Detalhe da primeira página do jornal santista A Tribuna em 24 de abril de 1929
Memória
Faleceu o conselheiro Antonio da Silva Prado
As fases da agonia do venerando paulista - O seu passamento - Manifestações de pesar - Trasladação do corpo para São Paulo
Após muitos dias de longa e dolorosa agonia, faleceu o conselheiro Antonio Prado, que era a encarnação das
tradições paulistas do Segundo Império, a figura mais representativa dos paulistas do Brasil monárquico.
A sua figura inconfundível projetou-se, desde os primeiros tempos de sua vida de homem formado, no cenário paulistano, já como simples advogado, já como político militante.
A família Silva Prado de há muito conserva, em S. Paulo, uma posição de merecido destaque, jamais excedido: em todos os departamentos da atividade paulista ela mantinha representantes
que honravam a cultura e a operosidade peculiares aos paulistas.
Astípide de uma nova mocidade, então promissora de novos batalhadores em prol do nome de sua terra e de seu país, o conselheiro Antonio Prado se desdobrou numa plêiade de notabilidades
no mundo das letras, da política e do jornalismo - Eduardo Prado, Caio Prado, Antonio Prado Junior, Martinho e Martinico Prado, e, mais longe, Armando Prado, que consolidaram o nome e a glória dessa privilegiada família, tão ligada a todas as fases
modernas da história de S. Paulo.
No Gabinete Saraiva, Antonio Prado assinalou magnificamente a sua atuação em face do grave problema da Escravidão, o que é solene desmentido ao que se procura faze acreditar em contrário
de sua sobranceria e desinteresse; na administração da Companhia Paulista de Vias Férreas de S. Paulo e na prefeitura de . Paulo, fez-se admirar o administrador emérito; e nas relações sociais, na família, o cavalheiro elegante e fino, o pai
afetuoso e bom, que se constituiu paradigma na culta e inquieta capital paulista.
(...) no gabinete de 20 de agosto de 1885, que lhe confiou a pasta da Agricultura, em cuja função se tornou Conselheiro de
Estado do Império. Seus serviços ao gabinete Saraiva contribuíram poderosamente para a votação da lei de 25 de setembro de 1885, que declarou livre o escravo que atingisse os 65 anos. Foi o primeiro passo para a abolição da escravatura que,
perseverantemente, defendeu, pela imprensa de São Paulo e do Rio, coadjuvado por seu chefe de gabinete, o dr. F. L. Gusmão Lobo, figura por demais saliente na propaganda antiescravocrata no Brasil.
Em 1887, o dr. Antonio Prado foi eleito senador do Império (...)
Todos os filhos do conselheiro Antonio Prado estão no Rio e assistiram ao seu traspasse. São eles: Paulo, Antonio, Luis, Sylvio, Herminia e Nazareth. Todos eles, inclusive mesmo o
prefeito, irão hoje, à noite, a São Paulo, acompanhando os sagrados despojos do seu pai. - H. R.
Um trem especial organizado pela Central do Brasil
RIO, 23 - A chefia do movimento da Central do Brasil mandou organizar, para hoje à noite, um trem especial, que deverá conduzir a família, amigos e admiradores do ilustre extinto.
Esse especial sairá momentos antes do Luxo Paulista. - H. R.
Comparecimento à estação Pedro II dos admiradores do extinto
RIO, 23 - Foram convidados todos os membros dos diretórios central e regionais da Seção Universitária e os filiados em geral do Partido Democrático, a comparecerem às 21 horas à
estação D. Pedro II, de onde serão trasladados para S. Paulo, em trem especial, os despojos do conselheiro Antonio Prado. - H. R.
(...)
Conselheiro Antonio da Silva Prado
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