HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS -
OS DIRIGENTES
Antonio Iguatemy Martins Júnior
De 15/10/1936 a 17/1/1938
Iguatemy Martins foi o nome dado a uma praça no bairro
santista da Vila Nova, onde se localiza a Bacia do Mercado Municipal. Esta é uma homenagem prestada a Antonio Iguatemy Martins, que (segundo Olao
Rodrigues, em sua obra Veja Santos!, de 1975) foi membro do Conselho Municipal de Intendência e seu presidente no biênio 1896-1897 (o mesmo
autor, em trabalho de 1979, abaixo citado, reconsiderou a informação, apresentando-o como presidente da Câmara Municipal e não como intendente). Ainda
conforme Olao Rodrigues, no período seguinte, que se estendeu de 1899 a 1902, embora nomeado, não tomou posse. Banqueiro, em 1902 foi diretor-presidente
do Banco Mercantil de Santos. Ocupou também a presidência da Associação Comercial de Santos no período de 1898-1900.
Seu filho, Antonio Iguatemy Martins Júnior, foi prefeito municipal de Santos em 1936 e
1937, exonerando-se dessas funções em 1938. A seu respeito, o falecido jornalista Olao Rodrigues registrou em sua coluna Nos Tempos de Nossos Avós,
publicada no jornal santista A Tribuna em 5 de maio de 1979:
Antonio Iguatemy Martins Júnior
Foto: publicação contemporânea ao seu mandato, não identificada
Desaparece o prefeito que possibilitou a construção do Paço
Faleceu há dias em São Paulo o sr. Antônio Iguatemy
Martins Júnior, ex-prefeito de Santos, na década de 40.
Não lhe bastassem outros bons serviços conferidos ao município, deve-se-lhe a obtenção
de recursos financeiros, em libras, para a construção do Paço. A Prefeitura, com os cofres vazios, conseguiu empréstimo na Inglaterra, regularmente
amortizado. Sobreveio, porém, o esquema Osvaldo Aranha, que determinou o valor da libra pelo câmbio oficial e não mais pela taxa livre do dia. Pela
sua influência e experiência, corretor de fundos públicos que foi, o sr. Iguatemy Martins Júnior conseguiu vincular a nossa municipalidade ao plano
cambial do Governo da União.
Os nossos credores de Londres, no entanto, condicionaram que a retirada do valor
decorrente da diferença só seria permissível se se provasse que essa diferença viesse a favorecer obras de caráter produtivo. Foi quando
argumentamos e justificamos a urgente necessidade da aplicação de dinheiro na construção do Paço Municipal. E as libras foram liberadas. E os cofres
públicos se encheram de dinheiro. Dessa forma foi possível a construção do Palácio José Bonifácio, inaugurado a 26 de janeiro de 1939, quando do
centenário da Cidade, durante a gestão do prefeito dr. Ciro de Ataíde Carneiro. Sob sua gestão se executaram as obras.
Os recursos econômicos, no entanto, provieram mercê da dedicação, insistência,
comprovação técnica e habilidade do sr. Antônio Iguatemy Martins Júnior, que morreu em São Paulo, e a notícia do trespasse saiu em vala comum, como
se ele fosse um zé-qualquer.
Já o seu genitor - Antônio Iguatemy Martins - foi um dos grandes homens de Santos.
Presidente da Câmara Municipal na legislatura de 1896 a 1899, sucedendo a Francisco Correa de Almeida Morais e ainda presidente da Associação
Comercial de Santos no biênio 1885-1886. Seu nome é atribuído à praça do Mercado.
Antonio Iguatemy Martins Júnior
Foto: jornal santista A Tribuna, 27/11/1936
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Esta carta foi escrita por sua filha, Vera Iguatemy Martins Robinson, residente na capital
paulista, no ano 2000:
Detalhe da carta escrita em 26/7/2000 por Vera I.M.Robinson
Acervo da família (fotocópia no acervo do historiador santista Waldir Rueda)
Querida **:
Finalmente estou escrevendo um resumo da breve passagem de Papai pela Prefeitura de
Santos e juntando a estas linhas alguns recortes de jornais da época.
