Trilhos necessários para o VLT são usados por duas concessionárias de transporte de cargas
Foto: Arquivo, 14/8/2003, publicada com a matéria
SEM RESULTADOS VLT não tem previsão para sair do papel
Da Reportagem
As engrenagens que deveriam mover o projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) estão emperradas. Anunciado em 1999, o sistema de transporte tido como moderno e eficaz ainda não passa de um sonho distante para os quase 1,5 milhão de habitantes da Baixada Santista.
Ao longo dos últimos quatro anos, a população ouviu inúmeras promessas de prazos e assistiu a algumas mudanças no projeto original. De avanços práticos, no entanto, viu quase nada.
Hoje, o VLT encontra-se estacionado nas repartições da Secretaria de Estado dos Transportes e da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) de São Paulo.
Por meio dos dois órgãos, o Estado ainda tenta negociar a cessão de parte da malha ferroviária, atualmente sob concessão da MRS Logística e da Brasil Ferrovias.
E também busca empresários interessados em explorar e ajudar a financiar um serviço que promete transportar mais de 40 mil passageiros por dia entre os nove municípios da região.
O diretor da Agência Metropolitana (Agem), Koyu Iha, resume com uma frase a situação em que se encontra o projeto: "A única certeza que temos é que o VLT é necessário para a região".
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Lançado em 99, projeto evoluiu muito pouco até hoje
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Pequenos passos - O presidente da EMTU, Joaquim Lopes, no cargo há apenas três meses, nega que o projeto esteja emperrado.
Avisa que na próxima semana a Secretaria de Transportes Metropolitanos publicará uma resolução incumbindo a EMTU de apresentar em 180 dias um estudo de viabilidade financeira e o projeto básico do primeiro trecho a ser implantado, ligando Santos e São Vicente.
"Toda grande caminhada começa com um pequeno passo", filosofa o presidente, para frisar: "Estamos trabalhando".
Embora com o projeto básico em mãos o Estado já possa começar a pensar em licitar a obra, há outro impasse a resolver: a cessão de trilhos que hoje servem ao transporte de cargas de duas concessionárias, mas que precisam ser de uso exclusivo do VLT.
O secretário-adjunto dos Transportes, Paulo Tromboni de Souza Nascimento, ainda não sabe prever como e nem quando o Estado chegará a um acordo com a MRS Logística e a Brasil Ferrovias.
Em julho, uma reunião não gerou resultados satisfatórios. Logo depois, houve mudanças na direção da Brasil Ferrovias, o que pode ter levado as negociações novamente à estaca zero. "Ainda não conversei com a nova diretoria e não sei quais são as posições dela. Por isso, uma nova reunião ainda não foi agendada".
A viabilização do VLT depende de que a Brasil Ferrovias libere para o Estado a malha ferroviária que utiliza hoje, entre o Samaritá (São Vicente) e o Estuário (Santos).
Para convencer a empresa, o Estado se compromete a criar um novo trilho e reativar outro na malha usada pela MRS Logística, entre o Perequê (Cubatão) e o Valongo (Santos). As duas dividiriam o acesso ao Porto.
Enquanto não chega a um acordo, o Governo dá continuidade a estudos que simulam situações operacionais do VLT.
Há uma série de previsões: demanda de passageiros, preço de tarifas, quantidade e velocidade dos veículos, tempo de espera nas estações... E uma única certeza: ainda não será este ano que a obra será licitada, para decepção de toda a Baixada.
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