HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS -
URBANISMO (V)
Transporte integrado (?) - (2)
Metropolização, conurbação, verticalização.
Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo
de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas.Um
dos grandes problemas na pauta da metropolização é o da integração dos transportes urbanos. Enquanto isso não ocorre entre os sistemas terrestres, a
região vai pensando em reativar a integração por via aquática. Como registrou em 15 de julho de 2004 o jornal santista A Tribuna, nesta matéria:
Os serviços de dragagem em rios e canais vão possibilitar a implantação
do sistema de navegação interligando a região
Foto: João Vieira, publicada com a matéria
SÃO VICENTE
EXPECTATIVA
Cidade aposta no transporte aquaviário
Prefeitura começa a preparar estrutura para o serviço de barcos de passageiros
Da Sucursal
Canais de drenagem apontados como essenciais para
garantir o escoamento das águas pluviais na área insular, como o Rio da Vó, estão recebendo serviços de dragagem, por meio de uma parceria entre a
Prefeitura e o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), órgão do Governo do Estado.
Embora estejam sendo executados inicialmente para garantir a eficácia do sistema de
drenagem urbana, os trabalhos visam, também, viabilizar, no futuro, a implantação de uma estrutura para o serviço de transporte aquaviário de
passageiros, que poderá ter um caráter metropolitano, interligando os municípios de São Vicente, Cubatão, Praia Grande e Santos.
Na prática, após a conclusão dos serviços de dragagem, a próxima etapa consistiria em
definir os pontos de atracação. Um deles ficaria no Pompeba, de onde os barcos de passageiros sairiam em direção ao Jardim Casqueiro, em Cubatão.
O vice-prefeito de São Vicente, Paulo de Souza, participará do
encontro que ocorre hoje, em Guarujá, onde irá apresentar uma proposta para o transporte aquaviário, atualmente monitorado pela Secretaria de
Estado dos Transportes, por meio do serviço de balsas entre Santos e Guarujá.
"Preferimos não adiantar maiores detalhes técnicos. Mas, na essência, trata-se de um
sonho antigo dos moradores da Baixada Santista. A travessia entre o Pompeba e o Casqueiro diminuiria bastante o tempo de percurso entre São Vicente
e Cubatão", assinalou o vice-prefeito.
Uma das idéias é tornar navegáveis os rios Piaçabuçu, em Praia Grande, e Branco, em
São Vicente, interligando os dois municípios por meio de transporte hidroviário. "O Governo Federal tem incentivado a indústria náutica de várias
formas. Entendo que o momento é positivo para apresentar projetos desse tipo", afirmou Paulo de Souza.
Interligação - Ele argumenta que, para implantar um sistema desse porte será
necessário elaborar um amplo estudo de viabilidade econômica, prevendo também uma interligação com o transporte coletivo rodoviário municipal e
intermunicipal.
Além do caráter social, o transporte hidroviário também serviria para impulsionar o
turismo regional. "A área do Rio Branco oferece um visual bonito. Com uma estrutura adequada de atracação para embarcações, o local poderia se
transformar em um ponto permanente de atracação".
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Pompeba deverá abrigar um ponto de atracação
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Encontro em Guarujá discute a viabilidade do sistema
O Governo do Estado, a Assembléia Legislativa, a Prefeitura e a Câmara Municipal
realizam hoje, em Guarujá, o 1º Fórum de Transporte Aquaviário do Litoral Paulista. O evento acontece das 9 às 19 horas, no Delphin Hotel, situado
na Praia da Enseada.
Estão sendo esperados os secretários estaduais de Transportes, Dario Rais Lopes; de
Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes; de Economia e Planejamento, Andrea Calabi; e de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e
Turismo, João Carlos de Souza Meireles.
O objetivo do encontro é discutir a viabilidade do transporte de passageiros e de
turistas por meio de barcos na Região Metropolitana, utilizando o Estuário e os rios que compõem a Bacia Hidrográfica da Baixada Santista. Além dos
secretários, também está confirmada a participação do engenheiro Ricardo Goulart, que comanda as travessias por balsa no Litoral Paulista, e do
deputado estadual João Caramez.
O prefeito Maurici Mariano e o presidente da Câmara, Wanderley Maduro dos Reis, devem
abrir o evento às 9 horas. Goulart vai conduzir o painel de abertura, às 9h30, abordando o tema Transporte Aquaviário no Litoral Paulista.
O painel seguinte, com início previsto para as 10 horas, contará com a participação do
secretário João Carlos Meireles, que falará sobre o Transporte Aquaviário: Desenvolvimento, Geração de Trabalho e Opção Turística. Às 10h30,
será a vez do secretário Andrea Calabi abordar o tema Alternativa de Financiamento do Sistema - Parceria Público-Privada.
