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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BAIRROS DE SANTOS - SÉCULO XXI - [11]
Campo Grande

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Publicado em 22/2/2010 no jornal A Tribuna de Santos, página A-3


PELAS RUAS DO BAIRRO, VIDA COM QUALIDADE - No Campo Grande, é fácil ter boas recordações da infância. Ruas de chão batido, ideais para os meninos que jogavam bola, eram comuns nos anos 40. Nessa época, predominavam os chalés. Agora, altos edifícios dividem espaço com as casas. O bairro, porém, guarda algo precioso: a qualidade de vida

Imagem: reprodução parcial da primeira página de A Tribuna de 22/2/2010

 


Com mais de 28 mil habitantes, o Campo Grande, um dos mais populosos de Santos, sofre com congestionamentos nas vias principais e internas

Foto: Vanessa Rodrigues, publicada com a matéria

INFRA-ESTRUTURA

Riqueza em qualidade de vida

Embora seja predominantemente residencial, bairro conta com uma forte atividade comercial

Tatiana Lopes

Da Redação

Da infância no bairro do Campo Grande, onde nasceu, Nilton José de Carvalho só guarda boas recordações. Quando moleque, no final da década de 40, jogava bola nas ruas de terra do bairro. Naquela época, o cenário era bem diferente do atual. Os chalés de madeira, da lembrança de Nilton, com o passar dos anos foram substituídos por casas de alvenaria, prédios de três andares, sobrepostas até chegar a edifícios mais altos, vistos na atualidade.

"A qualidade de vida aqui é muito boa. É um lugar tranqüilo e tem tudo perto. Escola, condução, comércio. Quem tem casa no bairro não vende por nada", diz Carvalho, há oito anos na presidência da Sociedade de Melhoramentos do Campo Grande.

Com uma área de mais de 1 milhão de metros quadrados, limitados pelas avenidas Ana Costa, Francisco Glicério, Bernardino de Campos, Rua Carvalho de Mendonça e parte da Avenida Pinheiro Machado, o Campo Grande é um dos mais populosos de Santos.

De acordo com informações da Prefeitura, baseadas no último Censo do IBGE, realizado em 2000, o bairro conta com 28 mil habitantes. Mas o presidente da Sociedade de Melhoramentos estima atualmente uma população de cerca de 35 mil moradores.


LIDERANÇA - A Sociedade de Melhoramentos do Bairro do Campo Grande é uma das mais atuantes da Cidade. Desde sua fundação, em 22 de junho de 1982, o bairro passou a ter comemorado o aniversário na mesma data. O atual presidente da entidade, Nilton José de Carvalho, está há oito anos no cargo, desde que se aposentou como despachante policial. Hoje, ele serve de elo entre a comunidade e o Poder Público

Foto: Vanessa Rodrigues, publicada com a matéria

História - O bairro é conhecido por este nome desde 1890, pois a região era um grande campo pantanoso com matagal, brejo e animais selvagens. Segundo relatos de antigos moradores, crianças caçavam rãs por lá e depois vendiam em bares e restaurantes da Cidade.

Com a implementação da linha de bondes da extinta Companhia City, em 1910, essa história começou a mudar. O transporte atraiu a população, que ergueu rapidamente os antigos chalés de madeira e sobrados em terrenos loteados pela Companhia Parque Balneário, e levou o progresso para a região.

Hoje, o Campo Grande possui boa infra-estrutura e, embora seja predominantemente residencial e ofereça tranqüilidade aos moradores, conta com uma forte atividade comercial. Entre os mais de mil estabelecimentos, é possível encontrar farmácias, padarias, restaurantes, lojas de roupas, brinquedos e móveis, postos, açougues e supermercados.

Algumas vias, como a Carvalho de Mendonça, transformaram-se em um forte corredor comercial, por conta da oferta de agências bancárias, revendedoras de veículos, laticínios e perfumarias.

O bairro possui ainda instituições conhecidas em toda a Cidade, como o Lar das Moças Cegas, o Centro Espanhol e a antiga Estação Ferroviária Sorocabana. Estão lá também a fábrica de Biscoitos Praiano, com mais de meio século de tradição, além do Mendes Convention Center e o Hipermercado Extra.

Nas áreas de Educação e Saúde, o Campo Grande é bem servido. São três escolas públicas, além de instituições de ensino particulares, um hospital privado e uma policlínica.

Apesar de ser bem estruturado, não há uma única área pública de lazer. "O único espaço do bairro é a Sociedade de Melhoramentos, mas atende apenas adultos", afirma Carvalho.

