ECONOMIA
É o começo de outra
revolução na economia
Os exemplos
citados nesta série de matérias são apenas o começo
da revolução, tem muito mais a caminho. Quando a America
On Line (AOL) chega ao mercado inglês
oferecendo acesso gratuito e irrestrito à Internet (atenção,
provedores de acesso, pensem nisso!), qual o seu lucro? O mesmo da Netscape,
ao dar ao internauta a possibilidade de copiar gratuitamente seu browser.
Nos próximos anos, o custo do acesso à Internet vai se reduzir
drasticamente e até desaparecer, pois o que vai importar é
a oferta de conteúdo, fazer com que você, internauta, faça
parte de uma comunidade com preferências definidas e conhecidas.
Quem tinha a informação,
detinha o poder, já sabiam as elites da Idade Média. Hoje,
isso se traduz em ter o melhor banco de dados sobre pessoas ou coisas.
Que o diga o Yahoo! (yes,
já no Brasil). Quem tiver uma ficha detalhada com as suas preferências
(em todos os sentidos...) pode lhe oferecer produtos sob medida, que você
provavelmente comprará. Se agora você compra mamadeira, é
potencial comprador de fraldas, roupas infantis e brinquedos, dentro de
uns dois anos vai se interessar por oferta de uma escola maternal, daqui
há uns cinco anos vai precisar de material escolar, daqui há
uns 15 anos gostará de receber ofertas de universidades, não
é?
Quem reunir informações
em termos de tendências estatísticas pode usá-las para
orientar o desenvolvimento de novos produtos ou serviços (lembra
do Ibope?). Aliás, não é por acaso que o serviço
de vasculhar o banco de dados de uma empresa, em busca de informações
valiosas e tendências estatísticas, chama-se mineração
de dados (data minning)...
Você tem o bem ou serviço
mais adequado às suas necessidades e a um preço bem menor
(por evitar os custos de intermediação e propaganda), sem
perder o tempo e a paciência com aquelas ofertas que não tem
nada a ver. E o vendedor sabe que, além do preço menor, pode
contar com sua boa vontade, pois em princípio a oferta vai lhe interessar.
Se você comprou um carro, vai precisar de jogo de ferramentas, pneus,
polidor, seguro do veículo...
De ponta-cabeça – Muitas
empresas estão tendo sucesso na Internet ao inverterem suas atividades:
o que seria o produto principal é oferecido gratuitamente, como
no caso do sistema operacional Linux. Em vez de pagar uma fábula
pelos produtos Microsoft, você faz a cópia dos programas de
graça pela Internet, ou
então paga apenas o custo dos CD-ROMs, livro-manual, suporte técnico
(algo na faixa entre R$ 60 e R$ 90). Então, você se torna
um usuário Linux. E esse é o objetivo, criar uma base importante
de usuários, aos quais possa ser futuramente oferecida uma gama
de produtos especialmente desenvolvidos para atender às suas necessidades.
Não se surpreenda portanto se começarem a chover ofertas
nas quais você ganha produtos ou serviços - sem sorteio! -
em troca da prestação de alguma informação
sobre suas atividades (tipo: o que você gosta de fazer no final de
semana?).
Ou simplesmente ganha o produto,
sem qualquer condição. Dito assim, parece irreal, mas pense
bem: o que são as amostras grátis, que visam fazer com que
você, ao gostar, passe a comprar sempre, ou o velho esquema das máquinas
fotográficas gratuitas Love, que depois de bater o filme você
leva ao laboratório para revelar, e sai com uma câmera novinha
do mesmo tipo? Desenvolva essa idéia e veja como as possibilidades
são talvez infinitas. Na Internet, todos aqueles programas complementares
(plug-ins) que você ganha para agregar ao programa de navegação
(RealPlayer, Shockwave, Adobe Acrobat...) visam fazer com que você
seja usuário deles. Quanto mais usuários houver, mais se
justifica que alguém compre o correspondente programa de autoria
para produzir os arquivos que você vê com esses plug-ins.
Preço invisível
– Em todos esses casos, a noção de preço e valor foi
subvertida, ao ponto até de o preço aparentemente desaparecer
da relação entre produtor e consumidor. A chave da nova economia
é a expressão "agregar valor". Não no sentido de aumentar
o preço, evidentemente. A idéia é pegar um produto
ou serviço tradicional e acrescentar uma vantagem, algo mais que
atraia clientes e faça com que eles se mantenham fiéis.
Fidelização é
outra palavra chave: se o concorrente está distante de você
apenas um clique no mouse, muitas vezes com oferta semelhante, o
que faz você continuar fiel a uma marca ou empresa? Uma resposta
é o SmartClub, em que você acumula pontos durante suas compras
em certas lojas, e depois troca tais pontos por brindes. Versão
varejista dos programas de milhagem das companhias aéreas...
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