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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - A MAIS ESPORTIVA
Remo volta a ser praticado

Esporte tinha declinado na década de 1980

Registrando a volta da prática desse tradicional esporte na região, o jornal santista A Tribuna publicou, no caderno Porto & Mar/Náutica, em 25 de janeiro de 1997:


O atleta coloca 70% da força necessária nas pernas.
Os braços e o tronco respondem por apenas 30% da movimentação.
O exercício é recomendado por médicos por causa dos benefícios cardio-respiratórios
Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria

REMO

Esporte reaparece com força total na Baixada

A atividade já foi áurea nas décadas de 30 e 40, mas sofreu um declínio nos anos 80. O futuro se mostra promissor

Flávio Freire
Da Reportagem

Depois de cair quase que no esquecimento absoluto durante a década de 80, o remo - esporte náutico que já passou por momentos gloriosos na região desde o seu surgimento, no final do século passado (N.E.: século XIX) - reaparece com força total na Baixada. Um trabalho que vem sendo realizado nas escolinhas dos clubes Vasco da Gama e Regatas Santista, em parceria com a Prefeitura.

Aos poucos, o remo começa a forçar suas braçadas na direção de títulos em campeonatos estaduais. Ainda que remando contra a correnteza, atletas, professores e especialistas no ramo se abraçam na luta para difundir essa prática e criar novos campeões. A falta de patrocínio ainda aparece como obstáculo natural para incrementar o esporte na Cidade.

Segundo o professor de remo do Vasco, Alexandre Zanelato, o esporte é caro, mas pode ser acessível, desde que haja interesse de investimentos por parte da iniciativa privada e também dos governos municipal, estadual ou federal. O Vasco mantém 16 barcos em sua flotilha, inclusive, um deles foi construído há 80 anos e ainda é usado nas aulas.

Primeiros passos - Aos 26 anos, Zanelato é atualmente responsável por uma turma de 35 alunos, que têm idade média de 15 anos. Garotos que, segundo ele, já começam a despontar no cenário estadual do esporte. Ele recorda o segundo lugar obtido no ano passado em uma regata oficial, na raia da USP, na Capital.

Com o remo na mão e muita força de vontade, a equipe do Vasco já se prepara para enfrentar o calendário oficial de competições estaduais, com cerca de 10 regatas contabilizadas ao longo do ano. Após o Carnaval, terão início as provas que somam pontos às equipes e determinam participações no Brasileiro e, conseqüentemente, oportunidades de remar no Mundial e até nas Olimpíadas.

Zanelato diz que pretende levantar o nome da Cidade por meio do esporte. "Santos sempre foi bastante atuante no remo. Muitos santistas participaram de competições importantes, principalmente entre as décadas de 30 e 40", disse. Nomes como Odair Faber, Severino Maria, Dino Romiti e Agostinho Hernandes subiram ao pódio inúmeras vezes durante anos.

Tradição em Santos - Como sinônimo de importância do esporte na região está a criação dos clubes da Ponta da Praia. Segundo Zanelato, todos eles nasceram de uma garagem de remo. Daí, o título de Regatas que ostentam há anos. O Regatas Santista, por exemplo, é o mais antigo clube de regatas do País (N.E.: na verdade, a primazia pertence aos clubes gaúchos Guaíba, fundado em 29/10/1892, e Porto Alegre, surgido em 21/11/1888, desde que não há documentação sobre as datas de fundação dos clubes santistas Nacional e Internacional, que em 1893 se fundiram no Regatas Santista). Desde 1893, ocupa a sede com remos e barcos de madeira.

O professor lembra também a viagem do atleta santista José Toledo Piza à França. Hoje, Piza é um dos auxiliares técnicos da seleção francesa de remo, equipe que mais conquistou medalhas nos jogos de Atlanta, no ano passado. Os franceses levaram para casa oito medalhas e se sagraram os melhores do mundo no esporte.

Mesmo sem confirmação oficial, representantes do Vasco torcem para que uma guarnição francesa compareça a Santos no final deste ano para participar da Regata da Marinha. "É uma maneira de difundir ainda mais o remo, mostrando o melhor do mundo aos atletas brasileiros", ressalta Jorge Rodrigues Batalha, diretor do departamento de remo do Vasco.

Falta de patrocínio - Batalha justifica o desaquecimento do esporte na Baixada com a falta de iniciativas dos órgãos competentes da região. Isso, segundo ele, criou um forte desinteresse dos jovens. Acredita-se que a Olimpíada de 96 colaborou para o ressurgimento do esporte. Essa hipótese pode ter como base o aumento do número de inscritos na escola do Vasco a partir do segundo semestre do ano passado.

