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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO - PADROEIRA
Padroeira é Nossa Senhora da Lapa (1)

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Um resumo da história de como Nossa Senhora da Lapa se tornou a padroeira do município está no livrete O que você precisa saber sobre Cubatão, de Francisco Rodrigues Torres, João Carlos Braga Júnior e Welington Ribeiro Borges, editado em 2002 pela Design & Print, de Cubatão, com o apoio do Arquivo Histórico Municipal desse município paulista:


Igreja Matriz de Nossa Senhora da Lapa, em Cubatão
Imagem publicada com o texto no livrete

A história da devoção de Nossa Senhora da Lapa em Cubatão remonta ao século XVII, quando os jesuítas adquiriram, através de doação, um sítio que se transformou mais tarde na Fazenda Geral de Cubatão. O sítio, conhecido também como Fazendinha da Lapa, estava situado numa área pertencente à sesmaria de Francisco Pinto.

Na época, os jesuítas já tinham construído um pequeno sobrado e uma fazenda com engenho na margem direita do Rio Cubatão, que atingiu prosperidade em 1759.

No contrato de doação, havia uma cláusula que obrigava os padres a rezarem uma missa cantada, todos os anos, em ação de graças à Virgem Santíssima, com o título da Lapa.

Essa missa, de acordo com as informações encontradas nos registros da Companhia de Jesus, passou a ser rezada na capelinha erigida pela proprietária das terras, antes do seu falecimento. Essa capela situava-se próxima ao rio.

Mais tarde, o colégio passou a ocupar um trecho da atual Rua São Paulo, e a capela anexa ficava exatamente no cruzamento dessa rua com a atual Avenida 9 de Abril.

Os documentos jesuítas assim concluem: "..e como esse sítio foi doado ao colégio com a condição de se cantar uma missa que se lhe canta na capela de Cubatão, em que se colocou a imagem da Senhora, com o mesmo título".

Com a expulsão dos jesuítas das colônias portuguesas, pelo Marquês de Pombal (Sebastião José de Carvalho e Melo, 1699-1782), a capelinha de Nossa Senhora da Lapa ficou ao abandono, respeitando os colonos, entretanto, a obrigação da missa conforme era o desejo da doadora das terras como disposição de última vontade.

Existem dúvidas quanto à autenticidade histórica da imagem de Nossa Senhora da Lapa em poder da Igreja Matriz. A primitiva imagem, segundo alguns historiadores, foi trazida de Portugal pela família de Francisco Pinto, pai de Rui Pinto, o primeiro donatário das sesmarias que deram origem a Cubatão.

A Festa de Nossa Senhora da Lapa em Cubatão é comemorada no dia 15 de agosto.


Igreja Matriz de Nossa Senhora da Lapa, na Avenida Nove de Abril, em 1987

Foto: folheto Cubatão - Um Governo com o Povo - Prefeitura Municipal de Cubatão, janeiro de 1987

Foto: Departamento de Imprensa/Prefeitura de Cubatão - 2005

Acrescente-se que o botânico inglês William John Burchell (1781-1863) aportou em Santos em 12 de setembro de 1826, pintando um panorama da cidade e 18 aquarelas consideradas de grande beleza e valor histórico. A caminho de São Paulo, na raiz da Serra de Cubatão, ele morou dois meses numa casinha de taipa nas proximidades do Rio das Pedras, explorando a flora e a fauna da Serra do Mar.

Ali produziu duas aquarelas, uma delas mostrando a grande ponte de madeira do Cubatão construída pelo governador Bernardo José Maria de Lorena. A outra retrata uns casarões que, por suas dimensões, parecem ser os remanescentes do grande engenho que os jesuítas ali possuíram, como cita Gilberto Ferrez em sua obra O Brasil do Primeiro Reinado visto pelo botânico William John Burchell - 1825/1929. Essa área, conhecida como Fazendinha da Lapa, teve suas terras anexadas pelos jesuítas.