O secretário Jurandir Fernandes deverá usar a tribuna a partir das 11h30 para falar
sobre o Transporte Aquaviário como Opção de Mobilidade. Às 12h00, Rais Lopes expõe as perspectivas de Modernização e Ampliação do
Transporte Aquaviário no Litoral Paulista.
À tarde, a programação começa às 14 horas, e o expositor será Gabriel Dias, que
abordará Sistemas de Travessias de Passageiros no Mundo. O sexto painel ficará a cargo do deputado estadual João Caramez, que abordará as
Ações Legislativas para o Transporte Aquaviário.
Às 15 horas, será aberta a plenária para que os prefeitos da região possam discutir
propostas para o desenvolvimento do setor. A partir das 17 horas, o espaço estará disponível para debates, que devem se estender até as 19 horas. |
No dia seguinte, 16 de julho de 2004, o jornal santista A Tribuna voltou ao tema:
O encontro no Delphin Hotel debateu propostas para a utilização dos rios e canais da
região
Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria
GUARUJÁ
ALTERNATIVA
Projeto prevê 5 rotas de transporte aquaviário
Estudos da Dersa mostram as vantagens do sistema sobre as linhas rodoviárias
Nilson Regalado
Da Sucursal
O gerente de Travessias da Dersa, Ricardo Goulart,
apresentou, ontem, os estudos preliminares que prevêem a implantação de cinco linhas intermunicipais para transporte de passageiros por meio de
barcos.
As cinco rotas atenderiam as cidades de Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão e
Bertioga. Porém, segundo Goulart, para que o serviço seja implantado, de fato, é preciso que os prefeitos da região demonstrem interesse pelo
projeto. A proposta será encaminhada ao Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb).
Para os usuários, a alternativa aquaviária representaria uma economia de até 50% no
gasto mensal com o transporte intermunicipal porque, na maioria dos casos, a viagem de barco levaria o passageiro direto ao seu destino, evitando
que ele tenha que pegar mais um ônibus para chegar ao local desejado, como acontece hoje.
É justamente esse o ponto que pode emperrar o projeto, porque ele fere interesses das
empresas de transporte coletivo que servem as cidades da Baixada Santista. O gerente de Travessias da Dersa aponta ainda, como vantagem, a virtual
redução no nível de poluentes no ar, a partir da queda na emissão do monóxido de carbono que sai do escapamento dos ônibus.
Na avaliação de Goulart, dos cinco projetos, o que atenderia o maior contingente de
passageiros seria a ligação por barcos entre o Distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá, e a Ponta da Praia, em Santos. A estimativa é que essa
linha transportaria, de imediato, pelo menos três mil passageiros por dia, com possibilidade de crescimento na demanda.
Essa rota também seria a de mais fácil implantação porque as estações de embarque e
desembarque já estão prontas, tanto em Vicente de Carvalho quanto no atracadouro das balsas, em Santos. "Seria útil para muita gente. Várias pessoas
que foram entrevistadas pela Dersa demonstraram grande interesse", salienta o gerente de Travessias.
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Sistema iria reduzir o percurso entre um ponto e outro
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Distâncias menores - Outra vantagem do transporte aquaviário em relação aos
ônibus é que, pelo Estuário, as distâncias entre um ponto e outro são até 98% mais curtas do que por via terrestre.
"Temos um potencial enorme de hidrovias que não está sendo explorado. Os países do
primeiro mundo transportam tudo o que podem por hidrovias porque elas não poluem, são mais baratas e podem gerar muitos empregos".
Um dos entraves para a implantação do projeto na região, segundo Goulart, depende de
uma decisão da Diretoria de Portos e Costas, do Ministério dos Transportes, para ser eliminado. É que a velocidade permitida para os barcos é de
seis nós, quando o ideal seria de pelo menos 16 nós. "Isso iria proporcionar mais conforto e celeridade ao transporte".
Os cinco projetos elaborados pela Dersa foram apresentados na manhã de ontem, durante
o 1º Fórum de Transporte Aquaviário do Litoral Paulista, realizado no Delphin Hotel, em Guarujá.
Havia a expectativa da participação de quatro secretários de Estado no evento. Porém,
os titulares das pastas de Economia e Planejamento, Andrea Calabi; Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, João Carlos de Souza
Meireles; Transportes, Dario Rais Lopes; e Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, não compareceram, enviando representantes.
A Dersa defendeu a criação de linhas intermunicipais de barcos
Foto: reprodução, publicada com a matéria
Terminal em Santos facilitaria integração
O projeto de transporte aquaviário prevê, numa segunda etapa, a interligação de quatro
das cinco rotas a partir do terminal de passageiros existente na Praça da República, em Santos. Ou seja, seria possível viajar de barco desde a
Ponta da Praia até Cubatão, com escalas em Vicente de Carvalho, na Praça da República e no Valongo, em Santos, e chegada nas proximidades da Cosipa.
