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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1587 - BIBLIOTECA NM
1587 - Notícia do Brasil - [II - 16]

Clique na imagem para voltar ao índice desta obraEscrita em 1587 pelo colono Gabriel Soares de Souza, essa obra chegou ao eminente historiador Francisco Adolpho de Varnhagen por cópias que confrontou em 1851, para tentar restabelecer o texto original desaparecido, como cita na introdução de seus estudos e comentários. Em 1974, foi editada com o mesmo nome original, Notícia do Brasil, com extensas notas de importantes pesquisadores. Mais recentemente, o site Domínio Público apresentou uma versão da obra, com algumas falhas de digitalização e reconhecimento ótico de caracteres (OCR).

Por isso, Novo Milênio fez um cotejo daquela versão digital com a de 1974 e com o exemplar cedido em maio de 2010 para digitalização, pela Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá. Este exemplar corresponde à terceira edição (Companhia Editora Nacional, 1938, volume 117 da série 5ª da Brasiliana - Biblioteca Pedagógica Brasileira), com os comentários de Varnhagen. Foi feita ainda alguma atualização ortográfica:

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Tratado descritivo do Brasil em 1587

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Trecho do capítulo, na edição de 1938 da Biblioteca Pública Alberto Sousa

SEGUNDA PARTE - MEMORIAL E DECLARAÇÃO DAS GRANDEZAS DA BAHIA

TÍTULO 3 — Da enseada da Bahia, suas ilhas, recôncavos, ribeiros e engenhos

Capítulo XVI

Em que se declaram as barras que tem a Bahia de Todos os Santos, e como está arrumada a ilha de Itaparica, entre uma barra e a outra.

Acima fica dito como dista a Ponta de Tinharé da do Padrão nove ou dez léguas, entre as quais pontas da banda de dentro delas está lançada uma ilha de sete léguas de comprido que se chama Itaparica, a qual Tomé de Sousa, sendo governador-geral do Brasil, deu de sesmaria a d. Antônio de Ataíde, primeiro conde de Castanheira, o que lhe Sua Alteza depois confirmou, e lhe fez nova doação dela, com título de capitão e governador; ao que veio com embargos a Câmara da cidade do Salvador, sobre o que contendem há mais de trinta anos, e lhe impediu sempre a jurisdição, sem até agora se averiguar esta causa.

Deixa esta ilha entre si e o Morro de Tinharé outra baía mui grande, com fundo e porto, em que podem entrar naus de todo o porte, e tem grande ancoradouro e abrigada à sombra do morro, de que se aproveitam muitas vezes as naus que vêm do reino, quando lhes escasseia o vento, e não podem entrar na baía da ilha para dentro.

Da ponta desta ilha de Itaparica à ponta do Padrão está a barra do Leste, e entre a outra ponta da ilha e a Ponta de Jaguaripe está a barra de Oeste, por cada uma destas barras se entra na baía com a proa ao Norte. A barra de Oeste se chama de Jaguaripe por se meter nela um rio do mesmo nome.

Haverá, da terra firme a essa ponta da ilha, perto de uma légua de terra a terra, a qual barra é aparcelada por ser cheia de baixios de areia, mas tem um canal estreito por onde navegam, pelo qual entram caravelões da costa e barcas dos engenhos; mas há de ser com tempos bonançosos, porque com marulho não se enxerga o canal. E corre grande perigo quem se aventura a cometer esta barra de Jaguaripe com tempo fresco e tormentoso.