Embora estabelecida em Guarujá por questões de concessão governamental da emissora em Amplitude Modulada (AM), a Rádio Guarujá Paulista tem instalações comerciais também em Santos, onde opera em frequência modulada (FM).
Logo da emissora, em 2005, com a frequência de 104,5 MHZ
Note-se que no final do ano de 1987 houve um acordo entre um grupo de empresários de Osasco, que possuíam a frequência de 104,5 MHz, e os donos da Guarujá, que transmitia em 101,7 MHz. Com a troca das frequências entre as rádios, ambas puderam aumentar bastante suas potências em suas novas frequências, e mais: a Guarujá ficaria mais "perto" das outras rádios: Tribuna (105,5 MHz) e Cultura (106,7 MHz). Por sua vez, a emissora de Osasco ficaria mais perto, no dial dos receptores de rádio, das emissoras tradicionais de SP, como a Jovem Pan (100,9) e a Transamérica (100,1). Surgiu assim a Alpha FM, que logo se tornaria uma das mais importantes emissoras em FM de SP.
Explicou o radialista Emílio Sérgio Pechini, em mensagem eletrônica a Novo Milênio, datada de 23/5/2005: "A concessão da AM (na verdade AM engloba várias faixas: Ondas Médias, Ondas Curtas e Ondas Tropicais, neste caso falamos da emissora de Ondas Médias) é da cidade de Guarujá. Já a FM, foi a primeira de Santos, em 101,7 MHz. Teoricamente a cada 100 mil habitantes, uma cidade ganha o direito a ter uma concessão de FM (já em ondas médias, o pré-requisito é menor). Portanto, Santos é a sede da FM. Há poucos meses a rádio Guarujá adquiriu duas frequências nas ondas curtas e tropicais. Seria portanto a única rádio da nossa região que transmite também em Ondas Curtas e Tropicais. A programação nessas frequências é a mesma da OM".
Logo da emissora, em correspondência enviada pela Organização Orivaldo Rampazo em 1980 Imagem: arquivo Novo Milênio
O relacionamento da Rádio Guarujá Paulista com a Rádio Clube de Marília/SP foi detalhado em um grupo de debates de radioamadores na Internet, em abril de 2005: "Quanto à frequência de 3235 khz, consta no plano básico de canais de OT - site da Anatel, somente Marília em S. Paulo. 5045 kHz, Presidente Prudente, com Azimute de 50.00 graus, está a Rádio Difusora... Só entrar no site da Anatel, clicar em radiodifusão e procurar plano básico. Boa Noite (Edvaldo Pereira, Uberlândia - MG, ibid.)
"Guarujá Paulista ou Clube, de Marília (SP), está emitindo em 3235 kHz, em 90 metros? Caio Fernandes Lopes, de Itajubá (MG), que é natural de Santos (SP), de onde emite a Guarujá, foi à luta, em busca de detalhes! Entrou em contato, via telefone, com a direção da Guarujá e --- bingo! A Rádio Guarujá Paulista adquiriu o transmissor da Rádio Clube, de Marília (SP). Os programas são enviados até Marília (SP), pela Internet. O diretor da Guarujá, Orivaldo Rampazzo, adiantou também que, na próxima semana, a emissora será captada pela frequência de 5.045 kHz, que era da Rádio Difusora, de Presidente Prudente (SP). O sinal sairá de Presidente. Por fim, uma engenheira foi contratada para trabalhar a viabilidade técnica da futura frequência na faixa de 31 metros, que já foi pedida junto à Anatel.
"Rampazzo disse ao Caio que enfrentou resistências na família, que considera um 'verdadeiro elefante branco' a aposta nas ondas curtas. Entretanto, tem convicção de que 'se por um lado não tem retorno financeiro, a onda curta engrandece a emissora'. Acrescenta que 'defende a ocupação do dial por emissoras nacionais, que é algo importante do ponto de vista cultural'. E o dexismo? Bom, Orivaldo Rampazzo disse que é 'um coruja'. Segundo o Caio, 'ele realmente sabe o dial dos 90 e 60 metros de cor e salteado!' De quebra, convidou o Caio para visitar a emissora e prosseguir o intercâmbio com o DX Clube do Brasil. E depois de tão boas notícias, o Caio não poderia deixar de pedir o endereço da emissora, onde os informes de sintonia dos ouvintes serão recebidos. É o seguinte: Rádio Guarujá Paulista, A/C Orivaldo Rampazzo, Rua Montenegro, 196, CEP: 11410-040, Guarujá (SP). Parabéns, Caio Fernandes Lopes, em mais um trabalho voluntário em prol do dexismo! DX Clube do Brasil, tradição em dexismo! (Célio Romais, August 12, ibid., WORLD OF RADIO 1195, DXLD)".
