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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - URBANISMO (C)
A qualidade de vida em questão (8)

Na metade do século XX, verticalização significava apenas progresso
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Metropolização, conurbação, verticalização. Os santistas passaram a segunda metade do século XX se acostumando com essas três palavras, que sintetizam um período de grandes transformações no modo de vida dos habitantes da Ilha de São Vicente e regiões próximas. Esse período ainda não havia chegado para a maioria dos santistas, que viam no adensamento urbano e na chegada dos arranha-céus apenas um sinal de progresso e pujança da cidade. O que pode ser notado nesta matéria do jornal santista A Tribuna, publicada na edição de 19 de outubro de 1952 (ortografia atualizada nesta transcrição):
 


Imagem: reprodução parcial da matéria original

Santos cresce para o alto

Aumenta de ano para ano o número de construções de grandes edifícios – Em 1951, a Diretoria de Obras, da Prefeitura, expediu 526 alvarás – De janeiro até setembro último foram expedidos 311 – Números e confrontos

Texto de Hamleto Rosato
Fotos de Rafael Dias Herrera

Quando Braz Cubas fundou, em 1543, a então Vila de Todos os Santos, talvez não tivesse imaginado que, destas terras, outrora conhecidas por Jurubatuba, sairia a segunda cidade de São Paulo, o Estado líder da Federação Brasileira, que é uma afirmativa eloqüente do espírito empreendedor da gente bandeirante.

Ultrapassar os obstáculos de toda a ordem, enriquecer economicamente e apoiar o Brasil, caminhado decisivamente na estrada do progresso, são tarefas a que se propuseram os paulistas e que vê realizando com segurança e firmeza. E Santos, essa cidade que, em todos os setores de atividade, tem dado ao Brasil vultos dos mais destacados, percorre também essa mesma estrada, colocando-se, com justificado orgulho, como a segunda cidade do Estado e uma das primeiras do Brasil.

Relembrar a participação dos santistas nos grandes acontecimentos que marcam as páginas da história pátria não cabe numa reportagem ligeira como esta. Inclinamo-nos, pois, somente para um dos setores: o do desenvolvimento arquitetônico de Santos.

Dados estatísticos - À Diretoria de Obras da Prefeitura Municipal devemos a gentileza dos dados sobre prédios que estão sendo construídos ou já terminados durante o ano corrente.

Interessante, pois, saber-se o número de alvarás de construção expedidos pela Diretoria de Obras em 1932 (citando-se apenas vinte anos atrás) e que foi de 294. importa frisar que 1932 foi o ano da Revolução Constitucionalista, na qual o Estado se empenhou. Daí, pois, o fato digno de registro. O progresso, mesmo com os três meses de revolução, continuou.

Conquanto não se registrassem números elevados de construções, 294 é bastante expressivo, o que nos leva a afirmar que Santos viu aumentar continuamente o seu patrimônio imobiliário.

As construções em 1951 - Durante o ano passado a Diretoria de Obras da Prefeitura Municipal expediu 526 alvarás. Entre os edifícios construídos figuram muitos com mais de dez andares. A orla das nossas praias, como se vem observando, é a que mais prédios tem apresentado nesses últimos tempos. Geralmente são prédios de apartamentos que vêm transformando, e muito, o aspecto arquitetônico da nossa urbe. Belos edifícios, de grande porte, são vistos enfeitando as praias santistas. Do lado do mar, o viajante tem a melhor das impressões de nossa cidade. E como Santos pertence a esse colosso que é o Estado de São Paulo, os edifícios vão subindo, como se tivessem inveja do Monte Serrate...


Um belo edifício, de linhas modernas, que ornamenta nossas praias, e ...


... um outro edifício em construção, que virá enfileirar-se
num conjunto de artísticos prédios no aristocrático bairro do Boqueirão
Fotos: Rafael Dias Herrera, publicadas com a matéria

No ano corrente – Somente no período de 1 de janeiro a 30 de setembro último, foram expedidos 311 alvarás para construção.

