Os moradores do conjunto habitacional da Zona Noroeste reclamam do descaso
e da falta de asfalto, escola e transporte coletivo
Foto: Édison Baraçal, publicada com a matéria
ESTRUTURA
Moradores do Ilhéu Alto reivindicam melhorias
Da Reportagem
Abandono e frustração. Estes são os sentimentos que há
meses rondam os moradores do Conjunto Habitacional do Morro Ilhéu Alto, na Zona Noroeste. O bairro - criado há seis anos e meio, após a entrega dos
apartamentos pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), em 5 de agosto de 1998 - está com sérios problemas, segundo seus
moradores, provocados por uma infra-estrutura deficiente e por falta de atenção das autoridades.
"A situação só tem piorado a cada dia. E tudo se agravou a partir de 2003", comenta o
presidente da Associação de Melhoramentos do Ilhéu Alto, Gildo Andrade.
As dificuldades enfrentadas pelas 504 famílias que habitam Ilhéu Alto refletem uma
realidade já comum no País, com relação a bairros recém-povoados. A demora na estruturação de todos os serviços públicos necessários, para atender
aos programas habitacionais, tem mantido os núcleos carentes.
"A gente fica muito frustrado, porque até surge a oportunidade de realizar o sonho da
casa própria, em um bairro de verdade, mas não está dando mais para suportar o descaso pelas nossas queixas e a conseqüente demora das soluções",
desabafa Andrade.
Entre os problemas, moradores reclamam da falta de pelo menos mais uma linha de ônibus
para subir o morro. Cerca de três mil pessoas, entre adultos, adolescentes e crianças, vivem no Ilhéu Alto e, de acordo com os residentes, pelo
menos 60% dependem de transporte coletivo para ir trabalhar ou estudar.
"Aqui só existe a linha 102, que na verdade serve melhor ao pessoal do Athié (Conjunto
Habitacional Athié Jorge Coury, no Saboó)", afirma o morador Eduardo Bispo do Nascimento, de 43 anos. Ainda de acordo com ele, as outras opções mais
próximas são as linhas 191 e 194, que param na Avenida Jovino de Mello, distante pelo menos 200 metros do morro.
504 famílias |
moram nos apartamentos do Conjunto Habitacional do Ilhéu Alto
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Pavimentação - Outro problema ainda sem solução é a falta de pavimentação das
ruas. Ilhéu Alto possui duas vias principais (ruas 1 e 2) e nove acessos para os blocos de apartamentos. "Só as ruas 1 e 2 estão asfaltadas, mas
repletas de crateras e buracos. Nas outras, só colocaram pedregulhos e areia, que deixam os apartamentos imundos no calor e o chão cheio de lama, na
época de chuvas", emenda o presidente da associação do bairro.
"Minha mulher não está podendo ir trabalhar porque torceu um dos joelhos em um buraco
desses outro dia", disse outro morador, Fabiano Gomes, de 49 anos. A comunidade também reclama da promessa não cumprida, por parte da Prefeitura, de
construir e entregar em 2002 uma escola de Ensino Fundamental em um terreno do bairro.
"O lugar hoje está sendo usado como depósito de materiais de construção", afirma ainda
Andrade. Em matéria de ensino, Ilhéu Alto tem uma creche, que abriga cerca de 80 crianças. "A creche tem menores de outros bairros próximos e conta
com a parceria do Grupo Rodrimar".
As 504 famílias de Ilhéu Alto são oriundas da Vila dos Criadores,
do Jardim Castelo e do sorteio da CDHU. "Cansei de procurar gente da Prefeitura para resolver nossos problemas, incluindo
a Ouvidoria Pública, e cheguei a entrar com seis representações junto ao Ministério Público. Nada adiantou até agora", lamenta Andrade.
Ele revela que também entrou em contato com o coordenador regional da Zona Noroeste,
Geonísio Pereira Aguiar, o Boquinha, pedindo ajuda. "O Boquinha me disse que a prioridade era a Avenida Jovino de Mello e ficou por
isso mesmo".
Ofício - O coordenador regional da Zona Noroeste, o Boquinha, disse que
ficou ciente de todas as reclamações e solicitações prestadas pelo presidente da Associação de Melhoramentos do bairro, Gildo Andrade. "Já enviei
inclusive ofício para a Secretaria de Obras e Serviços Públicos (Seosp) e para a Prodesan, visando a solução dos problemas de pavimentação do
bairro".
Boquinha disse que esta questão em particular só não foi resolvida ainda por
causa do excesso de chuva do período. "Não dá nem para remendar os buracos quando chove demais". Com relação à sua declaração sobre a Avenida Jovino
de Mello, Boquinha garante que não a priorizou. "Ela (a avenida), assim como outras ruas de outros bairros, também estão com problemas de
pavimentação. Foi isso que afirmei", garante o coordenador. |