida Francisco Glicério, no século XX, visto pelos fundos, onde
confrontava com a Estrada de Ferro Sorocabana.
Nas primeiras décadas de existência, o Asilo abrigava cerca de 50 moradores, mas, com
o passar dos anos, este número foi aumentando e a instituição teve assim que, de alguma forma, aumentar a renda.
A ajuda da comunidade é a principal forma de subsistência do Asilo de Inválidos,
através de sócios benfeitores, beneméritos e doações. O Asilo também recebia doações de dormentes - travessas de madeira -, da Companhia Docas de
Santos e da Estrada de Ferro Sorocabana, para revender. Na década de 1940, muita madeira era consumida pela comunidade, que utilizava fogão à lenha,
e esses dormentes tornaram-se mais uma forma de sustento para o Asilo.
No segundo semestre de 1982, Arnaldo Gago entrava como novo presidente do Asilo de
Inválidos de Santos. Ele instalou um bazar de pechinchas, que se tornou grande fonte de renda. Com Arnaldo na presidência, o Asilo viveu uma
verdadeira revolução: além do bazar, ele conseguiu transformar a revenda de madeiras em uma marcenaria, mandando ampliar um anexo para que fossem
feitas não apenas reformas de móveis e utensílios, mas a fabricação dos mesmos. Houve também reformas no prédio do Asilo. Já em 1993, Antônio de
Cillo Leite assume a presidência do Asilo, iniciando o trabalho com divulgação por meio de exposições.
"No dia 12 de abril de 1994, a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
decreta:
"Art. 1º - É declarado de Utilidade Pública o Asilo de Inválidos de Santos, no
município de Santos."
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Em 1995, estava sendo estudada a possibilidade da construção de uma nova sede para o
Asilo de Inválidos. Em meados de 1997, o imóvel em que se instalava a instituição, na Av. General Francisco Glicério, já estava sendo negociado com
a Sociedade Visconde de São Leopoldo, Mantenedora da Universidade Católica de Santos (UniSantos).
Fachada da Casa do Sol no Morro da Nova Cintra, em 2003
A construção da nova sede começou em 1998, no Morro da Nova Cintra, e teve um custo
total de aproximadamente R$ 5 milhões. A cerimônia de inauguração foi realizada em 9 de dezembro de 2000, com apresentações e festividades que se
estenderam por alguns dias.
"O clima é melhor, menos poluído e as instalações do projeto obedecem à
atual legislação sobre asilos"
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A sede da Av. General Francisco Glicério - onde permaneceram por quase 90 anos - tinha
a capacidade para abrigar apenas 75 moradores; já a sede no Morro da Nova Cintra tem capacidade para 140.
Instalações da Casa do Sol no Morro da Nova Cintra, em 2003
Todos os móveis e armários foram feitos de forma padrão pela marcenaria do Asilo. A
casa foi toda adaptada às necessidades dos idosos, conforme a legislação.
Com a mudança de endereço, foi proposto também a mudança de nome, de Asilo de Inválidos
de Santos para Casa do Sol, mas até hoje os dois nomes estão sendo utilizados juntos, o que foi justificado pela diretoria como meio de não
abandonar a tradição e o reconhecimento.
Instalações da Casa do Sol no Morro da Nova Cintra, em 2003
Instalações da Casa do Sol no Morro da Nova Cintra, em 2003
Cuidados odontológicos e médicos, em instalações próprias, na Casa do Sol, em 2003
Atividades físicas fazem parte da programação na Casa do Sol, em 2003
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