Com mais de dez andares, são os seguintes os prédios de apartamentos que estão sendo construídos este ano: à Rua Alamir Martins, 31, com 14 andares, tendo como construtores a Cia. Construtora Corrêa da Costa, sob a responsabilidade de Eduardo Corrêa da Costa; à Rua João Pessoa, 129/133, com 12 andares, sendo construtores o Escritório de Engenharia José João Piffer; à Av. Presidente Wilson, 48, com 16 andares, tendo como construtores Macedo e Vaz Ltda., sob a responsabilidade de Ciro F. Vaz; à Rua Casper Líbero, 18/209, com 10 andares, cujo construtor é Domingos V. Janini; à Rua Marechal Deodoro, 29/31, com 11 andares, tendo como construtores Domingues Pinto, Passareli e Merlin Ltda.; à Av. Bartolomeu de Gusmão, 49, também com 11 andares, tendo como construtores Organização Construtora e Incorporadora Andraus Ltda.; edifício de 10 andares à Av. Washington Luiz, 529, sob a responsabilidade de José João Piffer; à Av. Presidente Wilson, 23/26, com 10 andares, e construtores Sociedade Civil Construtora São Paulo Ltda.; à Av. Vicente de Carvalho, 71/72, com 16 andares, a cargo de Caio G. Martins; à Rua Pindorama, 17/23, com 11 andares, e responsabilidade de Otto Meinberg.

O Condomínio Jardim do Atlântico, à Av. Bartolomeu de Gusmão, dos mais modernos, apresentará, além de um belo terraço, piscina, quadras de tênis, play-ground e ampla garagem.

Prédios aprovados e não executados - Foram aprovados e ainda não executados os seguintes prédios: Aliança Imobiliária Ltda., à Rua Marechal Floriano Peixoto, 145/147, esquina de Rua Aprovada, 246, com 10 andares; Construção Cipriano Marques Filho, à Rua Artur Assis, 14, com 12 andares; de Manoel da Silva, à Rua Senador Feijó, 240/246, com 11 andares; Imobiliária Ariston S.A., à Av. Presidente Wilson, esquina da Rua Cásper Líbero, com 10 andares.

Confronto - Somente uma pessoa que tivesse saído de Santos em 1930 e agora regressasse, poderia, melhor do que ninguém, observar com exatidão a metamorfose de nossa cidade. Santos cresce. A cidade vai se alargando. Segundo o último recenseamento contamos hoje 206.920 habitantes. Com a instalação da Refinaria de Petróleo, no vizinho município de Cubatão, o que será Santos dentro de vinte anos?

Em 1924 possuía a cidade, cheirando ainda a província, apenas uma estação de rádio: o Rádio Clube de Santos. Hoje, temos quatro emissoras: Rádio Clube, Rádio Atlântica, Rádio Cacique, Rádio Guarujá Paulista e Rádio Cultura São Vicente, estas últimas estreitamente ligadas à cidade.

Mas, para se fazer um confronto, vamos assinalar que o Estado de São Paulo possuía em 1944 quarenta e duas estações de radiodifusão. Santos contava duas.

Dois anos depois, isto é, em 1946, Santos possuía quinze teatros e cinemas, afora os teatros de sociedades particulares. Hoje, esse número se eleva a 18. Nesse mesmo ano tínhamos 18 estabelecimentos hospitalares.

Esses números são eloqüentes se confrontarmos com o que possuíamos há vinte anos atrás. Olhando  o passado, é que podemos antever o que será essa Santos, sala de visita de São Paulo, primeiro porto de mar do Brasil, maior praça cafeeira do mundo, e que tem dado tantos filhos ilustres para a grandeza de nossa pátria.

Santos moderniza-se e se transforma, elevando para o alto os seus belos edifícios, que constituem um autêntico valor patrimonial imobiliário.


As fotografias são bem eloqüentes. Falam por si. Se Braz Cubas, o fundador desta hospitaleira cidade, ressuscitasse, com orgulho olharia o progresso de Santos, como orgulhosos devem sentir-se todos os santistas e quantos aqui vivem. Não é Santos apenas o maior porto do Brasil. É uma cidade que cresce, cresce para o alto e para os lados. Na primeira foto, apanhada do Edifício Bel Mar, vemos os prédios que se enfileiram para os lados da Ponta da Praia...


...vista tirada do alto do Edifício Santo Antônio, em direção ao Boqueirão e Gonzaga... 


...o edifício que fará parte do Condomínio Jardim do Atlântico, à avenida Bartolomeu de Gusmão, que terá, além do andar térreo e terraço, piscina, quadra de tênis, play-ground e ampla garagem, tudo na parte térrea...


...finalmente, um trecho de edifícios situados no Boqueirão
Fotos: Rafael Dias Herrera, publicadas com a matéria

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