Quando está bravo, o santista vez ou outra usa uma expressão antiga: "Olha que eu boto o Jabuca em campo!" Com isso, ele quer dizer que com ele não se brinca, que ele tem raça, que a paciência dele tem limite! Essa é a própria imagem do Jabaquara Atlético Clube, o querido Jabuca dos santistas descendentes de espanhóis, um clube que apesar de todos os problemas que enfrentou, não perde a fibra e continua aí, no páreo, para o que der e vier.

Certamente, ele tem a mesma fibra dos nove jornaleiros espanhóis do antigo Largo do Rosário - hoje Praça Rui Barbosa - que o fundaram em 1910, com o nome de Imprensa Santista.

O primeiro campo era perto do cais, mas não deu certo: a bola vivia caindo na água. Mudaram então para o bairro do Jabaquara, onde a 14 de novembro de 1914 os associados resolveram trocar também o nome do clube para Espanha Futebol Clube. Esse nome resistiu até 1940. O time, bom de bola, assustava os grandes, era famoso. Por causa da II Guerra, tiveram de rebatizá-lo e optaram por homenagear o bairro que o havia acolhido.

Várias vezes campeão de Santos e do Litoral, sua história é uma história de heroísmo, onde a luta jamais esteve ausente. Crises financeiras, rebaixamentos de divisão e outros problemas, tudo foi enfrentado com altivez. Em uma de suas excursões pelo Nordeste, recebeu da imprensa de Salvador este elogio que bem o define: "O clube cujas cores são o espelho fiel de sua personalidade: o vermelho de seu sangue de bravo e o ouro de seu brasão de nobre".

Quando sua sede era ainda na R. 28 de Setembro e o clube liderava, em fama, todos os times da cidade, o Jabuca ganhou dos santistas um apelido imortal: Leão do Macuco.

E hoje, aí está ele, disputando na 2ª Divisão, com sede própria no bairro da Caneleira, onde as portas de seu estádio acolhem a todos aqueles que querem continuar vendo como se joga um bom futebol dos velhos tempos, com romantismo e garra. A garra que justifica a expressão antiga que o santista ainda gosta de usar: "Eu boto o Jabuca em campo!"

Extraído da publicação Comunidade é onde nos sentimos bem, livrete especial da Mobil Oil do Brasil em comemoração ao 25º aniversário de sua Usina de Lubrificantes em Santos, 1982. Texto de Sônia Mateu L. de Abreu.