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BAIXADA SANTISTA/temas - AGENDA 21
Câmara e Agenda 21 Regional

Com o título: "Câmara e Agenda 21 Regional - Para uma Rede de Cidades Sustentáveis - A Região Metropolitana da Baixada Santista", esta tese foi defendida em 2004 na Universidade Federal de São Carlos/Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia/Programa de Pós-Graduação e Engenharia Urbana, por Sílvia de Castro Bacellar do Carmo, tendo como orientador o professor-doutor Luiz Antônio Nigro Falcoski, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Urbana. Esta é a continuação da transcrição integral desse estudo, oferecida pela autora a Novo Milênio:
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CÂMARA E AGENDA 21 REGIONAL - PARTE II - Capítulo 3 

Sílvia de Castro Bacellar do Carmo

PARTE II

REGIÕES METROPOLITANAS E A SUSTENTABILIDADE REGIONAL - ESTUDO DE CASO

CAPÍTULO 3 - REGIÃO METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA: LEVANTAMENTO SITUACIONAL SOB A ÓTICA DA DIMENSÃO AMBIENTAL

Este capítulo discorre sobre os dados levantados, seja através da pesquisa documental ou através dos questionários propostos, a respeito do campo espacial determinado para a pesquisa.

Inicia-se pela visão macro espacial, com a caracterização da região em sua totalidade, para em seguida relatar as particularidades de cada um dos nove municípios pertencentes à Região Metropolitana da Baixada Santista, seguida da apresentação de uma síntese dos diagnósticos ambientais regionais formatados por agências públicas, os quais completam as informações dos itens precedentes.

Na seqüência, discorre-se sobre os órgãos que compõem o ordenamento institucional regional, assim como os projetos desenvolvidos pelos mesmos. Ao final, relatam-se as experiências das Agendas 21 Locais oficialmente existentes, as quais podem ser mais bem compreendidas dentro do contexto anteriormente apresentado.

3.1 - Caracterização da RMBS

A Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS) foi criada oficialmente em julho de 1996 através da Lei Complementar nº 815, e sancionada pelo então governador Mário Covas. Porém, pode-se considerar que teve início no ano de 1993, quando os prefeitos eleitos e em exercício da Baixada Santista se reuniram espontaneamente para discutir os problemas comuns dos municípios. Neste mesmo ano de 1993 foi criada pelo Município de Santos a Secretaria de Assuntos Metropolitanos, para a busca de soluções conjuntas.

Ressalta-se a diferença entre as demais regiões metropolitanas brasileiras, onde o processo de instituição, dentro da ótica vertical dos poderes, teve um desenvolvimento do nível federal ou estadual para o municipal, ocorrendo exatamente o contrário na RMBS.

Segundo a Constituição Estadual de 1989, citada anteriormente no Capítulo 1, o critério para definição de uma região metropolitana é decorrente da comunidade socioeconômica formada pelos municípios, em toda a sua extensão, não se limitando à área conurbada existente.

No caso da RMBS, a intensa integração social e econômica entre os nove municípios prevaleceu sobre o critério de conurbação, processo que pode ser observado com facilidade entre os municípios centrais – Cubatão, Santos, São Vicente, Praia Grande, mas que não é tão evidente em relação aos municípios mais ao Sul – Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe.

3.1.1 Localização e população

Situada no litoral do Estado de São Paulo, na porção leste, a RMBS é formada por nove municípios: Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande, São Vicente, Santos, Cubatão, Guarujá e Bertioga.

A figura 3.1 mostra a configuração territorial da mesma e a divisão político–administrativa, observando-se a forma alongada do conjunto. Somente o Município de Cubatão não é banhado pelo Oceano Atlântico, sendo apenas beneficiado pelas águas do estuário, razão por ser o único dos municípios a não deter o título de Estância Balneária.


Fig. 3.1: Mapa da Região Metropolitana da Baixada Santista
Fonte: EMPLASA (2002)

A RMBS é limitada a oeste pela Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), ao norte pelo Litoral Norte, a sudoeste pelo Vale do Ribeira, ao sul pelo Litoral Sul, e a leste e parte do sul pelo Oceano Atlântico [1].

A figura 3.2 destaca os municípios que possuem limites geográficos diretos com os municípios da RMBS.


Fig. 3.2: RMBS e Municípios Vizinhos
Fonte: EMPLASA (2002). Adaptação gráfica pela autora.

O acesso terrestre é realizado através das Rodovias dos Imigrantes e Anchieta, a partir da cidade de São Paulo, pela SP 55, também conhecida como Rio – Santos, na direção Norte, e pelas Rodovias Dr. Manoel Hippolito do Rego, Prestes Maia, Cônego Domenico Rangoni e Padre Manoel da Nóbrega.

A SP-98, Rodovia Dom Paulo Rolim Loureiro, também liga a Baixada Santista ao Planalto, vencendo o trecho entre Mogi das Cruzes e Bertioga. A figura 3.3 mostra as principais rodovias supra referidas.