Com 15 anos de idade, Altair Batista é um dos alunos que entraram para a escola após os jogos olímpicos. Devido à dedicação e técnica aperfeiçoada com as aulas de Zanelato, o aluno faz parte da equipe que defende a Cidade em regatas estaduais. Juntamente com Rafael Meira, João Carlos Júnior, Rolando Monteiro e José Eugênio, Altair integra a turma que conquistou o segundo lugar da etapa estadual realizada em 96, na USP.

"Quero participar de todo o calendário de 97. Gosto muito do esporte, pois também melhora meu condicionamento físico", salientou Altair, que divide o tempo entre os treinos e aulas do 2º Grau.

Condicionamento físico - Como lembrou o aluno, o esporte realmente é um dos mais indicados para o aprimoramento do condicionamento físico. Formado em Educação Física, Zanelato ressalta que a prática do remo implica a movimentação de todos os grupos musculares. Inclusive, de acordo com ele, melhora significativamente a capacidade cardio-respiratória.

Ao contrário do que muitos imaginam, são as pernas as maiores responsáveis pelo bom desempenho do atleta. "70% da força que o atleta dispensa estão nas pernas. O braço e o tronco são responsáveis por apenas 30%", ensina o professor.

Assim como a natação, o remo se transformou em indicação médica a pacientes com problemas, principalmente de respiração ou coração. Isso tem levado às escolas pessoas de todas as idades. Como um empresário paulista de 70 anos de idade que freqüenta as aulas do Vasco por aconselhamento médico.

Disciplina - As aulas são divididas entre os iniciantes, intermediários e turma de competição. Nesta última etapa, os atletas se enquadram em treinamentos rígidos, respeitando horários e disciplina baseada no espírito de grupo.

Com aulas que começam a partir das 5 horas, o curso é dividido da seguinte maneira: Iniciante, às segundas, sextas-feiras e sábados, além do Avançado e Noturno, às terças, quintas-feiras e sábados.

A idéia dos incentivadores do esporte na região é fortalecê-lo, levando para as raias de competição o maior número de atletas da Cidade. Algo que vai além do suor de professores e atletas que se esforçam para colocar Santos novamente no lugar mais alto do pódio.


Detalhe da foto publicada com a matéria

A propósito, vale registrar antiga página Web da Prefeitura Municipal de Santos, criada por volta de 1998, sobre o surgimento e o declínio desse esporte em Santos:

No tempo das regatas

A vida de Santos sempre girou em torno do mar, do porto. Foi desta relação que surgiu o primeiro esporte praticado na Cidade e também um dos que mais títulos lhe proporcionou, o remo. Para reviver a gloriosa trajetória da modalidade, é preciso voltar ao final do século XIX, com a fundação dos primeiros clubes de regatas. O primeiro em Santos e no Estado é o Clube de Regatas Santista, de 30 de abril de 1893. A seguir vieram o Clube Internacional de Regatas (1898), o Clube de Regatas Saldanha da Gama (1903) e, mais tarde, o Clube de Regatas Vasco da Gama (1911).

Foto publicada com a matéria

Uma curiosidade sobre estas agremiações, todas localizadas na Ponta da Praia, é que eram sediadas na Base Aérea (Regatas Santista), Vicente de Carvalho e Praça Mauá (Internacional), cais em frente ao Armazém 8, Praça da República (Saldanha) e Ilha Barnabé (Vasco).

O principal local das regatas foi o Valongo, onde viviam os santistas com maior poder aquisitivo e também pela facilidade no transporte dos barcos e dos remadores que vinham de São Paulo pela estrada de ferro. Estas competições representavam grandes acontecimentos na Cidade. Só para ter idéia, nestes dias linhas especiais de bonde elétrico operavam para levar o público ao Valongo.

Santos tornou o remo popular, ganhou muitos títulos, promoveu campeonatos e provas e fez grandes remadores, entre eles, Edgard Perdigão, que dá nome à ponte na Ponta da Praia.

Em 1930, a crise econômica do café refletiu no remo, um esporte caro que também foi perdendo espaço para outras modalidades, como a natação, futebol, vôlei e pólo aquático. As regatas passaram a ser realizadas em datas comemorativas, até que foram desaparecendo. Os amantes do esporte ainda tentaram reerguê-lo, sem sucesso.