Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0300a2nb223.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 11/28/10 15:27:17
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1587 - BIBLIOTECA NM
1587 - Notícia do Brasil - [II - 145]

Clique na imagem para voltar ao índice desta obraEscrita em 1587 pelo colono Gabriel Soares de Souza, essa obra chegou ao eminente historiador Francisco Adolpho de Varnhagen por cópias que confrontou em 1851, para tentar restabelecer o texto original desaparecido, como cita na introdução de seus estudos e comentários. Em 1974, foi editada com o mesmo nome original, Notícia do Brasil, com extensas notas de importantes pesquisadores. Mais recentemente, o site Domínio Público apresentou uma versão da obra, com algumas falhas de digitalização e reconhecimento ótico de caracteres (OCR).

Por isso, Novo Milênio fez um cotejo daquela versão digital com a de 1974 e com o exemplar cedido em maio de 2010 para digitalização, pela Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá. Este exemplar corresponde à terceira edição (Companhia Editora Nacional, 1938, volume 117 da série 5ª da Brasiliana - Biblioteca Pedagógica Brasileira), com os comentários de Varnhagen. Foi feita ainda alguma atualização ortográfica:

Leva para a página anterior

Tratado descritivo do Brasil em 1587

Leva para a página seguinte da série


Trecho do capítulo, na edição de 1938 da Biblioteca Pública Alberto Sousa

SEGUNDA PARTE - MEMORIAL E DECLARAÇÃO DAS GRANDEZAS DA BAHIA

TÍTULO 16 — Dos crustáceos, moluscos, zoófitos, eqüinodermos etc. e dos peixes de água doce

Capítulo CXLV

Que trata do marisco que se cria na água doce.

Assim como a natureza criou tanta diversidade de mariscos na água salgada, fez o mesmo nos rios e lagoas da água doce, como se verá pelos mexilhões que se criam nas pedras destes rios e no fundo das lagoas, que são da feição e tamanho dos do mar, os quais não são tão gostosos por serem doces.

Também se criam nas pedras destes rios caramujos maiores que os do mar e compridos, a que os índios chamam sapicaretá.

No fundo das lagoas, nas lamas delas, se criam amêijoas redondas que têm grande miolo, a que os índios chamam como as do mar, as quais são, pelo lugar onde nascem, muito insossas.

Mais pelo sertão se criam, nos rios grandes, muitos mexilhões de palmo de comprido e quatro dedos de largo, que são pela banda de dentro da cor e lustro da madrepérola, que servem de colheres aos índios, os quais têm grandes miolos; por serem de água doce não são mui gostosos como os do mar.

Também se criam nestes rios muitos e mui diversos camarões, dos quais diremos o que foi possível chegar à nossa notícia; começando primeiro dos mais gerais, que os índios chamam poti, que são muitos, do tamanho dos grandes de Lisboa, mas mais grossos e têm as barbas curtas, os quais se criam entre as pedras das ribeiras e entre raízes das árvores, que vizinham com a água, e em quaisquer ervas que se criam na água; de que os índios se aproveitam tomando-os às mãos; e são muito saborosos.

Há outra casta de camarões, a que os índios chamam aratus, que são da mesma maneira dos primeiros, mas mais pretos na cor, e têm a casca mais dura, que se criam e tomam da maneira dos de cima, os quais cozidos são muito bons.

Nestas ribeiras se criam outros camarões, a que os índios chamam araturé, que têm pequeno corpo e duas bocas como lacraus e a cabeça de cada um é tamanha como o corpo, os quais se criam pedras no côncavo delas, e da terra das ribeiras, que são muito gostosos e tornam-se às mãos.

Potiuaçu são uns camarões que se criam nas cavidades das ribeiras, e têm tamanho corpo como os lagostins, e o pescoço da mesma maneira; têm a casca nédia e as pernas curtas, os quais criam corais em certo tempo, e em outro têm o casco gordo como lagostas, que se também tomam às mãos, e são muito saborosos; e estes e os mais não são nada carregados.