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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - CÂMARA
As muitas sedes da Câmara quase despejada-2

Embora a história registre muitos endereços para as instalações do Legislativo, este poder entra no século XXI correndo até o risco de despejo

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Poder que de fato governava a Cidade, desde os tempos coloniais do Conselho Municipal, até que surgisse em 1908 a figura do prefeito, o Legislativo acumula ao longo de quatro séculos e meio de história uma série de localizações, algumas delas bem conhecidas dos santistas, como o edifício da Câmara e Cadeia Velha, na Praça dos Andradas, e o prédio duplo do Valongo onde se instalaram a Prefeitura e a Câmara, até que em 1939 fosse inaugurado o Paço Municipal na Praça Mauá, abrigando as instalações desses dois poderes. Só em 2011 a Câmara ganhou prédio próprio, o reformado Castelinho do Corpo de Bombeiros.

Texto publicado em A Tribuna, edição de 6 de janeiro de 2005:


São precárias as condições do imóvel que a Câmara ocupa, alugado por R$ 52 mil, na Rua XV
Foto: Ricardo Nogueira, publicada com a matéria

LEGISLATIVO
Barbosa promete sede própria da Câmara

Presidente quer utilizar terreno ocioso, que foi cedido em 1982

Da Reportagem

O presidente da Câmara, Paulo Barbosa (PSDB), prometeu ontem iniciar em 90 dias a construção da sede própria do Poder Legislativo. "Pode pôr aí: daqui a 90 dias, nós começamos as obras", afirmou ontem o tucano (N.E.: o partido político PSDB tem como símbolo o tucano) a A Tribuna.

Barbosa já definiu o local onde a Câmara terá o prédio. Trata-se de um terreno localizado na esquina das avenidas Senador Feijó e Rangel Pestana, na Vila Mathias.

Em 1982, quando Barbosa era prefeito de Santos nomeado pelo regime militar, o terreno foi cedido ao Legislativo para a construção da sede própria. No entanto, em 22 anos, nenhum presidente da Câmara conseguiu viabilizar o projeto.

Atualmente desocupado, o terreno ainda pertence à Prefeitura. E será novamente cedido à Câmara por meio de um decreto a ser assinado pelo prefeito João Paulo Tavares Papa (PMDB).

Ontem, Barbosa e Papa mantiveram uma reunião de mais de uma hora. Foi no encontro que o prefeito deu sinal verde à cessão do terreno.

O presidente da Câmara diz que pretende encerrar a construção do prédio da Câmara até o final de seu mandato na presidência, em 2006.

Barbosa terá que se programar financeira e administrativamente. O primeiro passo a superar é a elaboração de um projeto de engenharia. "Os técnicos da Prodesan farão isso", explica.

O segundo obstáculo é obter dinheiro para iniciar as obras. No orçamento da Câmara deste ano, de R$ 30,2 milhões, há uma previsão de R$ 1 milhão 495 mil para a obra.

O dinheiro será suficiente? "Não sou construtor, mas eu acho que não", responde Barbosa. Avaliações preliminares apontam que a obra não sairia por menos de R$ 3,5 milhões.

Caindo aos pedaços - Se Barbosa conseguir construir o prédio, a Câmara se livrará de um fardo pesado. Atualmente, a Casa paga R$ 52 mil mensais pelo aluguel do edifício da Rua XV de Novembro, 103, onde funcionam os gabinetes dos vereadores e as principais repartições legislativas.

O contrato de aluguel, que vence em maio, é alvo de pesadas críticas. Motivo dos ataques: apesar dos R$ 52 mil mensais, o prédio do anexo está, literalmente, caindo aos pedaços.

Na terça-feira, A Tribuna esteve no edifício. A maioria das salas tem deteriorações graves, com fiações expostas, goteiras e problemas hidráulicos, como infiltrações.

No gabinete que será ocupado pelo vereador Marcus De Rosis (PFL), por exemplo, as goteiras destruíram o piso e praticamente impedem o uso do local. "Aqui, chove dentro da sala até em dia de sol", disse um funcionário da Câmara.

Mas não é só. "Há obras de arte se deteriorando no plenário do anexo", afirma outro funcionário.

Para piorar, existem riscos de acidentes. Duas caixas d'água com capacidade para 10 mil litros - o equivalente a dez toneladas - estão apoiadas sobre plataformas frágeis. "As plataformas, como vocês podem ver, estão com ferros expostos", afirmou outro servidor da Câmara. "Qualquer dia isso aqui vai cair".

 

Obra na V. Mathias deve começar em 90 dias

 

Absurdo - Apesar dos problemas, Barbosa diz que não romperá o contrato com o dono do prédio da Rua XV. "O valor é um absurdo porque a situação do prédio é caótica", admite o presidente. "Mas não sou homem de romper contratos".

Barbosa afirma que tentará convencer os donos do prédio a reformá-lo. "Também vou pedir que o valor do aluguel seja reduzido. No entanto, como há contrato, não tenho como obrigar uma redução".

Com quase uma centena de salas, o edifício da Rua XV é usado pela Câmara desde 2000. No ano passado, o ex-presidente e ex-vereador Odair Gonzalez (sem partido) renovou o contrato depois de não ter conseguido comprar a sede própria do Legislativo.

A renovação pelo valor de R$ 52 mil foi feita com base em laudos de peritos, alegou Gonzalez.


Barbosa cedeu terreno, na V. Mathias, quando era prefeito
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria

Pois é. Esta história ainda está longe de terminar...

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