Fig. 3.3: Acessos Rodoviários à RMBS
Fonte: EMPLASA (2002). Adaptação gráfica pela autora.

As povoações que originaram a região se interligaram às demais regiões do país e do Estado devido ao tráfego de mercadorias e passageiros que utilizavam o Porto de Santos, primeiramente por meio da navegação marítima e, depois, pelo transporte ferroviário. A industrialização trouxe a construção das rodovias que se tornou o segmento mais importante de circulação. O sistema ferroviário regional é formado por duas linhas, que apresentam baixa participação na movimentação das cargas portuárias, e transporte de passageiros desativado. 

A área total da RMBS é de 2.373 km². Possui uma população de aproximadamente 1.475 mil habitantes, segundo o Censo 2000 do IBGE, estabelecendo-se como a terceira maior região do Estado de São Paulo. Geograficamente, considera-se Santos como o pólo da RMBS, e as cidades de Santos, São Vicente, Cubatão e Guarujá, os municípios centrais. 

A tabela 3.1 mostra a área de cada município e o que representa no contexto da região em termos percentuais. Observa-se que Itanhaém detém a maior extensão territorial atualmente, seguida de Bertioga, que antes de sua emancipação, proporcionava a Santos esta colocação. 

Tabela 3.1
 ÁREAS DOS MUNICÍPIOS
Municípios
Áreas (km²)
Nº s absolutos
%
Bertioga
482
20,3
Cubatão
148
6,2
Guarujá
137
5,8
Itanhaém
581
24,5
Mongaguá
135
5,7
Peruíbe
328
13,8
Praia Grande
145
6,1
Santos
271
11,4
São Vicente
146
6,2
RMBS
2.373
100
Fonte: Instituto Geográfico e Cartográfico.
Elaboração: EMPLASA, 1992.

As Tabelas 3.2 e 3.3 apresentam a evolução da população efetivamente residente nos municípios, não estando computados os dados referentes à população flutuante. Praia Grande e Peruíbe apresentaram um alto crescimento demográfico na década de 70, com diminuição considerável na década seguinte e manutenção do índice em 90.

O fluxo migratório para Peruíbe pode ser explicado pela sua localização mais afastada dos núcleos urbanos consolidados da Região, e pelo baixo preço da terra em termos comparativos. Bertioga vem apresentando um alto grau de crescimento, representando na última década a cidade com maior taxa de incremento populacional – 11,4 %.

 

Tabela 3.2
EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO RESIDENTE, SEGUNDO OS MUNICÍPIOS - I
Municípios
1970
1980
1991
2000
Nºs Abs.
%
Nºs Abs.
%
Nºs 
Abs.
%
Nºs 
Abs.
%
Bertioga
3.573
0,5
4.233
0,4
11.473
0,9
30.039
2
Cubatão
50.906
7,8
78.630
8,2 
91.136
7,5
108.309
7,3
Guarujá
94.021
14,4
151.127
15,7
210.207
17,2
264.812
17,9
Itanhaém
14.515
2,2
27.464
2,9
46.074
3,8
71.995
4,9
Mongaguá
5.214
0,8
9.927
1
19.026
1,6
35.098
2,4
Peruíbe
6.966
1,1
18.407
1,9
32.773
2,7
51.451
3,5
Praia Grande
19.704
3
66.011
6,9
123.492
10,1
193.582 
13,1
Santos
342.057
52,3
412.448
42,9
417.450
34,2
417.983
28,3
São Vicente
116.485
17,8
193.002
20,1
268.618
22
303.551
20,6
Região Metropolitana
653.441
100
961.249
100
1.220.249
100
1.476.820
100
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1970, 1980, 1991, 2000.
Elaboração: EMPLASA, 2002.

Tabela 3.3
EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO RESIDENTE, SEGUNDO OS MUNICÍPIOS - II
Municípios
TGCA [2] (%)
1970/1980
1980/1991
1991/2000
Bertioga
1,71
9,49
11,4
Cubatão
4,44
1,35
1,95
Guarujá
4,86
3,05
2,62
Itanhaém
6,58
4,82
5,13
Mongaguá
6,65
6,09
7,11
Peruíbe
10,2
5,98
5,19
Praia Grande
12,85
5,88
5,17
Santos
1,89
0,11
0,01
São Vicente
5,18
3,05
1,38
Região Metropolitana
3,94
2,19
2,16
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1970, 1980, 1991, 2000 
Elaboração: EMPLASA, 2002.

A população flutuante, altamente representativa nos períodos de férias escolares e feriados, chega a atingir o dobro da população residente nestas ocasiões, alterando a rotina dos moradores, e interferindo na dinâmica das cidades.

NOTAS:

[1] Ver a figura 1.2, inserida no Capítulo 1, que mostra o Estado de São Paulo e as três Regiões Metropolitanas do Estado.

[2] TGCA: Taxa Geral de Crescimento Anual

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