PERSONAGENS


Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria

 

MANUEL GOMES DA SILVA - Barbeiro

Natural do Distrito de Aveiro, em Portugal, Manuel, de 80 anos, veio para Santos há 54 anos, e há 34 escolheu o Campo Grande para morar. "Gosto daqui porque tem tudo perto". Apesar da idade avançada, o barbeiro ainda trabalha de segunda a sábado, atendendo fregueses na Sociedade de Melhoramentos do bairro. "Nunca parei de trabalhar, e nem penso em parar, senão a gente enferruja", brinca Manuel.

 

RUBENS FRANCO CARRANCA - Aposentado

Nascido no número 154 da Rua Gonçalves Ledo, sempre morou no Campo Grande, assim como seus pais. Depois de casado, o ex-funcionário da Cosipa mudou-se para uma casa na Visconde de Cairu, onde vive até hoje com a mulher. "Na minha infância não tinha asfalto, era tudo de terra. Brincava tranqüilamente nas ruas. Quando saía da escola, contava no máximo dois ou três carros pelo caminho", lembra Rubens.

Moradores querem abertura de ruas

Um dos principais problemas enfrentados pelos moradores do Campo Grande é o trânsito. Como fica em uma área intermediária da Cidade, suas vias servem de ligação entre os Morros e a Zona Leste, e entre o Centro e a praia.

Para piorar a situação, o bairro é limitado pela linha da máquina e só tem três saídas principais - as avenidas Pinheiro Machado, Bernardino de Campos e Ana Costa. "Deviam acabar com os trilhos e abrir passagem das ruas internas para a Avenida Francisco Glicério", reivindica o presidente da Sociedade de Melhoramentos, Nilton José de Carvalho.

Na opinião dele, essa medida ajudaria a melhorar a fluidez do tráfego naquela região, escoando o trânsito das avenidas. "Seria possível sair do José Menino, Pompéia e Gonzaga, em direção ao Centro, por ruas paralelas às vias principais".

A proposta dos moradores de acabar com a linha do trem, no entanto, inviabilizaria o projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na Baixada Santista. A idéia inicial era utilizar esse espaço para implantar o transporte - ligando o Terminal Barreiros, em São Vicente, ao Terminal Porto, em Santos. Mas o Governo do Estado já estuda uma outra alternativa: a instalação no canteiro central da Avenida Francisco Glicério.

Carvalho defende não só a abertura de ruas, como a revitalização de todo o trecho da desativada ferrovia, como ocorreu na área do Mendes Convention Center, da própria Sociedade de melhoramentos e da Base da polícia. "Isso daria mais segurança aos moradores e valorizaria os imóveis. Depois que foi instalada a base da PM aqui, o tráfico de drogas acabou. A polícia inibe a ação dos criminosos".


Revitalização da área da ferrovia também está entre as reivindicações

Foto: Luiz Fernando Menezes, publicada com a matéria

Paixão antiga pela bocha e pelo bairro

O ano era 1945. Após ser liberado do Exército, José Brito, então com 18 anos, saiu de Garça, cidade do interior do Estado, perto de Marília, e veio a Santos conhecer o mar. Se encantou pela Cidade, se instalou no Campo Grande, constituiu família, e de lá nunca mais saiu."É o melhor bairro, não desfazendo dos demais", diz Brito, com a propriedade de quem vive há 65 anos no local.

Morador da Rua Carlos Gomes, Brito ficou conhecido no bairro como Marília, por conta de suas origens. Hoje, aos 87 anos, mas com vitalidade de um menino, se orgulha de ser o jogador mais antigo de bochas em atividade no Município. Profissional da modalidade, viajou pelo Brasil e pelo Exterior competindo pelo Vasco da Gama. "O esporte é a paixão da minha vida, comecei a jogar aos 10 anos".

Freqüentador assíduo da Sociedade de Melhoramentos do bairro, onde treina duas vezes por semana, Brito é também o zelador da quadra de bochas. O local recebeu o seu nome, em uma homenagem à trajetória vitoriosa do esportista.

Segundo os amigos, o aposentado cuida da quadra como se fosse a própria casa: limpa as bolas e encera a área onde ocorrem os jogos. "Já arrumei cada briga com o pessoal que chega da rua, com as mãos e pés sujos, e resolve jogar aqui", reclama Brito.


Aos 87 anos, Brito é um dos mais antigos praticantes da modalidade

Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria

Veja o bairro em 1982
Veja Bairros/Campo Grande

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