Foram quase dois anos de trabalhos, R$ 22 milhões investidos e
algumas pedras no caminho, mas a casa própria agora não é mais um sonho
Foto: Bruno Miani, publicada com a matéria
Demorou. Mas agora a Câmara vai afinal para sua nova casa
Inauguração do imóvel definitivo do Parlamento santista será no retorno do recesso
Da Redação
O
semblante visivelmente transparece o cansaço, mas o vereador Manoel Constantino (PMDB) se diz feliz. Após quase dois anos de trabalho – que
incluíram desmontes de rochas, rebaixamento de solo, um restauro completo e a construção de um prédio -, o presidente da Câmara é incisivo: a
despeito dos que não acreditavam, a nova sede do Legislativo santista começa a funcionar, sim,no dia 1º de agosto, retorno do recesso parlamentar.
Na última terça-feira, foi anunciado o resultado da licitação para fornecimento de aparelhagem de som e vídeo, além do serviço de retirada,
limpeza e instalação do equipamento que a Casa já possui. Este material já era usado na Sala Princesa Isabel, onde ocorriam as sessões até junho. O
contrato foi fechado em R$ 79,8 mil, com a Jefferson Equipamentos de Som.
"Está garantido que até o dia 29 (de julho) tudo estará pronto", diz Constantino. No último dia 13, o Castelinho – como é conhecido o local onde a
nova Câmara funcionará – começou a receber as mobílias, que serão distribuídas nos três pavimentos. Os trabalhos de montagem e instalação ocorrem
desde então, ao longo do dia.
Foram necessárias seis carretas para trazer todo o material de São Paulo. Outras duas retiraram o descarte para reciclagem. O cronograma indica
que todo o mobiliário esteja instalado até a próxima quarta-feira. O Plenário Oswaldo De Rosis já está praticamente pronto para receber os
parlamentares.
Os móveis custaram aproximadamente R$ 1,3 milhão. Deste total, R$ 810 mil saíram do que restou do orçamento anual do ano passado do Legislativo e
foi devolvido à Prefeitura. O restante foi arcado pela própria Administração.
HONRA |
"É uma honra estar participando deste
momento histórico"
|
Manoel Constantino, vereador e
presidente da Câmara Municipal |
Mudança
– Além da chegada dos móveis novos, a transferência total do Parlamento será concluída até o fim da semana que vem. Hoje serão instalados os
departamentos Legislativo e Administrativo. Na segunda e terça-feiras, a Contabilidade e os gabinetes dos vereadores. Todas essas seções funcionavam
no anexo alugado pela Casa, na Rua XV de Novembro, no coração do Centro Histórico. Gastava-se, em média, R$ 62 mil ao mês para mantê-lo.
Já a partir de quarta, começa a mudança dos departamentos que ficavam no Paço Municipal (onde está a Sala Princesa Isabel): Mesa Diretora,
Imprensa e Cerimonial.
Constantino informa que os 98 computadores atuais também serão transferidos, mas já está em andamento processo de licitação para a compra de
outros 100. "Já há quatro empresas interessadas em prestar o serviço".
O Castelinho – antiga sede do Corpo de Bombeiros, fundada em 1909 – abrigará o setor administrativo e legislativo, os gabinetes da Mesa Diretora e
a copa. O setor intermediário – que liga o Castelinho ao prédio novo – contará com o plenário e a sala de audiências públicas. Já a nova edificação
será ocupada pelas salas dos vereadores e salão de eventos, entre outros.
Plenário deixa a Sala Princesa Isabel e ganha ares de modernidade
Foto: Bruno Miani, publicada com a matéria
Meta é a proximidade com munícipes
"Trazer a população aqui para dentro". Para o presidente do Legislativo, Manoel Constantino, é este o principal projeto que a Casa receberá nos
próximos meses.
Constantino não se cansa de repetir que o Castelinho será, após 120 anos de espera, a primeira "casa própria" do Parlamento santista. "Não havia
mais condições de usarmos o anexo (o prédio da Rua XV), que, além de representar um gasto absurdo, estava com problemas de conservação".
Segundo ele, a idéia é sempre incentivar a entrada do munícipe no novo imóvel, promovendo exposições artísticas, apresentações musicais, palestras
e debates. "Educar para a cidadania desde cedo é um dos objetivos".
Presidente da Casa eleito para o biênio 2011-2012, Constantino não teve tempo de aproveitar o recesso parlamentar de julho. "Nem daria. Tenho que
acompanhar chegada de material aqui (Castelinho), saída de lá (Paço Municipal e anexo da Câmara). Tem movimento praticamente o dia inteiro".
E à noite também. Ontem e na quarta-feira, operários trabalhavam na instalação dos móveis no período noturno.
Caminho
– A trajetória até a sede própria da Câmara de Santos não foi fácil. Desde 1945 a Casa funciona no Paço Municipal. Em 1999, o Legislativo passou a
ocupar também o prédio anexo – e alugado – da Rua XV de Novembro.
A mudança para a sede definitiva teve início efetivo em maio de 2008, quando o então presidente da Câmara, vereador Marcus De Rosis (PMDB),
assinou o contrato para a construção do novo prédio.
A previsão inicial de custo era de R$ 12 milhões. Atualmente, a estimativa é de quase o dobro: R$ 22 milhões. Gastos inesperados surgiram no
caminho. Ou uma pedra.
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado (IPT), por questões de segurança, apontou a necessidade de retirada de rochas das encostas do
Monte Serrat, atrás do Castelinho.
O restauro do imóvel, com a preservação das características originais do prédio, também demandou tempo. Já a edificação nova, com 7 mil metros
quadrados, foi construída sobre área com o solo rebaixado. Isso porque o imóvel não poderia, por determinação do Ministério Público (MP), ter altura
maior que a do Castelinho.
Constantino acompanha de perto toda a preparação da sede nova
Foto: Bruno Miani, publicada com a matéria |