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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1587 - BIBLIOTECA NM
1587 - Notícia do Brasil - [II - 194]

Clique na imagem para voltar ao índice desta obraEscrita em 1587 pelo colono Gabriel Soares de Souza, essa obra chegou ao eminente historiador Francisco Adolpho de Varnhagen por cópias que confrontou em 1851, para tentar restabelecer o texto original desaparecido, como cita na introdução de seus estudos e comentários. Em 1974, foi editada com o mesmo nome original, Notícia do Brasil, com extensas notas de importantes pesquisadores. Mais recentemente, o site Domínio Público apresentou uma versão da obra, com algumas falhas de digitalização e reconhecimento ótico de caracteres (OCR).

Por isso, Novo Milênio fez um cotejo daquela versão digital com a de 1974 e com o exemplar cedido em maio de 2010 para digitalização, pela Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá. Este exemplar corresponde à terceira edição (Companhia Editora Nacional, 1938, volume 117 da série 5ª da Brasiliana - Biblioteca Pedagógica Brasileira), com os comentários de Varnhagen. Foi feita ainda alguma atualização ortográfica:

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Tratado descritivo do Brasil em 1587

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Trecho do capítulo, na edição de 1938 da Biblioteca Pública Alberto Sousa

SEGUNDA PARTE - MEMORIAL E DECLARAÇÃO DAS GRANDEZAS DA BAHIA

TÍTULO 20 — Metais e pedras preciosas

Capítulo CXCIV

Em que se trata das pedras verdes e azuis que se acham no sertão da Bahia.

Deve-se também notar que se acham também no sertão da Bahia umas pedras azuis-escuras muito duras e de grande fineza, de que os índios fazem pedras que metem nos beiços, e fazem-nas muito roliças e de grande lustro, roçando-as com outras pedras, das quais se podem fazer peças de muita estima e grande valor, as quais se acham muito grandes; e entre elas há algumas que têm umas veias aleonadas que lhes dão muita graça.

No mesmo sertão há muitas pedreiras de pedras verdes coalhadas, muito rijas, de que o gentio também faz pedras para trazer nos beiços, roliças e compridas, as quais lavram como as de cima, com o que ficam muito lustrosas; do que se podem lavrar peças muito ricas e para se estimarem entre príncipes e grandes senhores, por terem a cor muito formosa; e podem-se tirar da pedreira pedaços de sete e oito palmos, e estas pedras têm grande virtude contra a dor de cólica.

Em muitas outras partes da Bahia, nos cavoucos [buracos] que fazem as invernadas na terra, se acham pedaços de finíssimo cristal, e de mistura algumas pontas oitavadas como diamante, lavradas pela natureza que têm muita formosura e resplendor.

E não há dúvida senão que entrando bem pelo sertão desta terra há serras de cristal finíssimo, que se enxerga o resplendor delas de muito longe, e afirmaram alguns portugueses que as viram que parecem de longe as serras da Espanha quando estão cobertas de neve, os quais e muitos mamelucos e índios que viram essas serras dizem que está tão bem criado e formoso este cristal em grandeza, que se podem tirar pedaços inteiros de dez, doze palmos de comprido, e de grande largura e fornimento, do qual cristal pode vir à Espanha muita quantidade para poderem fazer dele obras mui notáveis.