O melhor é que o usuário iria pagar uma única tarifa integrada, num processo
semelhante ao que acontece no Terminal de Ônibus do Valongo, em Santos, ou nos terminais de ônibus de Praia Grande.
A partir da Ponta da Praia, também seria possível atingir o Bairro do Caruara, na área
continental de Santos; a Cachoeirinha, em Guarujá: e o Centro de Bertioga. Nesse caso, seria preciso trocar de barca na Praça da República.
"Estamos mostrando a viabilidade do projeto. Essa é uma oportunidade para que os
prefeitos confirmem, se querem, realmente, implantar esse sistema. Podemos pegar todo esse bloco e tentar resolver em conjunto. Assim, a proposta
teria muito mais força do que isoladamente", salienta Goulart.
Segundo o gerente de Travessias da Dersa, até agora apenas a Prefeitura de Santos e a
Associação dos Moradores de Caruara formalizaram um pedido visando a criação de uma linha capaz de interligar a área continental à sede do
Município.
De barco, os santistas não teriam de cruzar as cidades de Cubatão ou Guarujá para se
locomover entre a Ilha e o Continente. Hoje, para atingir o Caruara, é necessário utilizar as rodovias Cônego Domênico Rangoni e Rio-Santos. Por
terra, o trajeto tem cerca de 40 quilômetros. Pelo mar, o percurso não chega a quatro quilômetros.
São Vicente - A única travessia que não estaria integrada à Praça da República
seria a ligação entre a Área Continental de São Vicente e o Mar Pequeno, num percurso de quatro quilômetros que, por terra, é feito em 15
quilômetros. A idéia é navegar pelo Rio Mariana, permitindo o embarque e desembarque de passageiros no Humaitá e nas proximidades da Ponte Pênsil.
Projetos elaborados pela Dersa
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Linha |
Percurso
por terra
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Distância pelo mar
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Praça da
República (Santos)-Bertioga |
63 km
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4.800 m
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Valongo
(Santos)-Cubatão (Cosipa) |
16 km
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8.250 m
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Ponta da
Praia-Vicente de Carvalho-Valongo |
10 km
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9.700 m
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Caruara
(Santos)-Cachoeirinha (Guarujá) |
28 km
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400 m
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Humaitá
(São Vicente)-Mar Pequeno (São Vicente) |
15 km
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4 mil m
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Fonte: Gerência de Travessias da Dersa
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O jornal santista A Tribuna registrou ainda, na edição de 13 de outubro de 2004:
OBRAS - A Dersa investirá R$ 1,8 milhão para agilizar a travessia de balsas.
Em Santos (foto), bolsão de embarque de veículos terá 2 novas faixas
Foto: Anésio Borges, publicada com a matéria
TRAVESSIA
Dersa vai ampliar área de embarque da balsa
O investimento em Santos e Guarujá será de R$ 1,8 milhão
Da Reportagem
A Dersa pretende investir R$ 1,8 milhão na ampliação da
área de embarque da travessia de balsas em Santos, e no remanejamento das cabines de pedágio, em Guarujá. As intervenções, segundo a empresa,
reduzirão filas e tornarão mais ágil o transporte de veículos entre as duas cidades. As obras, porém, só devem começar após a temporada de verão.
Em Santos, a Dersa já abriu licitação para criar duas novas faixas para veículos no
bolsão de embarque. Ao invés das três atuais, serão cinco, o que aumentará a capacidade de carros no local. Com isso, a empresa espera agilizar o
ingresso dos automóveis nas balsas e reduzir as filas, que em alguns dias e horários de pico se estendem até o Canal 6.
Já no Guarujá, o processo licitatório ainda não foi iniciado, mas há planos concretos
de alterar o posicionamento das cabines de pedágio. Elas serão alinhadas de forma a tornar mais rápida a cobrança.
Além disso, a empresa planeja instalar uma nova cabine na Avenida Ademar de Barros,
que será exclusivamente destinada aos motoristas que embarcarem no antigo atracadouro.
Hoje, segundo a empresa, o embarque nesta plataforma é demorado, pois os veículos têm
que ir até o atracadouro principal, fazer o retorno para, só então, chegar ao local que dá acesso à balsa. "É um transtorno que desagrada os
usuários e que queremos eliminar", afirma o gerente de Operações da Dersa, Ricardo Goulart.
Segundo ele, as obras em Santos podem começar antes mesmo do fim da temporada. "Se
isso acontecer, vamos procurar minimizar ao máximo os transtornos, para que os trabalhos não atrapalhem o sistema de travessias".
Já em Guarujá, não há previsão de quando será aberta a licitação.
A travessia, junto ao trecho final do porto de Santos, em 1998
Foto: Prefeitura Municipal de Santos
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