Nascido em Santos em 26 de julho de 1892, filho de Antonio Iguatemy Martins (este
também contribuiu para o desenvolvimento da terra que lhes era tão cara, tendo sido Presidente da Câmara no seu tempo) e de Anna Flóra de Sá
Martins. Casou-se em 1916 com Dulce Stockler Martins. Foi sua avó paterna uma irmã de José Bonifácio, sendo pois descendente direto dos Andradas,
família santista de longa data.
Prefeito de Santos de 1936 a 1938, renunciou ao cargo por discordar com a
política da época - a volta de Getúlio Vargas ao poder e conseqüente exílio e prisões feitas então - culminando com o exílio do governador de São
Paulo, Armando de Salles Oliveira, de quem era fiel admirador, pelas suas posturas democráticas e empreendedoras.
Tendo assim renunciado, voltou a trabalhar na sua firma exportadora de café,
encerrando com este ato a sua breve carreira política após ter sido um Prefeito, mais administrador do que político, contribuindo assim com
melhorias significativas - mas não faraônicas - necessárias ao desenvolvimento da sua querida Santos.
Há na sede da Prefeitura uma placa comemorativa, com seu nome, pela finalização do
mesmo edifício, uma das obras à qual se dedicou com carinho, durante a sua gestão.
Notícias de jornais, mais elucidativas sobre a sua meteórica e profícua passagem
pela Prefeitura, vão ajudar nessa pesquisa. Esperando que a minha pequena colaboração possa ser de alguma valia para se elucidar possíveis lacunas
na história de Santos, cidade da qual nós santistas - natos e "adotados" - somos tão fiéis (apesar da distância).
Com um carinho especial para a velha amiga, aqui se despede com
um abraço afetuoso,
Vera
São Paulo, julho, 26 - 2000
(coincidentemente, aniversário de Papai).
P.S.: desculpe a letra, nesta apressada missiva. Há anos não escrevo uma carta!!!
V.
Detalhe de diploma de irmão remido conferido pela Irmandade da Santa Casa de
Misericórdia de Santos a Antonio Iguatemy Martins Júnior, em 26 de novembro de 1918
Acervo da família (fotocópia no acervo do historiador santista Waldir Rueda)
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No dia 27 de novembro de 1936, o jornal santista A Tribuna (cópia no acervo do
historiador Waldir Rueda) publicou (ortografia atualizada nesta transcrição):
Administração do município
A ação brilhante que o sr. Antonio Iguatemy Martins Júnior vem desenvolvendo à frente do executivo santista
Vem causando a melhor impressão, no espírito público, a
atuação destacada do sr. Antonio Iguatemy Martins Júnior à frente do executivo municipal de Santos.
O governador da cidade, inteirando-se gradativamente dos múltiplos problemas da
pública administração, vem dedicando a cada um deles o máximo cuidado, procurando solucioná-los dentro do mais justo critério.
Assim é que s.s., nestes últimos dias, vem realizando uma série de visitas às várias
repartições da Prefeitura, internas e externas, para melhor conhecer das suas necessidades e aparelhá-las para o cumprimento de sua missão.
Da sua visita ao Corpo Municipal de Bombeiros, constatou o chefe do executivo a
necessidade de reformar o instrumental da respectiva banda, já gasto e quase imprestável, determinando as necessárias providências para a aquisição
de um novo instrumental na Paulicéia.
Verificando, ainda, o sr. Iguatemy Martins, a deficiência de material para incêndio,
principalmente escadas de grande elevação e mangueiras, deliberou s.s. suprir essas falhas, dotando aquela corporação do aparelhamento indispensável
para melhor desempenho de sua finalidade.
S.s. mandou melhorar, ainda, as instalações sanitárias e reparar as dependências do
Corpo de Bombeiros, Mercado, Almoxarifado, Cemitério do Paquetá e do Saboó e diversas escolas isoladas.
Com relação aos serviços burocráticos, o governador da cidade expediu instruções às
respectivas diretorias no sentido de abreviar o andamento dos processos para que as partes interessadas não sofram prejuízos pela delonga nas
informações e despachos.
Realizando, pela manhã, visitas cotidianas aos diversos bairros e pontos afastados da
cidade, s.s. tem constatado a necessidade de melhorar-se as condições de calçamento de diversas ruas, para maior facilidade do trânsito. Dentre
essas, convém salientar as ruas dos bairros de Vila Macuco e Campo Grande, tendo ordenado à diretoria dos Serviços Públicos a adoção de várias
providências tendentes a melhorar o estado dessas vias públicas.
