HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Uma vila no meio do lixo
Das favelas que surgiram na Baixada Santista, uma das mais
pobres, quase um marco da situação econômica a que chegou o Brasil nos anos finais do século XX: a Vila dos Criadores se consolidou na década de 1990 em
meio ao depósito de lixo formado (a partir de 1972) no extremo da área de mangue da Alemoa, entre o Distrito Industrial e o Rio Casqueiro/Estuário. Não
por acaso: seus habitantes viviam da coleta de restos de lixo que pudessem reciclar, e mesmo de restos de alimentos que ainda conseguissem engolir,
disputados aos urubus que infestavam o local.
Com o esgotamento da capacidade de recebimento de lixo nesse local, e a necessidade de
instalação de sistemas para manejo ambiental nesse lixão, bem como no então criado aterro sanitário do
Sítio das Neves (área continental de Santos), os catadores de restos de lixo tiveram seu acesso ao depósito impedido em janeiro
de 2003, mas, por falta de opção, continuaram residindo nas imediações, do que resultou a continuidade da Vila dos Criadores.
A imprensa já registrava em 15/3/1976 a presença dos catadores
no lixão da Alemoa:
[...] O fechamento da área da descarga do lixo será
condição essencial para a realização do aterro sanitário. Além disso, será eliminado um problema social, pois homens e mulheres que vivem de separar
objetos do lixão não mais poderão exercer essa atividade. Na área, a Prodesan vai exercer uma atividade privada, portanto terá o direito de fechar o
terreno. E a movimentação de equipamentos pesados exige também o fechamento do local, para proteger pessoas estranhas ao serviço, que poderiam
acidentar-se. [...]
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Entre os muitos problemas dessa comunidade, um incêndio, assim registrado pelo Diário
Oficial de Santos, na edição de 11 de agosto de 2004:
Foto: Marcelo Martins
Incêndio na Vila dos Criadores - Três casas foram destruídas pelo incêndio de
ontem na Vila dos Criadores. As 15 pessoas que fazem parte das famílias que moravam no local foram atendidas pelos técnicos do Centro de Referência
Social da Alemoa, da Secretaria de Ação Comunitária e Cidadania (Seac). De acordo com os vizinhos, o incêndio começou por volta das 12 horas e às
14h30 já havia sido controlado pelo Corpo de Bombeiros, que ainda não revelou a causa do incêndio. Felizmente, ninguém ficou ferido. Os moradores
foram para casa de parentes, dispensando abrigo da Seac, mas as três famílias perderam todos os bens como roupas, móveis e alimentos. Para quem
desejar ajudá-los, as contribuições poderão ser entregues no Centro Comunitário da Alemoa, localizado na Marginal Anchieta, 218, Alemoa, telefone:
3203-5258. |
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