Emílio Sérgio Pechini, na cabine de locução da Rádio Guarujá FM em 1987: "com direito a pick-ups e um generoso ventilador de mesa" Foto divulgada por Emílio Sérgio Pechini em sua página Web no site Orkut, acesso em 2/8/2006
A emissora é referência constante, pelas suas emissões em ondas curtas (OC). Um exemplo é esta citação da emissora, em matéria do O Observatório da Imprensa, em abril de 2004:
Recentemente, a Rádio Romênia Internacional deixou de transmitir sua programação, em ondas curtas, para Brasil e Portugal. Foi mais um revés que o idioma sofreu na relação conflitada com o rádio internacional, que começou logo após a queda do Muro de Berlim. De início, a nova política internacional tirou de cena a Rádio Berlim Internacional, que usava alemães com o tradicional sotaque e brasileiros que acreditavam no paraíso socialista do lado de lá do muro. Foi assim com a Rádio Tirana, que também emitia, em português, a visão de um céu de igualdade na Terra.
Depois, a poderosa Voz da América mandou para casa grandes locutores e jornalistas brasileiros que fizeram história em Washington. Seguindo o mandamento capitalista segundo o qual é preciso lucrar cortando gastos, o mesmo ocorreu com a Deustche Welle, a Nederland e a Rádio França Internacional. Com a diferença de que, nestas duas últimas, os brasileiros permaneceram trabalhando normalmente, utilizando as novas ferramentas de contatos com os ouvintes: as redes brasileiras que retransmitem seus programas e a Internet que, na minha opinião, colocou-as num patamar de mesmice, à mercê das grades de programação de emissoras nas madrugadas sem ouvintes e cortou a relação de amizade e fraternidade que as emissões internacionais cultivam.
Os anos 90 passaram. A ideia de transmitir mensagens políticas, em português, via ondas curtas, já faz parte do passado. A realidade mostrou que as emissoras que permaneceram emitindo no nosso idioma acertaram em privilegiar a difusão de cultura, música, modos de vida, entretenimento e atualidades mundiais. É o atual objetivo das emissões internacionais.
Os ouvintes de ondas curtas, atualmente, não são nem de longe o que eram há duas décadas. Mas as emissões que permanecem no ar mostram resultados: um radioescuta ou dexista, que é aquele que escuta emissoras de longas distâncias, é diferenciado, pois é formador de opinião em sua comunidade.
Motivada pela cegueira - O DX Clube do Brasil (www.ondascurtas.com), entidade que congrega dexistas e radioescutas brazucas, utiliza ferramentas poderosas como Internet, MP3, lista de discussão e e-mail para divulgar as ondas curtas. Exemplo: quando uma emissora de Tefé (AM), a Rádio Educação Rural, anuncia que vai irradiar um programa na língua indígena madija, um colaborador do DX Clube do Brasil daquela região, no caso, o biólogo Paulo Roberto e Souza, que milita no Projeto Mamirauá (www.mamiraua.org.br), comunica a notícia ao clube. Imediatamente, vai para a lista de discussão, para o boletim eletrônico e é gravada em MP3 para os programas em que o DXCB colabora, em emissoras como a Rádio Guarujá Paulista, de Guarujá (SP), a Rádio Voz Cristã, de Miami, nos Estados Unidos, a HCJB – A Voz dos Andes, de Quito, no Equador, a RDP Internacional, de Lisboa, em Portugal, entre outras.
Ironicamente, erraram os imprudentes que afirmaram que o rádio e as ondas curtas seriam peças de museu numa época em que é fácil ouvir de tudo via Internet. A rede é ferramenta poderosa, que o ouvinte usa para contatar a emissora. Mas ninguém carrega o computador numa pescaria, caso queira acompanhar uma corrida de Fórmula 1, por exemplo.
Quando do término das emissões em português da Rádio Romênia, o DX Clube do Brasil encabeçou manifesto pedindo a manutenção da programação no ar. Mensagens foram enviadas, por e-mail, à emissora. Resultado: até os diplomatas brasileiros na Romênia participaram do ato, assim como os cônsules honorários daquele país no Recife e em Curitiba. A campanha foi um sucesso e os locutores da emissora tiveram trabalho para ler, no ar, os nomes dos ouvintes e simpatizantes das ondas curtas.
