Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0300a2nb056.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 11/28/10 15:16:06
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1587 - BIBLIOTECA NM
1587 - Notícia do Brasil - [I - 52]

Clique na imagem para voltar ao índice desta obraEscrita em 1587 pelo colono Gabriel Soares de Souza, essa obra chegou ao eminente historiador Francisco Adolpho de Varnhagen por cópias que confrontou em 1851, para tentar restabelecer o texto original desaparecido, como cita na introdução de seus estudos e comentários. Em 1974, foi editada com o mesmo nome original, Notícia do Brasil, com extensas notas de importantes pesquisadores. Mais recentemente, o site Domínio Público apresentou uma versão da obra, com algumas falhas de digitalização e reconhecimento ótico de caracteres (OCR).

Por isso, Novo Milênio fez um cotejo daquela versão digital com a de 1974 e com o exemplar cedido em maio de 2010 para digitalização, pela Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá. Este exemplar corresponde à terceira edição (Companhia Editora Nacional, 1938, volume 117 da série 5ª da Brasiliana - Biblioteca Pedagógica Brasileira), com os comentários de Varnhagen. Foi feita ainda alguma atualização ortográfica:

Leva para a página anterior

Tratado descritivo do Brasil em 1587

Leva para a página seguinte da série


Trecho do capítulo, na edição de 1938 da Biblioteca Pública Alberto Sousa

PRIMEIRA PARTE - ROTEIRO GERAL DA COSTA BRASÍLICA

Capítulo LII

Em que se explica a terra da Baía do Rio de Janeiro da ponta da cidade para dentro até tornar à barra.

Na ponta desta cidade e ancoradouro dos navios, que está detrás da cidade, está uma ilheta que se diz a da Madeira, por se tirar dela muita, a qual serve aos navios que aqui se recolhem de consertar as velas. E desta ponta a uma légua está outra ponta, fazendo a terra em meio uma enseada, onde está o porto, que se diz de Martim Afonso, onde entra nesta baía um riacho, que se diz Iabubiracica; defronte deste porto de Martim Afonso estão espalhados seis ilhéus de arvoredo. E desta ponta por diante se torna a terra a recolher, à maneira de enseada, e dali a meia légua faz outra ponta, e antes dela entra outro riacho no salgado, que se chama Unhaúma; e à ponta se chama Braço Pequeno.

Dessa ponta que se diz Braço Pequeno por diante, foge a terra para trás muito, onde se faz um esteiro, por onde entra a maré três léguas; e fica a terra na boca deste esteiro de ponta a ponta, um tiro de berço, donde começa a terra a fazer enseada, que de ponta a ponta são duas léguas, a qual terra é alta até a ponta. Defronte desta enseada está a ilha de Salvador Correia, que se chama Parnapicu, que tem três léguas de comprido, e uma de largo, na qual está um engenho de açúcar, que lavra com bois, que ele fez.

Atravessando esta ilha por mar à cidade são duas léguas, a qual ilha tem em redor de si oito ou nove ilhas, que dão pau-brasil. Do cabo desta enseada grande e da ponta da terra alta, se faz outra enseada apertada na boca, na qual se mete um rio, que nasce ao pé da Serra dos Órgãos, que está cinco léguas pela terra adentro, o qual se chama Magipe, e mais adiante légua e meia entra outro riacho nesta baía, que se chama Sururuí. Deste Rio Sururuí a duas léguas, entra outro nesta baía, que se chama Macucu, que se navega pela terra adentro quatro léguas, no qual se mete outro rio, que se chama dos Goitacases, que vem de muito longe.

Defronte do Rio Macucu está uma ilha, que se chama Caiaíba, e desta ilha a uma légua está outra, que se chama Pacatá; e desta à Salvador Correia é légua e meia; e estão estas ilhas todas três em direito Leste-Oeste umas das outras. E dessa Ilha Pacatá direito ao Sul estão seis ilhéus, e para o Sudeste estão cinco, em duas carreiras.

Da ponta do Rio Macucu para a banda de Leste se recolhe a terra e faz uma enseada até outra ponta da terra saída ao mar, em que entra um riacho, que se chama Baxindiba, e da ponta deste riacho à de Macucu é légua e meia. Defronte de Baxindiba, está outra ilha, cheia de arvoredo; de Baxindiba se torna a afastar a terra para dentro, fazendo outra enseada, com muitos mangues no meio, na qual se mete outro rio, que se diz Suaçuna, e haverá de ponta a ponta duas léguas.

E no meio, bem em direito das pontas, está outra ilha cheia de arvoredo, e a outra ponta desta enseada se diz Mutungabo. Da Ponta de Mutungabo se esconde a terra para dentro bem dois terços de légua, onde se mete um rio, que se chama Pau Doce, e faz uma volta, tornando a terra a sair para fora bem meia légua, onde faz outra ponta, que se chama Urumaré. Dessa ponta à de Mutungabo é uma légua, e, bem em direito destas pontas, em meio desta enseada está outra ilha de arvoredo.

Desta Ponta de Mutungabo à de Macucu são quatro léguas; da ponta de Urumaré a dois terços de légua está outra ponta, onde se começam as barreiras vermelhas, que ficam defronte da cidade, onde bate o mar da baía; e defronte dessa ponta, para o Norte está uma ilha, que se diz de João Fernandes, diante da qual está outra mais pequena.

Das barreiras vermelhas se vai afeiçoando a terra ao longo da água, como cabeça de cajado, onde se faz uma enseada que se chama de Piratininga, e a ponta e língua da terra dele vêm quase em direito de Viragalham, a qual ponta se chama de Lery, e o cotovelo desta língua de terra faz uma ponta defronte da de Cara de Cão, que fica em padrasto sobre a lájea da barra, na qual ponta está outra lájea, que o salgado aparta de terra qualquer coisa, a qual fica ao pé do pico do padrasto, que está sobre a barra.

Entram por esta barra do Rio de Janeiro naus de todo o porte, as quais podem estar neste rio seguras, como fica dito, de maneira que terá esta baía do Rio de Janeiro, em redondo, da ponta de Cara de Cão, andando por dentro até o mar, à outra ponta da lájea, vinte léguas pouco mais ou menos, que se navega em barcos, e pelo mais largo haverá de terra a terra seis léguas.