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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SEU BAIRRO/mapa
Problemas? Visite o Chico de Paula (4)

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Publicado em 24/6/1982 no jornal A Tribuna de Santos

 Leda Mondin (texto) e equipe de A Tribuna (fotos)


Há muito o que se fazer pelo Chico de Paula, um bairro que reclama maior atenção

Muitos problemas para um bairro tão pequeno

Esse dado chega a assustar: a população da favela Vila Alemoa é pelo menos 15 vezes maior do que a população do restante do bairro. Enquanto na favela vivem umas 10 mil pessoas, o resto da área abriga apenas 631 habitantes.

Na verdade, são poucas e pequenas as ruas existentes nesse bairro que é delimitado pela Avenida Nossa Senhora de Fátima, via Anchieta e pela linha demarcatória em curva que atinge o início da Rua Pedro Paulo di Giovanni, até a Avenida Nossa Senhora de Fátima. O Censo de 1970, que é a estatística mais recente a respeito de ocupação, registrou 105 residências, além de 32 unidades comerciais, 23 de serviços e 14 industriais.

O nome do bairro é uma homenagem a Francisco de Paula Ribeiro, o Chico de Paula, que foi vereador de 1883 a 1886 e que, como engenheiro e diretor da antiga Cia. Docas, acompanhou a construção do cais corrido. Os historiadores definem essa obra como um autêntico serviço de saneamento de Santos, pois a partir dela diminuiu a incidência de moléstias de caráter endêmico. O neto de Chico de Paula, Francisco Luís Ribeiro, foi prefeito de Santos na década de 1950.

Se qualquer um dos dois desse uma caminhada pelo bairro de hoje, teria uma desagradável surpresa. Aquela enorme favela por si só renderia muito mau humor. E, infelizmente, há muito mais.

Os moradores não agüentam mais as enchentes que ocorrem a cada chuva mais forte. A Avenida Nossa Senhora de Fátima vira um mar no seu trecho inicial, a água leva horas para escoar e, mesmo passados vários dias da chuva, ainda restam poças e sujeira nos cantos da pista. E se essa avenida fica assim, imagine-se as demais ruas, que são todas mais baixas!

Ninguém suporta mais as inundações e nem promessas de se dar fim ao problema. Essas tais promessas nunca cumpridas revoltam os moradores, que gastam o que podem e o que não podem para levantar a casa e evitar prejuízos a cada nova enchente.

A Rua João de Souza Lima ainda está lá, intransitável por causa da lama, e é um exemplo de como ficavam todas as demais. Só depois de muitos protestos e abaixo-assinados o pessoal conseguiu os serviços de pavimentação que vêm sendo realizados. Um detalhe: o dinheiro para realizar a benfeitoria sai dos bolsos deles. Para lotes com 10 metros de frente, a prefeitura fixou taxa de Cr$ 170 mil à vista.

E a Rua Bóris Kauffmann? Ah, essa é de fazer vergonha para qualquer prefeito. Basta dizer que sobre o Canal São Jorge há uma ponte feita com toras de madeira. A qualquer momento pode acontecer um acidente mais sério, porque por ali circulam jamantas e caminhões.

Os buracos na pista são tantos que nenhum motorista consegue andar a mais de 20 quilômetros por hora. Eles enfrentam com dificuldade as enormes poças de água, enquanto os pedestres se comprimem nos cantos sem saberem como se safar de tanta lama.

A prefeitura sequer tapa os buracos, alegando que a rua vai ser alargada. Mas esse tal alargamento foi anunciado no ano passado, e até agora nada. Ainda sobre isso, os favelados que moram ao longo da Bóris Kauffmann continuam sem saber o que acontecerá. Temem serem expulsos sem direito a nada. E a expectativa cresce na mesma proporção que o silêncio da prefeitura.

Judite de Souza mora no Chico de Paula há 17 anos e reclama da falta de supermercados e farmácias. Áreas de lazer? Qual o quê! A Praça José Bonifácio, logo na entrada, não passa de um amontoado de lama e não ostenta uma única árvore para indicar que realmente se trata de uma praça. A situação da Praça Guilherme Délius é até pior: foi cedida pela prefeitura para uma obra assistencial e, portanto, está definitivamente afastada a possibilidade de se transformar em um centro de lazer. E a criançada, que improvisava ali um campinho de futebol, também ficou na mão.


Trabalhadores transformam o antigo Matadouro num centro educacional, assistencial e esportivo

Surge um centro de lazer

O campo de futebol e a pista de atletismo não foram inaugurados a 1º de maio, e nem o Museu Regional da Indústria entregue a 25 do mesmo mês, Dia da Indústria. O Serviço Social da Indústria (Sesi) não cumpriu os primeiros prazos que anunciou, mas os trabalhos continuam para se transformar a área do ex-Matadouro em um Conjunto Educacional, Assistencial e Esportivo.

Passa por grandes mudanças esse lugar onde os animais sentiam que estavam sendo eliminados a prestações. O conjunto abrigará a sede regional do Sesi, um museu e serviço odontológico, além de escola para mil crianças e creche para outras cem.

O projeto do arquiteto Lázaro Aurélio inclui ainda: campo de futebol, pista de atletismo, três piscinas, quadras poliesportivas, piscinas para a prática de salto em distância, salto em altura e salto de vara, bem como espaço para lançamento de peso, dardo e martelo.

Ao final das obras, será feito o represamento de parte das águas do Rio São Jorge para construção de tanque de treinamento para barcos a remo. O melhor de tudo é que o local ficará aberto ao público em geral, servindo como opção de lazer principalmente para os moradores do Chico de Paula, um bairro tão esquecido.

Veja as partes [1], [2] e [3] desta matéria
Veja Bairros/Chico de Paula

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