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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Clubes
AABB - Associação Atlética Banco do Brasil (B)

A recuperação da história deste clube em Santos e no Brasil se deve aos esforços de Douglas Bornir, que preparou o texto a seguir transcrito, e de Ary O. Céllio, que providenciou as imagens e remeteu o material a Novo Milênio:

ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA BANCO DO BRASIL - SANTOS

Sua gente - Sua história

Por Douglas Bornir

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Instalado em sede bastante deficiente, em uma sala junto à praça de esportes do Parque Balneário Hotel, onde existiam duas quadras de tênis em péssimo estado de conservação, mais tarde alugou outra sala, contígua, onde se jogava pingue-pongue e xadrez. As festas dançantes eram realizadas na Sociedade Humanitária, à Praça José Bonifácio.

Quando da fundação, faziam parte do grupo iniciador Adriano Costa, Durval Muylaert e Nair Duarte, que não eram funcionários do Banco mas que podiam pertencer ao quadro social, já que eram pessoas de comprovada idoneidade moral, amigos de funcionários. Havia 13 sócios estranhos, com a contribuição de 10$000 (dez mil réis) e 8 sócios contribuintes com a mensalidade de 5$000 (cinco mil réis).

Trajano de Castro Serra propôs e foi aprovado o aumento da mensalidade para 20$000 (vinte mil réis) e Luiz Gonzaga Vilhena Morais sugeriu, em assembléia, o desconto da mensalidade em folha de pagamento, para o quê, ao ser admitido no quadro social, obrigar-se-ia a autorizar o Banco do Brasil a fazer o respectivo débito.

Em 20 de setembro de 1934, realiza-se no Parque Balneário Hotel, à Avenida Presidente Wilson nº 111, com 32 presentes, a 1ª Assembléia Geral para apreciar carta de Paulo Pinheiro Werneck, na qual renuncia, em caráter irrevogável, ao cargo de 1º tesoureiro.

Diziam que o clube tinha assumido muitas dívidas, enquanto a diretoria se justificava alegando que eram indispensáveis à instalação e funcionamento do Satélite. A seguir, Paulo Pinheiro Werneck apresentou amplo relatório de sua atuação à frente dos destinos do clube, tendo o mesmo sido aprovado e merecido ampla salva de palmas e votos de louvor.

Nessa assembléia, presidida por Antonio Sérgio Ferreira Filho, gerente da agência de Santos, e secretariada por João Soares Novaes, empossou-se no cargo o 2º tesoureiro, Felisberto de Menezes, e rejeitou-se a proposta para que fosse elevada em 10$000 (dez mil réis) a mensalidade dos sócios que praticassem tênis. A título de curiosidade, transcrevemos parte do relatório feito por Paulo Pinheiro Werneck, de onde se infere um resumo financeiro do clube desde sua fundação:

RECEITAS
42 sócios funcionários a 10$000 cada 420$000
46 sócios funcionários a 5$000 cada 230$000
8 sócios funcionários a 3$000 cada 24$000
13 sócios não funcionários a 10$000 cada 130$000
8 sócios não funcionários a 5$000 cada 40$000

Total

844$000
DESPESAS
Aluguel, impostos, água/luz da sede 596$000
Aluguel do campo de futebol 50$000
Ordenado do empregado da sede 150$000
Guarda do material 40$000
Lavagem das camisas de futebol 10$000

Total

846$000

PATRIMÔNIO - Uma radiola, um tapete congoleum, seis cadeiras de vime, três redes, uma cadeira de juiz, uma máquina de cortar grama, quatro cabides, arame farpado para cerca, quatro sacos de pó de tijolo, uma bandeira, duas dúzias de camisas para futebol, três bolas e um apito.


Trecho inicial da Rua do Comércio em 1922 (então chamada de Rua do Santo Antonio), junto à Praça Rui Barbosa (na época denominada Largo do Rosário)

Imagem enviada a Novo Milênio por Ary O. Céllio, de Santos/SP

Em 5 de dezembro de 1934, nas dependências do Parque Balneário Hotel, à Avenida Presidente Wilson nº 111, realizou-se, sob a presidência de Trajano de Castro Serra, e secretariada por Alcindo Leite Pereira, a 2ª Assembléia Geral do Satélite, tendo sido eleita, por unanimidade, a seguinte diretoria, empossada em

1935 -

Presidente: Flávio Alcoba Soares

Vice: Francisco Assis Orselli

Secretário: Pedro Andrade Netto

1º Tesoureiro: Diogo Álvares Salles

2º Tesoureiro: Felisberto Menezes

Social: José Lemos Nogueira

Esportes: Newton Nora Carrijo

Ao assumir a direção do clube, o presidente eleito encontrou-o em situação deveras melindrosa, oriunda de despesas onerosas, porém necessárias à instalação. A receita mal cobria a manutenção e, como o patrimônio existente fora adquirido para pagamento parcelado, a orientação era, então, economia a qualquer preço. Evitou-se ao máximo despesas extraordinárias, sendo essa atitude mal interpretada pelos associados, que queriam atividades sociais, como bailes, passeios, piqueniques etc.

