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*Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos, em 16/11/1999.
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/05/00 11:24:07
ECONOMIA
Preço? O que é isso? 

Prepare-se para rever todos os seus conceitos de valor, oferta e demanda

Carlos Pimentel Mendes
Editor

Você vai à loja de automóveis, escolhe modelo, cor, marca e faz o preço, problema do vendedor aceitar ou não. Em seguida, vai ao supermercado, escolhe os produtos que deseja e diz para o caixa: só pago tal quantia, se quiser vender, tudo bem, é concordar ou largar. Absurdo? Aí, passa no magazine, e vê na etiqueta eletrônica se o preço daquela camisa já baixou o suficiente para você resolver comprar. Futurista? Passa a mão no telefone e vê se o governo daquele país topou lhe vender aqueles títulos públicos pela sua oferta. Irreal? A campainha toca, é o entregador que veio lhe trazer um computador multimídia completo, oferecido por uma empresa, sem custo algum para você. Impensável? Mas, já está na hora de ir para o aeroporto, para visitar aquele parente. Então, consulta o serviço de passagens para ver se o bilhete aéreo, emitido pela décima parte do preço normal, já pode ser retirado. Incrível?

Não, meu caro Jetson. Tudo isso já está acontecendo, e os exemplos são apenas uma amostra de como a relação de oferta e demanda de produtos e serviços, e consequentemente o próprio conceito de preço, estão sendo virados do avesso. Tempo é dinheiro? O que significa isso, quando pelo computador você pode fazer lances para qualquer produto ou serviço, em qualquer leilão do planeta (como no pioneiro eBay) e agir de forma a revolucionar o mercado de qualquer produto, em qualquer lugar e a qualquer tempo?

O próprio preço já começa a ser vendido, tornando-se uma mercadoria. Você tem a opção de pagar para que alguém pesquise produtos e encontre a condição mais vantajosa de pagamento. Ou seja, na prática você paga para... obter preços!

Inovações como essas viram do avesso todo o conceito de preço, ao ponto da empresa não mais poder usar preços para prever receitas. O fator tempo tem de ser agregado ao valor: mesmo no caso dos commodities - produtos de diversas origens que podem ser misturados, como diferentes safras de trigo estocadas juntas num silo - o preço deixa de ser uniforme: nos novos leilões, quem mais precisar vai fazer o maior lance pela quantidade maior, em seguida quem precisa um pouco menos fará um lance menor por uma parte do que sobrou e assim por diante, até acabar o estoque.

Prepare-se para ouvir expressões como precificação dinâmica, preço flexível, "cartel" de compradores (é fácil, pela Internet, encontrar outros interessados no mesmo produto que nós, e fazer um consórcio de compradores para obter escala de compra e forçar a baixa do preço desse produto). Sem preços fixos, a reposição da mercadoria na prateleira significa nova negociação, resultando portanto em preço maior ou menor do que o anterior - explique isso para o freguês!

Comecemos pelo exemplo futurista citado acima: já é coisa do presente. É conhecido como leilão holandês: o preço de um produto vai sendo reduzido a cada intervalo de tempo (de hora em hora, por exemplo), até que alguém se disponha a comprar ou seja impossível reduzir mais. Veja como funciona no site da PriceDrop. É uma evolução das tradicionais promoções-relâmpago que as grandes lojas anunciam pelos alto-falantes. Com a vantagem de que você não precisa estar na loja para aproveitar. E, mesmo para quem estiver fisicamente na loja, a tendência do uso de etiquetas eletrônicas de preços permite que o lojista, a um clique no mouse, faça uma liquidação, atualizando instantaneamente os preços dos produtos.

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