Resolveu, ainda, o sr. Iguatemy Martins, ordenar o recalçamento da Rua Bittencourt, no
trecho entre a Rua Senador Feijó e o Itororó, bem assim providenciar o alargamento da Rua Bittencourt em frente ao Corpo de Bombeiros.
O chefe do executivo estuda, ainda, a possibilidade de estender até o canal n. 6,
próximo ao Grupo Escolar "Lourdes Ortiz", as linhas de bondes da City, para o que já teve, há dias, um entendimento com o dr. Bernardo Browne,
gerente da Cia. City. É pensamento de s.s. intervir junto a essa empresa, no sentido de levar os bondes a outros pontos do município ainda não
providos desse melhoramento público.
O interesse do sr. Iguatemy Martins pelo que diz respeito ao melhoramento e progresso
de sua terra natal tem ido a ponto de solicitar s.s. pessoalmente, em conferência que teve com o dr. Armando de Salles Oliveira, governador do
Estado, a melhoria do serviço de policiamento da cidade.
A par dessas cogitações, o sr. Iguatemy Martins está prosseguindo no plano de
embelezamento da cidade, traçado pelo seu ilustre antecessor, dr. Aristides Bastos Machado, de maneira a não sofrer esse plano solução de
continuidade.
Essa atuação do sr. Iguatemy Martins vem causando a melhor impressão nos círculos
sociais da cidade, e a serenidade e critério com que s.s. se vem conduzindo, na solução de vários problemas administrativos, constituem índice
seguro de que a sua gestão será coroada de feliz êxito, para o que não lhe faltarão, certamente, o apoio decidido do legislativo e o estímulo e
simpatia da população santista. |
Em 2 de março de 1937, o jornal santista O Diário (cópia no acervo do historiador
Waldir Rueda) publicou (ortografia atualizada nesta transcrição):
O relatório do Prefeito
Fazendo ontem alguns comentários em torno da situação financeira do município de
Santos, a propósito dos algarismos revelados no relatório do sr. Iguatemy Martins, dissemos que a preocupação de economia mantida pela administração
municipal não conduziu o chefe do executivo à inércia. Antes, Santos assistiu a iniciativas interessantes, progressistas, como também viu que os
serviços públicos já existentes foram cuidados com carinho e alguns melhorados de acordo com as necessidades mais urgentes. E esse equilíbrio de
administrador cauteloso no dispêndio dos dinheiros públicos, mas ativo nas iniciativas de utilidade geral, é que impressiona bem no exame da ação
desenvolvida pelo atual prefeito municipal.
A construção do Ginásio de Santos, levada a ponto que permite a promessa de sua
próxima instalação, significa apenas, para o município, a realização de uma velha e justa aspiração. No terreno da instrução pública, não poderia a
Prefeitura prestar melhor serviço a Santos.
Assim também a construção do Paço Municipal, iniciada. A boa ordem dos serviços
administrativos do município e a própria dignidade de administração municipal não podiam se conformar, por mais tempo, com as atuais instalações da
Prefeitura, exíguas, velhas, desconfortáveis e até vexatórias.
O sr. Iguatemy Martins presta um relevante serviço levando a cabo essa obra, que era
também uma velha aspiração santista.
A atividade desenvolvida pela Prefeitura no assentamento de meios-fios e no calçamento
de logradouros públicos é outra demonstração do esforço bem intencionado da atual administração, por embelezar e aumentar as condições de conforto
da cidade. Os algarismos relativos a essa atividade são bastante expressivos: 9.101 metros lineares de meios-fios, 319 metros de galerias de
drenagem, 70.717 metros quadrados de calçamento de vias públicas, além de outras obras públicas dignas de nota, como pontes de concreto etc.
Santos tem muito a fazer em matéria de urbanismo. Suas lindas praias, tão procuradas
pelos turistas do Estado e do país, seus bons hotéis e cassinos, pedem, por exemplo, moldura melhor do que a que existe. O sr. Iguatemy Martins
compreendeu bem isso, quando imprimiu elogiável atividade ao serviço de ajardinamento das avenidas que margeiam as praias santistas, bem como
construindo a fonte luminosa do Gonzaga e a esplanada do Miramar.