Os freqüentes pedidos de demissão provocavam diminuição da receita, mas a diretoria manteve-se intransigente, pois aumentar os gastos seria levar o clube à derrocada.

A primeira providência foi a de recompor os débitos mediante acordo com os credores. A dívida elevava-se a 1:012$500 (um conto, doze mil e quinhentos réis), havida de diretorias anteriores. Francisco Dantas Pimentel é nomeado diretor de tênis e, tendo em vista a demissão de Felisberto de Menezes, José Lemos Nogueira acumula também esse cargo e abre, no Banco do Brasil, em nome do Satélite, uma conta de Depósitos Populares.

Em novembro é aprovada a antecipação das mensalidades e da subvenção fornecida pela Matriz, resgatando-se, assim, as dívidas remanescentes. Em dezembro, por aclamação, forma-se nova diretoria:


Paulo Pinheiro Werneck, presidente do Satélite Clube em 1936

Imagem enviada a Novo Milênio pelo internauta Ary O. Céllio

 

1936 -

Presidente: Paulo Pinheiro Werneck

Tesoureiro: Domingos Andrade Vilella

ficando os demais cargos à escolha do presidente eleito. Na oportunidade, foi consignado um voto de louvor a Flávio Alcoba Soares, pelo saneamento das contas do clube e aprovada proposta para que se inaugure, na sede do Satélite, o retrato do ex-presidente Ambrósio Vieira Braga, pelos bons serviços prestados ao clube.

Em fins de junho, Paulo Pinheiro Werneck é transferido para o Rio de Janeiro. A cidade maravilhosa, então capital da República, centralizava todos os órgãos federais, inclusive o Banco do Brasil, que tinha ali sua direção geral. Qualquer funcionário que almejasse carreira rápida ou se sobressaísse nas agências era requisitado para se transferir, quase sempre em funções comissionadas, motivo pelo qual as agências - e por extensão as AABBs - viam-se privadas de seus funcionários e diretores. Assim, fato consumado, elegeu-se nova diretoria, assumindo Flávio Alcoba Soares.

BRASIL - Luiz Carlos Prestes prepara uma rebelião político-militar para derrubar Getúlio Vargas e instalar um governo socialista (Intentona Socialista). Mas é descoberto, perseguido e preso. Sua mulher, a judia-alemã Olga Benário, é entregue à Gestapo e morre num campo de concentração, em 1942. Prestes fica preso até 1945. Santos tem 140.000 habitantes e o prefeito eleito é Aristides Bastos Machado.

1937 - O Satélite aluga por 25$000 uma sala à Rua do Comércio nº 15 - 2º andar, bem próxima à Praça Rui Barbosa, para instalação da secretaria. Foram adquiridos, também, por 100$000, 500 quilos de pó de tijolo para conservação das quadras de tênis. Esse e os demais materiais eram guardados no porão do Parque Balneário, motivo pelo qual se estudava um local mais adequado para o Satélite.

Para as festas juninas, realizadas no Santos Rink, foram depositados 100$000 em caução na City of Santos Improvements Co. para garantir o pagamento do consumo de luz. Outras despesas: Jazz Cepp (500$000) e um regional (130$000).

BRASIL - Baseado em suposto plano comunista (Plano Cohen) para tomar o poder, divulgado pelo general Góis Monteiro, Getúlio Vargas, em golpe de estado, implanta o Estado Novo, regime autoritarista, centralista e corporativista. O novo prefeito da cidade, também eleito, é Antonio Iguatemy Martins Júnior.

1937 - O Satélite Clube faz sua primeira mudança, transferindo-se para a Avenida Floriano Peixoto nº 52, um sobrado defronte à Rua Marcílio Dias e a meia quadra da Praça da Independência. Dispondo de amplo andar térreo e com 4 salas na parte superior, havia espaço suficiente para localizar a biblioteca, a sala de reuniões, a da diretoria, o salão de jogos e ainda local para guarda de todo o material sócio/esportivo. A aquisição de novos móveis, material de escritório e despesas com mudança trouxeram novo ônus para o clube. A par disso, descobriu-se que o cobrador, além de receber comissão mensal pela cobrança dos recibos (mais ou menos 72$000), desviara 180$000 de maneira fraudulenta.

BRASIL - É criado o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) e o Conselho Nacional do Petróleo (CNP). Houve grande avanço nas políticas sociais pela implantação de ampla legislação trabalhista. Lampião (Capitão Virgulino) e sua companheira Maria Bonita são mortos em Angicos, fazenda na região do Raso da Catarina, na divisa da Bahia com Sergipe. Antonio Gomide dos Santos é o interventor nomeado pelo governo federal.


Flávio Alcoba Soares, presidente do Satélite Clube de junho de 1936 a julho de 1939

Imagem enviada a Novo Milênio pelo internauta Ary O. Céllio


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