CÂMARA
E AGENDA 21 REGIONAL - PARTE II - Capítulo 3
Sílvia
de Castro Bacellar do Carmo
PARTE II
REGIÕES
METROPOLITANAS E A SUSTENTABILIDADE REGIONAL - ESTUDO DE CASO
CAPÍTULO
3 - REGIÃO METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA: LEVANTAMENTO SITUACIONAL
SOB A ÓTICA DA DIMENSÃO AMBIENTAL
Este
capítulo discorre sobre os dados levantados, seja através
da pesquisa documental ou através dos questionários propostos,
a respeito do campo espacial determinado para a pesquisa.
Inicia-se pela
visão macro espacial, com a caracterização da região
em sua totalidade, para em seguida relatar as particularidades de cada
um dos nove municípios pertencentes à Região Metropolitana
da Baixada Santista, seguida da apresentação de uma síntese
dos diagnósticos ambientais regionais formatados por agências
públicas, os quais completam as informações dos itens
precedentes.
Na seqüência,
discorre-se sobre os órgãos que compõem o ordenamento
institucional regional, assim como os projetos desenvolvidos pelos mesmos.
Ao final, relatam-se as experiências das Agendas 21 Locais
oficialmente existentes, as quais podem ser mais bem compreendidas dentro
do contexto anteriormente apresentado.
3.1 - Caracterização
da RMBS
A Região
Metropolitana da Baixada Santista (RMBS) foi criada oficialmente em julho
de 1996 através da Lei Complementar nº 815, e sancionada pelo
então governador Mário Covas. Porém, pode-se considerar
que teve início no ano de 1993, quando os prefeitos eleitos e em
exercício da Baixada Santista se reuniram espontaneamente para discutir
os problemas comuns dos municípios. Neste mesmo ano de 1993 foi
criada pelo Município de Santos a Secretaria de Assuntos Metropolitanos,
para a busca de soluções conjuntas.
Ressalta-se
a diferença entre as demais regiões metropolitanas brasileiras,
onde o processo de instituição, dentro da ótica vertical
dos poderes, teve um desenvolvimento do nível federal ou estadual
para o municipal, ocorrendo exatamente o contrário na RMBS.
Segundo a Constituição
Estadual de 1989, citada anteriormente no Capítulo 1, o critério
para definição de uma região metropolitana é
decorrente da comunidade socioeconômica formada pelos municípios,
em toda a sua extensão, não se limitando à área
conurbada existente.
No caso da
RMBS, a intensa integração social e econômica entre
os nove municípios prevaleceu sobre o critério de conurbação,
processo que pode ser observado com facilidade entre os municípios
centrais – Cubatão, Santos, São Vicente, Praia Grande, mas
que não é tão evidente em relação aos
municípios mais ao Sul – Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe.
3.1.1 Localização
e população
Situada no
litoral do Estado de São Paulo, na porção leste, a
RMBS é formada por nove municípios: Peruíbe, Itanhaém,
Mongaguá, Praia Grande, São
Vicente, Santos, Cubatão,
Guarujá e Bertioga.
A figura
3.1 mostra a configuração territorial da mesma e a divisão
político–administrativa, observando-se a forma alongada do conjunto.
Somente o Município de Cubatão não é banhado
pelo Oceano Atlântico, sendo apenas beneficiado pelas águas
do estuário, razão por ser o único dos municípios
a não deter o título de Estância Balneária.
Fig. 3.1:
Mapa da Região Metropolitana da Baixada Santista Fonte: EMPLASA
(2002)
A RMBS é
limitada a oeste pela Região Metropolitana de São Paulo (RMSP),
ao norte pelo Litoral Norte, a sudoeste pelo Vale do Ribeira, ao sul pelo
Litoral Sul, e a leste e parte do sul pelo Oceano Atlântico [1].
A figura
3.2 destaca os municípios que possuem limites geográficos
diretos com os municípios da RMBS.
Fig. 3.2:
RMBS e Municípios Vizinhos Fonte: EMPLASA
(2002). Adaptação gráfica pela autora.
O acesso terrestre
é realizado através das Rodovias dos Imigrantes e Anchieta,
a partir da cidade de São Paulo, pela SP 55, também conhecida
como Rio – Santos, na direção Norte, e pelas Rodovias Dr.
Manoel Hippolito do Rego, Prestes Maia, Cônego Domenico Rangoni e
Padre Manoel da Nóbrega.
A SP-98, Rodovia
Dom Paulo Rolim Loureiro, também liga a Baixada Santista ao Planalto,
vencendo o trecho entre Mogi das Cruzes e Bertioga. A figura
3.3 mostra as principais rodovias supra referidas.
Fig. 3.3:
Acessos Rodoviários à RMBS Fonte: EMPLASA
(2002). Adaptação gráfica pela autora.
As povoações
que originaram a região se interligaram às demais regiões
do país e do Estado devido ao tráfego de mercadorias e passageiros
que utilizavam o Porto de Santos, primeiramente por meio da navegação
marítima e, depois, pelo transporte ferroviário. A industrialização
trouxe a construção das rodovias que se tornou o segmento
mais importante de circulação. O sistema ferroviário
regional é formado por duas linhas, que apresentam baixa participação
na movimentação das cargas portuárias, e transporte
de passageiros desativado.
