HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS -
BIBLIOTECA - TEATROS
Memórias do Teatro de Santos (31)
Como
em muitas outras cidades brasileiras, a memória do teatro santista raramente é registrada de modo ordenado que permita acompanhar sua história e
evolução, bem como avaliar a importância dos artistas no contexto nacional, rememorando as grandes atuações, as principais montagens etc.
Uma tentativa neste sentido foi feita na década de 1990 pela crítica teatral
santista Carmelinda Guimarães, que compilou depoimentos escritos e orais, documentos e
outros registros, nas Memórias do Teatro de Santos - livro publicado pela Prefeitura de Santos em 1996, com produção de Marcelo Di Renzo, capa de
Mônica Mathias, foto digitalizada por Roberto Konda. A impressão foi da Prodesan Gráfica.
Esta primeira edição digital em Novo Milênio foi autorizada pela autora,
Carmelinda Guimarães, em 6 de janeiro de 2011. O
exemplar aqui utilizado foi cedido pelo ator santista Osvaldo de Araujo:
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Memórias do Teatro de Santos
Carmelinda Guimarães |
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O salto qualitativo
do teatro santista
Uma forte vocação teatral trazida pelos imigrantes
italianos e portugueses é a origem do teatro santista e transparece nas casas de espetáculo, a primeira de 1830, no
Largo da Misericórdia (hoje Praça Mauá) esquina com travessa do Teatro (hoje Rua Riachuelo),
seguida do Teatro Guarani em 1882, do Teatro do Real Clube Português (em vias de restauração), do
Coliseu de 1924, salas de arquitetura cada vez mais elaborada, comportando mais lugares e seguindo uma programação intensa,
tanto de companhias profissionais, quanto de grupos amadores.
Fruto da iniciativa particular e atendendo aos anseios da
população, este movimento era mais intenso e bem estruturado no começo do século do que o promovido hoje pela administração pública, que deveria ter
este objetivo como finalidade primordial. O movimento teatral local sempre existiu na Cidade, com muita importância. De tempos em tempos algumas
pessoas e instituições deram a ele maior sentido e força. Caso de Patrícia Galvão, Carlos Pinto e Tanah Correa,
com relação a momentos diferentes dos festivais de teatro amador.
Ou os diretores como Dindinha Sinhá, o maestro Luiz Gomes
Cruz e Antonio Faraco, agindo como formadores. O Clube de Arte e grupos na linha dos Independentes, do TEFFI, Tevec, Tep, que fizeram escola.
Iniciativas como o Tic conduziram o movimento à necessária e esperada profissionalização.
O crescimento natural deste teatro foi cortado no final
dos anos 60 pela ditadura, que exerceu a mesma função castradora em todo o País, provocando, na cidade, o êxodo dos artistas e intelectuais rumo à
metrópole. Mas a ruptura não foi total. Um trabalho subterrâneo prosseguiu. No Studio 800, um espaço cultural
underground,
ele continua em ebulição. Sua importância só aparece agora, com esta pesquisa, revelando que não foram de escuridão absoluta os anos de trevas.
O resultado desta juventude, que não parou de pensar e
tentar se expressar pelo teatro, aparece hoje em mais de 30 grupos amadores bem estruturados e com características próprias, que começam a emergir
como os Pernilongos e outros.
De novo o teatro de Santos está prestes a dar um salto
qualitativo. É necessário que autoridades e instituições que hoje detêm o poder não se mantenham alheios a isto.
Pode ser o grande momento para que a cidade tome em suas
mãos a produção cultural, e deixe de ser apenas receptora do teatro profissional que vem de fora. |
Revistando o Teatro de Revista, de Perito Monteiro, direção de Neyde Veneziano, com Marco Peel, Lizi Vieira, Beto Bellini,
Valentina Rezende, Miguel Marcarian, Gisele Menzen, Renata Zanetta, Pinduca e Rosangela Feliz
Foto publicada com o
texto |
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