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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1587 - BIBLIOTECA NM
1587 - Notícia do Brasil - [II - 163]

Clique na imagem para voltar ao índice desta obraEscrita em 1587 pelo colono Gabriel Soares de Souza, essa obra chegou ao eminente historiador Francisco Adolpho de Varnhagen por cópias que confrontou em 1851, para tentar restabelecer o texto original desaparecido, como cita na introdução de seus estudos e comentários. Em 1974, foi editada com o mesmo nome original, Notícia do Brasil, com extensas notas de importantes pesquisadores. Mais recentemente, o site Domínio Público apresentou uma versão da obra, com algumas falhas de digitalização e reconhecimento ótico de caracteres (OCR).

Por isso, Novo Milênio fez um cotejo daquela versão digital com a de 1974 e com o exemplar cedido em maio de 2010 para digitalização, pela Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá. Este exemplar corresponde à terceira edição (Companhia Editora Nacional, 1938, volume 117 da série 5ª da Brasiliana - Biblioteca Pedagógica Brasileira), com os comentários de Varnhagen. Foi feita ainda alguma atualização ortográfica:

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Tratado descritivo do Brasil em 1587

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Trecho do capítulo, na edição de 1938 da Biblioteca Pública Alberto Sousa

SEGUNDA PARTE - MEMORIAL E DECLARAÇÃO DAS GRANDEZAS DA BAHIA

TÍTULO 17 — Noticia etnográfica do gentio tupinambá que povoava a Bahia

Capítulo CLXIII

Que trata como os tupinambás agasalham os hóspedes.

Quando entra algum hóspede em casa dos tupinambás, logo o dono do lanço da casa, onde ele chega, lhe dá a sua rede e a mulher lhe põe de comer diante, sem lhe perguntarem quem é, nem de onde vem, nem o que quer; e como o hóspede come, lhe perguntam pela sua língua: "Vieste já?" e ele responde "Sim"; as quais boas-vindas lhe vêm dar todos os que o querem fazer, e depois disso praticam muito devagar.

E quando algum hóspede estrangeiro entra em alguma destas aldeias, vem pregando, e assim anda correndo toda a aldeia até quando dá com a casa do principal, e sem falar a ninguém deita-se numa qualquer que acha mais à mão, onde lhe põem logo de comer, e como acaba de comer, lhe manda o principal armar uma rede junto da porta do seu lanço de uma banda, e ele arma a sua da outra banda, ficando a porta no meio para caminho de quem quiser entrar, e assim os da aldeia lhe vêm dar as boas-vindas, como acima está declarado; e neste lugar se põe a praticar [conversar] o principal com o hóspede muito devagar, em redor dos quais se vêm assentar os índios da aldeia, que querem ouvir novas, onde ninguém não responde, nem pergunta coisa alguma, até que o principal acabe de falar, e como dá fim às práticas, lhe diz que descanse de seu vagar; e depois, se o principal despede do hóspede, vêm outros falar com ele, para saberem novas daquelas partes de onde o hóspede vem; e ao outro dia se ajunta este principal em outra casa, onde se ajuntam os anciãos da aldeia, e praticam sobre a vinda do índio estrangeiro, e sobre as coisas que contou de onde vinha; e lançam suas contas se vem de bom título ou não; e se é seu contrário, de maravilha escapa que não o matem, e lhe façam seu ofício com muita festa e regozijo; ao qual hóspede choram as velhas também antes que coma, como atrás fica declarado.