A Rádio Romênia deixou de emitir em português motivada pela cegueira do governo daquele país, o mesmo que envia seus filhos ao Iraque, numa viagem que poderá não ter volta. Foi a forma de divulgação que o primeiro-ministro Adrian Nastase escolheu para colocar a Romênia em evidência no noticiário internacional, em vez de usar o método simples, ágil e econômico que são as emissões em ondas curtas.
Futuro digital - Ouvir ondas curtas é um passatempo. No entanto, pelos exemplos citados, há a impressão de que existe muita organização. E há mesmo! O que era para ficar na saudade (ou no museu!) ganha força com a ajuda da tecnologia e da Internet.
De olho na audiência brasileira, após uma ausência de 13 anos, a Rádio Canadá voltou a transmitir, nas velhas ondas curtas, um programa semanal em português para o Brasil. Chegou a publicar anúncio em jornal de Montreal para contratar os locutores. Os primeiros programas foram produzidos e apresentados por Hector Villar, que atuou, no passado, no Jornal da Tarde, de São Paulo.
Da mesma forma, a Rádio Exterior da Espanha leva ao ar, de terça a sexta-feira, às 15h, em 21.700 kHz, uma espécie de revista, em português e espanhol, especialmente destinada ao público brasileiro. De quebra, usa o espaço para irradiar aulas de espanhol produzidas pelo Instituto Cervantes, do Rio de Janeiro. Segue, assim, a nova função das ondas curtas: entretenimento e cultura. Tal qual as rádios Internacional da China e Internacional do Japão, que ensinam chinês e japonês, respectivamente, nas emissões em português.
Quem permaneceu investindo em ondas curtas já pensa no futuro digital. A BBC de Londres e a RDP – Rádio Portugal pretendem adentrar o mundo das emissões digitais de ondas curtas. A primeira, emitindo atualidades mundiais. A segunda, aliando informações mundiais e a divulgação da cultura portuguesa. O som será semelhante ao do CD. Sempre, via rádio. E valorizando o nosso idioma!
No início dos anos 1980, a Rádio Guarujá se afiliou à Rádio Transamérica, na época em que esta transmitia mais programação "classe A".
Existe ainda a rádio Guarujá de Florianópolis, fundada em 1942 e transmitindo em 1420 KHz, e que recebeu esse nome em homenagem à então Estância Balneária do Guarujá (que se tornaria município em 1º de janeiro de 1948).
Rádio Guarujá Paulista - programa O Sofrimento de Um Povo, de Oswaldo Eduardo Publicado no jornal santista A Tribuna, em 30 de julho de 1950, página 12
Rádio Guarujá AM Anúncio publicado em 14 de abril de 2002, no semanário santista Jornal da Orla, página 1-E
Locutor Sérgio Mendes chega para a troca de horário com o colega Rick Elblink em 8 de abril de 1996, vídeo postado por Sérgio Mendes no YouTube em 19/1/2009 Clique >>aqui<< para obter o vídeo em formato MP4 (9'29", 10,7 MB)
Locutor Dyego Lopes e trecho do programa Show da Tarde em 21 de agosto de 2009, vídeo postado por ele nesse mesmo dia no YouTube Clique >>aqui<< para obter o vídeo em formato MP4 (9'29", 10,7 MB)
Blog do radialista Carlos Ferreira, de Juiz de Fora/MG, comenta em 23/9/2008 o retorno da Rádio Guarujá Paulista: "Rádio Guarujá AM está de volta. Após uma experiência com o Sistema Globo de Rádio, transmitindo a programação da Rádio Globo AM, a tradicional Rádio Guarujá AM (1.550 kHz - Guarujá/SP) está de volta. Agora afiliada à Rádio Jovem Pan Sat, a Guarujá AM voltou com sua programação local. Desde segunda-feira, dia 22 de setembro, até o dia 29 deste mesmo mês, a emissora está com programação especial entrevistando os candidatos à prefeitura do Guarujá, sob a direção de Elaine Simone Rampazo. Falando na Rádio Guarujá... A emissora FM, sob direção de Evandro Rampazo, mais uma vez alcançou a liderança em todos os horários segundo pesquisa Ibope do mês de agosto 2008 (...) - Colaboração: Alex Santos"
Trecho de transmissão da Rádio Guarujá FM (prefixo ZYD-815, em 104,5 MHz, concessão para Santos/SP), em 16 de julho de 2010 (de 0h04 a 0h10) - arquivo de som MP3, com 2'56", 64 kbps, estéreo, 22 kHz, 1,35 MB).