Há, pois, na atual administração municipal, uma firme e inteligente orientação, de que
Santos já começa a haver benefícios e da qual ainda terá de auferir muitos outros. A prova dessa diretriz segura e inteligente, temo-la ainda nas
sugestões feitas no relatório do Prefeito quanto a iniciativas que devem ser postas em prática em pouco tempo e às quais nos referiremos em outro
comentário. |
No dia seguinte, 3 de março de 1937, foi a vez do jornal paulistano A Gazeta (cópia
no acervo do historiador Waldir Rueda) opinar (ortografia atualizada nesta transcrição):
Duas palavras
O relatório apresentado à Câmara pelo prefeito Iguatemy Martins Júnior veio provar o que afirmamos, logo
após a sua escolha para aquele cargo. Homem prático, vivendo a vida dinâmica do nosso alto comércio, o sr. Iguatemy Martins não foi para a
Prefeitura arquitetar castelos de areia que os primeiros ventos derrubam. Procurou informar-se da situação do município, com uma idéia fixa:
administrar.
Num posto de administração elevado, como é o de prefeito de uma cidade como Santos,
tem essa autoridade de colocar-se acima de quaisquer injunções, seguindo uma norma certa, sem tergiversações, para atingir um fim útil. E, tanto
quanto parece, assim tem feito o sr. Iguatemy Martins Júnior, cercando-se de auxiliares capazes de lhe prestarem valiosa cooperação.
Atacando serviços públicos de importância com grande decisão, o prefeito tem-se
revelado apenas administrador, como ainda há pouco demonstrou, com a nomeação de uma comissão de altos funcionários para procederem à codificação
das leis municipais, sem procurar saber dos credos que tais servidores alimentavam. O critério seguido foi o de reunir competências, que devem
sobrepor-se sempre a quaisquer conveniências de ordem diversa.
Na exposição que fez à edilidade, abordou o prefeito questões de alta relevância, há
muito focalizadas nestas colunas, tais como calçamentos de ruas, construção de galerias pluviais, remodelação do Corpo de Bombeiros e do Mercado
Municipal etc.
O relatório esboça um programa de atividades bem orientadas, cuja realização precedeu,
como não podia deixar de acontecer, estudos meticulosos da situação da cidade.
O sr. Antonio Iguatemy Martins Júnior demonstrou estar ao par das mais urgentes
necessidades citadinas, mercê de laborioso trabalho de observação, in loco. E, firmado na segurança dos conhecimentos adquiridos, sem se
guiar pela tradicional orientação burocrática dos relatórios, sempre mais ou menos faiscados, o prefeito santista promete-nos uma administração de
magníficas realizações, escoimada de parcialidade, com suas atenções inteiramente voltadas para o bem comum.
O interesse especial que s.s. dedicou ao projeto de reforma da instrução, apresentado
pelo líder da minoria, dr. Nicanor Ortiz, evidencia, claramente, a intenção de que se acha possuído. No capítulo dedicado ao ensino, expressa-se
deste modo o prefeito:
"Funcionaram normalmente as escolas municipais, cujo
movimento é acusado no respectivo relatório parcial, sendo de destacar aqui o número de crianças matriculadas, que subiu a 1.850. Esse assunto já
mereceu especial atenção dessa ilustrada Câmara, nos poucos meses que funcionou no ano findo, pendendo de sua deliberação um projeto de reforma da
instrução municipal. Aguarda esta Prefeitura a conclusão dos estudos e deliberação dessa ilustrada Câmara, para atacar de frente os variados
problemas que o assunto apresenta.
"Cuidou, entretanto, esta Prefeitura, desde logo, de estudar e projetar a construção
de novos prédios, adequados à instalação das escolas municipais, na certeza em que está, que esse deve ser o alicerce da nova organização que se dê
ao serviço, visto a grande deficiência da quase totalidade das atuais instalações, e espera esta Prefeitura poder dotar essas escolas de instalação
e aparelhagem convenientes, sem o que seria improfícua qualquer reforma na sua organização".
Ascendendo ao mais alto posto de administração da cidade, soube o sr. Antonio Iguatemy
Martins Júnior despir-se da qualidade de homem de partido, para, acima de competições alheias à função administrativa, pugnar pelos interesses da
coletividade. E é por isso que a sua gestão tem merecido os aplausos de todos, com a confiança unânime da Câmara. |
Em 7 de setembro de 1937, o jornal O Bandeirante (cópia no acervo do historiador
Waldir Rueda) registrou (ortografia atualizada nesta transcrição):
Cercado da mais alta estima e amparado pela gratidão do seu povo
O prefeito Iguatemy Martins transforma Santos, com a sua visão e a sua coragem, em
uma urbe digna de São Paulo
Não poderia Santos deixar de ter um prefeito como esse
que possui: voltado com uma dedicação máxima para os interesses da cidade e do município todo.