Quanto à imagem de Nossa Senhora da Lapa, de autenticidade incerta, é descrita como tendo 70 centímetros de altura, moldada em barro ou terracota com grãos grossos e areia. Devido ao valor religioso e histórico, fica durante o ano sob a guarda do pároco, sendo mostrada ao público somente no dia da festa. Nessa ocasião, é cuidadosamente lavada e recebe a coroa de prata, também original.

"Existe outra imagem na igreja que é também antiga; atestam os documentos que veio de Santos por volta de 1920 e já se encontrava por lá há muito tempo", como declarou em 1994 o padre Baltazar Vicente Benito, que foi vigário de Cubatão, antecessor do pároco Nivaldo Vicente dos Santos. Segundo o padre Baltazar, "a atual Matriz foi erigida a alguns metros da antiga capela, derrubada para permitir a abertura da Avenida 9 de Abril".


Matriz velha de Nossa Senhora da Lapa
Foto: jornal A Tribuna, caderno especial Cubatão 46 anos, 9 de abril de 1995

Matéria publicada no jornal A Tribuna, em 15 de agosto de 2004:

DEVOÇÃO

Comunidade Católica festeja o Dia de N. Senhora da Lapa

Da Sucursal

Uma das únicas relíquias remanescentes da época colonial de Cubatão - a imagem de Nossa Senhora da Lapa, padroeira da Cidade - será venerada hoje pela comunidade católica,  durante procissão que se repete há três séculos e missa solene, às 19 horas, na matriz localizada na Avenida Nove de Abril, esquina com Rua São Paulo.

Restaurada no ano passado e recolocada em um dos altares da Matriz, a imagem somente rivaliza em autenticidade histórica com as ruínas - em grande parte ainda preservadas - da antiga Calçada do Lorena, instalada ao longo da Serra do Mar, e também datada do período colonial.

As duas relíquias são anteriores à chegada de D. João VI ao Brasil. A imagem da santa de Cubatão foi venerada pelos dois imperadores brasileiros, em visita ao pequeno núcleo da cidade, hospedados nas propriedades da família Couto, e que dariam origem (como remanescentes da famosa Fazenda Geral dos Jesuítas) à região central da Cubatão de hoje.

Fazenda - Conforme os professores Francisco Rodrigues Torres e Wellington Ribeiro Borges (do Arquivo Histórico de Cubatão), os jesuítas adquiriram em 1643 grande parte da sesmaria de Pilões aos herdeiros de Antônio Rodrigues de Almeida. E também receberam em doação a chamada Fazendinha da Lapa, localizada numa área da sesmaria de Rui Pinto (a primeira doada por Martim Afonso no Brasil) pertencente ao capitão Lopo Ribeiro Pacheco e sua mulher, Maria Almeida Paes. Foi a primeira de uma série de aquisições que acabaram formando a Fazenda Geral dos Jesuítas ou Fazenda Geral de Cubatão.

No sítio da Fazendinha da Lapa, os jesuítas construíram um sobrado e uma fazenda (não existem ruínas) na margem direita do Rio Cubatão (sentido serra-mar) e ergueram uma capela. No contrato de doação havia uma cláusula que obrigava os padres a rezarem uma missa cantada, todos os anos, em ação de graças à Virgem Santíssima, com o título de Lapa (a invocação a Nossa Senhora da Lapa tem origem em Portugal).

O contrato de doação dizia "... e como esse sítio foi doado ao colégio com a condição de se cantar uma missa que se lhe canta na capela de Cubatão, em que se colocou a imagem da Senhora, com o mesmo título".

De Portugal - Segundo os professores Borges e Torres (na obra O que Você Precisa Saber sobre Cubatão), essa missa passou a ser rezada na capelinha erigida pela proprietária das terras (Maria Almeida Paes), nas proximidades do rio. Mais tarde, o colégio dos Jesuítas passou a ocupar um trecho da atual Rua São Paulo. A capela ficava exatamente no cruzamento dessa rua com a Avenida Nove de Abril, onde mais tarde foi erigida a Matriz.

