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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM...
1904 - pela revista carioca Kósmos (1)

"...abundante provisão de água potável com alta pressão e inexcedível pureza; e neste particular [...] tendo a primazia no Brasil"

Em maio de 1904, era editado o quinto número da Kósmos, uma "revista artistica, scientifica e litteraria" que tinha como editor-proprietário Jorge Schmidt e como diretor Mario Behring. Com sede na Rua da Alfândega, 24, no Rio de Janeiro, era encontrada em livrarias das principais cidades brasileiras: em Santos, na Magalhães & Cia., Bazar Paris, tendo como agente local o sr. Antenor da Rocha Leite.

Embora destacando assuntos ligados à então capital da República, a revista incluía matérias sobre outros locais do Brasil. Neste quinto número, Santos era o tema, em texto de Alfredo Lisboa, diretor da Comissão de Planejamento que promoveu uma drástica remodelação nas condições sanitárias da cidade.

Uma coleção dessa revista faz parte do acervo da Biblioteca e Arquivo Histórico de Cubatão, que cedeu a Novo Milênio esta reprodução (com grafia atualizada):


Capa do quinto número da revista

Águas da cidade de Santos

A cidade de Santos é atualmente, de todas as do Brasil, à beira-mar situadas, a que mais se avantaja em melhoramentos materiais de primeira ordem. Entre estes salienta-se o seu porto, que, muito abrigado contra os ventos marítimos e francamente acessível aos maiores navios, já é dotado de mais de 2.000 metros de cais profundos e bem aparelhados para a carga e descarga de mercadorias, sendo que somente dentro de alguns anos deparará com um rival no porto do Rio de Janeiro.


Trecho da cidade de Santos
Foto publicada com a matéria

Não tem também similares em outros pontos da costa brasileira as límpidas e pitorecas praias de banhos dos arredores, providos de confortáveis estabelecimentos de hospedagem e de recreio, como a do arrabalde da Barra até "José Menino" e mais além a encantadora vila balneária do Guarujá.


Santos: Guarujá - rua central
Foto publicada com a matéria

Notável se tornou aliás a melhoria das condições de salubridade da cidade, devida não somente às próprias obras do porto, fazendo desaparecer as antigas infectas praias, sobre as quais se projetavam construções de madeira pessimamente conservadas e mal servindo ao movimento das mercadorias (N.E.: o autor se refere aos lamaçais - "infectas praias" - na margem direita do estuário santista, com seus trapiches, aos poucos substituídos pelos cais em pedra, atracáveis, do porto então em construção), como também aos trabalhos de aperfeiçoamento e ampliação que desde 1896 pouco a pouco se vão realizando na rede de esgotos, e ao eficaz aparelhamento do serviço sanitário em forma de hospitais de isolamento e desinfectórios.


Guarujá
Foto publicada com a matéria

Para o extraordinário resultado já alcançado sob o ponto de vista higiênico é sem dúvida fator de grande valia a abundante provisão de água potável com alta pressão e de inexcedível pureza; e neste particular pode presentemente a cidade de Santos ser considerada como tendo a primazia no Brasil.


Guarujá
Foto: J. Marques Pereira, publicada com a matéria

De fato, em virtude de contrato, que foi celebrado em 1897, com o Estado de São Paulo - tendo sido elaborado pela Comissão de Saneamento, cuja direção coube então imerecidamente ao autor da presente notícia - a Companhia City of Santos Improvements, encarregada do serviço das águas, que dantes dispunha de dois encanamentos adutores de 0,30 m e de 0,25 m, capazes de fornecer à cidade no máximo a quantidade de 5.000.000 litros em 24 horas, ampliou o serviço, de maneira a abastecê-la com mais 18.000.000; assim é que, avaliada em cerca de 35.000 habitantes a população que goza desse benefício, o suprimento poderia ser feito atualmente à razão de mais de 650 litros diários por cabeça; tão avultado volume d'água não é contudo distribuído na realidade, sendo que em 1901 a máxima quantidade fornecida durante 24 horas, às 4.946 derivações prediais então existentes, foi de 12.620.000 litros, o que daria em média cerca de 360 por habitante, ou mais de 2.500 para cada casa; tal quantidade é superior àquela a que a Companhia é obrigada pelo seu contrato.


Guarujá
Foto publicada com a matéria

Tem ela, aliás, por uma das cláusulas deste, de fornecer diariamente 1.200.000 litros aos tanques de lavagem automática dos esgotos e mais 600.000 aos chafarizes; e outra cláusula proveu para que fosse reformada a rede de distribuição, de maneira a eliminar as canalizações de diâmetro inferior a 0,10 m, salvas as derivações para os prédios.

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