É graças a essa dedicação, com a qual de corpo e alma o dr. Iguatemy Martins se volta
para a defesa de Santos, que a grande, formosa e magnífica cidade se vem transformando, embelezando-se dia a dia e tornando-se digna de si própria e
do renome do Estado de São Paulo.
Santos é dotada de incomparáveis encantos naturais: as suas praias, graciosamente
recortadas e de areias alvíssimas; os seus mares, de um esplendor que açambarca e domina; as suas montanhas, as suas ilhotas manchadas de florestas
e salpicadas de impressionantes rochedos - tudo faz de Santos um recanto maravilhoso, estupendo, capaz de prender o espírito mais frio e impassível.
O prefeito Iguatemy Martins, alma dedicada, capaz de compreender bem tudo isto, e
energia realizadora, capaz de sobrepor a tudo isto novas belezas, tem sabido aproveitar essas maravilhas naturais de Santos, avultando-as aos olhos
dos viajantes e turistas.
A cidade de Santos está sendo uma das melhor cuidadas do interior paulista. Vale bem
admirar o serviço gigantesco e incessante de reforma da pavimentação, serviço verdadeiramente modelar e admirável, que ressalta extraordinariamente
as formosas construções residenciais. Vale a pena contemplar os jardins das praças e os jardins das praias, ao longo do Gonzaga e do José Menino, de
modo a tornar essas praias uma das mais belas da América do Sul.
Atualmente, o dr. Iguatemy Martins está preocupado com a imediata reforma da rede de
esgotos da cidade. O trabalho de galerias pluviais é um empreendimento de vulto impressionante, ma que é de uma valia incalculável, pois resolve um
premente problema de saneamento citadino, que vinha de há muito desafiando a coragem e a argúcia de um prefeito.
Mas, quem conheceu, tempos atrás, não muito remotos, o que eram as praias santistas,
assaltadas pela erva e pelo mato, sente um verdadeiro e profundo frenesi de entusiasmo, ante a perspectiva desses jardins intermináveis, lançados
com um grande sentimento de estética e cuidados com um zelo inimitável. O paulista, tão cioso das suas coisas e espírito criador e inquieto, já não
tem razões de ter inveja do cuidado com que são tratadas as praias da Guanabara.
Note-se, todavia, que o grande governador santista não se esquece de por-se em contato
com todos os setores de embelezamento e de interesse do município. Todos os mínimos recantos santistas merecem, de s. excia., o cuidado de um
clínico urbanista, de um artista militante, que estuda, repara, reforma, refaz e dá vida nova, à maneira de um pintor que retoca o quadro e dá-lhe o
emolduramento adequado.
O Legislativo de Santos jamais tem tido dúvida em armar de toda a autorização e
autoridade necessárias o provecto e operoso prefeito, a fim de que s. excia. ponha em integral movimento as atividades da sua inteligência e das
suas energias, no próprio bem da cidade e da sua população. Ambas as bancadas da Câmara pronunciam com respeito, carinho, o nome do chefe do
Executivo Santista, porque reconhecem na mais alta autoridade de sua terra o espírito de maior amor ao serviço da localidade.
O dr. Iguatemy Martins vive na mais profunda estima do seu povo, na sua simpatia e no
seu respeito. Em s. excia. tem o seu maior e mais dedicado amigo e servidor.
Esse testemunho foi ainda agora dado a s. excia. por ocasião do transcorrer da sua
data natalícia, quando a população santista lhe promoveu as mais inconcussas e iniludíveis provas de amizade e de gratidão.
O dr. Iguatemy Martins é, sem dúvida, um dos filhos mais beneméritos da nobre e
legendária cidade de Santos, que jamais se esquecerá dos préstimos que recebe da sua dedicação e saberá tributar-lhe as homenagens de que é digno. |
Antonio Iguatemy Martins Jr., em 1936
Foto publicada no jornal santista A
Tribuna, em 13 de agosto de 1936, página 20 (última) |
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