Ao longo de pelo menos três séculos, a imagem (que segundo a tradição teria sido trazida em 1549 para São Vicente pelo Padre Manuel da Nóbrega e cedida a Antônio Rodrigues de Almeida) foi guardada em Cubatão. Depois da expulsão dos jesuítas de Portugal e do Brasil, em 1760 (por ordem do Marquês de Pombal) foi colocada sucessivamente pelos colonos nas três capelas construídas ao longo das margens do rio. Outra versão, contada por Borges e Torres, indica - com base em outros historiadores - que a imagem foi trazida de Portugal pela família de Francisco Pinto, pai de Rui Pinto, o primeiro donatário das sesmarias que dariam origem a Cubatão.


Imagem é considerada uma relíquia
Foto: José Moraes/Arquivo, publicada com a matéria

Capela atual começou a ser construída em 1936

A atual Igreja Matriz ocupa o espaço da terceira capela, erguida em 1907. Suas obras começaram em 1936. Em junho de 1939 o bispo diocesano Paulo de Tarso Campos benzeu a primeira pedra. Passou por reformas há três anos, segundo seu vigário, o padre Élcio Antonio Ramos.

A imagem seiscentista da padroeira de Cubatão (cujas feições originais foram castigadas por camadas de tinta mal aplicadas) foi venerada ao longo da história por colonos, jesuítas, índios, navegadores, escravos, agricultores, tropeiros que passavam entre o Porto de Santos e São Paulo de Piratininga, comerciantes e imperadores.

Após a última reforma da Matriz, o padre Élcio se empenhou para obter o apoio técnico de restauradores para que a imagem recuperasse o seu brilho de origem.

Recuperação - A restauração foi feita pela pintora e especialista em arte sacra Regina Cardoso. Ela trabalhou na recuperação de imagens da Catedral de Santos e na Igreja Coração de Maria, também em Santos. A pintura no manto deu à imagem uma semelhança maior com Nossa Senhora da Conceição. Segundo o padre Élcio, Lapa é apenas uma das invocações dadas à Mãe de Deus, cuja assunção aos céus se comemora hoje. Nossa Senhora também é invocada pelos nomes de Aparecida, Lourdes, Fátima, Nazaré, Pilar e tantas outras nos lugares onde é venerada.

Durante muitos anos, a imagem de Cubatão esteve guardada em cofres, por iniciativa dos párocos da matriz (por medo de roubos), sendo exibida somente nos dias festivos. O padre Élcio decidiu colocar a imagem no altar lateral, à direita de Cristo, que domina o altar-mor.

Tradição - A festa de Nossa Senhora da Lapa começa hoje com a primeira missa às 8 horas. A partir das 9 horas haverá adoração ao Santíssimo Sacramento, até as 18 horas, com encerramento e benção do Santíssimo. E, às 19 horas, missa em homenagem à padroeira. Após o término da missa, a procissão sai da Matriz pela Avenida Nove de Abril, no sentido da Rua Teodoro José Fernandes, contorna a praça e segue pelas ruas Cidade de Pinhal e São Paulo, voltando à Matriz.

O prefeito Clermont Castor e o presidente da Câmara, Luiz Carlos Costa, assistirão à missa e participarão da procissão.

O culto a Nossa Senhora da Lapa começou em 1498, em Portugal, com o aparecimento da imagem em uma gruta (também chamada de lapa, paredão) nos penedos de Sernancelhe, Portugal, a uma pastora de nome Joana. Comemora-se no dia em que, segundo a tradição religiosa (fixada no calendário católico por bula papal), a mãe de Jesus subiu ao céu.

A imagem sairá da Matriz em procissão por diversas ruas da Cidade
Foto: José Moraes/Arquivo, publicada com a matéria

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