A área
total da RMBS é de 2.373 km². Possui uma população
de aproximadamente 1.475 mil habitantes, segundo o Censo 2000 do IBGE,
estabelecendo-se como a terceira maior região do Estado de São
Paulo. Geograficamente, considera-se Santos como o pólo da RMBS,
e as cidades de Santos, São Vicente, Cubatão e Guarujá,
os municípios centrais.
A tabela
3.1 mostra a área de cada município e o que representa
no contexto da região em termos percentuais. Observa-se que Itanhaém
detém a maior extensão territorial atualmente, seguida de
Bertioga, que antes de sua emancipação, proporcionava a Santos
esta colocação.
Tabela
3.1
ÁREAS
DOS MUNICÍPIOS
|
Municípios
|
Áreas
(km²)
|
Nº
s absolutos
|
%
|
Bertioga |
482
|
20,3
|
Cubatão |
148
|
6,2
|
Guarujá |
137
|
5,8
|
Itanhaém |
581
|
24,5
|
Mongaguá |
135
|
5,7
|
Peruíbe |
328
|
13,8
|
Praia Grande |
145
|
6,1
|
Santos |
271
|
11,4
|
São
Vicente |
146
|
6,2
|
RMBS |
2.373
|
100
|
Fonte:
Instituto Geográfico e Cartográfico. Elaboração:
EMPLASA, 1992. |
As Tabelas
3.2
e 3.3 apresentam a evolução da
população efetivamente residente nos municípios, não
estando computados os dados referentes à população
flutuante. Praia Grande e Peruíbe apresentaram um alto crescimento
demográfico na década de 70, com diminuição
considerável na década seguinte e manutenção
do índice em 90.
O fluxo migratório
para Peruíbe pode ser explicado pela sua localização
mais afastada dos núcleos urbanos consolidados da Região,
e pelo baixo preço da terra em termos comparativos. Bertioga vem
apresentando um alto grau de crescimento, representando na última
década a cidade com maior taxa de incremento populacional – 11,4
%.
Tabela
3.2
EVOLUÇÃO
DA POPULAÇÃO RESIDENTE, SEGUNDO OS MUNICÍPIOS - I
|
Municípios |
1970
|
1980
|
1991
|
2000
|
Nºs
Abs.
|
%
|
Nºs
Abs.
|
%
|
Nºs Abs.
|
%
|
Nºs Abs.
|
%
|
Bertioga |
3.573
|
0,5
|
4.233
|
0,4
|
11.473
|
0,9
|
30.039
|
2
|
Cubatão |
50.906
|
7,8
|
78.630
|
8,2
|
91.136
|
7,5
|
108.309
|
7,3
|
Guarujá |
94.021
|
14,4
|
151.127
|
15,7
|
210.207
|
17,2
|
264.812
|
17,9
|
Itanhaém |
14.515
|
2,2
|
27.464
|
2,9
|
46.074
|
3,8
|
71.995
|
4,9
|
Mongaguá |
5.214
|
0,8
|
9.927
|
1
|
19.026
|
1,6
|
35.098
|
2,4
|
Peruíbe |
6.966
|
1,1
|
18.407
|
1,9
|
32.773
|
2,7
|
51.451
|
3,5
|
Praia Grande |
19.704
|
3
|
66.011
|
6,9
|
123.492
|
10,1
|
193.582
|
13,1
|
Santos |
342.057
|
52,3
|
412.448
|
42,9
|
417.450
|
34,2
|
417.983
|
28,3
|
São
Vicente |
116.485
|
17,8
|
193.002
|
20,1
|
268.618
|
22
|
303.551
|
20,6
|
Região
Metropolitana |
653.441
|
100
|
961.249
|
100
|
1.220.249
|
100
|
1.476.820
|
100
|
Fonte:
IBGE, Censos Demográficos de 1970, 1980, 1991, 2000. Elaboração:
EMPLASA, 2002.
|
Tabela
3.3
EVOLUÇÃO
DA POPULAÇÃO RESIDENTE, SEGUNDO OS MUNICÍPIOS - II
|
Municípios
|
TGCA
[2]
(%)
|
1970/1980
|
1980/1991
|
1991/2000
|
Bertioga |
1,71
|
9,49
|
11,4
|
Cubatão |
4,44
|
1,35
|
1,95
|
Guarujá |
4,86
|
3,05
|
2,62
|
Itanhaém |
6,58
|
4,82
|
5,13
|
Mongaguá |
6,65
|
6,09
|
7,11
|
Peruíbe |
10,2
|
5,98
|
5,19
|
Praia Grande |
12,85
|
5,88
|
5,17
|
Santos |
1,89
|
0,11
|
0,01
|
São
Vicente |
5,18
|
3,05
|
1,38
|
Região
Metropolitana |
3,94
|
2,19
|
2,16
|
Fonte:
IBGE, Censos Demográficos de 1970, 1980, 1991, 2000 Elaboração:
EMPLASA, 2002.
|
A população
flutuante, altamente representativa nos períodos de férias
escolares e feriados, chega a atingir o dobro da população
residente nestas ocasiões, alterando a rotina dos moradores, e interferindo
na dinâmica das cidades.
NOTAS:
[1]
Ver a figura 1.2, inserida no Capítulo
1, que mostra o Estado de São Paulo e as três Regiões
Metropolitanas do Estado.
[2]
TGCA:
Taxa Geral de Crescimento Anual |