HISTÓRIA EM RUÍNAS - Velhos casarões de Santos,
que não foram incluídos no processo de tombamento, podem desaparecer
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria
Patrimônio
Perdendo a memória
Velhos casarões da Cidade, que não foram incluídos no processo de tombamento
aberto pelo Condepasa, estão desaparecendo ou mudando as características
Da Reportagem
Edificações típicas da época do ciclo do café na região,
os casarões da Cidade que não são conservados por seus proprietários ou os que não se incluem no processo de tombamento aberto pelo Conselho
Municipal de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa) estão desaparecendo ou já perderam totalmente suas características originais.
Especialistas em arquitetura histórica confirmam essa tendência. "A parte insular de
Santos tem o metro quadrado muito caro. O que estamos vendo, com o fim deste tipo de casarão, é somente mais uma conseqüência da forte especulação
imobiliária existente na Cidade há muitos anos", comentou o arquiteto e professor da UniSantos e UniSanta, Maurício Azenha Dias.
Além disso, o custo de manutenção de imóveis como esses antigos casarões é altíssimo.
"Quanto maior for a construção, maior será a despesa. Principalmente se for muito antiga", emendou o arquiteto.
Motivo |
"O que estamos vendo, com o fim deste tipo de casarão, é somente mais uma conseqüência da forte especulação
imobiliária"
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Maurício Azenha Dias
Arquiteto e professor
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Um bom exemplo desta atual tendência imobiliária é o que aconteceu com o casarão que
existia no número 549 da Avenida Conselheiro Nébias. O local, atualmente, está sendo ocupado por uma nova estrutura arquitetônica, que abrigará uma
nova agência do Banco Itaú.
Antes de ser demolido, o prédio funcionava como sede da Ferja, empresa de
administração de bens, que se mudou para a casa número 553, da mesma avenida.
Na Conselheiro Nébias, o imóvel que foi sede da Ferja não existe mais. No local surge
um banco
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria
Loteamentos - "Em casos como este, o interesse maior é sempre no terreno e não
no imóvel", lembrou Dias. "Isso acontece porque os casarões foram construídos em loteamentos maiores, o que se torna ideal para empreendimentos de
grande porte".
Outros casarões, também não incluídos em uma política particular ou pública de
preservação, perderam suas características físicas (estão tecnicamente abandonados e degradados) e se transformaram em cortiços. É o que aconteceu
com ex-casarões localizados no final da Rua Amador Bueno.
O mesmo fato pode ser constatado em outro prédio da época, que fica na esquina da Rua
Campos Melo com a Rua Borges, no Macuco. Com boa parte do telhado totalmente destruído e contando com tapumes no lugar do que seriam as janelas
originais, o casarão virou símbolo da decadência social e econômica.
Também com algumas vidraças quebradas e estrutura denegrida pela ação do tempo, o
casarão localizado no número 272 da Avenida Conselheiro Nébias é outro exemplo de abandono. Propriedade do SMTC Atlético Clube, o imóvel é um dos
últimos típicos daquela quadra. Ao lado dele, por exemplo, outro casarão de época já foi demolido e o terreno colocado à venda.
A velha sede do SMTC Atlético Clube apresenta
algumas vidraças quebradas e a estrutura denegrida
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria
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